49 - SAMANTHA
Os dias passaram voando. E voando, e voando. E aqui estamos por preparar a festa de aniversário de Agatha. Que é em menos de quatro horas.
Festa a fantasia.
Depois que meu pai foi embora as coisas mudaram. Talvez era aquilo que faltava o tempo todo.
Conversei com a minha mãe e foi a minha vez de ficar preocupada com ela. Ela estava mal, mas tenho certeza que está melhor agora. Conversamos de boa. Como mãe e filha.
Eu e Peter somos o casal mais adorável do mundo.
Há uma frase nessa ironia.
Mas é quase isso. Quando eu iria pensar em ter um relacionamento como esse?
— Eu disse que fica melhor do lado esquerdo! – digo.
— Lado direito fica melhor! – Miller protestou.
— Não fica não. Do lado direito não da para ver.
— Claro que dá. Do esquerdo vai ficar escuro.
— Peter!
— Samantha!
— Já chega vocês dois! – Emilly diz tirando a coroa da minha mão. — Vai ficar no meio e acabou! Agatha é a dona da festa, então ela tem que ficar onde todos podem ve-la. – colou no meio da parede. — Aqui vai ficar o trono da princesa. Ok?
— Eu ainda prefiro do lado. – resmungo.
— Eu também. – Miller diz.
— Vão se ferrar! As horas estão passando e nem metade disso aqui está pronto!
— Se a Samantha não tivesse dispensado parte dos empregados... – Miller diz me olhando com cara de reprovação.
— Qual é o problema de nós mesmos fazermos isso? – perguntei me fazendo de ofendida.
— Esse é o problema. Faltam poucas horas e nem metade das coisas estão arrumadas. – respondeu.
— Se você não ficasse parando o tempo todo para ficar na droga desse celular falando com sabe-se lá quem... – digo.
— Eu estou tratando de assuntos da empresa.
— Esquece a empresa e foca na festa de aniversário da sua filha!
— Cheguei! – Ryan diz adentrando o salão de festa.
— Amém! – Emilly exclama aliviada. — Pelo amor de Deus, me ajuda. Eu estou ficando louca.
— O que foi?
— Esses dois que mais discutem do que trabalham! – apontou para eu e Peter.
— Então não se preocupe, eu cheguei. Vocês dois vão para casa se arrumar. Agatha vai chegar do shopping em poucas horas. – Ryan diz. — Daqui nós dois damos conta.
— Damos? – Emilly perguntou incerta.
— Vocês dois arrumando isso aqui? – pergunto e ele assente. — Não confio em vocês.
— Nem eu. – Miller diz concordando.
— Quando foi que demos mancadas com vocês? – Emilly perguntou se fazendo de ofendida.
— Quer que eu conte nos dedos ou pegue o bloquinho? – respondo.
— Não se preocupem! – Ryan diz. — É a festa da minha sobrinha, nunca que eu estragaria. Agora vão enquanto há tempo. Aproveitem e tirem essas tensões do corpo. – deu um sorriso malicioso.
— Sabe o que mais vamos tirar? – pergunto.
— Que tal parte do cabelo dele? – Peter sugere.
— Não é má ideia. Os dentes também me parecem bem atrativos. – digo.
— ADEM LOGO! – Ryan berrou.
— Calminha ai, quanto estresse. – digo caminhando até minha bolsa. — Já vamos. – respondo.
Saímos do salão e entramos no carro seguindo para casa.
— Acha que ela vai gostar? – Miller pergunta do nada, ele parecia apreensivo.
— Tenho certeza. – respondi.
— Ela está crescendo, eu não sei lidar com isso.
— Mas deveria. Eles não vão ser crianças para sempre.
— Deveriam ser para sempre bebês. Assim eu não teria tanta preocupação.
— Mas é preciso crescer.
— Eu sei. – suspirou. Alguns minutos depois chegamos na mansão. Descemos e entramos na casa, que se encontrava vazia por todos estarem no salão.
— A casa está vazia. – digo olhando em volta. Encaro Peter que olha o relógio de pulso e da um sorriso. Não é qualquer sorriso. É aquele maldito sorriso cheio de segundas, terceiras, oitavas intensões.
— Temos duas horas com a casa sozinha.
— Estamos sozinhos, mas não me venha com essa sua mente poluída, ok?
— Você é tão chata. – bufou.
— Não sou chata. Muito pelo contrário, sou até legal de mais. – ele da uma risada sarcástica e lhe dou um tapa no ombro. — Vai me dizer que não sou?
— Quando você quer, você é.
— Para de agir como garoto mimado. Nem Agatha é assim.
-— Hum. – rolei os olhos.
— Não podemos nos atrasar Pit. Pela primeira vez estou tentando ser responsável, poderia me dar os parabéns ao contrário de ficar tento crise de adolescente cheio de hormônios. – cruzei os braços lhe encarando.
