Flávia

— Por que não assistimos ao um filme? — Miguel vem na minha direção. Se senta na beirada da cama e olha para o que se passa na televisão, fazendo logo uma cara de que não está aprovando algo, por isso sugeriu o filme.

— E por que não fazemos algo diferente? — Pergunto, agora não mais olhando para a televisão e sim para ele. Ele olha para mim a espera que eu fale mais alguma coisa, e eu só mexo os meus lábios, sem emitir nem um tipo de voz: "vamos sair da rotina". "Fazer algo diferente". Ele conseguiu entender o que eu murmurava, pois logo levanta sua cabeça para mim encarar, já que ele estava há segundos atrás, só olhando para a minha boca em movimento.

— E o que você quer fazer? — Pergunta.

— Ah, eu não sei — suspiro. Só quero fazer algo diferente. Algo que normalmente a gente nunca faz. — Eu só quero que esse final de semana seja inesquecível — digo simplesmente com a cabeça abaixada.

— Por que não ficamos no balanço, que tem ao lado da casa? — Sugere, assim que levanta meu queixo com a sua mão, me fazendo olhar os seus mais belos olhos.

— Pode ser. — Sorrio. Me levanto da cama e desligo a televisão.

Juntamos nossas mãos e saímos para fora da casa. A noite estava fria e solitária. A única coisa que a acompanhava, eram algumas poucas estrelas, que ainda se encontravam afastadas umas das outras.

— Espera um segundo — Miguel toca meu ombro, assim que um vento frio passa sobre nos. — Eu vou pegar um agasalho — concordo e faço o que ele me pediu. Esperar. Vejo ele entrar no quarto e desaparecer dentro dele. Minutos depois, quando o frio da noite já estava me cobrindo por inteira, ele aparece.

— Agora podemos ir. — Coloca seu braço ao redor da minha cintura. — Demorei um pouco a achar, você guarda as coisas bem escondido, sabia? — Ele rir e eu o acompanho.

Fomos em direção ao balanço e nos sentamos nele. Encosto minha cabeça em seu peito. Ele fica balançando para frente e para trás. Esse vai e vem, com o barulho das folhas das árvores batendo umas nas outras, por conta do vento, juntando com o céu bem fresco e sereno, dar vontade de dormir. Ainda bem que o Miguel sugeriu que viemos para cá, aqui é realmente lindo e eu nunca tinha experimentado isso antes.

— Olha, como a noite está linda — digo a ele, enquanto olho para o céu com poucas estrelas.

— Está linda mesmo, assim como você — Miguel me dar um beijo na bochecha. Rio com o seu comentário. Engraçado, como os anos podem se passar, mas o Miguel nunca perde essa sua mania de flertar comigo, não estou reclamando, longe disso, até porque eu amo quando ele faz isso. Mas é porque alguns romances, com o passar dos anos, vão se desgastando e as pessoas deixam até de flertar com os seus próprios companheiros, sendo que isso é uma das partes mais importantes de um namoro; é o quanto você se importa com essa pessoa e o interesse que você tem por ela.

— Você como sempre flertando comigo — levanto minha cabeça para olha-lo.

— Claro querida, não posso perder o costume. — Me dar uma piscadela e em seguida por não aguentar muito tempo, começa a rir.

— Eu sei disso. — Passo a mão pelo o seu peito, sem jamais quebrar o nosso contato visual. Eu estava me perdendo nos olhos que eu tanto amava, quando um vento gelado passa por mim. — Nossa que frio aqui. — Me abraço, como forma de tentar afastar o frio de mim, o que é quase impossível.

— Está fazendo mesmo, e foi por isso que nos trouxemos isso. — Mostra o agasalho e abre o mesmo para nos cobrir. Me cubro dos pés ao pescoço, sem deixar nenhuma parte de fora. Se pensássemos melhor, já era uma boa hora para entrarmos dentro de casa, só por causa desse frio que está nos tomando por completo. Mas aqui está tão... romântico, que eu não quero voltar para casa agora. Ficaremos aqui só mais um pouco. Me encosto novamente em seu peito e olho para o céu.

Depois disso não dissemos nenhuma só palavra. Não precisávamos dizer mais nada, o momento já dizia muita coisa. Pego em minha barriga e olho para o Miguel, do qual o mesmo me retribui com um sorriso gigantesco e repousa sua mão em cima da minha. Aproximo meu rosto do dele e toco seus lábios com os meus.

...................

