47 - PETER

O clima entre eu e Samantha não é um dos melhores. Talvez esteja sendo apressado de mais e não tenha pensado nela.

Eu sei que não é fácil para ela, nem mesmo para mim é. Depois de Elize eu não tive nenhum outro relacionamento verdadeiro. Elas não se importavam comigo e sim com meu dinheiro, Pilar é a prova viva disto.

Samantha é diferente. E eu admiro isso de mais. Eu estou sendo idiota, sem falar que isso envolve Agatha. Saber que as duas se amam me deixa aliviado, não que eu esteja querendo fugir das minhas responsabilidades com a minha filha a jogando nos braços da primeira que aparecer. Mas o fato da minha filha ter alguém em quem confiar além de mim me deixa aliviado.

Estamos caminhando procurando um lugar para comer.

— Papai.

— Sim, amor.

— Onde está a Sam? – no mesmo momento Ryan e Emilly param de andar e eu também. Olhei em volta e ela não estava.

Samantha Campbell sozinha em um lugar como esse não dá certo! Definitivamente.

— Era só o que me faltava! – digo. — Onde aquela maluca se meteu?

— Eu tenho um palpite. – Emilly diz olhando para um ponto fixo atrás de mim. — Roda gigante.

— Mas está quebrada. – digo e depois caio na real. — Ah não! – me viro e vejo a maluca da Samantha escalando a roda gigante.

O que eu fiz para merecer isso?

— Papai, é a Sam! – Agatha exclama preocupada.

— Não se preocupe. – a coloquei no chão. — Eu já volto. – sai em direção a roda gigante onde já havia bastante gente olhando. — Samantha! Bateu com a cabeça ou o que? – gritei.

— Não enche! – respondeu continuando a subir.

— Desce daí!

— Não quero! – me ignorou continuando a subir.

— Eu não acredito nisso! – bufei e pulei a entrada da roda gigante e a encarei. Era imensa. Suspirei e comecei a escalar a mesma. O que eu estou fazendo com a minha vida? — Samantha!

— O que é hein?! – olhou para baixo me vendo subir. — Está maluco?

— Você quem está maluca!

— Eu sempre fui, já você não tem tanta prática.

— Você não sabe! – digo continuando a subir. Estávamos a alguns metros de distância. — Por que está fazendo isso?

— Você sabe, faço isso quando quero pensar.

— Olha... – parei para respirar. — se quisesse subir no telhado de casa, eu realmente não me importaria, até entenderia, mas uma roda gigante como essa?

— Eu não penso nas coisas que eu faço. Esse é um dos meus maiores defeitos.

— Eu sei. – digo já a alcançando. Ela me esperou, que linda. Assim temos um suícidio duplo! — O que você está pensando? Quer se matar?

— Não, claro que não!

— Então em que você está pensando? – a encarei.

— Ok. – suspirou. — Só cala a boca e me escuta. – assenti. — Descobri que sou uma idiota por não querer me arriscar quando tem uma pessoa que gosta de mim de verdade. Eu tenho medo, insegurança de tentar algo. Eu passei parte da minha vida querendo matar os homens que entravam em minha vida. Eu não fazia ideia que pessoas como você existiam. Eu demorei muito para achar e agora que achei eu não posso simplesmente descartar essa oportunidade. Você não vem sozinho, vem ainda com um ser humano de meio metro que parece um anjo. Isso deveria vir de você, mas como eu detesto essa frescura toda, e comigo as coisas não são como o esperado. – suspirou. — Quer namorar comigo?

Me segura que eu vou cair!

— É o que?

— Não me faça te jogar daqui. Você ouviu, eu quero ser sua namorada Peter. Eu não só quero assumir um lugar na sua vida, como também quero assumir um lugar na vida da Agatha. Basta você dizer sim ou não.

— Eu estou sonhando, não é mesmo? Não é real. Se eu cair daqui nem vai doer.

— Nem pense em se jogar daqui e me deixar. Se você morrer eu te mato! – acabei soltando uma risada. — Responde logo. Não é tão complicado.

— Quantas vezes você já foi pedida em namoro?

— Quatro.

