3 - SAMANTHA

No dia seguinte, acordei por volta das dez e meia da manhã. Arrumei minhas malas com a ajuda de Alexandra. Essa, achava um absurdo a ideia de meu pai, mas lamentava não poder fazer muito por mim.

Liguei para minha mãe indignada, essa disse apenas que concordou pois achou que seria uma boa eu sair um pouco do Brasil e respirar novo ares. Mas caso desse algo errado, era só eu chamá-la que ela irá correndo me salvar.

Assim que terminei minha ligação com minha mãe, fui direto para casa de Anna e Brian me despedir.

— Eu ainda acho um exagero dele! – diz Brian andando de um lado para o outro. — Te mandar para Nova York não vai adiantar muita coisa. E te mandar para morar com um desconhecido, é loucura! Esse cara pode ser um estuprador, um maníaco, vou falar com ele e tentar convencer ele a mudar de idéia.

— Não estraga! – digo. — Pode ser um velho que tem mais o que fazer da vida, então eu posso curtir, então por mim está tudo certo.

— Você realmente não perde uma! – diz Anna negando com a cabeça.

— Não mesmo. Mas o que eu quero dizer, é que talvez eu encontre algo que eu realmente goste por lá. Não sei, eu não me vejo tendo uma vida profissional, vocês sabem disso. Eu sou uma completa inútil!

— Não se rebaixe dessa forma! – Anna pede quase me repreendendo.

— Estou falando a verdade. Eu não sei o que fazer da minha vida, eu tenho vinte e quatro anos e ainda não encontrei o que eu realmente quero. Na verdade, eu não encontrei algo que me desperte interesses.

— Bom, se você está mesmo afim... – diz Anna dando de ombros.

— Eu quero! Se eu não gostar, eu arrumo um jeito de voltar rapidinho. Papai disse que posso voltar se der errado.

— Se esse cara aprontar com você eu vou até lá quebrar a cara dele! – diz Brian e eu reviro os olhos.

— Brian, eu sei muito bem me cuidar sozinha, ok?

— Até porque é mais fácil ela aprontar com ele. – diz Anna rindo.

— Acha isso engraçado? Isso é sério, sabia? – Brian diz sério.

— Brian se liga, você não conhece a irmã que você tem? – diz Anna.

— Eu quero proteger minha irmã.

— Eu sei, e eu compreendo. Mas depois de tudo que ela já fez, você acha mesmo que ela é uma pobre mulher indefesa? Meu Deus Brian!

— Eu quero o bem dela!

— Ok, não vamos discutir. – digo intervindo. — Tenho que ir logo.

— Minha louquinha! – diz Anna me abraçando. — Já estou com saudades.

— Não fica não, eu vou fazer muita coisa em homenagem a você.

— Não sei se fico feliz ou se me preocupo. – rimos.

— Ei idiota! – chamei Brian. — Vai me abraçar ou vai querer ficar ai?

— Não sou obrigado! – se fez de emburrado.

— Depois digo que você é mais infantil que nossos filhos, você quer discutir! – Anna disse indignada.

— Eu não sou infantil! – cruzou os braços e fez um bico.

— Vou buscar as crianças porque sinceramente, Brian você está querendo apanhar. Mal criado! – Anna diz saíndo da sala enquanto eu solto uma risada.

— Que medo! – resmungou ele.

— Eu ouvi!! – gritou ela.

— Você ama tirar a sua mulher do sério, não é? – perguntei rindo.

— Não, a Anna é meio estressadinha, você sabe.

— Sei muito bem até onde esse estressadinha vai. Uma frigideira voando na sua cabeça! – gargalhei lembrando do acontecido.

— Essa não vale, ela estava com os hormônios alterados por causa da gravidez.

— E porque você provocou comendo o brigadeiro dela. – ri novamente. — Não se mexe com a comida de uma mulher, muito menos de uma mulher grávida. Você nunca aprende, não é Brian? 

— Eu aprendi, nunca mais cometerei esse erro. – sorriu. —Eu vou sentir sua falta, promete me ligar todos os dias?

