8
Flávia
Hoje eu iria começar a seguir o conselho do Cauã. Se queremos nos aguentar até o final do casamento, temos que começar a nos entender melhor.
E se é proximidade que o Miguel quer, ele vai ter.
Assim que termino de me arrumar, mando uma mensagem para ele.
— Miguel, você pode vim me buscar aqui em casa? — Escrevo essa mensagem com um frio na barriga, o que eu não achei que fosse acontecer. Não era para acontecer.
O que está acontecendo com você, Flávia? Depois de todos esses anos já era para você ter se esquecido dele.
— Claro, chego aí em um minuto — Miguel me responde instantaneamente, o que faz eu sair do meu devaneio. Vou esperar por ele na sala.
Vai dar tudo certo hoje, vai dar tudo certo — proferi essas palavras na minha mente, como se fosse um mantra.
E assim escuto alguém batendo na porta. Ele chegou.
— Bom dia, Flávia — Miguel sorrir para mim.
— Bom dia. Vamos? — Ele concorda com a cabeça. Saio de casa e entro no seu carro.
— Olha, me desculpa por como terminamos na vez passada... — ele diz assim que dá partida no carro.
— Tudo bem, eu... eu também estava estressada, peço desculpas. — Eu já fiquei estressada a partir do momento que eu me esqueci da atividade e ele me ligou. Me estressei por ele querer se fazer de bonzinho. E me estressei mais ainda quando ele disse que queria que nos voltássemos a ser como antes, sendo que eu também quero isso.
Que situação complicada...
— Quando eu vi a sua mensagem, dizendo que eu podia vim aqui na sua casa te buscar, eu não acreditei — ele disse essas palavras bem feliz.
— É, foi meio que... — tento pensar em alguma coisa para lhe dizer, já que eu só fiz isso por causa do Cauã — um pedido de desculpas da minha parte.
Tomara que ele acredite.
— Eu gostei desse seu jeito de pedi desculpas — Miguel sorrir de lado e para o carro. Chegamos.
Mas espera, eu nem perguntei qual ia ser a tarefa que nós iríamos fazer hoje.
— Miguel? — O chamo assim que saio do carro.
— Oi — ele fecha a sua porta e vem para perto de mim.
— Qual é a segunda tarefa que nós vamos fazer? — Eu pergunto e o Miguel logo abre um sorriso de orelha a orelha. Ele de repente ficou bastante animado.
— Nós vamos dançar — Miguel pega na minha mão e me conduz para dentro do local.
Assim que entramos vimos alguns casais dançando, passamos por eles só observando as suas danças, e assim chegamos perto da recepcionista.
— Bom dia — Miguel fala com a garota dando um dos seus melhores sorrisos, e a garota por sua vez se rende aos seus encantos, mal sabia ela o que ele me fez. — Nós viemos aprender uma dança para apresentarmos num casamento.
— Que bom que vocês vieram — disse uma mulher vindo na nossa direção e logo nós olhamos para ela. — A sua irmã Jade me ligou dizendo que vocês viriam hoje, Miguel e Flávia se eu não estou enganada — ela aponta seu dedo para nos enquanto falava os nossos nomes. — Que dança vocês vão querer aprender?
— A senhora ensina quais danças? — Pergunto.
— Eu posso ensinar o que vocês quiserem, mas para a apresentação de um casamento sugiro o tango ou a salsa — ela nos explica.
— Prefiro tango — essa é a dança que eu mais acho bonita.
— Já eu prefiro salsa — Miguel diz, bem relaxado.
Como sempre, nunca tivemos opiniões iguais.
— Eu também prefiro salsa, então está decidido, vocês vão aprender salsa! — Disse a mulher e eu só olho para ela indignada.
Eu queria aprender a dançar tango. Mas o que eu estou dizendo? Eu vou ter que dançar com o Miguel.
— Venham para essa parte que tem pouca gente — a mulher nos mostra um lugar no meio do salão — aqui vocês poderão dançar melhor. Mas eu tenho que dizer uma coisa, nessa dança precisa-se de companheirismo, vocês precisam estar em sintonia para que ela dê certo. Então quer dizer que vocês só vão sair daqui, quando eu ver que ela está perfeita.
Aí, meu Deus companheirismo, sintonia... isso eu não tenho nada com o Miguel, quer dizer eu até já tive, mas isso foi a algum tempo atrás.
— Primeiro vocês vão ficar um do lado do outro — disse a mulher, então nós fomos aos nossos lugares — vão rebolar um pouco, depois se olham e se dão as mãos, e assim você a gira Miguel, certo?
— Certo.
E assim fizemos como a mulher nos mandou — ela nos mostrou tudo antes de fazermos juntos. — Rebolamos, demos as mãos e ele me girou.
Me girou três vezes, e em cada uma delas eu via os seus olhos brilhando para os meus, como se ele estivesse gostando de fazer isso comigo.
— Ótimo, ótimo. Agora depois do giro, você a segura nos seus braços e a sobe no seu ombro, depois a desce e assim terminam a dança, dançando juntos um para o outro — ela dava as coordenadas.
Me jogar em cima do seu ombro, isso não vai dar certo.
Começamos a dança do começo, fizemos tudo corretamente, mas na hora de me jogar eu não sei se era porque estava com medo de cair ou se eu não estava confiando totalmente nele, e acabou que não deu certo esse passo. Como eu havia imaginado. Fiquei logo com raiva, pois queria acabar logo com essa dança e se não ficasse impecável, ela não nos deixaria sair.
