34 - SAMANTHA

Liguei para o meu irmão e pedi a ele o dinheiro. Meu pai cortou meu dinheiro, e se eu ligasse para ele e tentasse explicar a situação ele enlouqueceria. Por mais que essa seja a obrigação do Peter como pai, eu sinto que também tenho. Sei que a filha é dele e tal, mas eu gosto da Agatha e faria de tudo para salvar ela.

Troquei de roupa, peguei meu celular e desci.

- Samantha... - Peter começou mas o interrompi.

- Eu sei que você deveria estar fazendo tudo isso, que estou roubando a sua obrigação mas eu não consigo ficar parada em uma situação dessas.

- Tudo bem, não tem como eu discutir com você. Pelo menos deixe eu resolver a questão do dinheiro.

- Não é necessário, eu já resolvi. - o encarei. - Tenho que ir.

- Cuidado. - me encarou e eu assenti. Abri a porta da entrada e sai. Segui até John e Jack. - Preciso de um dos carros.

- O que? - Jack me olhou como se eu fosse uma aberração.

- Foi o que você ouviu, agora vão me dar as chaves ou eu mesma terei que pegar? - os dois se encaram.

- Podem entregar as chaves para ela. - escuto Peter dizer e o encaro. Jonh coloca as mãos dentro do bolso retirando as chaves e me entregando.

- Obrigada. - entrei no carro depois de desativar os alarmes e segui a caminho do banco.

Chegando lá, rapidamente conversei com o gerente e retirei o dinheiro. Em seguida, segui para o tal local. Chegando lá, percebi que era uma fábrica abandonada. Suspirei e sai do carro pegando a mochila com o dinheiro. Adentrei o lugar, todo sujo e com cheiro de gasolina impregnado. Mais a frente eu podia escutar uma mulher berrando.

- SEUS INÚTEIS! EU DISSE QUE ERA PARA MANTER A GAROTA POR MAIS TEMPO! - calma! Não, não pode ser! - EU DISSE PARA FALAR COM O PETER SEUS ESTÚPIDOS! PETER! - a vi andar de um lado para o outro. Ela virou o olhar encontrando o meu e me encarou.

- Então é você. - digo lhe chamando a atenção.

- Oh, cara Samantha. Como é bom vê-la novamente. - sorriu cínica.

- Não posso dizer o mesmo. Onde está a Agatha?

- Vamos com calma... mamãe. - enfatizou dando um sorriso irônico. - Olha, olhando você assim, até que vocês se parecem. - diz se aproximando. - Afinal, as duas foram abandonadas pela mãe.

- Pilar, poupe-me do seu veneno. Por que não se olha no espelho e tente apontar todos os seus defeitos? Porque sinceramente é o que não falta em você, começando pelo seu caráter lixo.

- Não pense que irá me colocar para baixo.

- Não preciso pensar, você já está para baixo. Por tanto não vou me rebaixar a você, discutindo com você. Vamos ao que interessa! O dinheiro está aqui conforme o combinado, agora me entregue a Agatha e seja feliz com a sua grana. - ela solta uma risada.

- Eu não quero apenas o dinheiro, você sabe.

- Oh, você quer o Peter? Fique a vontade, ele é todo seu. Mas eu realmente não sei o que eu tenho a ver com isso, não tenho culpa se ele te deu um chute no traseiro.

- Não tem nada a ver? Você sabe que tem. Não é apenas o Peter que eu quero, eu quero tudo que era meu antes de você chegar. Você só atrapalha o meu caminho. Se quiser a garota, a leve com você, não fará falta, mas saia do meu caminho ok?

- Para que sequestrou ela?

- O plano era deixar o Peter desolado, e como uma boa pessoa que eu sou, ir consola-lo, e achar a sua filhinha. Mas não deu muito certo.

- Porque claramente você é tão burra, que não sabe armar um sequestro.

- Ou porque tem você o tempo todo atrapalhando meus planos! Olha Samantinha...

- Samantinha é a tua tia! Não te dei intimidade. - digo a interrompendo.

- Olha como fala comigo, sou eu que estou no poder aqui.

- Não, não é você! Se você pensa que eu tenho medo daqueles dois imbecis ali, você está bem enganada! Aproveito a raiva que eu estou de você, e meto minha mão na sua cara e ainda coloco esse lugar a baixo na tua cabeça! - a encarei. - Fala logo o que tem a dizer pois já estou perdendo minha paciência.

- Tanto faz. - revirou os olhos. - Eu a quero longe do Peter, e é melhor que quando eu voltar para aquela casa, as coisas estejam bem mudadas, pois sim, eu vou voltar em breve.

- Peter é todo seu, só não toque em Agatha. Farei da sua vida o maior inferno se você ousar machucar ela. - ela revira os olhos.

- Não se preocupe, a mandarei para um colégio interno na Rússia. - riu. - Aproveite enquanto é tempo. Agora me dê o dinheiro. - estendeu o braço.

