31 - SAMANTHA
EU ESTOU BEIJANDO PETER MILLER!
MEU DEUS!
E esse babaca ainda tinha que beijar bem? POR QUE? POOOR QUE?
Por que agora meu coração resolveu dar sinal de vida? Ele está batendo mais forte que o normal. Mas que merda!
Estamos nos beijando a longos minutos. O ar está faltando e então nos separamos. Estou encarando-o e ele está me encarando. Sinto meu rosto corar violentamente.
— E-e-eu... d-desculpa. – gaguejei. — E-eu n-não quis... e-eu. Merda! – sai de cima dele e me levantei. — Desculpe.
— Desculpa eu. – diz se levantando também. Eu estou tão sem jeito. Meu Deus, manda um raio por favor.
— Isso não dev...– me interrompi. — Não vou usar essa merda de frase clichê. Aconteceu, foi mal. Não devo estar no meu estado mais normal, me desculpe. – fechei os olhos.
— Samantha, calma! Está tudo bem. Aconteceu, para de surtar. Foi só um beijo, ok? – o encarei e ele parecia muito tranquilo com tal situação.
— Não! Não está ok! Não tem nada ok! – sai correndo entrando na casa e subi para o meu quarto fechando a porta. Que droga eu acabei de fazer?
Me joguei no chão e encarei o teto. Ele é branco e tem estrelinhas que brilham quando as luzes são apagadas. Meu corpo está trêmulo, meu coração parece que vai saltar do peito e sair por ai querendo beijar qualquer um.
Qualquer um não...
Fechei os olhos. Respire e relaxe, vamos. Um, dois, um, dois...
— Samantha quem você quer enganar? – levo um susto encarando... eu mesma. E toda de azul? O que?
— Quem é você? – questionei.
— Sou a sua consciência. – sorriu.
— Você? Minha consciência? Nunca! E que diabos você faz aqui?
— Vim te abrir os olhos. Você não tem que tentar forçar uma consciência pesada por ter beijado o Peter. Você quis, ok? Na verdade quem tem culpa nisso tudo é o seu cérebro. – e do nada surge outra de mim, toda de rosa bem claro.
— Não venha jogar os problemas em cima de mim! – ela exclama.
— Você é a culpada disso!
— Eu? Por que não culpa aquela trouxa de vermelho? – e ai surge outra de mim toda de vermelho.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
— Eu não sou trouxa. – a eu de vermelho diz se sentindo ofendida.
— É sim, e é para isso que você serve, para ser trouxa. – diz a rosa rindo.
— Eu só tenho medo de me machucar. – respondeu a vermelha.
— Vocês estão deixando ela maluca, não vêem? – e de repente as três começam a discutir me deixando mais tonta do que já sou.
Calma. Essas são a minha consciência, meu cérebro, e meu coração?
— EI!! – gritei. — O que vocês estão fazendo?
— Estamos tentando te ajudar. – diz a azul.
— A te ajudar com o seus sentimentos. – diz a vermelha.
— Você está confusa. – diz a rosa. — Pare de ser burra e não se apaixone por aquele idiota!
— Cala a boca! Ela tem que fazer o que eu decidir. – diz a vermelha.
— Ela tem que fazer o que ela se sente bem suas demônias! – diz a azul e assim uma nova discussão se inicia.
Isso não é real! Não é! Fechei os olhos novamente e tampei os ouvidos e balançando a cabeça para ver se a discussão parava. E então levei uma pancada. Abri os olhos e me dei conta de que estou debaixo da cama e acabei de bater a cara na penteadeira. Escuto batidas na porta. Rolei saindo debaixo da cama, e indo até a porta. A destranquei e a abri encontrando Agatha.
— Sam, você passou o dia todo ai dentro. Você não se sente bem? – perguntou entrando em meu quarto.
— Bom, eu só tenho um pequeno machucadinho. – digo olhando no espelho um pequeno corte na testa.
— Nossa!! Onde? Está doendo? Precisa de um médico? – perguntou preocupada e eu ri.
— Não, eu estou bem. Só preciso de um pequeno curativo.
— Quer que eu faça?
— E você sabe fazer?
— Não. – soltei uma risada. — Mas posso tentar.
— Pode deixar gatinha, depois eu mesma faço. O que foi, algum problema?
— Bom, é que eu perdi a Juju. – Juju é a boneca que eu lhe dei. E ela a trata como uma filha. —Você a viu?
— Não, da última vez que a vi ela estava com você.
— Ain. – choramingou e se jogou em minha cama.
— Não se lembra onde a deixou?
— Não. – diz com um ar triste. — Você sabe que eu gosto dela, e eu não vou conseguir dormir sem ela.
— Você já procurou?
— Sim, e Marie me ajudou mas não encontramos. – fez um beicinho. — E se alguém roubou ela? – diz apavorada.
— Quem iria sequestrar uma boneca?
— Ela não é uma boneca, ela é minha filha! – retrucou se fazendo de ofendida
— Ok, ok. Por que alguém iria sequestrar a sua filha? Ela é tão boazinha.
— Sim, mas existe pessoas más. – abaixou a cabeça. — Posso ficar aqui? Eu estou com medo.
— Medo de que amor?
— De me sequestrarem igual fizeram com a Juju.
— Mas e a Marie?
— Ela foi preparar meu leite. Deixa por favor, só um pouquinho. – pediu e eu não resisti.
Por que ela tinha que ser tão adorável?
— Tudo bem, deita ai. – a ajudei a subir em minha cama. — Vou trocar de roupa, ok?
— Ok. – peguei algumas roupas e entrei no banheiro. As troquei e escovei os dentes e em seguida voltei para o quarto. — AH! – Agatha exclama.
— O que foi?
— Eu sou muito boba. – diz tapando o rosto entre os travesseiros.
