Epílogo

(8 anos depois)

Miguel

Papá (papai). Escuto Davi me chamar e me viro para ver da onde ele estava vindo. O mesmo corria na minha direção. Me agacho para receber o seu abraço, já que ele vinha de braços abertos. Quase caio para trás quando ele joga o seu corpo em cima de mim. Meu filho Davi, é uma cópia exata de mim, de olhos e cabelos castanho-claros, sendo ainda mais perfeito que eu. Sempre quando o olho, me vejo correndo pela casa atrás da Jade. Bons tempos.

Fils (filho), o que houve? Pergunto colado ao seu rosto, suas mãos enlaçavam fortemente o meu pescoço.

Enzo me desarrumou ele me solta e fica de frente para mim, me mostrando sua roupa um pouco amassada.

E cadê sua mãe? Pergunto, olhando para ele e para os botões de sua blusa, tentando também diminuir o amaçado dela.

Está ajudando a Íris a se vestir ele comenta, dando de ombros.

Femmes (mulheres) eu e meu filho dissemos em uníssono e começamos a gargalhar em seguida.

De repente a campainha de casa toca e eu juntamente com o Davi, vamos receber os nossos amigos e familiares. Eles vieram comemorar o aniversário de cinco anos dos gêmeos.

Maman (mamãe) escuto ao longe, o Enzo gritar para a sua mãe o escutar. Eles chegaram.

Enzo, meu primogênito, estava cada dia mais parecido com a sua mãe enquanto o Davi puxou a mim, o meu filho mais velho puxou totalmente a Flávia, ele é igualzinho a ela. Tem os cabelos pretos, já que faz alguns anos que a Flávia não pinta mais o seu cabelo e o deixou da cor natural, e os olhos castanho-escuros, parecidos como a noite. A noite que eu adorei conhecer, admirar e principalmente a amar.

Oi, pessoal olho para todos eles; tanto os que estavam na porta, bem perto de mim, quanto os mais afastados.

Miguel, como vai? Otávio é o primeiro a falar comigo, ao seu lado está a Cecília com o Nicolas. Ele se tornou um garoto muito bonito, com apenas quatorze anos de idade, sendo o único filho deles dois.

Vou bem e vocês? Pergunto, alternando meu olhar a ambos.

Estamos bem. Cecília me responde, sorrindo. Puxo o Nicolas para um abraço e assanho os seus cabelos encaracolados, que o mesmo estava deixando crescer, que já se encontrava na altura de seus ombros. Desde pequeno o Nicolas sempre foi muito próximo de mim, costumava até me chamar de titio, hoje ele já não me chama mais assim, o que é uma pena, mais eu vou guardar isso sempre na memória, já que eram bons tempos.

Ele sai do meu abraço e deixo ele e os seus pais entrarem em casa. Ainda tenho muito amigos para com quem falar. Assim que acabo de pensar isso, vejo a Giulia vindo na minha direção. Minha querida sobrinha.

Giulia, mon amour (meu amor) me abaixo para abraça-la. Ah, como eu estava com saudades dessa pequena.

Comment vas-tu? (como você está?) Pergunta, ainda abraçada a mim.

Je vais bien (estou bem) digo a ela, assim que nos afastamos. Ela está tão bonita, os anos se passam e cada vez mais vejo semelhanças do Ben e da minha irmã, nela. Uma morena-clara, de cabelos castanhos, com leves ondulações e olhos escuros, quase puxados ao preto. Simplesmente linda, além de ser muito delicada e meiga.

Desde que eu vim morar aqui, eu ensinava algumas frases para ela em francês, via internet. Ela ama isso. A Jade até chegou a me dizer uma vez, que a Giulia adorava quando chegava sábado à tarde, que era a hora que eu tirava para ensinar a ela. E se duvidar, ela já é até mais fluente que eu. O Ben e a Jade só acenam para mim e levam a Giulia com eles, para dentro de casa. Acompanho eles com o olhar e quando eles saem do meu campo de vista, olho para a porta a minha frente, onde alguns amigos meus, esperavam falar comigo.

