Capítulo 08 - O arco e flecha, o lobo e a bruxa
- Não.
- Ele fala. – ele riu brevemente.
- Então você não sabe que é perigoso andar por ai a noite? Não sabe o que acontece?
- Os ataques.
Ele deu um meneio de cabeça, confirmando um dos meus medos, o segundo obviamente era ser atacado por ele ali mesmo, em uma rua deserta e sem ninguém para me socorrer.
- Você deveria tomar mais cuidado.
Ele se aproximou de mim e ficou a centímetros do meu corpo, ele me olhou novamente.
- Melhor você voltar para casa.
- Mas eu...
- Está tudo bem por aqui? – a voz de Samuel ecoou na rua.
Meu corpo estava relaxado apenas por ouvir a voz dele, ele estava parado na rua olhando fixamente para o garoto que estava a centímetros de mim. Em seu ombro havia uma bolsa com flechas e em sua mão direita estava o arco e na esquerda uma flecha que dançava em seus dedos em um malabarismo tranquilo e repetitivo.
- Claro que não. – disse o garoto o mais amigável possível.
- Então se afaste do meu namorado. – disse ele em tom de autoridade.
- Não em entenda mal, mas ele estava sozinho nessa e eu justamente estava pedindo para que ele voltasse para casa por ser perigoso...
- Perigoso vai ser se você se aproximar mais um centímetro dele. – Samuel veio caminhando em minha direção.
Eu só estava feliz por ter sido salvo de um possível massacre como naqueles filmes de terror da televisão com títulos clichês. Não era algo tão importante corrigir meu primo de que não tínhamos nenhuma relação amorosa, eu só queria ir para casa sã e salvo. Samuel colocou seu braço ao redor da minha cintura e me beijou.
- Está tudo bem meu amor?
Apenas confirmei com a cabeça enquanto ele olhava para o garoto que estava a uma certa distância de nos.
- Vamos para casa.
Ele segurou minha mão e com a maior tranquilidade do mundo disse:
- A chave do carro – retirei ela do bolso e a entreguei – Vou te deixar em casa e depois volto para pegar a minha moto.
Eu não iria pedir explicações naquele momento, mas antes que pudéssemos entrar no carro um estalo fez com que Samuel olhasse para a floresta. O mesmo fez o garoto que estava a pouco instantes a centímetros de mim.
- Entra no carro Math. – ordenou Samuel.
Eu estava sem entender o que estava acontecendo, minha mão tocou a maçaneta da parta do carro, mas parei para olhar o que Samuel e o outro garoto tanto olhavam na escuridão. Primeiro era apenas o breu, mas logo em seguida duas bolas vermelhas que brilhavam apareceram na escuridão. Eu podia ouvir o rosnar e o rangido dos dentes. Aos poucos o enorme animal deixou que a luz da rua mostrasse seu porte que se comparava a de um cavalo em tamanho, sua boca salivava e caia em uma espessa poça de baba no asfalto. Seus dentes eram afiados.
Em uma fração de segundo Samuel se armou com o arco e flecha e atirou a primeira flecha, o lobo pulou e desviou da mesma. Eu podia sentir os olhos dele em mim. O desejo que ele tinha emanava de sua presença e antes que eu pudesse notar Samuel estava me puxando para longe dele e atirava com o arco e flecha.
O lobo parecia se divertir com o jogo, até que quando esquivou de uma das flechas do meu primo seu rabo bateu em rosto fazendo que seu corpo rodasse no ar, batesse na parede e caísse no chão. Eu não conseguia soltar um único som, o garoto que eu não tinha notado a presença estava atrás de mim, sua voz estava calma, mas falava com rapidez.
- Você precisa se mexer ou ele vai te pegar.
Mas meus olhos estavam presos nos olhos vermelhos do lobo que se aproximava devagar e tranquilamente de mim, ignorando a presença do garoto que tentava sem motivo aparente me tirar dali. Eu estava preso por aqueles olhos, eram aterrorizantes, mas ao mesmo tempo eles eram lindos. Hipnotizantes seria a melhor forma de descrever.
O estranho segurou o meu rosto e sem qualquer aviso me beijou. Sua língua pediu passagem pela minha boca e eu a dei. Senti seu corpo quente me esquentar, senti seu cheiro amadeirado impregnar minha mente. E nessa fração de segundo eu parecia cobrar novamente a sanidade. Em curto espaço de tempo ele me moveu de lugar e me pôs atrás dele. Um lobo enorme estava a nossa frente. Seus dentes rangiam e focavam no garoto que acabara de me beijar. Ele começou a rosnar e a mostrar seus dentes afiados.
- Fique atrás de mim. – ele disse serio.
- Como assim? Você é louco?
- Não. Não vou deixar que ele toque um só dedo em você. – disse ele entre dentes.
O lobo atacou, ele rapidamente desviou e me carregou junto, ele jamais se afastou de perto de mim. Sempre com um de seus braços preso a minha cintura. Ele estava concentrado no lobo que parecia rir. O lobo deu outra investida, mas ele me levou com ele quando saltou. Foi então que percebi que estamos muito alto para ter sido um pulo humano. O garoto encarava o chão atentamente enquanto voltávamos para o chão.
- Já chega. – ele bravejou.
O lobo negro sentou-se no chão e o encarou. Seu corpo começou a se transmutar, se esticando e tomando formas humanas ate chegar ao ponto em que se confundia a identidade entre um humano e um lobo.
- E como vai fazer Lucius? – ele gargalhou. – Ele é meu!
- Ele não é seu! – Lucius gritou. – Você sabe como tudo funciona.
- Infelizmente eu não ligo para isso, para que esperar quando eu posso tê-lo agora. – ele riu novamente. – Se ele não for meu não será de mais ninguém...
- Não vou permitir.
- Quando eu dizer para correr você corre – ele sussurrou para mim.
- Você sabe que posso ouvir Lucius. Isso não vai funcionar.
- Eu não vou te deixar sozinho e não podemos deixar meu primo aqui com ele– protestei.
Porque eu não queria deixa-lo? Isso não era assunto meu. Ou era? Era muita informação na minha mente. Não era possível que estava vivendo algo tão surreal em minha vida.
- Incarcerationem Sex! – uma voz ao longe gritou.
Um circulo negro envolveu o lobo que começou a se debater dentro do seu interior.
- Ele não vai ficar ai por muito tempo Lucius vamos! – gritou uma garota de cabelos curtos e vermelhos.
Lucius me pegou e me jogou em suas costas e começou a correr, pegou a garota no colo também e partiu pela floresta escura e densa.
- Meu primo! – gritei.
- Ele ficara seguro. Ele quer você e estou mais preocupado com isso no momento.
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