Capítulo 22

Após deixar Marianne em seu apartamento, Dave mudou a rota que o levava de volta para a casa e seguiu o seu destino rumo ao restaurante de Max.

Já eram lá para as sete da noite e, enquanto precisasse esperar Marianne se divertir um pouco com as suas amigas, ele não negaria tomar um ou dois copos de cerveja e depois ir até ao Rebel para buscar a sua nova parceira, amiga ou sabe-se lá qual definição o terapeuta poderia dar à sua ex paciente.

— Você ainda está vivo! Pensei que ia ter de providenciar um velório cinco estrelas para despedir-me de você — Max zombou no instante que Dave passou pela entrada de seu bar, colocando o pano de prato sob o seu ombro.

— Poupe-me de suas piadinhas e me vê uma Budweiser — digo, sentando-me no banco à sua frente.

Max reprime um riso e vira as costas apenas para pegar a cerveja no refrigerador.

Dave observou o local e algumas mesas do restaurante ainda estavam ocupadas.

O restaurante de Max era super badalado. Desde que ele retornara da Europa com o seu diploma em gastronomia nas mãos, o irmão mais velho de Samara não quis saber de ficar em Colorado, por mais que tivesse inúmeras oportunidades.

Max tem um espírito livre. Gosta de aventurar-se em novas experiências e viver da maneira que lhe convém. Quem entra em sua cantina italiana ou até mesmo conhece a sua casa instalada no andar de cima, nem imagina que ele vem de uma família extremamente rica. Mas ele nunca se importou com isso. Max gosta de sua vida. E nunca deu atenção ao dinheiro, de fato. E também estava de saco cheio das lamentações de Elizabeth, sua mãe. Odiava o simples fato dela responsabilizar somente Dave pelo acidente fatal de sua irmã.

— Está na mesa — o cozinheiro depositou a garrafa na frente de Dave e retirou a tampinha. — Alguma coisa para jantar?

— Um espaguete, talvez. Estou faminto — Dave assentiu, segurando a sua garrafa e deu um gole generoso. — Aliás, devo-lhe agradecer pelo jantar de ontem. Se não fosse por você, certamente eu estaria perdido.

— Obviamente. Nem todo mundo tem o talento que eu tenho, meu irmão. E eu também jamais ousaria dividi-lo com você. Não posso permitir que acidentes ocorram.

— Que belo incentivo. Não é porque eu não sei cozinhar tão bem que significa que eu colocarei fogo na casa.

Max tamborilou os dedos no balcão.

— É bem provável que seu fogo seja colocado em outros lugares — ele zombou, fazendo Dave rir. — Então, o que me diz? Deu tudo certo?

Dave levantou uma sobrancelha.

— Deu tudo muito certo, cara.

— Uau! Pela satisfação estampada no seu rosto, devo supor que a noite foi longa e que a garota realmente é uma delícia.

O rosto de Dave ficou vermelho. Não necessariamente por vergonha, mas sim por Max falar tão abertamente de outras garotas e não se importar nem um pouco com o fato de que ele era noivo de sua falecida irmã, ou talvez porque ele simplesmente presumiu que Marianne, sua Marianne, era uma delícia.

Mas que diabos?

— Mais respeito ao mencionar sobre a minha vida sexual. Marianne é uma excelente companhia e é absurdamente insano o fato de que eu não consigo simplesmente dispensá-la. Eu quero mais. Ela me faz querer mais. É uma necessidade que ressurgiu em mim feito um avalanche.

— Pois não dispense a garota. Se vocês se dão bem juntos, aproveite o momento. É assim que deve ser.

Dave deu um suspiro resignado.

— Não vou dispensá-la. Mas também não quero exceder os meus limites. Não tenho pretensão de machucá-la, mas eu simplesmente não consigo me abrir nestas merdas outra vez, emocionalmente falando. Eu deixei tudo às claras. Não é de meu feitio iludir alguém.

Max coçou a sua barba, em silêncio e assinalou para um de seus auxiliares preparar o espaguete à carbonara que Dave apreciava.

— Que diabos exceder os limites? Você está comendo a garota e quer cada vez mais, por que se limitar?

Dave travou a sua mandíbula.

— Não tenho intenção de começar tudo de novo, não seria justo com Marianne.