Cauã, Heloísa abro meus braços e abraço a ambos. Como vão vocês? Pergunto.

Muito bem. Os dois sorriem e logo mostram suas filhas para mim.

Analu e Laís. Elas têm praticamente a mesma idade da Giulia, nove anos. São gêmeas idênticas, o que é meio dificultoso, para mim, diferenciar uma da outra. Eu particularmente não sei mais quem é quem, e eu me pergunto como os meus amigos sabem? As duas tem o mesmo cabelo liso, castanho-escuro do Cauã e os olhos azuis, como os da Heloísa, que como o meu amigo sempre fala: um oceano sem fim. Ainda bem que o Davi e a Íris são gêmeos, mas não idênticos, porque se fossem... não consigo nem imaginar como seria. Mais com certeza seria mais bagunçado e desastroso do que já é, e no final das contas nem eu e nem a Flávia saberíamos de quem era a culpa.

Sorria para elas duas, que me olhavam como se não me reconhecessem, o que já era de se esperar, já que só nos reencontramos uma vez no ano, sempre no ano novo. Um novo ano estava para se iniciar e os meus amigos e familiares estavam aqui, todo mundo reunido, o que me deixava bastante feliz. Enquanto pensava sobre isso, a Flávia chega com a Íris, ao meu lado.

Nossa filha, Íris, diferente dos seus irmãos, puxou a cada um de nos. Os meus cabelos castanhos, quase puxados para o loiro e os olhos escuros da Flávia. Ela puxou geneticamente ambos. Chegando até a ser diferente do seu irmão gêmeo, já que ela é mais comunicativa e agitada, e o Davi, mais na dele, com os seus mais variados livros que tanto gosta de ler. O Enzo também é mais na dele, a única diferente é que ao invés de perder seu tempo lendo livros, ele passa comigo, jogando vídeo-game. Cada um dos meus filhos tem o seu mundo diferente. Mais no final das contas o que importa é que cada um se ama e se respeita.

Olha, Laura, como a Íris está linda Olívia que antes estava atrás da Heloísa, passa por ela e para de frente a Íris, com a sua filha Laura, ao seu lado.

Laura é só um ano mais nova que o Enzo, ela agora tem sete anos. Pele pálida, herdou os lindos cabelos ruivos da Olívia e as esferas azuis do Raul.

A Laura está tão bonita Flávia diz ao olhar para ela e em seguida olha para a criança que se encontra nos braços da Olívia. O seu filho mais novo. E quem é esse garotão aqui, tão lindo? Ela pergunta mesmo sabendo quem é. Quando a Olívia ficou grávida a primeira vez, nós já morávamos aqui, foi uma surpresa e tanto quando eles disseram para nós. Não pudemos acompanhar a sua gestação, até porque foi logo no tempo em que eu consegui um emprego e o Enzo ainda tinha meses de vida, mas assim que soubemos que ela estava em trabalho de parto, eu e a Flávia pegamos o primeiro voo para Recife. E do mesmo jeito fizemos com esse bebê que está nos seus braços, que tem agora dois anos de idade. Ele também herdou as mesmas características da Laura.

O Anthony está ficando a cara do pai Raul diz ao chegar perto das meninas, e a Olívia só balança a cabeça para os lados, rindo do que ele acabou de dizer. Olhando para o Anthony, percebo que ele cresceu bastante desde a última vez que o vimos, no caso ano passado. As vezes meus amigos falam com a gente por vídeo-chamada, e comentam como ele está um garoto sapeca e muito travesso.

Irmã? Ben chega perto da Flávia. É tão bom lhe ver novamente. Estava com saudades logo se abraçam.

Ben Flávia diz ao seu ouvido. Que saudades de você, irmão. Se afastam e ela pega no seu rosto, sorrindo.

