21- SAMANTHA
Assim que chego na faculdade, vou até meu armário e guardo alguns livros.
— Hey gatinha! Novata? – encaro o ser encostado ao lado do meu armário.
Era um garoto. Ou pelo menos parecia. Ele era alguns centímetros mais baixo que eu, era loiro e tinha os olhos azuis.
— Primeiro, não me chame de gatinha. Sim sou novata, algum problema? – fechei meu armário e o encarei.
— Huuum, nervosinha? Gostei! – diz sorrindo.
— Bom para você. – comecei a andar a caminho da minha sala.
— Nossa! Eu não sabia que boneca andava! – revirei os olhos.
Deus me dê paciência!
— Então se informa mais. Existe google. – retruquei.
— Amei seu senso de humor. – diz rindo.
— E eu detestei sua cantada. Vai procurar alguém da tua idade vai!
— Gata, acho que me perdi no brilho dos seus olhos.
— Então da próxima use GPS. – encontrei minha sala e entrei.
Que diabos tinha sido isso?
Olhei ao redor e não vi Emilly, com o cenho franzido apenas me sentei e esperei o professor dar início a aula. Isso estava estranho!
***
Assim que as aulas acabaram, eu sai da universidade, encontrando Mia.
— Hey! E ai? – me aproximei dela e a comprimento. — Está fazendo o que aqui?
— Vim buscar você. A Emilly chamou a gente para ir almoçar com ela.
— Afinal, por que ela não veio?
— Não faço a mínima ideia. Mas como a conheço bem, deve ter pegado alguém e acordou com uma bela ressaca. – riu e eu também. Entramos em seu carro e ela deu partida.
Em poucos minutos chegamos no restaurante. Entramos e paramos para procurar Emilly, até que a achamos. Nos aproximamos e eu estava com um ponto de interrogação na testa.
— Você está vendo o que eu estou vendo ou é alguma alucinação? – pergunto para Mia.
— Provavelmente estou. - ela respondeu. Nos aproximamos mais da mesa onde se encontrava as duas pessoas que eu menos imaginava estar juntas no mesmo ambiente.
— Até que enfim! – exclama Emilly. — Pensei que me dariam um bolo. – quando Mia ia dizer algo Emilly a interrompe. — Nem pense em vir com brincadeirinhas!
— O que é que está acontecendo aqui, afinal de contas? – perguntei.
— Como vai Samantha? – perguntou Ryan.
— Calma ai! Vocês se conhecem? – perguntou Emilly.
— Ele é irmão do Miller. – digo. Ela abre a boca e encara Ryan e logo depois volta a me encarar.
— Eu vou me jogar da primeira janela que eu achar!
— Para de frescura! – digo me sentando junto a Mia. — Alguém me explica o que está acontecendo aqui? Pensei que quizessem se matar.
— E quem disse que eu não quero matar ele? Ele manchou meu vestido.
— Ridícula! – Ryan resmungou.
— Ridículo! – Emilly retrucou.
— Olha, eu não sei vocês, mas eu estou com fome. – diz Mia.
— Oh, me conte uma novidade. – diz Emilly. — Garçom! – chamou e ele veio até nós. — Trás porções de batata frita, por favor.
— Mais alguma coisa? – ele questiona anotando o pedido em seu bloquinho.
— Coca-cola para todo mundo.
— Eu não quero Coca-cola. – protestou Ryan.
— Relaxa, pode dar a sua para mim. – diz Mia dando um sorriso amigável.
— Com licença. – o garçom saiu.
— Ok, vão falar logo ou vão ficar fazendo joguinho? O que é que está rolando entre vocês? – questionei.
— Nada. – disseram em uníssono.
— Desculpe mas a minha certidão de nascimento insiste em dizer que não nasci ontem. – digo e Emilly bufa.
— É que... bom...
— Acontece que a amiga de vocês encheu a cara igual uma vaca louca, e estava quase sendo abusada por qualquer um, então a salvei. – Ryan a interrompeu.
— Você me chamou de vaca? – Emilly questiona indignada.
— Eu disse como uma, não que você é. Mas se a carapuça serviu... – deu de ombros e levou um tapa de Emilly.
— Em primeiro lugar, eu não pedi que me salvasse, me salvou por querer.
— Se não fosse eu você estaria jogada por ai.
— Eu poderia estar em um lugar melhor.
— Ah claro, qualquer lugar. Você acordou na minha cama intacta e não na de qualquer um. Agradeça por isso.
— Você e qualquer um é a mesma coisa!
— Calma ai! Vamos devagar ai, eu preciso raciocinar direito. – digo. — Acordar na cama de quem?
— Não é o que você está pensando! – diz Emilly.
— Como sabe o que ela está pensando? – perguntou Mia arqueando a sobrancelha e encarando Emilly.
— Porque vocês duas são ridículas. – eu e Mia reviramos os olhos.
— Acontece que eu levei essa louca para dormir na minha casa, já que ela estava tão bêbada que não lembrava o próprio endereço. E por coincidência, hoje de manhã eu descobri que sou sócio do pai dela.
— Porém quem saiu bem nessa história fui eu. – ela ri.