— Por que, anjo?
— Eu esqueci que deixei a Juju no quarto do papai.
— Cabecinha de vento você. – baguncei seus cabelos.
— Busca ela para mim? Por favor.
— O que? Não, eu não vou entrar no quarto do seu pai. – mas nem morta eu entro naquele quarto.
— Por favorzinho. – suspirei e a encarei. Ela está fazendo um jogo comigo, só pode.
— Nem vem gatinha, pode pedir para seu paizinho pegar. Não vou entrar no quarto dele.
— Sam, por favor. – se encolheu na cama fazendo aqueles olhinhos que me deixam fraca.
Soltei um suspiro pesado.
— O que eu não faço por você, hein? Eu vou buscar e já volto.
— Obrigada. – sorriu.
— Sabe ao menos em que lugar a deixou?
— Acho que no closet do papai.
— Que diabos você estava fazendo no closet dele? – resmunguei. — Tudo bem, eu vou buscar.
— Você é a melhor do mundo! – exclamou fazendo uma voz meiga. Pisquei para ela e sai do quarto indo em direção ao do Miller. Assim que parei na frente da porta do mesmo, soltei um suspiro e senti minhas mãos suarem. Dei duas batidas na porta e não tive respostas. Abri a porta com cuidado e vi que Miller não estava no cômodo, pelo menos era o que parecia.
Entrei no quarto e fui até o seu closet imenso e espaçoso. Com cuidado, abri e procurei em cada parte e nada daquela boneca. Camisas, mais camisas, cuecas e...hm, eu não sou tão louca a ponto de ficar mexendo nas cuecas do cara. Se bem que.... cala a boca Samantha! Onde está essa maldita boneca?
— Samantha? – dei um sobresalto e virei para encarar aquele ser humano que até poucas horas eu estava beijando e... puxa que pariu! Esse cretino está com pequenas gotas de água pelo peitoral definido, cabelos levemente molhados e com uma toalha branca amarrada na cintura. E o ar onde fica? — O que faz aqui?
— E-eu... eu vim procurar a boneca da Agatha. Ela disse que estava aqui e bom, eu bati, você não ouviu e eu entrei. – minhas mãos estão trêmulas e meu coração bate descompensado em meu peito. Ele se aproxima de mim parando a minha frente. Me encara por um momento e depois ergue o braço pegando a boneca de um lugar mais alto e me entregando. — O-obrigada. – quando eu ia sair ele me puxa pelo braço.
— Podemos conversar?
— Agora não é uma boa hora, não acha?
— Por que?
— Você está sem roupa!
— Eu não estou totalmente sem roupa.
— Você tem apenas uma toalha tampando metade de você. Depois, quando você estiver em condições conversamos, o que acha?
— Você está fugindo demais, não acha? – bufei.
— O que temos que conversar?
— Sobre o beijo. – suspirei. — Não foi algo esperado, mas aconteceu. E nada vai mudar, não é?
-— Por mim não. – dei de ombros.
— Então, foi só um beijo. Beijos acontecem.
— Mas não entre nós.
— Qual o problema de ser entre nós Samantha?
— Eu não sei! Você não acha estranho, eu e você nos beijarmos? Do nada?
— Estranho é estranhar um beijo. Foi só um beijo. – franzi o cenho com tal lógica.
— Não é por que eu te beijei que quer dizer, que nós vamos nos casar, ter cinco filhos, morar no Havaí e ter um iate. – soltei uma risada nervosa.
— Claro. Mas enfim, sem ressentimentos, ok?
— Ok.
— Amigos? – estendeu a mão.
— Amigos. – a apertei. — Sem beijos?
— Sem beijos. – sorrio e ele faz o mesmo.
Não, não sorria. Por favor!
— O que é isso? – perguntou olhando para minha testa.
— Foi um pequeno acidente. – ele se aproximou passando seu polegar ao lado do meu corte. Droga! Por que? Tentei me afastar mas acabei encarando seus olhos e ele os meus. Meu rosto está a poucos centímetros do seu e ao que parece estamos quase acabando com a distância.
Meu coração continua extremamente acelerado e minhas mãos suadas trêmulas. Posso sentir seu hálito fresco de menta bater contra meu rosto.
— Samantha? – pergunta olhando em meus olhos.
— O que? – minha voz é quase um susurro.
— Eu... quero te beijar. – olhou para os meus lábios e depois voltou a me olhar nos olhos.
— E-eu eu.... droga! – o puxei pela nuca colando nossos lábios e iniciando um beijo. É, sim, pois é. Estou o beijando novamente. Um beijo urgente, rápido e quente. Sua língua quente explora minha boca me causando um profundo arrepio. Quem sou eu? O que fiz com a Samantha?
Sou prensada contra a porta do closet. Suas mãos estão em minha cintura a apertando levemente. E meus braços contornando seu pescoço. Uma de suas mãos sobem para minhas costas me puxando mais para sí colando mais seu corpo no meu. Arranhei levemente sua nuca com as minhas unhas lhe causando arrepio. O ar voltou a faltar e eu não sou uma bomba de ar. Com os dentes ele deu uma leve mordida em meu lábio inferior me fazendo soltar um gemido involuntário.
Ele sorriu. Eu também. O fim está próximo...
Encarei seus olhos verdes e eles me fitavam profundamente.
— A-acho que por hoje, chega. – digo.
— Concordo. – o empurrei de leve separando nossos corpos e peguei a boneca caída no chão.
— B-Boa noite.
— Boa noite. – sai correndo de seu quarto e fechei a porta atrás de mim e em seguida me encostei nela. Duas vezes no mesmo dia? Suspirei começando a andar pelo corredor e encaro a boneca em minha mão.
— Seria muito tarde para aprender a brincar de boneca?
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