— Viu? Essa é a primeira vez que uma mulher me pede em namoro na vida.

— Então por favor não a deixe esperando, ou será a primeira e última da sua vida.

— Antes de tudo. Você tem tem certeza? É realmente isso que você quer? – a encarei.

— Tenho. Isso não é um casamento, eu posso lidar. – sorriu. —,Fala alguma coisa pelo amor de Deus! – com cuidado me aproximei mais dela e encostei meus lábios nos seus. — Isso é um sim?

— Sim, eu quero namorar com você. – ela sorriu e me beijou.

— Está tudo muito lindo, perfeita perfeição mas, não esqueçam que vocês estão a quilômetros do chão e têm uma filha de quase cinco anos! Nem pensem em se matar e deixarem para eu cuidar! – Emilly gritou nos chamando a atenção. A atenção do local estava totalmente sobre nós. Rimos os dois e começamos a descer com cuidado.

— Por que você sempre tem que escolher os lugares mais altos? – perguntei.

— Altura e perigo são duas coisas que não podem ser vistas e nem ouvidas por Samantha Campbell. – finalmente cheguei ao chão e a ajudei com o que faltava.

— É muito bom saber.

— Vocês são malucos! Definitivamente. – Ryan diz indignado.

— Vai me dizer que não faria isso por mim? – Emilly perguntou lhe encarando.

— Ele tem medo de altura. – respondo por ele vendo-o me fuzilar com o olhar.

— É sério? – ela pergunta. — Então vai perder esse medo agora! – foi em direção a roda gigante, porém Ryan a segurou.

— Nem sonhando!

— Ah Ryan! Nem vem, eu quero pular de paraquedas no nosso casamento, para isso você tem que perder o medo de altura.

— Casamento? – eu e Samantha perguntamos ao mesmo tempo.

— Se um dia nós nos casarmos. Vocês são lerdos hein! – Emilly diz puxando Ryan para longe.

— Papai! – Agatha pulou puxando minha camisa. Olhei para o chão e a peguei no colo. — Você e a Sam estão namorando? – Samantha me encarou e sorriu.

— Sim. – repondo e ela sorri.

— Verdade?

— Verdade! – ela sorri e me abraça e em seguida pula para o colo de Samantha.

— Então agora você é minha mamãe? – Samantha abre a boca sem saber exatamente o que responder e me encara. Eu por minha vez apenas afirmei com um aceno de cabeça.

— Bom... sim. – respondeu sorrindo.

— Então eu posso te chamar de mamãe? – encarou Samantha com os olhos brilhando.

— Pode. – Samantha responde sorrindo e abraça Agatha. Posso ver lágrimas em seus olhos. Eu estou sentindo o chão querendo me engolir.

A melhor cena da minha vida.

— Lindo, lindo, lindo mas sabem o que é mais lindo ainda? – perguntei. — Comida. Eu estou com fome!

— Você é um insensível! – Samantha resmunga enxugando pequenas lágrimas em seus olhos.

— Não sou não. Eu tive que escalar uma roda gigante, e ainda ter que processar na minha mente um pedido de namoro da pessoa mais maluca que eu conheço. Preciso de comida e repor as energias.

— Ok senhor drama time! Vamos comer. E você também está morrendo de fome igual ao seu pai gatinha?

— Sim. Minha barriga está reclamando. – fez uma careta fofa.

— Então vamos comer, vai que eu deixo vocês dois com fome e vocês resolvem me devorar. – diz fazendo Agatha rir.

— Eu nunca te devoraria, você é a pessoa mais legal do mundo! – Agatha diz.

— Sou mesmo? Então me prova. – minha filha sorri e enche o rosto de Samantha de beijos. — Isso ainda é muito pouco, preciso de mais.

— Ah mamãe! – reclamou me fazendo sorrir. Samantha ficou estática por um momento e depois sorriu a enchendo de beijos.

— Tudo bem, me prove depois. Vamos logo comer. – minha filha sorri se agarrando ainda mais ao pescoço de minha namorada.

Namorada. Depois de um longo tempo eu estou podendo dizer isso e a sensação é maravilhosa.

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