55 - SAMANTHA

Acordei e encarei o espaço vago ao meu lado. Peter e eu não conversamos muito no dia anterior, eu estava cansada e de certa forma ainda irritada.

Peguei meu celular sobre o criado mundo e já era por volta das nove.

Puts!

Levantei correndo e entrei no banheiro tomando uma banho rápido. Ao sair vesti um short jeans meio rasgado, regata preta e uma jaqueta jeans. Um all star cano alto branco e peguei minha bolsa saíndo correndo.

Deixei meus cabelos soltos, porém bagunçados já que não tive tempo de arrumar devidamente. Desci as escadas em direção a porta de entrada.

— Onde vai? – escuto Peter perguntar.

— Para a faculdade. – digo óbvia.

— Você está suspensa Samantha.  Três dias. O que você fez daria uma boa expulsão e uma possível banição do país. Porém, eu conversei com a diretora e ela te deu mais uma chance.

— E conseguiu essa proeza como? Já sei, vendeu seu corpo para ela. – ele arregala os olhos e me encara sem reação.

— É o que? Qual é o seu problema?

— Ofereceu morfina? Já sei, tráfico. Ou melhor, chantagem? Me diga o que fez. Você não conseguiu isso com apenas uma conversa. – ele me passa as mãos pelo rosto e volta a me encarar.

— De onde você tira esses absurdos hein? – dei de ombros.

— Três dias é muito. – digo.

— Deveria ter pensado nisso antes de sair por aí arrumando confusão. – disse sério.

— Foi mal, tá? Me disseram que eu tinha que liberar a Samantha e foi isso que eu fiz.

— Tem outra maluca chamada Samantha? Ah eu estou ferrado!

— Você não vai entender. – bufo. — Eu vou, sair. Andar por aí, pois debaixo do mesmo teto que a Pilar eu não fico. – abri a porta da entrada.

— Pilar não está mais aqui. – fechei a porta novamente e o encarei.

— O que?

— A mandei para o seu apartamento e mandei Adrew para ficar com ela.

— Hum. – resmunguei.

— Não vai dizer nada?

— Quer o que? Que eu compre um bolo e te dê os parabéns? Sinto muito, mas isso não vai acontecer. Você não fez mais que o certo.

— Tá bom Samantha, me desculpe.

— Não sei. – dei de ombros.

— Tudo bem. – suspirou. — Tenho que ir até a empresa. Tudo bem?

— Sim, vai logo.

— Amo seu bom humor matinal. – revirei os olhos e subi novamente para o quarto. Três dias sem fazer nada. É bom, é ruim, é tediante. Bufei novamente e me joguei na cama.

— Certo. Tenho Nova York inteira lá fora, não posso jogar fora e simplesmente ficar jogada nessa cama o dia todo. – me levantei, peguei meu celular e desci as escadas não encontrando mais Peter. Liguei para Emilly esperando que ela me atendesse.

— Que? – diz mal humorada ao atender.

— Oi amiga, estou bem e você? – ironizo.

— Se vai ficar me enchendo o saco é melhor desligar.

— Por que tanto mal humor garota? – abro a porta da entrada e caminho para o jardim.

— Eu estou com raiva, só isso. – bufou do outro lado da linha.

— Mia me disse que você surtou ontem. O que aconteceu?

— Estou com uma preguiça de falar por telefone. Podemos nos encontrar?

— Sim. A gente se encontra naquela cafeteria que tem aqui perto, pode ser?

— Pode. Em uns dez minutos chego lá.

— Tá bom. Tchau, e por favor, não mata ninguém no caminho.

— Vá se danar! –  desligou na minha cara.

Amigos, sempre tão educados.

Subi para o meu quarto e peguei meu dinheiro, o que eu uso para certas emergências.

Desci novamente e fui até Martín que estava limpando um dos carros, como sempre.

— Hey, Martín! – digo me aproximando.

— Olá, Samantha. Precisa de algo?

— Sim. Pode me emprestar um dos carros? – ele me encara. — Por favor.

— Olha, eu sei que você namora o Sr. Miller e tal mas, não sei se estou autorizado a dar a chave na sua mão.

— Por favor, eu não vou fazer nenhum estrago, você vai ver ele vai voltar do mesmo jeito que está.

— Eu não sei não. Sr. Miller pode me demitir. – diz ainda incerto.

— Não se preocupe, com ele eu me entendo. Não vou deixar ele te demitir, sabe como eu sou. – ele suspirou.

— Tudo bem, qual carro você quer? – sorrio animada.

