5. Cínica


Sua gagueira denunciou o forte efeito de minha presença sobre o rapaz. Isso me animou. Respondi, dizendo a marca de cigarro que desejo levar, a qual eu já havia notado ausência no painel, superior ao balcão. Previsivelmente, tive uma resposta negativa sobre a disponibilidade do produto, mas insisti sobre o rótulo que desejo, divertindo-me com seu esforço para amenizar meu fingido descontentamento.

Fez-se um breve momento de silêncio. Reclinei-me em sua direção, fingindo atentar-me a algo nas prateleiras, situadas às suas costas. Deslizei lentamente as mãos, apoiadas no anteparo do balcão que havia entre nós, abrindo os braços, com semblante de quem busca encontrar alguma coisa. Me inclinei até que minhas mamas tocassem a borda do balcão e, com isso, o tecido maleável de meu vestido rendeu-se a gravidade, expondo a vista meus bicos rijos. Reparei sua tentativa fracassada de disfarçar o que viu, mas demorou-se alguns segundos no apreciar de meus mamilos.

Enquanto eu simulava a procura, minha visão periférica notou que o sujeito ajeitou o volume, já levemente acrescido sob as calças. Aparentemente, seu membro reagiu. Como resposta, minhas pernas estremeceram, involuntariamente.

Desviei minha atenção para os batons à mostra, mais ao lado da bancada. Peguei um, arteira, segurando os óculos escuros que estavam postos ao lado. Enquanto usei o reflexo das lentes como espelho, pintando os lábios de vermelho, ele reagiu dizendo o preço do cosmético. Ignorei, apenas perguntando se havia algo de errado com suas calças. Disse-me que o tecido era incômodo. Fingi acreditar, cinicamente.

Insisti que fosse procurar os cigarros no estoque, a fim de encontrar a marca que almejo. Respondeu com um macio "sim, senhora" e saiu pela porta dos fundos, lateral ao balcão. Na sua ausência, saboreei essa expressão: "sim, senhora".

Revirei os olhos e suspirei, lambendo meu lábio superior. Senti sua submissão na voz quando respondeu: "sim, senhora". Despertou-me um profundo alento, aliado a um impulso de satisfazer-me. Olhei para a porta de entrada da loja, confirmando se ninguém se aproximava, então virei-me para a direção contrária e levantei um palmo da barra do vestido. Alisei meu clitóris com o dedo médio em movimentos firmes e circulares, pressionando-o pelos lados entre o indicador e o anelar, gentilmente. Minha boca se abriu, involuntariamente trêmula, enquanto meus olhos se reviraram e fecharam-se, instintivamente. Prestes a atingir o êxtase, ouvi os ruídos de meu submisso atendente retornando.

Abri os olhos em sincronia com sua chegada, soltando o pano da barra do vestido, insatisfeita. Ele se aproximou, com o maço de cigarros na mão, dizendo "aqui, senhora". Olhei na direção oposta a ele, fitando a geladeira das cervejas, mordendo o lábio e cruzando as pernas, nervosamente. Aquela palavra, de novo. Sem virar-me em sua direção, toquei-lhe a mão com os dedos úmidos que acabara de levar a boceta, marcando-o com o aroma de meu sexo. Fiz-me de distraída, novamente, cínica. Alisei levemente sua veia saliente da mão direita, dizendo-lhe que acabara de me lembrar de outras coisas, as quais precisarei comprar e carregar escada acima. Perguntei se era possível ajudar-me. Ele apenas disse "sim, senhora", mais uma vez, estimulando em minha mente essa estranha sensação. Pedi-lhe que me desse a indicação de uma boa bebida, a qual fosse de sua preferência. Senti a umidade escorrendo para além de meus joelhos, esperando ouvir novamente a palavra. Queria ser "senhora".

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