— Nem com Samara? — Max indagou logo o "x" da questão. — Para o inferno as suas besteiras. Nem parece que você cura as pessoas, cara. Em setembro completarão dois anos que a minha irmã está morta. Samara não existe mais. Eu sei que isso dói. Eu também fico triste para caralho por saber que a minha única irmã não está mais aqui entre nós. Só que é a vida. Temos que aceitar que a vida dela foi um sopro e ela virou um pó. Desde então você transa com quem quer e nunca teve pensamentos assim. Bom, eu não sei ao certo, porque você nunca ia para frente com nenhuma delas. Mas com essa Marianne, sim. Você a quer. Ela faz bem a você. Siga em frente e se abra para possibilidades. Não é como você estivesse traindo Samara na surdina e enganando-a de todas as formas. Você está solteiro agora. Apenas seja honesto com ela, a Marianne.

— Eu estou sendo. Esclareci tudo para ela. Ela é gostosa, quente e uma mulher incrível. Não quero machucá-la. Ela já tem feridas demais.

Max deu de ombros.

— Seja honesto consigo mesmo. Não é de hoje que esta garota vem te perturbando. Você me parece bem. Não vá afastá-la por bobagens. Seguir em frente é o lema dos vivos. Deveria ser o seu.

— Estou seguindo em frente, Max. E estou bem, juro. Mas envolver-me emocionalmente está fora de cogitação, ao menos por enquanto. Não posso simplesmente trazer Marianne totalmente em minha vida sendo que ainda atraio consequências da morte de sua irmã. Quero protegê-la. E proteger a mim mesmo.

Max captou os sinais daquela conversa toda e logo pensou em Elizabeth. A sua mãe estava calada demais e era bem provável que ela já estava esquecendo de perder o seu tempo torturando o seu amigo e exigindo-lhe uma indenização por ter tirado a vida de sua filha.

— Esqueça a minha mãe. Ela não tem nada a ver com a sua vida. Você está longe. E vou certificar que ela não irá mais lhe incomodar.

— Por favor. Faça isso.

Max concordou e tão logo a refeição de Dave chegou, fazendo-o matar a sua fome de leão.

As horas pareciam se passar lentamente e a sensação era de que iria demorar muito para ter a sua musa de volta em sua cama. Porra, ela iria para o seu apartamento outra vez! Não tinha exatamente o porquê estar tão eufórico.

Mas era algo que Dave não conseguia controlar. Em uma batalha interna sobre o que fazer e o que não fazer, ele se perdia todas as vezes que pensava em Marianne.

Realmente aquilo soava meio hipócrita. Consigo mesmo. Ele se sentia estranho por estar se envolvendo com outra mulher e queria se preservar ao máximo — talvez por causa de Samara —, sim, ele não podia negar os seus próprios pensamentos infindáveis, mas em todos os momentos que pensava em Marianne, automaticamente pouco se importava com a sua ex. Não que Samara não significasse nada, ele apenas adormecia e congelava aqueles sentimentos todos.

Ser homem às vezes era uma baita de uma merda. Ser homem era definitivamente um carma a ser carregado em peso nas costas. Porque, enquanto homem, ele sabia exatamente o que queria. Não era burro de não reconhecer que gostaria de enterrar fundo em Marianne e sentir o seu interior totalmente quentinho e vicioso. Mas era um babaca de marca maior por , infinitamente, que não estava pronto para se apaixonar outra vez.

Aquilo não era babaquice. Ou era?

Por Deus, ele apenas sabia de suas limitações. O que queria e o que poderia fazer e acontecer. Não era porque estava transando com Marianne de maneira fixa que a paixão iria surgir. Isso nunca foi alguma lei. Para ninguém. E muito menos seria para ele.

Mas ainda sim o seu corpo ansiava. Ferozmente. A paixão fervilhante estava ali. Olhou para o ponteiro e já era quase meia noite. Ótimo!

Convocou Max e, assim que o cozinheiro fechou o restaurante, seguiram juntos ao Rebel.

Enquanto Dave não aparecia, Marianne se divertia alegremente com as suas amigas. Ela estava no meio da pista de dança, jogando as mãos para o alto, sorridente, aproveitando cada segundo de sua felicidade.

Ela realmente deveria aproveitar enquanto suas inseguranças estivessem adormecidas. E estava feliz. Sentia-se feliz. E não queria que aquilo terminasse nunca.

Estava evitando tequila para não dar espaço a estragos maiores, mas não deixou de saborear um drink de coloração azul e amarela — que ela nem sabia o que era —, e seu corpo já estava dando indícios que o álcool surtira efeito. Mas ainda si, a sensação era gostosa e ela nem percebia que estava sendo observada.

Bom, ser observada por alguém era algo natural, ainda mais em um lugar superlotado de pessoas de todos os tipos espalhadas por ali. Mas tudo bem, ela estava com as suas amigas à tiracolo e estava protegida. Não iria pensar em qualquer besteira. Hoje não. E estava disposta a não pensar demais enquanto estivesse bem e se abrindo para uma nova chance ao lado de Dave.