—Qual temos aqui? – perguntei olhando o carro.

— Bom, essa é uma BMWx1. – analisa o carro e eu faço o mesmo. — E lá dentro tem mais. – apontou para a garagem.

— Então eu quero ver os outros. – ele assentiu e me guiou até a garagem digitando os códigos de segurança para que a mesma abrisse os portões. Ao abrir revelou três carros. Um deles estava no fundo e coberto por uma proteção.

— Esse é um Volvo XC60. – apontou para o belo carro branco a direita. — E aquela é uma Ranger Rover Evoque. – apontou para o preto. — Tinham mais dois, mas Sr. Miller devolveu.

— Por que?

— Segundo ele, ele não gostou dos modelos.

— Então por que comprou? – rolei os olhos e bufei.

— Eu não faço a mínima ideia do que é que se passa na cabeça dele – eu ri e ele também. Encarei o carro coberto com curiosidade já que esse ele não me apresentou.

— E aquele ali é qual? – apontei e ele coçou a nuca.

— Bom, esse eu não acho que posso mostrar.

— Ah pode sim, por favor. – o olhei com cara de cachorro que caiu da mudança. Ele suspirou e foi até o mesmo. Me encarou ainda meio hesitante mas começou a tirar a proteção com MUITO cuidado revelando um belo carro vermelho.

— Essa é uma Ferrari F430.

Oh. Meu. Deus.

— Peter tem uma Ferrari! Meu Deus! – digo me aproximando da mesma ainda embasbacada. — Como eu nunca vi?

— Ele deixa ela bem guardada. Ele tem muito carinho por ela, é como se fosse a segunda vida dele.

— Só me diz uma coisa. – o encarei. — Ela não tem nada a ver com mulher não, né?

— Posso te garantir que não. Todo homem tem um carro que trocaria a vida por ele. O do senhor Miller é esse. E eu o entendo perfeitamente. – suspirou encarando o carro. — Já decidiu qual você vai usar?

— Sim. – sorrio. — Essa maravilha aqui. – encarei a ferrari.

— O que? Não. Desculpe, mas esse eu não posso autorizar você.

— Por favor, Martín. Meu maior sonho sempre foi andar com uma dessas.

— Então diga isso ao seu namorado. Quem sabe ele tenha dó de você e te libere.

— Mas eu quero andar com ela agora. Se eu pedir para ele, ele não vai deixar.

— E quem sou eu para deixar? Sem chances Samantha. Escolhe qualquer outro menos esse.

— Por favor, eu vou voltar antes do Peter chegar. Ele nem vai saber.

— Desculpe mas não. – suspirei.

— Você sabe que de um jeito ou outro eu vou pegá-la não é?

— Vou correr o risco.

— Ah, qualquer coisa diz que eu te bati e roubei o carro. Que tal?
– sugeri esperançosa.

— Ainda é não. – meu celular tocou e vi que era Emilly.

— Olhe, minha amiga está ligando, se eu não chegar lá logo ela vai me matar a sangue frio e jogar o meu corpo em qualquer beco escuro cheio de lixo.

— Não se preocupe, conheço todos os becos daqui, posso encontra - lá. – o encarei sem reação.

— Está tirando uma com a minha cara?

— De modo algum. – suspirei.

— Ok. Então já abra o portão portão e retire esse aqui. – apontei para o carro branco.

— Certeza? – assenti. Ele foi até um painel onde ficava todas as chaves. Pegou a do carro, desativou o alarme de segurança e entrou no mesmo. O ligou e deu partida saíndo da garagem. Corri até o painel e peguei a chave com um chaveiro com a marca da Ferrari. Destravei a mesma e entrei nela. Coloquei a chave na ignição e a rodei ligando o carro. Apertei o volante e sorri.

Em poucos segundo arranquei com a mesma da casa e só foi ouvido Martín gritando. Desculpe, mas não podia desperdiçar.

Em poucos minutos cheguei na cafeteria. O motor era turbinado, no inicio eu fiquei com medo pois não sabia exatamente como dirigir, mas depois peguei o jeito.

Estacionei o carro na frente da cafeteria com várias pessoas o encarando. Desci, o travei e entrei na cafetaria procurando Emilly. A encontrei impaciente em uma mesa no canto da janela.

— Cheguei. – digo me sentando em sua frente.

— Jura? Achei que era uma miragem. – ironizou.

— Seu humor me impressiona. – sorrio.

— Pedi o seu, me agradeça. – empurrou o outro copo para mim.