— Tradução: Ela está me chantageando. – os olhei confusa. — Não perguntem com o que, por favor.
Nosso pedido chegou e começamos a comer em um clima de harmônia.
Sentiu a ironia?
— Se eu disser que já shippo você acredita? – perguntou Mia baixo para que só eu escutasse.
— Claro, porque eu também. – os dois pararam de discutir e nos encararam.
— De que diabo estão falando? – pergunta Emilly.
— Quantos você conhece além de sí? – perguntou Ryan dando uma risada. Emilly simplesmente pegou metade da batata frita e jogou na cara dele. Já vi esse filme e já sei como termina.
Depois de terminar o almoço, eu peguei carona com Mia e deixamos os dois discutindo.
Assim que cheguei na casa, dei de cara com Agatha e Pilar.
— Sam!!! – gritou Agatha correndo até mim.
— Oi gatinha, estava com saudades já! – digo a pegando no colo.
— Eu também. Onde você estava ontem? Te procurei e papai disse que não estava.
— Eu sai com a Mia e com a Emilly.
— E por que não me levou?
— Por que não é um lugar recomendado para crianças, e se eu te levasse, seu pai surtaria.
— Entendi. – sorriu.
— Como vai Samantha? – perguntou Pilar em um tom de provocação.
— Ótima e você querida? – respondi com um sorriso cínico.
— Muito bem.
— Não tenho te visto, aconteceu algo com você? – fingi preocupação.
— Não, eu apenas ganhei um dia de folga. Sabe como é, quando se trabalha bem você recebe recompensas muito boas. – sorriu.
— Uh, é mesmo é? Conte-me mais. – sorri para ela que fechou a cara.
— Hoje você vai ficar comigo né? – perguntou Agatha.
— Claro que não! Você tem a mim para lhe fazer companhia Agatha. – diz Pilar.
— Mas ela tem a mim também, se ela não quer você não vamos obriga-la a ficar com quem ela não quer! – digo.
— Não vá achando que pode chegar aqui e roubar tudo de mim. Agatha vai ficar comigo! – disse descontrolada.
— Tirar tudo de você? O que exatamente eu estou tirando de você? Agatha não pertence a você.
— E muito menos a você. Agora me dê a menina.
— Me obrigue!
— Você sabe quem manda aqui, e com certeza ele vai preferir que eu fique com ela, pois eu sou a babá dela!
— O que está acontecendo aqui? -
– Ha! O rei da cocada preta chegou! — Por que diabos estão discutindo?
— Essa garota que não quer deixar eu fazer meu trabalho! – ela me apontou.
— Não estou fazendo nada, a escolha da Agatha é ficar comigo e não com você.
— Será que dá para vocês me explicarem alguma coisa? – diz Miller não entendendo nada.
— Essa sua babá atirada que fica inventando história. Agatha quer ficar comigo hoje e não com ela.
— Ela está fazendo a cabeça da menina contra mim. – ela acusou e eu ri.
— Eu não acredito que ouvi isso. – digo.
— Agatha vai ficar comigo!! – gritou ela.
— Ela quer ficar CO.MI.GO então sossega o seu faixo!
— Olha aqui...
— JÁ CHEGA!! – gritou Miller nos fazendo-nos parar. — Minha filha não vai ficar com nenhuma das duas. – pegou Agatha no colo que já estava um tanto assustada. — Se querem se matar se matem, mas longe da minha filha. – diz saíndo da sala.
— Viu o que fez? – perguntou ela.
— Você quer realmente ver o que eu posso fazer?
— Olha aqui garota, – se aproximou de mim. — não pense que comigo você vai se dar bem. Pouco me importa se você nasceu ou não em berço de ouro, se tem ou não tem mais poder que eu, eu sei o que você está tentando e tenho que dizer que você não vai conseguir.
— E o que exatamente eu estou tentando? – me aproximei mais dela ficando cara a cara.
— Ter o Peter para você, mas sinto em te dizer mas o Peter é meu! – soltei uma risada e a encarei.
— Olha aqui, vamos deixar as coisas bem claras. Primeiramente, se você quer Miller para você, fique a vontade. Eu não faço questão. Segundo, eu acho que você deveria procurar um psquiatra, você não está em um bom estado.
— Acha mesmo que eu vou cair nessa? Você fica ai querendo mimar aquela pirralha para dizer que gosta dela, sendo que você quer é agradar o pai.
— Acho que você está se confundindo, acho bom colocar óculos também e enxergar que eu não sou seu espelho.
— Só vou te dar um aviso...
— Você precisa saber mais de mim. – digo a interrompendo. — Uma das coisas que você precisa saber é, ninguém me da aviso algum. Não tenho medo de pessoas interesseiras igual a você, eu sei muito bem como lidar com elas e não é de sessão de terapia que eu estou falando.
— Você não sabe com quem está se metendo.
— Nem você. Como eu digo, eu não trabalho mais com ameaças. Ou eu faço ou não faço, e não tente testar os meus limites. – a encarei com um olhar firme e subi as escadas.
Se ela pensa que eu vou abaixar a cabeça ela está enganada.
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