Meus sobrinhos são... como é que se fala mesmo, Jade? Ben olha para a minha irmã, pedindo algum tipo de ajuda, mas logo volta a sua atenção para a Flávia. Provavelmente ele se lembrou da palavra que parecia ter esquecido, há segundos atrás. Une grâce (uma graça). Ele fala em francês, por isso esse processo todo para se lembrar dessas duas palavras.

Que bom que você está aprendendo Flávia dar uma risada, percebendo o esforço do irmão. Estou muito feliz de ter todos os meus amigos aqui. Fala para todos que estavam ao nosso redor.

Eu também estou! Falo por mim. Depois eu e a Flávia começamos a abraçar todo mundo. Vamos só esperar os nossos pais aparecerem para batemos os parabéns.

Sempre comemorávamos tudo junto; o aniversário dos meus filhos e a entrada do ano. Mas, para tudo não ser na mesma hora, fazíamos a festa deles algumas horas antes, já que eles não aguentam ficar acordados até a virada do ano, e depois só emendávamos a comemoração.

Meus amigos se acomodaram nos sofás e cadeiras, que continham na sala de estar e logo deram os seus presentes, tanto para o Davi, como para a Íris, que ficaram bastante felizes e na mesma hora começaram a abrir as embalagens. Eles ficaram maravilhados quando viram: os carrinhos, de diferentes cores e tamanhos. Algumas bonecas, pequenas e grandes, que chegavam até a falar quando ela apertava em algum botão. Mais o que eles dois mais gostaram, sem sombra de dúvidas, foram as barracas que o Ben mais a Jade deram, uma de cor lilás e a outra de cor verde. Eles já queriam até que eu as montasse. Disse a eles que montaria mais tarde. Eles esqueceram por hora, já que começaram a brincar com os seus amiguinhos, mas pararam de fazer isso ao ouvir a porta de casa se abrindo, já que tínhamos deixado a mesma entreaberta, para quando os nossos pais chegassem. Os meus pais foram os primeiros a passarem pela a porta, depois os da Flávia.

Grand-mère (vovó) Íris abraça a minha mãe.

Grand-père (vovô) em seguida o Davi abraça o meu pai. Enzo também sai correndo para abraçar os pais da Flávia.

Os nossos pais são os que mais aparecem no ano, por aqui. Até os meus pais que antes viviam trabalhando, estão finalmente aposentados. Eles moram em Recife, tendo aquela casa agora todinha só para eles, aquela mesma casa que antes era minha e da Jade. Eles enfim, sossegaram. Hoje, vivem mais para a família. Visitam a Giulia diariamente, por morarem perto. Mais mesmo que eu esteja agora morando muito longe, como a minha mãe sempre gosta de mim lembrar; ela sempre acaba arrumando um pretexto ou uma data comemorativa para vim nos visitar. Eu gosto quando eles vêm e os meus filhos adoram quando eles estão aqui. A verdade é que só agora eu sinto que estou realmente unido a eles, que eles estão do meu lado. O que eu sempre quis que estivessem.

Vamos bater os parabéns Flávia diz por fim, começando a bater as mãos uma na outra, ao perceber como fiquei. É sempre tão nostálgico e melancólico, a visita deles aqui.

Nos levantamos. A Íris juntamente com o Davi, foram para trás da mesa que estava o bolo. Logo demos início a cantoria dos parabéns, do qual cantamos em português mesmo, e depois cada um puxou eles dois para um abraço, desejando muitas felicidades e saúde.

Paro por um momento para olhar a todas as crianças que estavam brincando, ao meu redor. Eles pareciam não me ver ou não notar a minha presença ali, mas eu olhava para cada um deles atentamente; a Laís e a Analu brincando com a Íris de boneca, a Giulia conversando animadamente com o Enzo em francês e o Davi brincando com a Laura de esconde-esconde. Os únicos que não estavam ali era o Nicolas, por já ser adolescente e se achar um velho perto das crianças, além de não se importar, já que estava jogando vídeo-game com o seu pai. E o Anthony, que a Olívia já até tinha pedido por um quarto para deitar ele, que dormia tranquilamente em seus braços. Deixo de olhar para eles e olho para os meus amigos, que conversavam, separados em alguns grupos.