— Não gosto do seu lado responsável. – o olhei indignada.
— É o que? Você passou meses lutando para fazer com que eu me tornasse uma mulher responsável, e quando eu finalmente estou no caminho...
— Samantha, vou ser sincero. – me encarou. — Você sendo responsável é chata. Tipo, muito chata! Se tem um nome para você, é chata! Pura chatisse!
— Não sou não. – me defendi ofendida.
— É sim.
— Não sou não.
— É sim.
— Então quer o que? Que eu volte para trás e volte a sair socando a cara de quem eu quiser? Posso começar por você? Eu adoraria! – ele riu e me puxou pela cintura.
— Seria algo interessante ter o meu nariz quebrado por você, mas eu tenho o aniversário da minha filha para comparecer. Não vai rolar.
— Eu posso esperar, não tem problema algum. Estará livre na terça? Podemos marcar um horário.
— Realmente teria coragem de quebrar a minha cara? Esse rosto maravilhoso? Essa boca maravilhosa que você faz questão de beijar todos os dias? Hum? – provocou.
— Pare de jogar sujo, isso é injusto. – digo perdendo o juízo com seu hálito quente contra meu rosto.
— Ainda assim sou incrível!
— Talvez. Só talvez. – ele sorri. — Agora, anda logo. Temos que nos arrumar. – digo o afastando.
— Tudo bem. – selou nossos lábios. — Eu ainda preciso fazer algumas coisas.
— Ok. Não vai se atrasar, hein! – ele assentiu e saiu a caminho do seu escritório e eu subi para meu quarto.
Sim, nós ainda dormimos em quartos separados. Entrei no quarto e me dirigi para o banheiro e tomei um banho.
Preparar a festa de uma criança não é fácil! NEM UM POUCO!
Assim que terminei o meu banho, vesti meu roupão de algodão e comecei a arrumar meu cabelo. Uma escova é o melhor para agora. Não gosto do meu cabelo liso, sempre ter umas ondas para fazer uma diferença.
Assim que terminei e sai do banheiro para pegar meu estojo de maquiagem, levo um susto.
— Quando vai parar de bancar o capiroto? – perguntei fazendo a minha melhor expressão de tédio ao ver Peter apenas de roupão azul mexendo em meu armário. — E que diabos você faz aí?
— Estava... estava... vendo se não deixei uma camisa minha por aqui. – diz coçando a nuca como uma criança que foi pega no flagra furando o bolo.
— Você está procurando minha fantasia que eu sei. Você não vai ver agora. – ele bufa e se joga em minha cama.
— Mas por que não?
— Porque eu quero que você veja na hora da festa. Falta só uma hora. Você vai ser o primeiro a me ver com ela, se essa for a sua preocupação.
— Tudo bem. – suspirou contrariado.
— Você deveria ser um pouco mais paciente, senhor Clark Kent. – ele arregalou os olhos e me encarou perplexo.
— Você não...
— Vi sua fantasia? Ah sim, eu vi. – sorrio vitoriosa.
— Você é uma...
— Oh!! Cuidado com o que vai falar! – apontei meu dedo para si em ameaça.
— Eu não acredito! Você viu minha fantasia e eu não posso ver a sua! Você é muito injusta Samantha. Você sabe que um dia você vai pagar por tudo que tem me causado. – surtou e cruzou os braços irritado. Me aproximei e sentei em seu colo.
— O que foi que eu tenho te causado senhor Miller?
— Tudo e mais um pouco.
— Então eu pago. Vou pagar tudinho, mas tem que esperar minha conta ser liberada.
— Você sabe que não é de dinheiro que estou falando.
— Ah, não? – sorrio marota. —Isso vale? – lhe dei um pequeno beijo.
— Não. Talvez mais que isso.
— Mais? – beijei todo seu rosto. — Então se for mais que isso, acredito que só poderemos terminar de noite.
— Por mim está tudo certo. – sorriu.
— Ok. – lhe dei um beijo mais lento e uma mordida em seu pescoço. — Agora vaza daqui! – me levantei e fui até meu estojo de maquiagem.
— Não sou água para vazar! – rolei meus olhos.
— Até por que você não passaria pelo cano. – soltei uma risada.
— Engraçadinha.
— Desde que nasci. – lhe mandei um beijo no ar e entrei no banheiro.
***
Assim que terminei de me arrumar, vesti minha fantasia. Pela primeira vez não era uma dark trevosa.
Meu celular tocou em cima do criado mundo. No visor apareceu o nome de Jocelyn, mãe da Eleanor.
— Alô. – atendi.
— Olá, Samantha. Eu e as meninas já estamos saíndo do shopping. Devo levá-la para casa? Ela já está com a fantasia.
— Então pode levá-la para o salão. Nós já estamos indo para lá.
— Tudo bem. Já estamos indo.
