Capítulo 09 - A manipuladora
A floresta passava de forma enevoada pelo meu campo de visão. O ar verde impregnava minhas narinas a ponto de queima-las por dentro. O frio começava a se acumular em meu corpo me fazendo tremer um pouco enquanto Lucius corria pela mata fechada rapidamente e desviava de qualquer obstáculo, fechei os meus olhos e tentei assimilar aquilo tudo. Era surreal. Isso não podia estar acontecendo, quer dizer isso não existe. Então ele parou, senti suas mãos segurarem meu corpo com um pouco de cuidado e me colocou no chão, suas mãos ficaram em volta da minha cintura e sua respiração tocava meu rosto. O cheiro amadeirado e forte impregnava a minha mente agora.
- Já pode abrir os olhos. – disse ele calmamente.
Abri meus olhos devagar e vi a garota de cabelos curtos e vermelhos encostada numa arvore, só agora eu pude perceber que ela vestia um vestido branco e usava um moletom vermelho com capuz preso a sua cintura. A olhei incrédula e olhei para ele. Então me afastei.
- O que vocês são?
- Acalme-se – disse ele.
- Me acalmar? Eu acabei de vê um lobo enorme falando como um humano. Ela prendeu aquele lobo em uma esfera de alguma coisa e, por favor, não me diga que ela é a chapeuzinho vermelho e você o lobo mal e que as historias não são como parecem. A garota riu, parecia se divertir com o meu estado de alguma forma.
- Com toda certeza eu não a chapéu. Mas ate que não seria ruim ser ela, não acha Lucius? – disse ela em tom animado.
Ele olhou para ela de forma seria.
- Desculpa. Que mal humor. – retorquiu ela.
Ela revirou os olhos e voltou-se para mim e ele fez o mesmo.
- É complicado de explicar. E eu não quero que tenha medo de mim.
Dei um novo passo para traz.
- Não ta tendo sucesso nisso. – disse a garota de forma irônica.
- Alice!
Alice o olhou com caras de poucos amigos e se aproximou de nós dois.
- Eu sou uma manipuladora, mas forte do que qualquer bruxa que você conheça. Apesar de ser comumente confundida com uma. Entretanto sou um pouco mais forte.
- Então você é uma bruxa?
- Não. Uma manipuladora, bruxas tem suas tradições e nós temos as nossas. Não estamos no mesmo patamar. Lidamos com todo tipo de energia.
- Como pode isso existir? Não há lógica.
- Há lógica o suficiente nisso. Acredite. Eu também queria que não houvesse.
- Porque comigo? Eu não entendo. Isso só pode ser um sonho.
- Antes de tudo, você tem que entender uma coisa – disse Lucius. – Preciso te manter seguro.
- Me manter seguro? Do que?
- Da minha própria espécie. – disse ele olhando nos meus olhos.
- Sua espécie?
Comecei a me afastar dele, meus passos estavam cada vez mais rítmicos, mas eu tropecei em algo e quando pensei que meu corpo tombaria no chão, Lucius me segura nos braços a poucos metros do chão.
- Lucius! – Alice gritou.
O lobo estava com Alice presa debaixo de uma de suas patas enquanto sua saliva caia a poucos metros do seu rosto e seus dentes expostos passeavam pelo pescoço da garota, eu estava aterrorizado.
- Não se atreva. – ele guinchou.
O lobo começou a rir de uma forma grotesca.
- Me dê o que é meu por direito. – ele se focou em mim.
- Nunca. – Lucius estreitou os olhos. – Ele é meu soulmate. Você mais do que ninguém deveria saber como tudo funciona e você não pode rouba-lo já que ele nunca poderá ser seu.
Ele gargalhou mais uma vez.
- Não me importo com regras bobas e arcaicas Lucius, me importo com o que é meu por direito. Estou cansado de estar sozinho e eu o quero. Estou apaixonado por ele desde que o vi pela primeira vez.
- Então terei que fazer tudo como nas outras vezes?
Nas outras vezes? Do que ele estava falando?
- Já estou cansado desse jogo Lucius. Culpa dessa sua bruxinha. – ele passou os dentes no pescoço dela.
- Isso não vai anular nada. Se me matar o feitiço nunca vai acabar.
O lobo enrijeceu a face e com apenas uma patada ele a lançou para longe, fazendo com que ela se chocasse em uma das arvores e caísse no chão desacordada.
- Alice!
Então tudo começou. Seu corpo começou a se contorcer enquanto se ouvia os estalos de ossos sendo quebrados. A raiva estava em sua face e a dor misturada ao ódio começava a dominar sua face. Seus olhos começaram a chorar sangue e começaram a escorregar. Virei meu rosto para não ver o que estava acontecendo ali.
Quando me foquei nele novamente seus olhos estavam no chão e suas mãos presas ao seu rosto. Então suas mãos começaram a se deformar, pelos começaram a sair e garras tomavam o lugar das unhas, seus olhos eram de um âmbar brilhoso e cristalino. Ele começou a arrancar a própria pele enquanto seus dentes caiam no chão e outros nasciam, caninos avantajados estavam visíveis. Então não havia mais um corpo humano e sim um enorme lobo humanoide que olhava fixamente para o outro lobo.
- Você ira pagar por isso – ele gritou.
Ele gargalhou.
- Hoje não Lucius. – disse ele de forma irônica, ele olhou para mim – Nos veremos em breve pequeno Math. E na próxima vez você será meu.
Ele se virou e desapareceu na mata, Lucius se movimentou atrás dele, mas parou e olhou para trás. Alice estava no chão desacordada enquanto eu estava em estado de choque.
- Não... – disse ele com aquela voz monstruosa.
Não pensei muito no que eu estava fazendo, apenas conseguir me mexer e comecei a correr pela floresta adentro. As arvores passavam rápido, e o ar começava a me sufocar, perdia noção de onde e para onde eu estava tentando ir, ate que tropecei e cai no chão entre uma enorme raiz a beira de um lago. A água gelada tocou meu corpo e despenquei no chão. Meus pulmões reclamavam meu coração batia rápido de mais e minha vista começou a ficar turva enquanto a escuridão me domava.
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