Miguel

— Gatinho, vamos sair hoje? — Ester pergunta, deitada ao meu lado na cama.

— Hoje? — Me espanto com o seu pedido.

— Sim, se lembra que você está me devendo um encontro? — Ela fica acariciando o meu pescoço, o que não causa definitivamente nada em mim.

Aí droga, tinha me esquecido. Eu realmente tinha dito que iríamos sair juntos, mas isso foi só uma desculpa para ela me deixar livre para ver a Flávia. Eu não queria sair com ela realmente.

— E então, vamos sair hoje? — Ela volta a perguntar.

— Se você quer tanto... vamos sair — olho para ela.

— Eu já até sei onde a gente pode ir — Ester diz agora montada em cima de mim, colocando suas pernas lado a lado na minha barriga. — Bom na verdade, eu gostaria de ir em vários lugares.

Começou...

— A gente pode ir para qualquer lugar que você quiser — dou um meio sorriso. Eu queria sair dessa conversa o mais rápido possível, já basta ficar esse encontro todinho com ela.

Eu me pergunto o que eu ainda estou fazendo com a Ester?

Eu nem me sinto mais atraído por ela, certo que no começo até sentia alguma coisa, como se ainda, por menor que fosse, tivesse restado um pouco do amor que antes eu sentia por ela, mas só que de uns tempos pra cá é só fingimento.

Da minha parte eu já não sinto mais nada, mas tem a minha mãe, ela gosta tanto da Ester. Eu sei que é a minha felicidade que está em jogo, e eu até posso me arrepender pelo resto dos meus dias, por causa da escolha que eu estou fazendo agora. Mas o que eu posso fazer?

— Miguel, você está me escutando? — Ela me olha sério.

— Claro que estou — tento soar convincente.

— Pois então o que foi que eu disse? — Ela arqueia uma sobrancelha.

Eu não dava a mínima para o que ela tinha falado a um minuto atrás, mas com certeza era sobre o lugar que a gente ia. Quando eu ia pôr fim falar alguma desculpa, ela me interrompe.

— Bom, isso não importa, eu já decidi aonde vamos — Ester sorria com uma certa felicidade expressa em sua cara, e eu só olhava para ela esperando a sua resposta. — Que tal irmos a um restaurante?

— Tá legal, eu vou marcar a reserva — tiro ela de cima de mim e me levanto da cama.

— Eu posso tomar banho aqui? — Ester pergunta em pé ao meu lado, com o lençol embrulhado ao seu corpo.

— Pode sim — olho para ela só para dizer isso e depois começo a procurar pelo o meu celular.

— Eu vou só lá em casa buscar a minha roupa que eu vou usar hoje à noite e já volto — disse Ester enquanto vestia sua roupa e eu só concordo com a cabeça, depois de alguns minutos ela sai do meu quarto.

— Alô, boa tarde. Duas reservas para as 21:00 horas — comunico assim que a atendente me atende.

.............

Enquanto esperava a Ester se arrumar, eu conversava com a minha irmã, na sala, sobre o seu casamento.

— Então me conta, vocês já estão se entendendo melhor? — Jade pergunta, se referindo a mim e a Flávia.

— Quem me dera. Eu quero me aproximar dela, mas parece que sempre quando estou conseguindo, ela dá um passo pra frente, me impedindo de chegar perto dela — e isso é horrível, pois a cada dia que se passa o meu tempo acaba.

— Você tem que dar tudo de si agora, Miguel — seus olhos tinham urgência. — Só há duas tarefas e depois do casamento ela vai embora.

— Como assim, ela vai embora? — Franzo minhas sobrancelhas com essa notícia.

— Eu nem deveria estar te dizendo isso, porque é só entre eu, o Ben e a Flávia, mas eu quero te ajudar. A Flávia só aceitou ser minha madrinha porque entramos num acordo, ela seria minha madrinha e fazia todas as tarefas restantes e depois disso no outro dia, ela já iria embora — Jade me explica tudo.