- Não antes de ver a Agatha. - ela revira os olhos novamente.

- Tudo bem, só dessa vez. E lembre-se, você não me viu, nada aconteceu aqui. - virou as costas e saiu rebolando. - Se contar algo, acabo com a pirralha sem pensar duas vezes! - disse desaparecendo logo em seguida.

Um dos homens ali abriu uma porta e entrou lá. Alguns segundo depois ele saiu junto a Agatha. Assim que ela me vê, ela corre em minha direção. A pego nos braços e a abracei forte.

- Vo-você veio! - diz soluçando.

- Eu disse que viria. - a encarei. Ela estava com o rostinho vermelho e os olhinhos também de chorar.

- Sam... eu te amo! - me abraçou novamente me fazendo chorar.

- Eu também te amo princesa. - sorri e dei um beijo em sua bochecha. - Eles te machucaram? - ela negou. - Certo, agora vamos para casa. - Peguei a mochila com o dinheiro e joguei para o cara. Peguei Agatha no colo e segui para a saída da fábrica. Assim que saímos encontrei outro dos carros de Peter e logo após ele descendo do mesmo, logo atrás três carros de polícia.

- PAPAI!!! - Agatha gritou e desceu do meu colo e saiu correndo em direção a ele e o abraçando. Ele a abraçou forte, chorando e a encheu de beijos. Depois de alguns minutos me aproximei dos dois.

- Como me achou? - perguntei vendo os policiais descerem do carro e adentrarem a fábrica.

- O dispositivo de rastreamento do meu carro. Todos eles têm um.

- Foi por isso que você deixou numa boa. - constatei.

- Mais ou menos... agora vamos para casa? - perguntou a Agatha.

- Siim! - diz Agatha animada.

- Então vamos! - diz indo em direção ao seu carro. Assim que eles chegam na porta do carro eles viram e me encaram.

- Você não vem? - os dois perguntaram juntos.

- Encontro vocês lá.

- Promete? - perguntou Agatha.

- Prometo! - pisquei para ela. Peter a coloca dentro do carro e logo depois me encara.

- Tem certeza?

- Tenho. - ele não diz nada e entra no carro partindo em seguida. Dei um longo suspiro e logo entrei dentro do carro partindo também.

Tanta coisa vem acontecendo desde que eu cheguei aqui. Tudo é tão diferente, tão... difícil? Está é a palavra? Talvez esse não seja o meu lugar. Pode parecer que eu tenha me adaptado, mas não é bem assim. Coisas do qual eu só via em filmes e livros estão acontecendo na vida real por minha culpa. Quando foi que eu imaginei ter que lidar com uma piriguete maligna? Já lidei com duas, ok, mas essa está começando a se superar.

Eu estudo, tenho amigas, paqueras malucos, uma babá descontrolada me perseguindo, vivo beijando um babaca sem mais nem menos, e de repente eu tenho uma filha. Uma filha! Não sei mais nem o meu próprio nome! Quem é Samantha Campbell? Onde ela está?

Parei em uma cafeteria e comprei um café. Não gosto muito de café, pois me deixa meio alterada, não no sentido bêbada, é claro. Mas no sentido irritada.

Me sentei em uma mesa afastada e liguei para Anna. Ela não demorou a atender.

- Eu já estava preocupada, e ai? Tudo deu certo? - perguntou.

- Sim, deu tudo certo.

- Graças a Deus! - exclamou e pude ouvir um suspiro aliviado. - Eu estava quase pegando um avião e indo até ai! - ela diz fungando.

- Estava chorando?

- Claro, como não chorar? Fico imaginando se fosse meus pequenos nessa situação, eu acho que morreria. - ela diz e afirmo com a cabeça. - Como você está?

- Não sei, confusa. É um misto de sentimentos que eu não sei explicar Anna, eu estou sentindo umas coisas que eu nunca senti antes.

- Você se apegou a ela, é normal.

- Não estou falando só dela. Meus sentimentos envolvem tudo e todos.

- Alguém em especial além de Agatha?

- Todos são especiais Anna, mas Peter.. Arhg! Ele é um imbecil, é um babaca! Eu realmente queria enforcar ele. - ela não responde. - Eu odeio muito ele mas também não sou capaz de odiar. É complicado!

- Samantha... faça aquilo que seu coração mandar. Eu não sei dar conselhos, só posso dizer que o que você resolver da sua vida eu vou te apoiar. Menos em esconder um corpo, ai é outra história. - sorrio.

- Anna, obrigada. Você é um anjo.

- Eu sei. - riu. - Eu te amo minha louquinha.

- Também te amo. Agora tenho que ir, e obrigada por tudo.

- Sabe que sempre que precisar estaremos aqui. - sorrio. - Tchau. - antes de desligar pude ouvi-la gritar algo como: "Brian, a nossa festa vai acontecer antes do que eu esperava".