Ah, Dave!

A saudade bateu tímida em seu coração e ela imediatamente ansiou para que ele chegasse logo e a tirasse dali para fazer com ela tudo o que haviam feito na noite anterior.

Oh, sim! Marianne queria mais. Estava disposta a receber mais.

E, como se suas súplicas tivessem sido ouvidas, ele estava ali agora. Pronto para fazer tudo o que ela quisesse.

Seu coração sobressaltou quando sentiu aqueles braços enormes em sua volta. Não precisava de algum esforço para reconhecê-lo. Ela já sabia quem era e o sorriso apareceu em seu rosto.

Dave prensou o seu corpo ao dele e ela queria agradecer de joelhos pela música estar alta o suficiente para ofuscar o gemido que saiu de sua garganta.

Era uma verdadeira delícia estar nos braços dele, mas dançar com aquele homem no meio da pista era basicamente o ponto alto do prazer.

Aquele homem retraído e sério na maior parte do tempo podia ser um verdadeiro espetáculo erótico ao vivo, uma maravilha do mundo perdida da lista das sete, um mundo completamente colorido para que Marianne possa mergulhar de cabeça.

E poderia ser muito perigoso!

Droga!

Não! Eu não vou pensar nisso! Eu vou aproveitar.

Ela estava maravilhada e não tinha como não ficar. Dave estava realmente sexy com aquela camisa e calça preta, suas barbas feitas e os cabelos alinhados para trás, do jeito que ele costumava ficar. O perfume era delicioso e seu hálito tinha um gosto interessante de menta misturado com cerveja.

Era excitante.

O ventre de Marianne encheu de borboletas e sentiu-se umedecer entre as pernas.

O sexo daquela maneira era realmente viciante? Ela poderia ficar tão viciada assim em alguém ao ponto de não querer mais desgrudar?

Marianne não tinha respostas para as suas perguntas ditas em voz alta, mas era óbvio que tinha um homem lindo completamente ao seus pés e disposto a dar-lhe o que tinha de melhor a oferecer.

E Dave só pensava o mesmo.

O que lhe impedia de se permitir? De ser feliz de novo? Absolutamente nada, a não ser si mesmo. Ou se Marianne simplesmente quisesse ir embora, seja lá qual fosse o momento para isso.

Ah, porra! Ela estava sexy para caralho com aquele vestido vinho curto e decotado. Queria tirá-lo o quanto antes.

— Você está me deixando louco. Se continuarmos assim não vou conseguir me segurar.

Marianne riu.

— Você acabou de chegar. Já quer ir para a casa?

— Estou sem carro. Podemos tomar uma bebida antes de irmos, se você quiser.

Ela assentiu.

— Claro, eu vou aceitar o seu convite para uma bebida. E prometo que não irei fugir desta vez, doutor Russell — ela disse, desinibida e puxou o rosto dele para lhe dar um beijo e Dave rosnou.

— O inferno bate à minha porta todas as vezes que eu escuto você me chamar assim. Não posso me lembrar que você era a minha paciente ainda quando te comi pela primeira vez que eu fico para lá de excitado.

Ele a puxou para ainda mais perto e Mari sentiu a ereção dele se formando e sendo pressionada em sua barriga.

Ela estremeceu.

— Eu preciso ir ao banheiro. Vou chamar Carol e Lyssa para irem comigo. Me espere no bar?

— Certamente. Vou pedir as bebidas. Tequila?

— Não! — ela gritou, esbaforida. — Estou tomando um drinque esquisito colorido com azul e amarelo. Nem sei qual o nome, mas peça esse, por favor. Eu já estou muito bêbada.

Dave deu uma gargalhada, meneando a cabeça.

— Tudo bem, linda. Mas vai ser só um, ok? Estou louco para te levar para a casa.

— Ok — Mari assentiu, dando um selinho nele e desvencilhando-se para ir de encontro das suas amigas.

Dave ainda ficou estagnado no mesmo lugar, observando-a se afastar da multidão com as outras duas mulheres e, no instante que a perdera de vista, sentiu-se seguro para ir ao bar para pedir as bebidas.

Aquela boate estava estranha, ainda que os minutos com Marianne tenham sido proveitosos, e, merda, uma demonstração nova de preliminar. O clima parecia pesado e ele estava realmente tenso. Ou era somente porque lá fora estava chovendo.

Era um acesso de loucura. Deveria pedir as bebidas o quanto antes e dar o fora dali o mais rápido possível.

Ele aproximou-se do balcão, pediu as bebidas e mal se deu conta do estranho de cabelos loiros que estava muito perto e que não parava de observá-lo de maneira tão descarada. 

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