— Pois então não vão ser dois meses para reconquista-la, e sim só algumas semanas — sussurro.

Mudança de planos, Miguel.

— Miguel vamos, já estou pronta — vejo Ester descer as escadas. Ela usava um vestido curto colado preto com listras brancas de manga longa.

— Boa sorte, hoje à noite, irmão — Jade dar um breve sorriso.

Acho que não vai ser tão tedioso assim, até porque já tive vários encontros com ela.

— Vamos. — Me levanto do sofá, pego na mão da Ester e assim saímos de casa.

Entramos no carro e fomos em direção ao restaurante, que não era muito longe de casa.

Estaciono o carro e entramos no estabelecimento. O atendente veio para perto de nós e nos mostrou aonde ficava a nossa reversa, que era a mais afastada das outras mesas.

— Nem acredito que enfim saímos — Ester sorrir para mim, orgulhosa.

— Nem eu — murmuro, abaixando minha cabeça.

— Você falou alguma coisa? — Ela pergunta.

— Sim. Vamos fazer o pedido? — Levanto minha cabeça e chamo o garçom logo em seguida, do qual anota os nossos pedidos e depois nos deixa sozinhos novamente.

— Miguel a gente tem que já ir logo ajeitando as coisas do nosso casamento — Ester ultimamente falava sobre esse assunto direto — porque você já começou a fazer as suas coisas com a madrinha que a sua irmã escolheu, e vai chegar uma hora que você nem vai ter tempo para mim e nem para resolver as coisas do nosso próprio casamento.

Eu já não tenho tempo para você faz tempo, será que você não percebeu isso ainda?

— Ah, e antes de você me falar alguma coisa, eu não quero saber quem é ela, não quero sentir mais ciúmes de você, se por acaso for alguma conhecida — ela pega na minha mão e segura forte.

— Não falarei quem é. — Sou bem honesto em minhas palavras, até porque eu já nem ia dizer mesmo.

Se eu dissesse que a madrinha é a Flávia, com certeza a Ester ficaria louca e faria de tudo para que eu desistisse de ser padrinho do casamento da minha própria irmã.

O que de fato eu não deixaria de ser.

E é nessa hora que o garçom chega ao nosso lado trazendo os nossos pedidos, e se retira novamente.

.................

Ficamos no restaurante mais tempo do que eu gostaria de ter passado, mas ainda bem que já vamos embora.

— Eu amei hoje, espero que isso se repita mais vezes. Você também gostou? Nós nunca mais tínhamos saído desse jeito — Ester olha para mim, muito feliz.

Mas o que foi que eu fiz demais?

— Sim... e-eu também gostei — estaciono em frente à minha casa.

— Hoje eu vou dormir na casa dos meus pais, tá bom? — Ela desafivela o cinto.

— Tá certo — eu faço a mesma coisa. Em seguida ela sai do carro e eu a acompanho.

— Tchau gatinho, boa noite — Ela se encosta no carro e me dar um beijo demorado. E assim ela foi para a sua casa e eu entro na minha.

— Miguel — vejo a Jade sentada no sofá da sala. — Como foi seu encontro romântico?

Ela já começou com as perguntas.

— Você adora brincar com a minha cara, né? — Passo perto dela.

— Você não respondeu a minha pergunta — ela sorria tão descaradamente.

— E nem vou responder, você deve saber muito bem como foi. Eu vou para o meu quarto agora — subo as escadas e vou em direção ao meu quarto.

Assim que entro, me deito logo na cama e começo a pensar: amanhã eu vou fazer a segunda tarefa com a Flávia, mas do jeito que terminamos da vez passada é bem capaz dela fazer isso forçada.

Mas agora eu tenho que dar tudo de si para reconquista-la, pois estamos falando de semanas e não mais de meses.

Eu sinto que ainda mexo com ela.

Mas eu juro Flávia, eu juro que daqui para esse casamento acontecer, eu vou te reconquistar e não vou mais deixar você partir, nunca mais.