— Não se esqueça de avisar quando chegar.
— Ok. Até mais.
— Até. – desligamos. Me olhei no espelho e sorri. Eu sou incrível!
Sai do quarto e comecei a descer as escadas, encontrando Miller de costas. Essa roupa ficou maravilhosa em seu corpo, assim como todas as outras que ele usa, é claro!
Terminei de descer e fiquei de frente para ele. Cutuquei seu ombro fazendo o se virar para mim. ELE ESTÁ DE ÓCULOS! ALGUÉM ME SEGURA!
Ele abriu a boca para falar mas as palavras não saíram.
— E então? – perguntei engolindo a seco. Esse homem realmente me tira o pouco do juízo que existe em mim.
— Fada? – perguntou retirando os óculos para me encarar.
— Sim. E tenho pózinho mágico para jogar na sua cara. Quer ver?
— Não. Eu acho. Calma, eu ainda estou tentando digerir essa sua fantasia. – me olhou de cima a baixo.
— Então termina isso no carro. A mãe da Eleanor já está levando Agatha para o salão.
— Não vai dizer nada sobre minha fantasia? – perguntou apontando para sí mesmo.
— Palavras não são o suficiente. Vem mais de atitudes do qual eu não posso tomar por algumas horas. – sorrio e caminho para a saída da casa.
Minha fantasia não era nada extravagante, é mais assustadora pelo simples fato de que EU estou usando ela. Só isso.
Era só um vestido lilás, que deixava meus quadris expostos. Sua saia parecia um tutu e era acima dos joelhos. Asas espelhadas uma varinha lilás com um formato de estrela na ponta.
Estou pensado em pular no primeiro bueiro que aparecer na rua. É nisso que dá ir pela cabeça da Emilly.
A do Peter era normal. Porém o deixava mais gostoso, se isso for possível.
Entramos no carro e seguimos para o salão de festa.
Alguns minutos depois, chegamos ao salão. Entramos e estava INCRIVELMENTE INCRÍVEL! Tenho que confessar, Emilly e Ryan mandaram bem!
O salão não era tão grande mas também não era pequeno.
A decoração estava toda cor de rosa, eu realmente não sou a maior fã da cor. Mas o que eu não faço pela minha gatinha?
Era QUASE tudo cor de rosa, tudo da forma que ela gosta. Várias mesas com decoração da realeza. Uma grande mesa repleta de doces.
Já havia bastante gente. Alguns amigos de Peter que tinham filhos e alguns coleguinhas da Agatha.
— Ficou realmente incrível. – comecei.
— É. Eles mandaram bem. – Peter diz ainda observando o local.
— HÁA!! – Emilly e Ryan gritam nos assustando.
— Vai quebrando! – exclamou colocando minha mão sobre meu peito por conta do susto. — Estão querendo divertir as crianças ou colocar medo? – pergunto os encarando. Um era bobo da corte, no caso, Ryan. Já Emilly, palhaça.
— Já sabia desde o início que vocês foram feitos um para o outro. – Peter diz debochado.
— Vão se danar! – Emilly diz.
— Por que ao contrário de ficarem tirando uma com a nossa cara, não dizem o que acharam? – Ryan perguntou. Meu celular vibrou e o peguei vendo uma mensagem de Jocelyn.
— Prefiro deixar isso para Agatha. – digo guardando o celular de volta. — SE ESCONDAM! ELA CHEGOU! – berrei e sai correndo para qualquer lugar assim como todo mundo. Apagaram as luzes e esperaram ela entrar.
— Que lugar é esse tia Jô? – a escuto perguntar.
— SURPRESA!!!! – as luzes se acenderam e todos gritaram ao mesmo tempo. A carinha de surpresa de Agatha foi impagável.
— I-isso é para mim? – perguntou com os olhinhos cheios de lágrimas e os labios se curvando em um beicinho de choro.
— Sim meu amor. – respondi. Ela sorriu e saiu correndo em minha direção e me abraçou forte. — Feliz aniversário pequena!
— E-eu... – me encarou já chorando.
— Não chora princesa. – Miller se aproximou e se ajoelhou ao meu lado. — Isso é para você. Tudo.
— T-tudo? – perguntou soluçando.
— Sim. – ele respondeu sorrindo. Ela o abraçou imediatamente e depois o soltou encarando nós dois.
— Eu amo vocês. – diz sorrindo com o rostinho todo avermelhado.
— Nós também te amamos. – respondemoos os dois em uníssono a fazendo sorrir mais ainda.
— Agora vai aproveitar sua festa. Tem vários coleguinhas seus aqui, e você está linda de princesa. – digo.
— E vocês também. Meu super Herói e minha fada madrinha. – diz sorrindo e saiu correndo em direção aos coleguinhas.
— Ela é maravilhosa. – digo e encaro Miller.
— Definitivamente. – respondeu e sorriu.
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