Flávia

Ainda me lembro perfeitamente daquele final de semana maravilhoso que eu e o Miguel fizemos juntos. Como não lembrar? Se ele me proporcionou várias coisas legais e divertidas.

Assim que nós voltamos para casa, eu telefonei para os meus pais e contei para eles que estava grávida. Eles adoraram a notícia. Mamãe logo ficou emocionada, eu conseguia ouvir o seu choro pelo o outro lado da linha, pois teria mais um neto pela à frente do qual podia mimar.

E agora aqui estou eu, novamente, nesse mesmo consultório com as exatas dezesseis semanas, para descobrir qual é o sexo do bebê.

— Pronta para saber? — Doutora Marta pergunta, com um sorriso no rosto.

Estou mais que pronta.

— Sim — respondo completamente feliz. Esperei muito tempo por esse momento.

Marta começa a deslizar o aparelho pela a minha barriga.

— E então doutora? — Miguel chama a atenção dela. Parece que tem mais alguém aflito aqui, além de mim.

— O sexo do bebê é... — Ela para de falar logo na parte em que eu mais queria saber, fico apreensiva, e segundos depois ela prossegue: — masculino — Marta olha para mim e depois para o Miguel. — Parabéns, vocês vão ter um menino.

Nessa mesma hora olho para o Miguel, emocionada, e vejo que ele se encontra na mesma situação que eu. Nenhum de nós conseguiu segurar as lágrimas, tamanha a emoção que tivemos ao ouvir isso.

— Vocês já pensaram em algum nome? — Marta pergunta enquanto me entrega uma toalha, certamente para eu poder limpar a minha barriga.

— Sim — digo e nessa hora o Miguel olha para mim, claramente consigo ver um ponto de interrogação bem na sua testa, ele está confuso, o que não é para menos. Os dias se passaram e não falamos mais nada sobre o nome do nosso bebê, mas eu já sabia que nome dar para ele ou para ela, pois sem percebemos havíamos escolhido naquele dia, antes de viajarmos. Eu só não tinha dito isso a ele, queria fazer uma surpresa quando a doutora me perguntasse, e foi o que ela acabou de fazer segundos atrás, e a resposta já estava na ponta da língua. — Nosso filho vai se chamar Enzo — digo não olhando para ela, mas sim para o Miguel, que se encontrava completamente estático, com as palavras que tinha acabado de ouvir saindo da minha boca.

— Bonito nome — Marta nos interrompe. Tínhamos acabado de criar um clima bem na sua frente. Parecia que nada mais importava. Miguel me olhava de uma forma que eu não conseguia decifrar. Ele estava me examinando, tanto o meu corpo como a minha alma. E só paramos de nós olhar dessa maneira, porque a doutora percebeu como estávamos, um para o outro.

Saio do meu transe. Desço da maca e nos despedimos da doutora Marta, ainda bem que está tudo normal com o nosso bebê.

Assim que saímos do consultório os nossos amigos vieram na nossa direção. Todos eles estavam na recepção, esperando a gente sair da sala e contar para eles qual era o sexo do bebê. Eles estavam bastante apreensivos, assim como nós estávamos.

— E então, menino ou menina? — Olívia pergunta, toda animada.

Olho para o Miguel e ele segura na minha cintura.

— É menino — ele diz ao esboçar um grande sorriso no rosto.

— Um amiguinho para o Nicolas — Otávio comenta e a Cecília confirma sorrindo, tanto para ele, quanto para mim. Sorrio para eles dois e até para os outros que também estavam aqui, a nossa espera.

— Vocês já escolheram o nome? — Heloísa fica ao meu lado no momento em que pergunta sobre isso.

— Vai se chamar Enzo — olho para ela e sinto o Miguel apertar um pouco a minha cintura. Eu sabia que ele iria adorar esse nome. Por isso que eu o escolhi para colocar no nosso filho.

— Que nome mais lindo — Jade aparece no nosso campo de vista, bem alegre.

— Parece um pouco com o nome do pai de vocês, não? — Ben olha da Jade para o Miguel e depois para mim.