Deixo a sala e vou para a varanda, sinto o vento fresco do fim da tarde, bater no meu rosto. Depois de inspirar lentamente, volto a minha atenção para as casas a minha frente. Até que sinto a porta se abrir novamente e alguém se aproximar de mim.

O que você está fazendo aqui fora, sozinho? Flávia coloca suas mãos em cima do meu ombro, ficando do meu lado, repousando sua cabeça entre o espaço do meu pescoço e ombro.

Estava olhando para a nossa família e percebi que nunca podemos planejar nada, pois a qualquer instante tudo pode mudar viro minha cabeça, de modo que eu consiga olhar nos seus olhos.

Sim, tudo pode mudar prende suas mãos no me pescoço. Mas por que diz isso? Pergunta.

Você quer motivos? Tiro suas mãos do meu pescoço e me viro para ela, completamente.

Quero! Dar uma risada.

Nunca pensei que me apaixonaria novamente. Também nunca se passou pela a minha cabeça que eu moraria um dia na França e que eu, Miguel coloco a mão no peito teria três filhos dou uma pequena risada. O meu eu de quinze anos atrás nunca iria acreditar que no futuro eu não iria ter só um filho, mais sim três. O que eu não me arrependo nenhum pouco, eles são a minha vida e se fosse por mim, eu teria muito mais.

Ah, os três filhos... vira seu rosto para o lado, o mantendo de forma abaixada. Me lembro que há anos atrás, eu disse que queria ter só dois, você até colocou isso na carta.

Sim, eu coloquei. Pego o seu rosto e o levanto, a fazendo olhar para mim. Olho no fundo dos seus olhos, já pronto para o que eu tenho para falar em mente. Mas é como eu te disse a gente não pode planejar, pois tudo pode mudar a qualquer momento, tanto para melhor, como para pior. E eu não me importo que seja cinco, seis ou sete filhos, contando que eu os tenha com você, então por mim está tudo bem, querida. Aliso sua bochecha, delicadamente e vejo ela estremecer com o meu toque.

Ok diz segundos depois, sorrindo.

Você foi a melhor coisa que me aconteceu entrelaço nossas mãos e você sabe que eu sempre vou te agradecer por isso. Obrigado por ter me mudado.

Eu não mudei você nega com a cabeça você que se mudou sozinho, Miguel. Me diz o que parece óbvio.

Talvez seja mesmo como ela falou; eu me mudei sozinho, por vontade próprio. Eu consegui me reconectar novamente com o rapaz que eu era, não aquele que pegava várias garotas só para tentar esquecer um amor, mas sim aquele que cuidou da irmã, dando carinho e amor, sendo gentil com ela e com todos os meus amigos. Eu consegui me conectar a mim mesmo, mais isso só foi graças a ela, que apareceu na minha vida, senão eu ainda continuaria perdido de mim mesmo.

Ela me dar um abraço forte e inesperado. Relaxo com o seu corpo colado no meu. Pego em seus cabelos e beijo sua testa, demoradamente. Depois olhamos juntos para dentro de casa e vemos os nossos filhos ainda brincando.

Eles estavam muito felizes.

Assim como eu estava.

FIM

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Queria agradecer imensamente a todos que leram essa história e se deliciaram com ela.

Nunca me passou pela a cabeça escrever uma história, sempre achei que isso não era para mim e até admirava as pessoas que conseguiam fazer tal coisa.

Então é isso, esse foi o final da história do Miguel e da Flávia.

Estou pensando em lançar novas obras, mas nada por agora.

Vejo vocês em breve.

Beijos da Sam!

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