Capítulo 5 - Um caderno perdido
As arvores passavam rapidamente pela janela do carro aberta. O vento tocava meu rosto enquanto o sol ainda estava no alto de nossas cabeças. O cheiro do verde acumulado em um único lugar me incomodava, e minhas narinas queimavam, então fechei a janela e o olhei.
- Vai ficar com essa cara ate quando?
- Não sabia que estava com amizade com Jason. – seus olhos se estreitaram.
- E o que você tem haver isso?
- Não quero você perto dele.
Ri e o olhei.
- Why?
- Isso mesmo que você ouviu. – disse ele irritado. – A esquisita nem falo nada, mas dele.
- Como assim esquisita? Quem é você para dizer com quem eu devo andar garoto?
Ele me olhou analisando minha cara seria e fechada.
- Me desculpe, eu não...
- Não o que? Você é como todo brutamontes. Grosso e sem cérebro.
- Math, por favor.
- Esse assunto acabou aqui. – disse por fim.
- Me deixe...
- Eu disse que já esta encerrado! Da para calar a maldita boca?
Ele parecia incrédulo, mas calou a boca e voltou a olhar para a estrada. Não demorou muito e chegamos em casa. Subi direto para meu quarto. Joguei minha mochila em um canto vazio do quarto e me despi, fui para o banheiro e tomei um banho, me sequei e fui ao guarda-roupa e vesti uma bermuda e uma camisa vermelha e peguei os chinelos que estavam embaixo da cama. Desci para a sala e vejo que Samuel via o noticiário.
"Já o décimo terceiro ataque só essa semana. Caçadores (...)". – dizia à voz que saia do televisor de cinquenta e duas polegadas enquanto eu ia para a cozinha. Samuel me seguiu.
- Você pode me perdoar? – disse ele com cara de cachorro sem dono.
O olhei vagamente.
- Essa cara não vai te ajudar. Tenho doutorado em ignorar essa sua tática ai.
- Então quem sabe... – a campainha tocou e ele se voltou para a porta. – Esta esperando alguém?
- Você esta? – devolvi a pergunta arqueando as sobrancelhas.
Samuel suspirou e foi ate a porta e eu o segui. A campainha toca mais uma vez e ele finalmente a abre. Lá estava ele parado com um largo sorriso, estava de bermuda, camiseta branca e um All Star vermelho em seu rosto havia um largo sorriso enquanto carregava um caderno em suas mãos.
- Você esqueceu. – disse ele rindo e coçando a cabeça.
- Já esta entregue. – disse Samuel de forma ríspida pegando o caderno e quase fechando a porta, coloquei meu pé na porta e ele me olhou.
- Math.
- Calado. – disse por fim. – Isso é meu.
Tomei o meu caderno da sua mão e abri a porta. Mas eu tinha certeza que não havia esquecido nada, há não ser que... balancei a cabeça como um personagem de anime e abrir a porta novamente, ele ainda estava ali, parecia desconfortável e indesejado. Bem o que meu primo queria que ele sentisse realmente.
- Me desculpe por isso. – disse sorrindo.
Ele me abraçou forte e me olhou nos olhos.
- Posso entrar? Não quero te criar problemas.
- Entra. – disse rindo. – Vamos para meu quarto.
Subi as escadas enquanto ele me seguia de forma tímida. Caminhei tranquilamente pelo corredor e abri a porta do meu quarto e ele entrou, e em seguida adentrei fechando a porta atrás de mim.
- Não precisava ter se incomodado. – disse a ele guardando o caderno na escrivaninha.
- Eu sei, mas eu queria te ver. – disse envergonhado, mas seus olhos não fugiam dos meus.
- Queria? – me sentei ao seu lado sem entender muito bem aquilo.
- É que com você tudo parece fluir melhor, não é a mesma tortura de antes. Não me sinto angustiado.
- Do que você esta falado?
- Um dia te explico, teremos muito tempo.
O olhei incrédulo.
- Calma ai projeto de Edward Cullen.
- Eu não deveria ter dito isso a você e desculpe.
Acabei rindo.
- Não precisa se preocupar. Só não seja tão pretencioso, não sou um cara que fica com o primeiro cara que diz palavras bonitas. Se quer só transar pode tirar seu cavalo, pônei o que for da chuva.
- Desculpe, eu... Acho melhor eu ir. – disse ele se levantando e dando um leve sorriso.
Não tinha como negar que eu gostava de ter ele por perto. A sensação de dor sempre sumia quando ele estava do meu lado, mas ainda estava indo rápido demais, as coisas não eram tão fáceis assim. Eu estava de luto de certa forma, mas poderia me permitir viver aquilo, aos poucos e sem a menor pressa. Então caminhei ate ele e o abracei, automaticamente sinto seu nariz em meu pescoço.
- Adoro seu cheiro. – disse ele se afastando me olhando nos olhos. – Gosto como parece não se preocupar com nada, gosto do jeito como sorri e como me olha nos olhos sem desviar. – ele acariciou minha face.
- Jason... Eu...
- Eu não pretendia de verdade. Nunca senti nada por nenhum garoto nessa vida, mas quando você chegou e entrou de uma forma tão avassaladora em minha vida que não posso pensar nela sem você... Mas estou preparado para qualquer coisa. Ate porque é a primeira vez que sinto atração por alguém e até o momento eu nunca fiquei com nenhum garoto.
Eu ri levemente e segurei sua face.
- Você fala de mais.
Aproximei-me de sua face e nossas bocas se tocaram, seus lábios macios pediram passagem pela minha boca e me entreguei aquele beijo quente. Suas mãos passeavam pela minha cintura e apertava contra seu corpo. Era uma sensação única, como se ele se encaixasse perfeitamente a mim.
- Math... – a voz de Samuel ecoou no quarto.
Separei-me de Jason que ainda sorria para mim em uma felicidade única enquanto eu olhava para Samuel parado na soleira da porta do meu quarto. Seus olhos se estreitaram ao encara-lo e ao se direcionar a mim, senti algo estranho como se houvesse algo em meu estomago. Borboletas talvez. Ele fechou a porta sem falar uma única palavra e eu fiquei sem saber o que deveria fazer.
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