41 - SAMANTHA
Acordei e encarei o teto. Eu sonhei não foi? Nada aconteceu ontem, não é?
Me levantei e fui até o banheiro tomar um banho.
Assim que terminei, enrolei a toalha em meu corpo e sai do banheiro levando um baita susto.
— Que diabos você faz aqui?
— Er, eu, é... – Miller trava enquanto me olha.
— Será que da para você parar de me olhar e me responder? – pela primeira vez na vida eu estou corando. O que você fez comigo Peter Miller?
— Eu, é... vim perguntar se você vai comigo levar a Agatha para a escola?
— Ah, sim. Eu vou.
— Ok então.
— Ok, já pode ir então.
— Não precisa expulsar, tá?
— Tchau Peter. – o empurrei para fora do quarto e fechei a porta a seguir.
Era só o que me faltava!
Abri o meu armário e peguei uma peça de roupa. Um Jeans preto rasgado e uma blusa branca de caveira manga longa e meu tênis branco.
Penteei meu cabelo, peguei minha bolsa e meu celular e sai do quarto.
Já na escada vejo Miller levar um "pião" de Agatha que já estava ligada no 220.
— Agatha para um pouco quieta, deixa eu terminar de abotoar sua camiseta.
— Papai nós vamos nos atrasar! – diz correndo para a porta de entrada, porém Miller é mais rápido e a segura.
— Agatha se acalma, daqui alguns minutos nós saímos. Você nem tomou café direito.
— Papai... – fez um beicinho.
— Ei, ei, ei, o que está acontecendo aqui? – perguntei depois de descer todos os degraus. — Por que essa carinha gatinha?
— Porque o papai não quer deixar eu ir agora. – cruzou os bracinhos.
— Gatinha, – me ajoelhei ficando da mesma altura que ela. — você tem que ter um pouquinho de paciência. – comecei a abotoar sua camiseta. — Daqui a pouquinho nós vamos sair e você irá para a tão sonhada escola. Você só precisa ter um pouquinho de paciência, ok?
— Ok.
— Ótimo, agora vamos tomar o café direitinho. Você não quer passar mal e ter que faltar a escola, quer?
— Não! – arregalou os olhinhos.
— Então vamos. – me levantei, segurei sua mão.
— Não sei o que seria de mim sem você. – diz Miller.
— Eu sei. – o encarei. — Nada. – mandei um beijo no ar. —Quando for a hora de ir nos avise. – seguimos para sala de jantar. Ajudei Agatha a se sentar e me sentei também.
— Você vai me levar na escola junto com o papai?
— Claro, eu não perderia por nada.
— Você acha que vou ter amiguinhos?
— Claro, por que não teria? Você é uma menina adorável, é díficil alguém não querer fazer amizades com você. – ela sorri e morde um pedaço de sua torrada com geleia de morango. — Vai dar tudo certo. Relaxa. – pisquei para ela.
***
Após terminarmos o café, ajudei Agatha a escovar os dentes e descemos.
— Prontas? – Miller perguntou.
— Sim!! – respondemos juntas.
— Então vamos. – Saímos da casa e entramos no carro. Ajudei Agatha com a cadeirinha e logo após entrei no carro. Miller deu partida e seguimos a caminho da escola. — John e Jack não vão mais segui-la. A menos que você queira, é claro.
— O que? Eu estou livre daqueles dois ogros? – perguntei assustada.
— Sim. Acho que não tenho mais com o que me preocupar né? Ou tenho? – me encarou.
— Claro que não. Eu vou me comportar, relaxa.
— É bom mesmo. – eu ri.
— Eu vou me comportar, acredite. – em poucos minutos chegamos na escola lotada de pais e crianças. Agatha já estava retirando os cintos da cadeirinha antes mesmo de pararmos. Descemos e eu fui ajuda-la. — Calma, não vamos com sede ao pote. – sorri e a tirei de lá. Miller colocou a mochila em suas costas e seguimos para o portão de entrada.
— Olá. – uma moça jovem nos cumprimentou. — Quem é essa princesinha?
— Agatha. – gatinha respondeu sorridente.
— Oh, hoje é seu primeiro dia não é mesmo? – Agatha assentiu. — Muito prazer Agatha, sou a tia Victória. Mas pode me chamar de Vick. – estendeu a mão para Agatha.
