53
Flávia
— Flávia, eu estava te procurando — quebro o meu contato com o Miguel ao virar meu rosto em direção a essa voz. Reconheço que é a Cecília, mas antes que um sorriso se forme em meu rosto e eu lhe pergunte o que ela deseja comigo, a mesma já pega na minha mão e me puxa para o lado de fora desse cômodo que eu estava até segundos atrás. — Você precisa ver o quarto em que a gente vai ficar — ela vira o seu rosto para trás, para assim poder me olhar enquanto diz isso, com um enorme sorriso no rosto, noto até que os seus olhos estavam brilhando.
— Ah, claro — a acompanho aonde quer que nós estamos seguindo. Ao que parece todos aqui conhecem muito bem essa casa. Gostei de conhece-la também. Na verdade, me apaixonei por ela a partir do momento em que coloquei meus pés aqui.
Ao passar pela porta, do quarto em que vamos ficar por esses dias, faço uma rápida vistoria nele. A pintura das paredes é de um amarelo bem claro, e ao olhar para elas acabo de perceber que as cores dessa casa são bem claras mesmo; o quarto dos garotos é azul-claro, a cozinha é branca e a sala é um cinza bem claro. Deixo de olhar para as paredes e é onde eu vejo o quanto esse quarto é espaçoso, vamos ficar só nós três aqui, mas se duvidar cabem até mais.
— Em qual cama você quer ficar? — Cecília pergunta, fazendo-me sair do meu transe. Pisco meus olhos a medida em que olho para ela. A encaro por alguns segundos sem saber o que lhe responder; eu ainda estava olhando a dimensão do quarto, nem tinha prestado atenção nas camas ainda.
— Não podíamos escolher se você não estivesse aqui, seria injusto — escuto uma outra voz aqui, e essa está saindo do banheiro, além de eu conhecer e escuta-la bastante. Jade. Olho para ela, suas mãos estavam molhadas e os seus cabelos também estão um pouco, nas pontas. Ela me indica com o queixo as camas, como se dissesse: "e aí, qual vai ser?".
Faço o que ela e a Cecília estavam me pedindo para fazer, imediatamente.
— Eu quero essa — aponto para a cama que está encostada na parede. Foi puro impulso, mas até que no final das contas eu gostei dela. A minha cama em casa também é encostada na parede, então talvez, por esse fato, eu consiga dormir aqui, tranquilamente, pensando ser ela. Assim espero.
— Certo, eu fico com essa — Jade aponta para a cama que fica perto da porta de vidro, queeu ainda não havia a visto ali, da qual dar para o lado de fora da casa, o lado em que se ver a piscina, lá embaixo. Estou com muita vontade de ir até lá e a abri-la.
— Bom, e eu vou ficar com a cama que eu já queria mesmo — vejo a Cecília se jogar na cama do meio, aonde irá dormir por esses dias, e pelo que eu cheguei a perceber; pela a sua fala e o seu jeito de se deitar nela, que ela sempre dorme nessa cama quando vem para cá. Espero está certa.
— Essa casa é muito bonita, Jade, além de ter uma vista linda — comento ao olhar para a porta novamente, ela estava me chamando, pedindo para ser aberta, e daqui a pouco eu farei isso. Pode apostar. — Faz tempo que vocês a têm? — Pergunto indo em direção a porta. Quando a abro, ventos frios assopram o meu rosto. Encantada. Dou alguns passos para frente e quando chego na sacada, olho para baixo, vendo que a água da piscina se mexia para lá e para cá. Fascinada. Mas ao prestar mais atenção nela, noto que nenhum dos garotos estavam ali, e agora parando para ouvir algo, não escuto nada, o silêncio acaba de se instalar aqui. Desesperada. Porém logo passa quando a Jade se aproxima de mim, ficando ao meu lado.
— Faz um tempinho — diz simplesmente, dando de ombros. Sua mão vai de encontro as minhas costas e nós voltamos novamente para o quarto. — Sempre quando estamos de férias, passamos uns dias por aqui — comenta, sorrindo. Ela parece gostar muito desse lugar, dar para ver pelos seus olhos. Na verdade, todos parecem gostar muito desse lugar, o brilho nos olhos que cada um transmite ao falar daqui, é incrível, eles devem ter passado bons momentos por aqui. E eu espero passar também.
— Você tem que ver como aqui é relaxante, Flávia — Cecília já estava toda à vontade na cama, parecia até que era dela. A Jade olha em sua direção e revira os olhos, rindo, ela já deve estar acostumada com esse tipo de coisa. Dou um gargalhada ao imaginar isso sempre acontecendo por aqui.
— Percebe-se — comento ao examina-la de cima a baixo, deitada nessa cama. Ela percebe o meu ato e dar de ombros, em seguida começa a rir. E agora eu acabo de confirmar os meus pensamentos anteriores em relação a Cecília-e essa cama, elas têm um tipo de relacionamento sério.
Enquanto olhava para a Cecília, rindo, que namorava a sua cama, alguém nos distrai da nossa brincadeira, pois até a Jade que estava rindo há segundos atrás, para de fazer isso quando ver alguém na nossa porta.
— Meninas — vimos que é o Otávio que nos chamava. A Cecília até ficou sentada na cama para saber o que ele queria falar. Nós três olhamos em sua direção. — Precisamos de uma mãozinha com o nosso almoço — ele coça a nuca enquanto faz uma careta.
