9
Flávia
Finalmente o grande dia chegou. A Jade me convidou para ir a sua casa no domingo e eu aceitei. Porém, a minha real intenção de ir para sua casa, era para saber qual é a do Miguel, o que ele está tramando.
Se ele pensa que vai brincar comigo, ele está totalmente enganado.
Tomo coragem para me levantar da cama e ir em direção ao banheiro; preciso de um banho para regenerar minhas forças e deixar minha preguiça de lado. Visto um short jeans claro, uma blusa cinza e uma blusa xadrez, que acabei de amarrar agora na cintura. Estou pronta. Vou para a cozinha e vejo minha mãe.
— Bom dia, mãe — lhe abraço por trás.
— Bom dia, filha — beija o topo da minha cabeça. — Aonde você vai toda arrumada desse jeito? — Pergunta assim que eu a deixo livre dos meus braços.
— Era justamente isso que eu ia lhe dizer — dou uma risada e ela me olha, séria. Não me deixo intimidar e continuo com a minha fala: — Como hoje é domingo, a Jade me convidou para passar o dia todo na sua casa. E eu aceitei. Então provavelmente eu só venho à noite.
— E você só vem me dizer em cima da hora? — Pelo o seu tom de voz, já percebo que ela não irá deixar eu ir. — Mas tudo bem, a Jade é uma boa pessoa — suspiro aliviada por ainda poder ir à casa dela.
E por alguns segundos penso a respeito do que minha mãe acabou de dizer: a Jade é sim, uma ótima pessoa, o seu irmão é que não é. E por falar nisso, eu já estou ficando com medo de ir para esse passeio e está fazendo a coisa errada.
— Eu tenho que ir, mãe — me levanto da cadeira. — Até à noite. — Lhe dou um beijo no rosto.
— Até — segura meu rosto com as duas mãos e me dar um beijo, demorado, na bochecha. — Tenha cuidado — recomenda.
Saio de casa e vou a caminho da parada de ônibus. Assim que o mesmo aparece, dou a mão. Ele para e eu subo. Me sento em uma poltrona perto da janela, pois queria que o vento batesse no meu rosto, e começo a pensar em várias coisas: se ele for simpático comigo e estiver falando mesmo a verdade em ser meu amigo, eu vou ser simpática com ele também e tentar ser uma boa amiga. Mas se ele falar para todos que estiverem lá, que só estava brincando comigo e que eu caí direitinho na sua brincadeira, aí sim o bicho vai pegar, mesmo que todos fiquem olhando para nós.
Desço do ônibus e sigo meu caminho. Paro em frente a porta e a olho de cima a baixo para ver se é realmente isso que eu quero fazer. E a minha resposta é sim. Até porque eu não me acordei cedo, não me arrumei e até já estou aqui na casa deles para desistir agora. Respiro fundo, tentando me preparar para o que vai acontecer a seguir. Toco a campainha e espero, pacientemente. Finalmente, escuto passos vindo e a maçaneta da porta sendo mexida.
Meu Deus, abre logo essa porta antes que eu mude de ideia.
— Oi Flávia — Miguel olha para mim como se não acreditasse que eu realmente estava bem a sua frente. — Então você veio. Não achei que vi... então, quer dizer que você me desculpou, né? — Seu sorriso é gigantesco.
— Você pode me convidar para entrar, pelo menos — arqueio uma sobrancelha ao mesmo tempo em que aponto para a casa.
— Ah sim, desculpa. Pode entrar — se afasta um pouco para o lado, para que eu possa entrar.
— E sim, eu te desculpei. Mas se você fizer alguma gracinha, Miguel — aponto meu dedo indicador no seu rosto, eu estava bastante desconfiada para dizer a verdade — você me...
— Ei, eu disse a verdade quando propôs sermos amigos — abaixa meu dedo. — Você está desconfiando de mim? — Pergunta e eu engulo em seco, não deixaria ele perceber isso. — Então foi por isso que você não veio no horário marcado — ele responde a sua própria pergunta enquanto olha para mim, fixamente.
— A Jade está por aí? — Digo de propósito, esperando ele vir com a maior grosseria comigo, mas ele não faz aquilo que eu achei que fosse fazer.
— Ela está no quarto dela — responde com total tranquilidade, como se não tivesse se importado que eu acabei de mudar o nosso assunto inicial. — Pode subir.
— Obrigado. — Me afasto dele e adentro na casa.
Vejo os amigos dele na sala, assistindo a um filme. Olho para o Cauã; não tem como não prestar atenção nele. Entre todos os outros garotos que estavam ali, ele é o único que me chama mais atenção. Bom, em relação a ser bonito e simpático, não relacionado a outra coisa. Quero relacionamentos bem longe da minha vida.
Ele é bem bonito na verdade, seus cabelos escuros são grandes o bastante que chega dar vontade de bagunça-los, se caso um dia eu os pegasse e ainda tem os seus olhos pretos, que me olham agora com uma certa intensidade. Não siga por esse caminho, Cauã. Dou um "oi" para ele, do qual me retribui com um sorriso de lado e um "oi" escapa de sua boca. Em seguida subo em direção ao quarto da Jade. Bato em sua porta, e espero alguém abrir. Imediatamente ela abre a porta e me puxa para dentro de seu quarto.
— Amiga, pensei que você não vinha mais. Você não me disse mais nada, apenas disse que vinha e pronto — suas mãos vão para sua cintura. — A gente marca as coisas nove horas e você só vem aparecer as onze — arqueia a sobrancelha, completamente indignada, pelo meu ato. Ela percebe que tem mais alguém no quarto e me apresenta. — Essa aqui é a Cecília, minha outra amiga — abraça a garota. — Ela resolveu fazer enfermagem, por isso tivemos de nós separar.