— Prazer. – ela sorriu.
— Vamos entrar? – Agatha assentiu rapidamente. — Os senhores podem vir também e deixá-la na sala.
— Tudo bem. – respondi. Agatha deu a mão para a tia fulana e até esqueceu da nossa existência. Entramos na escola, quase sendo atropelados por um bando de nanicos. Olhei para Miller e ele estava sério. Conheço essa cara. — Preocupado?
— Um pouco.
— Por que?
— É a primeira vez que ela fica longe de casa, quer dizer, ela não conhece outras pessoas, não sabe agir muito bem. Tenho medo dela não se adaptar ou alguém machucar ela.
— Eu entendo sua preocupação, mas você tem que entender que uma hora ou outra esse momento iria acontecer. Deixa ela sair um pouco de baixo das nossas asinhas e começar a usar as próprias. Ela tem que aprender a se comunicar com outras pessoas, se machucar, brigar, falar. São coisas da vida.
— Desde quando é tão filosofa? – riu.
— Olha você não me testa! – lhe dei um empurrão de leve.
— Ok, você tem total razão.
— Eu sempre tenho. – sorri. Chegamos em frente a sala da tia fulana.
— Hora de falar tchau para a mamãe e para o papai. Não se preocupe, eles virão te buscar. – disse a tia fulana.
— Tchau meu amorzinho. – me ajoelhei novamente e a abracei. — Não esquece de mim, e nem que eu te amo, ok?
— Ok. – me abraçou forte.
— Tchau, princesa. – Miller lhe abraçou. — Qualquer coisa é só pedir para ligarem para o papai que ele vem voando tá?
— Você não é o Superman para sair voando por aí. – digo.
— Xiu! – ele me mandou calar a boca? — Papai te ama, e se comporta.
— Eu também amo vocês. – abraçou nós dois. — Tchau! – acenou e entrou na sala.
— Não se preocupem, ela ficará bem. – tia fulana diz e entra na sala. Eu vou chorar. Olhei para Miller e ele estava chorando.
— Para de chorar, seu frouxo. Ela só foi estudar para futuramente ser o orgulho do papai. – lhe dei um empurrão. — Anda, você ainda tem que dar uma de motorista e me levar para a faculdade. – me levantei e o puxei.
— Será que da para respeitar minha dor? – fez drama.
— Dor você vai sentir quando minha mão acertar sua cara se você não parar de drama. Vamos! – o puxei pela mão e passamos pela sala de Agatha e acabamos por dar uma espiada. Ela está feliz, isso é o que importa. Ela olhou para porta e deu um sorriso e começamos a acenar como dois idiotas, até a professora nos olhar com cara de reprovação e sairmos correndo de lá.
— Você é maluca. – disse quando já estávamos no lado de fora.
— Sim, e você também.
— Culpa sua. – me puxou pela cintura e me deu um selinho.
— Eu sei, sou má influência. Agora vamos parar de nos pegar na frente da escola da sua filha e vamos embora antes que a tia fulana chegue aqui com uma vassoura para nos expulsar. – ele riu e entramos no carro e partimos para a universidade.
— Como acha que Agatha reagiria se soubesse que estamos... juntos? – perguntou alguns minutos depois.
— Perfeitamente bem.
— Você acha?
— Ela quer que a gente se case.
— O que? – perguntou incrédulo.
— Ela pensou que estávamos namorando, por conta do beijo que ela presenciou. Eu disse que não temos nada e ela disse que queria que nós casássemos.
— Agatha é surpreendente.
— De fato. Mas não vamos iludir ela. Vamos com calma com isso, não quero que nada a afete.
— Nem eu. Você tem razão.
— Eu sempre tenho. – ele revirou os olhos. Em poucos minutos chegamos na universidade.
— Entregue, Sra. Campbell!
— Muito obrigada, Sr. Miller!
— Não ganho nenhum beijinho de despedida? – pergunta quando já estou para abrir a porta do carro.
— Um só. – lhe dei um selinho demorado. — Não se acostuma não. – ele sorriu e eu sai do carro, acenei dando tchauzinho e entrei na faculdade.
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