Depois de tomar o meu café, sai de lá indo para a mansão.

Assim que entro, encontro Miller descendo as escadas.

- Eu já ia sair para te procurar. - ele diz.

- Hum, o que foi? - respondi.

- Agatha dormiu e estava te procurando. E, quero te agradecer, eu realmente sou um idiota. Me desculpa. - se aproximou de mim. - Você quem fez tudo, que se arriscou para salvar minha filha, enquanto eu não fiz nada. Obrigado. - sorriu e tentou se aproximar mais, mas eu me afasto. - O que foi? - me olhou sem entender.

- O que foi, que eu cansei Peter! - lhe olhei séria.

- Cansou do que, exatamente?

- Disso. Eu, você, nós. Olha, eu não sou seu brinquedinho! Se você está acostumado a brincar com a Pilar ou com qualquer outra mulher, saiba que eu não sou nenhuma delas.

- Eu não quero brincar com você, de onde você tirou isso?

- Eu não sou burra Peter, será que todos esses meses você não aprendeu nada? - o encarei. - Você acha que é fácil assim? Primeiro me diz várias coisas para me magoar, e logo depois acha que me beijando vai apagar tudo?

- Eu estava nervoso, falei aquilo sem pensar. Não era para eu te magoar.

- Mas magoou! E não me interessa se você estava ou não nervoso, doeu! Posso ser maluca, doente ou o que achar, mas independente de tudo eu ainda sou um ser humano. Ás vezes posso parecer um bicho, mas não sou. Se bem que até os bichos tem sentimentos.

- E tudo o que você me disse? Acha que não me chateou também?

- Mas ao contrário de você, eu não estou tentando te beijar e tentar apagar tudo como se não fosse nada! - ele suspira. - Eu sei, eu errei te falando aquele tipo de coisa para você. Me desculpe, eu realmente sai descontando minhas frustrações em cima de todo mundo. - bufei. - A única coisa que eu tenho certeza agora, é que eu vou sair daqui.

- O que?

- Eu disse que iria, e vou.

- E a Agatha?

- Não seja tão baixo a ponto de fazer isso. Sei o que está tentando fazer, mas como você antes disse: Ela tem um pai!

- O fato é que ela te ama. Você não pode simplesmente entrar na vida da minha filha, faze-la gostar de você mais do que o esperado e depois simplesmente sair.

- Eu também a amo, mas não aguento mais! Eu não sei mais quem é Samantha Campbell. Antes de tudo eu tenho que pensar em mim.

- Você pensou em você a vida toda Samantha! Não diz que não, pois se tivesse pensado em outras pessoas nem aqui você estaria. Vai simplesmente quebrar o coração da minha filha e ir embora como se nada tivesse acontecido?

- Não! É pelo bem dela que eu estou fazendo isso. Eu não sou a melhor influência para ela, e não quero ir quando ela já estiver mais apegada a mim, me chamando até de mãe. - ele suspira. - Eu tenho que ir.

- E eu? - o encaro novamente.

- E você, é você Peter. Sobreviveu todo esse tempo sem uma louca atrapalhando sua vida, sem ela vai ser bem melhor e tudo vai voltar a ser do seu jeito. - ele encara o chão. - Isso não daria certo, quando estamos nervosos ficamos tentando atingir um ao outro. Isso não é saudável, isso não é engraçado e muito menos romântico. - ele suspira.

- Tudo bem. - ele ergue a cabeça me encarando. - A escolha é sua, o direito é todo seu. Me desculpe por de ofender e te magoar daquela forma.

- Talvez, quem sabe. - dei de ombros. - Vamos, eu quero ver a Agatha. - comecei a subir as escadas e ele me acompanhou. Com cuidado, abri a porta do quarto dela a encontrando encolhida na cama, com um chorinho baixo. - O que houve anjo? - fui até ela que me abraçou fortemente.

- E-eu pensei q-que vocês tinham ido embora e-e aqueles homens maus iam me levar. - voltou a chorar.

- O que eles fizeram com você? Me diz que eu vou lá e corto todos eles em pedacinhos. - digo.

- Samantha! - Miller me repreende.

- Ok, calma princesinha. Nós estamos aqui, está vendo? - ela assente e chama o pai que lhe da um beijo na testa e faz carinho em seus cabelos.

- Estamos aqui princesa, ninguém irá te levar novamente. - diz Miller.

- Vocês prometem?

- Claro! - respondemos juntos.

- Vocês vão ficar aqui, não é? Eu não quero ficar sozinha de novo.

- Claro que ficaremos. - digo tirando meus sapatos e me deitando ao seu lado.

- Papai? - encarou Miller.

- Tudo bem. - fez o mesmo que eu e se deitou do outro lado da cama.

- Eu amo vocês. - diz sorrindo.

- Nós também te amamos! - respondemos juntos e nos encaramos.

A Cada dia mais ferrada!

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