— Sim, essa foi a intenção — confirmo, rindo.

Saímos todos do hospital e cada um foi para as suas casas, menos o Ben e a Jade, que quiseram passar o restante do dia na nossa casa.

— A festa já é amanhã — Jade fala comigo. — Está feliz? — Pergunta.

A empresa em que eu trabalho subiu elevados níveis ao longo desses anos e como amanhã ela completa dez anos, os colaboradores juntamente com o chefe, pensaram em promover uma festa. Eles fazem uma festa todo ano, mas a de amanhã é mais especial, eles vão promover alguém; foi o que todos os meus amigos de trabalho disseram. Com certeza o meu chefe vai escolher o que tem mais anos de experiência no ramo jornalístico. Assim que eu soube dessa notícia, eu estava com a Eva, eu disse a ela que com certeza ela iria ser a escolhida deles. Ela tem anos de competência e experiência que devem ser levados em conta, certo? Se for ela mesmo, ficarei muito feliz, ela merece e muito. Mas o que nos resta agora, é esperar para o amanhã chegar.

— Feliz? — Faço uma pergunta retórica. — Eu estou maravilhada, está tudo se encaixando. Tenho ótimos amigos, uma ótima família, um ótimo trabalho e agora uma criança vem para alegrar mais os meus dias — digo, mesmo que o meu chefe não chegue a me escolher, já que eu não tenho nem dois anos direito trabalhando na empresa, com ele, não chego a pensar muito nessa possibilidade, já que tenho outros colegas de trabalho com mais experiências que eu e dependendo de quem seja, eu já me sinto muito feliz em ter tudo isso que eu comentei acima, e que tudo é bem perto de mim. Já imaginou para quem ele for promover ter que morar em outro lugar? Outro país? Já que eles têm várias filiais em todos os lugares do Brasil e do mundo, e eu ter que me separar de tudo e de todos? Por isso que eu prefiro pensar que não sou a possibilidade de escolha dele.

O Ben e a Jade sorriem com a minha declaração.

— E como está a Giulia? — Miguel pergunta assim que acaba de se sentar no sofá, ao meu lado.

— Ela está tão sapeca — Ben rir ao se lembrar como é a sua filha em casa. — Ela dá muito trabalho, nunca vi uma criança com tanta energia. E quando ela se junta com a Analu e a Laís, aí já viu a festa — todos nós rimos com a última parte que ele falou. Crianças tem sempre muita energia, e é verdade que quando se juntam com mais crianças, principalmente da mesma idade, se não tivermos cuidado vira uma zona.

— Mais vamos concordar que a Giulia é um amor — tento defender a minha sobrinha, que por sinal, é uma fofura em pessoa.

— Ela é sim — Ben diz com um brilho no olhar. — E eu sou muito feliz com ela e com você — ele vira o seu rosto para a Jade e dar um beijo nela, rapidamente.

— Engraçado que até há alguns anos atrás, estávamos todos solteiros, com exceção de vocês dois — Jade aponta para nós — e da Cecília com o Otávio, mas até então as outras pessoas do nosso grupo não tinham nada sério com ninguém e agora todos nós já temos família e filhos.

— Menos o Raul — Miguel completa de imediato. Eu sabia que ele não ia perder a oportunidade de zoar com a cara do Raul.

— Menos ele — Jade também confirma.

— Ele disse que está indo com calma com a Olívia — Ben rir.

— Talvez esteja... — digo simplesmente, tentando o defender de alguma maneira.

— É o nosso único casal que está indo com calma, Flávia — Jade gargalha, e eu imagino muito bem o que ela está tentando passar ao falar isso.

— Jade! — Miguel repreende a sua irmã.

— Que foi? — Ela levanta uma sobrancelha para ele.

— Nada — dissemos eu, Miguel e o Ben ao mesmo tempo.

Passamos a tarde toda assim, só conversando, já que os pais do Miguel voltaram e queriam passar o dia com a Giulia. Meu irmão não gosta muito de se separar da sua filha, mas é bom ter um tempinho só para ele e para a Jade, além de que ela não está com estranhos e sim com os seus avós.