— Aconteceu alguma coisa? — Miguel pergunta.
— Não, não... vamos só acabar logo com isso — me posiciono no lugar inicial.
— Por que a pressa? — Ele olha para mim, sério.
— Eu não estou para brincadeiras — retribuo da mesma forma o seu olhar.
— E nem eu — Miguel sorrir maliciosamente.
Mas eu não vou cair no seu joguinho.
— Vamos começar do começo gente, não precisa ter pressa — ela chega perto de nós para nos posicionarmos.
— É só confiar em mim, eu não vou te decepcionar — Miguel sussurra ao meu ouvido.
Essas palavras foram como um baque para mim.
— Ah é, então por que você me enganou? Fingiu gostar de mim? Isso tudo que você fez comigo foi a troco de quê mesmo? Sabia que eu tenho sentimentos — digo o que estava entalado na minha garganta há muito tempo. Ah, como eu queria dizer isso a ele. Foi uma sensação ótima dizer isso assim, eu só gostaria que não tivéssemos público e que ele respondesse as minhas perguntas que eu tanto queria as respostas.
— Olha, me escuta... — ele chega mais perto de mim.
— Não, me escuta você — vocifero cada palavra na sua cara. — Eu cansei, simplesmente cansei de fazer esse tipo de coisa com você. Mas só para deixar bem claro, que eu só estou aqui fazendo isso com você, pelo meu irmão e pela a Jade, não pense nem por um segundo sequer que é por você, porque não é.
Ele olha para mim com espanto, ele deveria saber que eu nunca voltaria por causa dele, até porque ele foi o motivo de eu sair daqui. Foi por causa dele que eu me afastei dos meus amigos, eu nunca deveria ter feito isso, mas se eu continuasse aqui, eu... eu não iria aguentar. E essa foi a melhor escolha que eu já fiz em toda a minha vida.
— Gente, acalmem-se os ânimos, vocês vieram aqui para aprenderem a dançar, e não para discutirem — a mulher tentava nos acalmar de alguma maneira.
— Desculpe — tento me acalmar um pouco.
A mulher coloca a música para tocar novamente e nós começamos a dançar e na hora do salto eu deixei a minha raiva de lado e simplesmente me entreguei.
— Deslumbrante. — A mulher bate palmas. — Agora é só vocês esperarem o dia do casamento para arrasarem no palco.
Quando penso em todas as coisas que tivemos e que temos para fazer até lá, me dar um frio na barriga. Esse dia está chegando cada vez mais rápido. E isso é ótimo. Quanto mais rápido ele vim, mas rápido voltarei para casa. Mas daqui para esse dia chegar, passarei por tanta coisa...
— Foi um prazer conhecê-la — Miguel dar as mãos para cumprimenta-la.
— Eu também digo o mesmo, e me desculpa pela parte da discussão — lhe dou um abraço.
— Esquece isso, querida. E sempre que quiserem podem vir me visitar, vou sempre está por aqui — a mulher sorrir para nós dois e depois de nos despedimos, saímos do local e entramos dentro do carro.
Estávamos em silêncio total. Eu não queria falar com ele, até porque eu não tenho nada para falar com ele.
"Você pode confiar em mim, eu nunca vou te decepcionar" — relembro o que ele me disse.
Ah, conta outra.
Estava olhando a paisagem pela a janela do carro, enquanto chegávamos na minha casa, quando viro o meu rosto para olha-lo de relance.
Por que isso é mais forte do que eu?
Fico vendo ele todo concentrado dirigindo... o admirando, mas para a minha surpresa o que eu vejo logo em seguida não me agradou, nem um pouco. Ele usava uma aliança.
O Miguel está noivo.
Isso não pode ser.
Eu... eu o perdi, mas para quem?
— Você está me olhando há muito tempo, tem alguma coisa que te interessou? — Miguel me dar um sorriso de canto de boca.
Esse sorriso... esquece isso, Flávia. Já! — Me repreendo na mesma hora.
— Você não me disse que está noivo — dizer isso assim, fez meu mundo cair.
— Ah, é isso — Miguel olha para a sua mão que continha a aliança. — É, eu estou noivo.
— Quando vai ser o casamento? — Estou bastante curiosa.
Porque eu fiquei tão interessada agora em saber disso, ele nem vai se casar comigo. Eu não deveria estar perguntando nada para não me magoar mais, mas o problema é que eu quero saber. Eu quero muito saber.
— Daqui a dois meses — ele nem responde olhando no meu rosto, ele só olhava para essa maldita estrada.
Mas eu quero que ele olhe para mim! Eu quero que ele tenha coragem de dizer olhando nos meus olhos.
— E quem é a noiva, eu conheço? — Assim que pergunto isso me recordo de quando o Miguel, de brincadeira, perguntou se eu aceitava ser sua noiva. De certa forma, saber que ele vai se casar com outra me dói muito.
— Sim... você conhece — Miguel para o carro em frente à minha casa e me olha nos olhos, finalmente. — É a Ester.
Ah, claro, a Ester e eu ainda pergunto quem é. A resposta estava bem na minha cara.
— Espero que vocês sejam muito felizes — digo saindo do seu carro e determinada a não olhar para trás.
Só mais uma, só mais uma tarefa e eu estarei livre.
Livre de você, Miguel.
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