Capítulo 4 - Bruxas
Meu ultimo horário era de historia. Os alunos caminhavam pelos corredores em conversas bem animadas, ou de forma distraída, mas alguns me olhavam de uma forma estranha. Samuel estava do meu lado, parecia um guarda costas de tanta proteção, que me levava de um lado para outro e sempre estava a minha espera do lado de fora quando a minha aula terminava.
- Certo. Pode me explicar?
- Explicar o que?
Ele me olhou curioso enquanto caminhávamos pelo corredor apinhado de gente.
- Porque tanta proteção? Parece que sou algum lunático ou que alguém vai me atacar. Você não assiste aula mais não? Sempre que saiu você já está me esperando.
Ele parecia estar com vergonha e deu um leve sorriso. Olhou para o chão e se apoiou na porta da minha ultima aula.
- Só estou cuidando de você.
- Eu agradeço, mas as pessoas estão começando a me olhar esquisito. – disse desconfortável.
Ele olhou e volta e depois me olhou, deu um leve suspiro e me abraçou.
- Não se preocupe com isso.
Ele e olhou nos olhos e sorriu novamente, mostrando aqueles dentes brancos e um sorriso largo. Eu ainda não estava entendendo nada, mas adentrei na sala e o garoto que havia me ignorado estava lá, ele estava concentrado com um livro nas mãos. Parecia velho e mofado. Algo que não era do tipo didático. Então ele levantou o olhar e me viu, e do seu rosto nasceu um sorriso, ele me chamou com um meneio de cabeça indicando o lugar ao seu lado ao mesmo tempo em que guardava o velho livro na mochila.
- Oi. – eu disse em meio a um sorriso.
- Oi. – ele disse com um sorriso. – Então vamos fazer aula de historia juntos?
- É o que parece – disse em meio a um sorriso.
Não demorou para que o professor entrasse na sala de aula e começasse a falar. Ele escreveu seu nome no quadro negro.
Júlio Leal.
Ele era alto, um metro e setenta e cinco um anão para o garoto ao meu lado, mas gigante para mim. Tinha cabelos cacheados e olhos azuis claros. Tinha um corpo malhado.
- Hoje falaremos sobre "As Bruxas de Salem". – disse ele se virando para o quadro.
Houve um murmúrio na sala e logo em seguida uma garota de um metro e setenta entrou na sala, seus olhos castanhos vasculhavam a sala a procura de um lugar vazio, ela usava jeans rasgado e uma blusa preta, botas de couro preta e mascava chiclete, seus cabelos eram negros com uma mecha vermelha. O único lugar vazio ficava atrás de mim e ela se dirigiu ate ele.
- Bem... – continuou o professor – As bruxas...
- Acho que esqueceram de queimar uma professor. – falou gargalhando um dos alunos que estava no fundo da sala enquanto outros faziam o mesmo.
- Bernardo! Já chega! – disse o professor irritado.
- Mas professor. Deveriam ter queimado a Isabella. – disse dando de ombros em tom de deboche.
- Quem é Isabella? – perguntei sussurrando ao garoto que estava do meu lado.
- Sou eu. – disse à garota que acabara de entrar sem se importar.
- E vai deixar que falem assim com você? – olhei ultrajado com situação.
- Vou. – disse ela me olhando vagamente e rabiscando no caderno.
- Faça alguma coisa. – olhei para o garoto sussurrando.
O garoto me olhou nos olhos e se voltou para Bernardo e falou calmamente.
- Porque não cala a boca seu gordo fedorento. Já que estamos falando de animais, os Ogros não deveriam existir, mas veja você sentado e se empanturrando como um porco pronto para o abate.
A sala caiu na gargalhada. Bernardo olhou para todos e tentou abrir a boca para falar algo.
- A "lavagem" vai cair da sua boca, se eu fosse você manteria a boca fechada. – disse sorrindo por fim.
Uma nova onda de risos. O Sr. Leal nos olhou e não disse nada. Revirou os olhos e por fim disse.
- Agora se concentrem na aula.
- Mas professor. – disse Bernardo.
- Porcos não falam Bernardo.
Os alunos riram mais uma vez.
- Então... Bruxas de Salem refere-se ao episódio gerado pela superstição e pela credulidade que levaram, na América do Norte, aos últimos julgamentos por bruxaria na pequena povoação de Salem, Massachusetts, numa noite de outubro de 1692. O medo da bruxaria começou quando uma escrava negra chamada Tituba contou algumas histórias vodus religião tradicional da África Ocidental a amigas, que, por esse fato, tiveram pesadelos. Um médico que foi chamado para examina-las declarou que as moças deveriam estar "embruxadas".
- Obrigada – disse Isabella.
- Não há de que. – eu disse sorrindo. – Eu sou Matheus, mas todos me chamam de Math.
- E eu sou Jason. – disse o garoto que havia me ignorado mais cedo.
- Finalmente sei seu nome – disse ao Jason.
- E eu o seu. – ele disse sorrindo.
Isabella nos olhou e começou a rir.
- O que foi? – perguntou Jason.
- Vocês ficam bonitinhos juntos. – disse ela.
Nos olhamos. Ele desviou o olhar e eu me virei para frente provavelmente vermelho. A aula transcorreu tranquilamente e o sinal tocou para o fim daquele dia. Ao sair da sala com Jason e Isabella, Samuel nos olhou e mudou rapidamente sua expressão. Seus olhos estavam presos em Jason e depois se voltaram para mim com um largo sorriso.
- Eu tenho que ir. – disse abraçando Isabella.
- Ate amanha. – disse Isabella.
Jason me abraçou forte.
- Gostei do seu perfume – ele disse e sorriu. – Ate amanha.
Fiquei vermelho.
- Ate.
E sai correndo em direção a Samuel que me esperava impacientemente.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top