— Oi prazer, Flávia — estico minha mão para cumprimentá-la.
— Prazer, Cecília — pega na minha mão. Seus cabelos são castanhos, longos e bastante encaracolados. Sua pele bronzeada, dar a atender que ela vai muito a praia ou nada muito na piscina, o que de fato não é de se admirar, já que o Miguel convida os seus amigos para vim a sua casa todos os domingos.
— Ela é namorada do Otávio — Jade diz como se eu soubesse quem é esse rapaz — um outro amigo do Miguel, mas acho que você não o conhece — nego com a cabeça.
— Na verdade não, eu só conheço o Cauã — comento.
— Vamos descer? — Ela sugere. — Eu estava aqui só a procura do biquíni que irei usar. Você vai nadar, né? — Pergunta.
— Nadar? — Me faço de desentendida. — Mas eu nem trouxe biquíni — dou um giro e mostro minhas mãos a ela, como para indicar que eu não trouxe nada, além da minha presença.
— A gente vai nadar só mais tarde, já perto de ficar de noite — me explica. — Eu posso te emprestar um, se você quiser — caminha até sua cômoda. Abre uma gaveta e mexe em algumas peças de roupa.
— Vou pensar no seu caso. — Para de mexer na gaveta, assim que tira de dentro dela um biquíni preto. Coloca o mesmo em cima da cômoda, para dizer que o podia pegar, se caso eu mudasse de ideia. Concordo com a cabeça. Saímos do seu quarto. Descemos para ir à sala, já que era o lugar onde todos os garotos estavam reunidos. Eles estavam mexendo em alguns dvd's, com certeza iríamos assistir algum filme.
— Meninos — Jade chega bem perto deles e eles olham em sua direção. — Essa é a Flávia — aponta para mim. — Minha mais nova amiga — me apresenta para os outros garotos que até o momento eu não conhecia.
— Oi Flávia, me chamo Raul — me dar um sorriso. Ele é um simpático loiro de olhos azuis. Olhando assim para ele, me lembro como os seus olhos se parecem um pouco com os do Bernardo... Bernardo? Por favor Flávia, não pense nele, não pense nesse traste que só te fez sofrer.
— Prazer Flávia, sou o Otávio — esse outro rapaz acena para mim, o que faz eu esquecer rapidamente o que estava pensando.
— Oi Raul, oi Otávio — aceno para eles dois. — O prazer é todo meu. — Sorrio.
— Qual filme vocês vão assistir agora? — Jade pergunta.
— Qualquer um que você quiser — Raul, o garoto que eu acabei de conhecer, diz e todo mundo cai na gargalhada.
— Ei cara, que isso, ela é minha irmã — Miguel toca no ombro dele, rindo.
— Qual filme você quer assistir, Flávia? — Cauã me pergunta, olhando fixamente para mim.
— Não sei. Quais tem aí? — Pergunto, tentando ver o nome dos filmes.
— Tem esse de ação, esse de animação e esse de comédia romântica. Qual você escolhe? — Miguel interrompe a minha conversa com o Cauã, passando todos os filmes nas suas mãos.
— Eu gosto desse de comédia romântica — aponto para o filme. — Acho bem divertido e engraçado — dou uma risada.
— Vocês concordam em assistir esse? — Miguel pergunta, chamando a atenção de todos.
— Sim — disseram em coro as outras pessoas que estavam presentes ali.
— Antes de começar o filme, eu vou trazer alguma coisa para nós comermos. Vem me ajudar, Flávia? — Concordo com a cabeça e a sigo até a cozinha. — Acho que o Cauã está afim de você — diz assim que chegamos, com total certeza.
Bem que eu imaginava... não era só coisa da minha cabeça, até a Jade percebeu isso.
— Ele até pode estar, mas eu não. Eu mal o conheço e mesmo assim faz pouco tempo que estou aqui em Recife. Não quero ficar com ninguém agora — balanço minha cabeça para os lados.
Nem agora e nem daqui os próximos anos.
— Certo, você que sabe. Mas ele é um gato — pisca para mim.
Ele é realmente um gato, mas isso não vai interferir em nada sobre o que eu quero agora para mim.
— E você com certeza já deve ter ficado com o Raul, estou certa? — Arqueio uma sobrancelha. — Porque pelo jeito que ele falou com você lá na sala, dava a entender que rolou algo entre vocês — dou um sorriso de lado.
— Sim, mas já faz um bom tempo — sorrir. Seguimos para a sala, do qual eles já tinham colocado o filme para começar.
Assistimos ao filme, mas como ainda era cedo, fomos para a sala de jogos. Os meninos ficaram jogando sinuca e as meninas (eu, Jade e Cecília) ficamos jogando videogame. De vez em quando os meninos pediam para jogar videogame e a gente cedia. Ficamos assim até não sei que horas. Quando alguém fala, fazendo-me distrair por milésimos de segundos, segundos esses que fizeram eu levar um belo game over, bem diante dos meus olhos.
— Vocês não acham que a gente já está jogando a muito tempo e que seria bom agora nós irmos nadar? — Vejo que era o Otávio que perguntava sobre isso, ele olhava para todas as pessoas, e por fim parou no Miguel.
— Já era a hora mesmo — disseram juntos Cauã, Raul, Cecília e Jade.
— Então, vamos nadar! — Miguel responde, pousando seus olhos em cima de mim. — Eu vou só no meu quarto — desvia seu olhar do meu e agora ele olha para o Otávio. — Volto rapidinho — deixa a sala de jogos.
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