E é aí onde entra o meu desespero de antes; eu sabia que algo estava errado, sabia que eles estavam tramando alguma coisa. O silêncio em uma casa, com várias pessoas dentro dela, na maioria das vezes diz muita coisa. Eu só quero saber do que se trata, logo.
Rapidamente descemos as escadas, nem nos importando se passávamos por cima do Otávio ou não, se ele foi até o nosso quarto pedindo ajuda com o nosso almoço, coisa boa é que não é. Ao chegarmos na cozinha, com a mão em nossos corações para nos acalmar, já que descemos as escadas correndo e estávamos sem fôlego agora, notamos qual era o estado em que a cozinha se encontrava. Não era dos melhores.
Desorganização era a palavra que resumia esse cômodo da casa. As sacolas das compras estavam todas jogadas no chão. As comidas que havíamos comprado estavam todas espalhadas pela mesa, além da pia e do fogão estarem completamente sujos.
Acho que um furacão acabou de passar por aqui... acho não, tenho certeza!
— Mais o que foi que aconteceu aqui? — Pergunto, rindo. Eu queria muito está séria, os xingar, e repreende-los, mas não dar, eu não consigo, mesmo que eu quisesse e muito.
— Cada um de nós — Ben me responde, apontando para si e para outros enquanto faz um giro com o seu dedo indicador, parando em seguida no Otávio — menos o Otávio que disse que era péssimo, queria provar o quanto era bom na cozinha, mas acho que acabou dando merda tanto conhecimento junto — começa a rir, descaradamente. Meu queixo cai quando eu escuto ele falar essa última parte, arqueio uma sobrancelha e olho para ele, como se dissesse: "você ainda acha? Olha de novo para essa cozinha para você ter a certeza". Mas ao contrário do que eu achei que ele fosse fazer, o mesmo só revira os olhos para mim.
Vejo pelo canto do olho, a Jade olhar para tudo aquilo com a sua mão na boca.
— Meu Deus, eu não acredito, que zona é essa? — Ela assim como eu queria estar brava, brava por eles terem feito esse tipo de coisa, mas invés disso ela estava sorrindo, pude ver isso quando ela foi afastando aos poucos a sua mão da boca.
Antes que eles pudessem responder alguma coisa, a Cecília intervém tomando a frente de tudo, e para isso ela até deu um passo para frente.
— Eu acho melhor vocês deixarem isso com a gente — ela fica no meio dos rapazes, com um sorriso zombador nos lábios. Todos riem diante dessa atitude dela, e quando eu olho para o Otávio, o mesmo olhava para ela com brilho nos olhos, esses que dizem muitas coisas e uma das quais eu sabia muito bem dizer agora, era que ele tinha muito orgulho de ela ser a sua garota.
Deixo de olhar para ele e olho para os meus amigos, irmão e namorado, e respondo a todos eles, tomando a mesma atitude que a Cecília.
— Isso mesmo! Nós sabemos que vocês têm um ótimo dom na cozinha, mas é melhor não arriscar, sabe? — Na minha voz havia um certo sarcasmo, e eu espero que eles tenham entendido isso.
— Tudo bem, madame. A senhora que manda — Miguel me dar um sorriso de lado e em seguida começa a rir.
Então foi exatamente isso que nós três fizemos — eu, Jade e a Cecília — ficamos fazendo o almoço enquanto os meninos arrumavam a bagunça que eles mesmos haviam feito na cozinha.
...........
Depois que terminamos o nosso almoço, cada um lavou o seu prato e ficamos na sala assistindo ao um filme. E assim que o filme terminou, o Miguel fala:
— Vocês querem nadar na piscina agora ou querem conhecer primeiro a praia que fica por aqui perto? — Ele olha para todos a espera de uma resposta, vendo quem vai se pronunciar primeiro. Porém, ele nem precisou esperar muito, já que todos nós respondemos "praia". Ele prossegue: — Então vamos — bate as mãos nas pernas e em seguida se levanta do sofá. Fazemos também a mesma coisa.
Logo, cada pessoa vai em direção ao seu quarto para colocar a sua roupa de banho.
Eu tinha acabado de colocar meu biquíni e já vestia uma regata por cima, para o cobrir, quando a Jade fala comigo:
— Você pode amarrar para mim, Flávia, a parte de cima do meu biquíni?
— Claro — ela se vira, ficando de costas para mim e eu começo a fazer o laço. Quando acabo ela se olha no espelho para ver como ficou. Em seguida ela olha para a porta ainda trancada do banheiro. Caminha em direção o mesmo e dar batidinhas na porta.
— Está dando tudo certo, Cecília? — Pergunta, um pouco alto, para que a outra pudesse ouvir.
A Cecília foi a primeira a ir para o banheiro se trocar e como não queríamos demorar muito tempo, eu e a Jade só trancamos a porta do quarto e nos trocamos aqui mesmo, só que ela estava demorando demais. Já caminhava para perto da Jade, quando a Cecília abre a porta.
— Deu certo.
— Então vamos logo, antes que os meninos falem da nossa demora — elas concordam e assim saímos do quarto e descemos as escadas. Os meninos já estavam na porta de entrada, impacientes, esperando pela a gente.
Não disse?
— Mais vocês, mulheres... demoram um ano — Raul comenta ao revirar os olhos.
— Só parem de reclamar, tá bom? — Jade anda mais na frente, para ficar ao lado do seu irmão. Ela vira o seu rosto para ele e fala: — Vamos, Miguel? — E o mesmo só concorda com a cabeça.
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