— Não, porque eu sei que vou esquecer, mas quando der eu ligo.

— Promete não ir presa?

— Não posso te prometer. Você sabe, eu sou meio imprevisível.

— É, eu sei. – suspirou. — Promete que pelos menos vai mandar notícias.

— Um sinal de fumaça, talvez. – digo rindo. — Tudo bem, mas você tem que me prometer uma coisa também.

— Depende.

— Você vai cuidar da minha filha como se ela fosse sua.

— Que filha?

— Não se faça de idiota! Estou falando da Dora.

— Quer o que? Que eu traga a sua cabra para cá, de um quarto para ela, pinte de rosa, dou brinquedos, mamadeira, um lugar na mesa...

— Um detalhe: Dora não gosta de rosa, tem que ser um vermelho ou roxo. – pisquei para ele. — E é o mínimo que você deveria fazer.

— Ela é só uma cabra.

— Não é só uma cabra, é a minha filha!  – retruquei lhe fazendo revirar os olhos. — Promete vai, por favor. Tenho medo do papai vender ela para um bando de arábes e fazerem dela um camelo. – ele franze o cenho.

— Isso não faz o menor sentido.

— Não é para ter, é para você me dizer que sim. Você fará isso por sua amada irmã. – ele me olha por um momento e depois solta um suspiro.

— Tudo bem, tudo bem. Eu vou arrumar um lugar para ela e vou tratar dela ser bem cuidada.

— E mimada. – adicionei.

— Eu não mimo nem a minha filha e vou mimar uma cabra? Não viaja!

— Seu nariz Brian! Você mima a Brianna o tempo todo. "Oh bonequinha do papai, quer isso? Quer aquilo? Papai te dá". – o imitei.

— Quer o que agora? Que além de mimar dois filhos, tenho que mimar uma cabra?

— Corrigindo você, você estará mimando sua sobrinha!

— Aaaaaaaata! Agora você admite que é de outra espécie. – lhe dei um tapa. — Ai! – reclamou.

— Idiota!

— Tiaaaa Sam!!!! – escuto duas vozes infantis exclamarem e não demoro a avistar dois "anõezinhos" correndo em minha direção e me abraçando.

— Meus pequenos!!! – exclamo na mesma animação enquanto me ajoelho até eles.

— Tia, é verdade que você vai deixar a gente? – perguntou Thomas.

— Deixar não é bem a palavra, eu só vou viajar mas logo eu vou voltar.

Pometi? – perguntou Brianna.

— Claro meus amores. – beijei as bochechas gordinhas dos dois. — Eu vou voltar e nós vamos aprontar muito.

— Vai trazer presente? – perguntou Thomas.

Garoto interesseiro!

— Thomas!! – Anna o repreendeu.

— Relaxa Anna, eu os acostumei agora eu pago! – eu ri. — Eu vou trazer muuitos presentes para vocês!

— Vou sentir sua falta. – Thomas diz me abraçando.

— Também vou! – Brianna diz fazendo o mesmo.

— Eu também irei, mas não esqueçam que há internet. Podemos nos falar por video, o que acham? – lhes encarei.

— Sim!! – os dois exclamaram juntos.

— Então é isso. Agora eu tenho que ir, antes que o avô de vocês me mate. – me levantei.

— É isso mesmo? – pergunta Brian me encarando. — Anna, você está vendo o que eu estou vendo?

— Estou. – ela sorriu.

— Samantha está chorando! – Brian cobriu a boca fingindo total choque com a cena.

— Vai se ferrar! – digo limpando minhas lágrimas. — Não sei para que tanto drama, eu não vou durar tanto tempo. Agora me abrace logo seu idiotinha! – ele pensa e depois vem em minha direção me abraçando.

— Volta logo, e tenta tomar jeito.

— Tentar eu até posso, mas não te garanto nada. – rimos e logo depois de nos despedirmos eu fui embora.

Eu definitivamente irei sentir falta disso.

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