— Vamos andar de bicicleta? — Ele pergunta ao se sentar na cama.

Tínhamos incluído duas bicicletas na parte de trás do nosso carro, para aproveitamento de algum passeio, durante nossa estadia aqui.

— Andar de bicicleta? — Olho para o relógio que continha na parede. — Mas agora, tão cedo? — Pergunto.

Eram quase dez horas da manhã, mas como nós tínhamos ido dormir tarde, eu ainda estava morrendo de sono. Ficamos mais tempo do que o planejado olhando para o céu e para nos. Conversamos sobre várias coisas, principalmente do nosso percurso que tínhamos passado de quando nos conhecemos até aqui, onde nos encontramos hoje. E depois quando voltamos para o quarto, tivemos uma noite de amor magnífica.

— Sim, agora — Miguel me olha e como ver que eu não faço nada, prossegue: — Vamos Flávia, você mesmo disse que queria que esse final de semana fosse inesquecível e eu estou fazendo de tudo para que ele seja.

Realmente ele estava se esforçando para fazer isso tudo dar certo.

— Tudo bem, você venceu. — Me espreguiço e em seguida me levanto da cama. — Vou tomar um banho — aviso a ele.

— Vou te esperar na cozinha então. — Sai em direção a porta do quarto, e quando eu penso que ele vai sair, já que eu o acompanhava com o olhar, ele se vira para mim e diz: — já preparei o nosso café da manhã.

— Certo. — Vou em direção ao banheiro, e vejo quando ele sai definitivamente do quarto.

Tomo um banho bem rápido. Visto um short jeans e uma regatinha preta e vou de encontro ao Miguel.

— Estou pronta — digo assim que adentro na cozinha.

— Está linda. — Me olha dos pés à cabeça. — Vamos só comer primeiro, ok?

Concordo com a cabeça. Me sento ao lado dele e começo a comer tudo o que vejo pela a frente. Estou morrendo de fome, não sei se é por conta do bebê ou pela a noite de sexo.

— Estou vendo que esse negócio de comer por dois já começou. — Olho para ele. — Que bom, eu já estava preocupo com você — coloca sua mão em cima da minha e dar uma risada.

— Começou mesmo — confirmo o que nós dois já sabíamos e continuo a comer. Ainda bem que agora estou comendo mais direito e não só colocando comida para fora. Graças a Deus essa fase já passou. Assim eu espero.

Assim que terminamos de comer, arrumamos a mesa, deixando tudo limpo como se encontrava antes e saímos da casa.

— Vem cá, eu te levo — Miguel me dar espaço na sua bicicleta e na hora eu acho estranho. Se nos trouxemos duas bicicletas é porque cada um iria usar uma, não?

— Eu achei que... — digo pensativa, tentando falar com ele e com o meu psicológico ao mesmo tempo.

— Achou que iríamos em bicicletas separadas? — Arqueia uma sobrancelha e rir em seguida. — Bom, eu realmente não gosto dessa ideia e aliás, acho até mais romântico se formos juntos numa bicicleta só. As duas bicicletas eram só para disfarçar. Você acha que eu iria deixar você andar sozinha em uma, enquanto eu posso te dar muito bem um espaço da minha? — Pergunta.

— Pensando bem, você já me ganhou com essas palavras — dou um sorriso para ele, do qual pisca para mim, completamente feliz.

Subo na bicicleta no lugar que o Miguel havia deixado para mim, e em seguida ele começa a pedalar. Ficamos por muitas horas assim, estava sendo tão divertido, que eu não queria que esse passeio parasse. Não queria que esse final de semana acabasse. Mas ele vai acabar e nós vamos voltar para as nossas vidas.

Minutos depois, percebo que o Miguel está diminuindo a velocidade da bicicleta, certamente vai dar uma pausa. Assim que ele para definitivamente, perto de algumas árvores, nos descemos da bicicleta encostando ela e a nos mesmo no tronco de uma árvore, para descansarmos.

— E então, esse final de semana foi inesquecível para você? — Ele pergunta.

— Sim, foi maravilhoso. — Encosto minha testa na sua. — Obrigado — beijo a mesma, demoradamente. Desço mais um pouco meu rosto, até encontrar os seus olhos. — Obrigado — digo novamente e em seguida beijo seus lábios com fervor.

Esse final de semana foi todo de experimentos. Sexo no lago, olhar as estrelas do céu, e agora um passeio de bicicleta. A gente não faz isso normalmente, e eu amei cada coisa que nós fizemos juntos.