— Muito obrigada, querida amiga. – sorrio e pego o copo lendo "Vaca" no mesmo. — Quem te deu o direito?

— Tanto faz. – bufou. — E então? Você, Peter, aquela lá? O tal bebê?

— Vou resumir. Eu e Peter discutimos, ele mandou Pilar para um apartamento com aquele pinguim idiota, porque segundo ele, ela está com complicações na gravidez. E para ela não ter que ficar de baixo do mesmo teto que nós ele a mandou de volta para seu ninho de cobra. – digo e em seguida tomo um pouco do meu frapuccino de chocolate. — Ele está irritado comigo porque estou suspensa da faculdade, então roubei o bebê dele.

— Já nasceu? – perguntou confusa. Rolei os olhos e quase joguei meu copo na cara dela.

— Estou falando daquele bebê. – apontei para o lado de fora da janela.

— Meu Deus! – ela exclamou. —  Aquela ferrari é do Peter?

— Sim, pelo que eu sei ele é bem apegado a ela. 

— Ele vai te matar.

— Provavelmente. – dei de ombros.

— Por que está suspensa? 

— Sabe um tal de William? Faz medicina e tal? – ela parece pensar e depois assente. — Quase quebrei o nariz dele, ai risquei o carro dele.

— Não acredito! – soltou uma risada.

— Acredita que ele me chamou de vadia só por causa da minha roupa?

— O que? Só eu posso te chamar de vadia!

— Exatamente. Não aguentei e parti para cima.

— Fez certo, já faz um tempo que aquele babaca está merecendo uma lição. Acredita que ele assediou seis meninas da medicina? Só não foi expulso porque os pais dele tem poder. – revirou os olhos.

— Que legal, eu também tenho. O poder da pancadaria. Não tenho medo de quem tem dinheiro.

— E não é para ter mesmo! Mas, me diz. E a Pilar? Não tem te provocado?

— Só ontem. Me falou umas coisas ai sem importância. – dei de ombros. 

— Se você disse que não tem importância é porque tem. Fala logo! – suspirei.

— Só me disse que quando Peter disser que me ama, é porque isso vai acabar, que ele só está me usando, que ela é louca por ele porque ele disse diversas vezes que ama ela e blá, blá, blá. Eu não me importo. – dei de ombros e ela me encara por alguns segundos. — Está olhando o que?

— Nada. – tomou sua bebida.

— Enfim, por que o surto de  ontem? – bebi minha bebida.

— Eu pensei que estava grávida. – na mesma hora engasguei quase colocando tudo para fora.

— Como... assim grávida? – a encarei  incrédula.

— Bem, eu fiquei preocupada por conta de umas coisas que eu estava sentindo. Então eu comecei a surtar achando que eu estava grávida. Ai comprei um teste e descobri que não estava.

— E por que esse mal humor todo?

— Bom, aí eu discuti com Ryan. Ele ficou sabendo das minhas suspeitas e também surtou. Mas surtou do jeito... diferente. Ele queria que desse positivo, aí quando ele viu a expressão de alívio na minha cara ele ficou com raiva achando que eu não quero ter filho com ele. – bufou. — Nós discutimos, eu mandei ele para o inferno e ele disse que iria procurar uma mulher que quisesse ter uma família com ele. – revirou os olhos.

— Isso quer dizer que vocês terminaram?

— Não sei, mas tanto faz. – deu de ombros.

— Como assim tanto faz? Eu pensei que gostasse dele.

— Mas eu gosto. Eu amo o Ryan. – confessou. — Mas não estou preparada para ter um filho agora. Até ontem eu comia areia. – soltei uma risada. — Não me dou muito bem com crianças. As vezes sinto vontade de enfia-las em uma privada e dar descarga, mqs a vezes da vontade de encher de abraços quentinhos e proteger do mundo. É complicado.

— Me lembre de te deixar longe da Agatha de agora em diante.

— Ridicula! – resmungou me fazendo sorrir.

— Conversa com ele, diz a verdade e acabou. Ele tem que entender seu lado. 

— Eu realmente não estou me importando muito com isso. Se para ele eu não sou a mulher certa, ele que ache outra.

— Até a Sofie? – no mesmo instante ela bateu na mesa chamando atenção de algumas pessoas.

— Bate na madeira. Está louca? Deus que me livre daquele encosto. – fez o sinal da cruz.

— Então pare de fingir que não se importa e vai lá.

— Talvez.

— Talvez nada, vai! – ela bufa e depois se levanta saindo do local. — Nossa, obrigada Samantha, você é uma grande amiga. – digo a mim mesma.

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