Capítulo 07 - Motivos

O céu estava estrelado. As nuvens rasteiras ainda tingiam o céu escuro. A lua iluminava o céu. A brisa fria tocava meu rosto. Os fones de ouvido introduziam uma musica lente em minha mente. Eu nunca esperei algo desse tipo, vindo logo de Samuel. Ele não era o típico nerd. Ele era bonito, pegava qualquer garota da escola e eu me perguntava o porquê dele ter feito àquilo comigo.

Eu queria entender o porquê de eu ficar pensando na boca ele tocando a minha, mas ao mesmo tempo eu via a de Jason tocando a minha. Eu não estava gostando nada disso. Era o típico clichê de filme e literatura americana que eu não queria viver.

Eu apenas queria ficar nesse lugar e pagar minha punição. Eu não queria gostar do Jason. E muito menos estar sentindo meu estomago estranho por causa do meu primo. Isso não era certo, nenhum pouco. Isso era injusto. Ter que escolher alguém, mas isso não é obvio? Qual seria a minha escolha? Com quem eu ficaria? São tantos pensamentos que eu não sei como lidar com todos.

- Esta se torturando? – a voz de Samuel ecoou nos meus ouvidos.

Olhei para traz, ele estava encostado na soleira da porta do meu quarto, vestia uma bermuda jeans, o tênis e uma camisa regata branca.

- Não é da sua conta. – retorqui.

- Você sabe que é da minha conta.

- Quem te deu toda essa autoridade sobre mim?

- Minha mãe, e sua tia. – ele rebateu.

- E o que ela diria sobre o que você fez hoje de manha?

Silencio. Ele abaixou a cabeça por um momento, caminho na minha direção e se postou frente a mim, levantou o rosto devagar e me olhou nos olhos. Ele segurou minha mão e a colocou no seu peito.

- Você sente isso?

- Um coração pulsando ou a sensação de estar em um filme clichê adolescente? – ironizei.

Ele riu.

- Eu devia esperar algo do tipo vindo de você.

- Todos esperam algo de mim agora?

- Não. Pelo menos não de mim. Você não é o tipo de garoto romântico, hoje não. Você pode ter sido um dia, mas preferiu enjaular seus sentimentos por medo.

- Medo? Que ridículo.

- E porque não admite pelo menos que gosta de mim? Que eu te deixo sem jeito quando chego tão perto de você...

Sua face estava quase colada na minha, me esquivei e me virei.

- Você não me respondeu.

- Claro... Eu enfrentaria todas as consequências para poder ficar com você. Se isso incluir ter que lutar por você e até mesmo provocar a ira dos Deuses. Eu o faria, por você eu faria qualquer coisa.

- Porque agora? Porque comigo?

- Eu... Se você pudesse entender que isso não foi repentino e muito menos de um dia para o outro. Se realmente observasse como eu me comporto do seu lado todos esses anos quando tenho a oportunidade de ter você comigo. Saberia a mais tempo que eu sempre gostei de você, só que você não tinha notado isso.

Ele se aproximou e seus lábios tocaram os meus.

- Samuel... Não faz isso. – o olhei suplicante.

- Porque não?

- Porque não quero magoar você.... Não quero magoar ninguém.

Silencio. Ele se afastou e olhou pela janela, seu semblante estava sério.

- É por causa dele, não é?

- Samuel.

- Porque ele? O que ele tem? Ele ao menos conhece você Math? Você ao menos sabe quem ele realmente é?

- O que quer dizer com isso?

- Que eu prefiro te ver morto do que com aquele imbecil.

- Eu não ouvi isso.

Peguei a chave do carro e fui em direção a porta.

- Math, não foi isso. – Samuel me olhou com medo nos olhos.

- Foi Samuel. E eu espero de verdade que seu desejo se realize. Você não faz ideia de como eu quero estar morto nesse momento.

Ele me segura pelo braço, seus olhos continuam em um misto de dor e preocupação.

- Me solta Samuel.

- Eu não vou te deixar ir. Eu não posso imaginar uma vida sem você – ele disse serio.

- Se você não me soltar eu nunca mais olho a sua cara Samuel. Acredite eu farei você sofrer todos os dias da sua vida pela sua decisão. Agora você tem que escolher, me deixar ir ou fazer com que eu te odeio pelo resto da sua vida.

Ele me soltou. Era algo tão ruim assim me perder? Mas eu não ficaria para descobrir. Desci as escadas correndo e não olhei para trás. Peguei o casaco que estava no sofá e o vesti, sai de casa e olhei para a janela do meu quarto. Ele estava parado me olhando. Mas eu não poderia voltar, mesmo que parte de mim quisesse voltar e que essa parte gostasse da proteção dele, mas não era certo porque ele era meu primo e o segundo eu estava gostando de Jason.

Dirigi por alguns minutos pelas ruas da cidade, vou em direção ao parque da cidade, eu não poderia ficar dentro do carro, eu precisava caminhar e espairecer. Então eu parei o carro e desci nas ruas paralelas ao do parque que estavam sem movimentação alguma. Era uma noite fria e o vento chicoteava a copa das arvores enquanto meu corpo se encolhia no casaco. As luzes das ruas estavam acessas, mas a floresta ao meu lado dava um tom tenebroso ao ambiente. Ate que uma voz ecoa atrás de mim.

- Você não sabe que é perigoso andar sozinho à noite garoto? – a voz grossa, ao mesmo tempo que era gentil era assustadora me fez virar e olhar para o dono da voz.

Ele era alto, cerca de um metro e oitenta. Tinha um corpo musculoso, proporcional ao seu corpo, seu cabelo era curto e desgrenhado, seus olhos eram de um âmbar brilhante, sua pele era parda. Ele usava uma camiseta, uma bermuda jeans e calçava um All Star preto. Ele esboçava um sorriso largo e dentes brancos.

Que seriam até atraentes durante o dia, mas ali eram assustadores, o que fazia com que meu corpo buscasse uma forma de fugir dele, mas o carro estava atrás dele. O pânico me dominava e eu estava completamente arrependido de ter saído de casa, da proteção de Samuel.

- O que foi? O gato comeu a sua língua? – ele perguntou novamente.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top