51
Flávia
Finalmente sexta-feira.
Finalmente último dia de aula.
E finalmente férias.
Estava voltando para a minha casa, junto com os meus amigos, quando o Miguel nos distrai de nossos pensamentos:
— Gente, eu estava pensando de nós irmos para a casa de praia dos meus pais passar um final de semana por lá, já que estamos de férias. Vocês topam? — Pergunta ao olhar para todos ali pelo retrovisor do carro e depois se vira para mim, rapidamente.
— Já estou dentro! — Raul comenta com bastante empolgação, diferente de todos nós que estávamos ali. Por hoje ser o último dia de aula estávamos completamente esgotados, já não aguentávamos mais nem um dia sequer. Alegria e felicidade é o que nos defini nesse exato momento, mas não temos tanta energia assim para compartilhar uns com os outros.
— E quando seria esse final de semana? — Pergunto depois de tirar forças de dentro do meu ser, indo assim embora toda a minha reserva que eu estava guardando. Quando foi que eu pareci tão morta? Acho que só a faculdade faz isso. Continuo a falar: — Porque como você sabe só temos duas semanas de férias — voluntariamente meus dedos formam o número dois e ele concorda com a cabeça como se soubesse disso.
— Esse passeio seria já amanhã — comunica e imediatamente todos nós olhamos para ele, espantados. Como assim já amanhã? Pra quê tão depressa assim? E ao ver as interrogações estampadas bem nas nossas testas, ele continua a falar: — pelos seus rostos confusos imagino o que estejam pensando, mas como só tenho duas semanas: resultando em ser amanhã ou no próximo, a única coisa que me faz pensar para ser logo é o fato de que eu também quero que o Ben vá conosco, mas ele me disse que sábado que vem já vai embora, então não daria certo.
— E nós vamos que horas? — Cauã pergunta ao ver que o Miguel parou de explicar.
— Eu estava pensando da gente sair daqui umas dez horas da manhã para a gente chegar lá, pelo menos, umas doze horas — dar de ombros ao fazer uma curva com o carro. Feito isso, olha novamente para o retrovisor. — E eu pegaria cada um de vocês em suas casas. O que vocês acham disso, pode ser assim? — Pergunta parando o carro. Olho para o lado e noto que chegamos em minha casa. Estava tão envolvida nessa conversa, nas informações que ele dizia, que acabei nem prestando atenção por onde passávamos.
— Pode siiim — dissemos todos juntos, extremamente felizes, agora sim eu posso dizer que estou empolgada.
— Até amanhã, então — digo para todos, depois me viro para falar com o Miguel. — Eu vou comunicar ao meu irmão sobre isso. Mais tarde te mando a resposta se ele vai querer ir ou não, mas do jeito que eu o conheço, possivelmente ele vai querer ir — dou uma risada.
— Tudo bem, meu sol. Vou está aguardando a sua mensagem — diz e assim eu saio do carro. Vejo eles indo embora e depois sigo para a minha casa.
Ao passar pela porta e trancar a mesma, escuto barulhos vindo da cozinha. Caminho até lá e vejo que era a minha mãe que estava com uma vassoura em mãos, passando-a por de baixo das coisas para tirar a poeira. Segundos depois ela nota minha presença, levantando a sua cabeça, me vendo encostada na porta.
— Cadê o Ben? — Imediatamente pergunto isso, antes que ela fale qualquer coisa.
— Ele só almoçou e logo subiu para o quarto. Por quê? — Mamãe para de fazer o que estava fazendo para se sentar à mesa, para descansar. Entro totalmente na cozinha e vou em direção as panelas para me servir e vejo que ela fez macarrão, arroz e frango. Ao terminar de colocar tudo o que eu vou comer no meu prato, caminho em direção a ela e me sento ao seu lado, colocando rapidamente uma colherada de comida na minha boca, antes mesmo de lhe responder. Estou com tanta fome.
— O Miguel nos convidou para passarmos esse final de semana na casa de praia dos pais dele, e eu quero saber se o Ben quer ir conosco ou não — me encosto na cadeira sabendo que já terminei toda a comida que eu tinha posto no meu prato. — Mas eu vou lá falar com ele — me levanto da cadeira e sigo para a pia, começando a lavar o meu prato. Depois disso, ao começar a sair da cozinha, vejo que a minha mãe começa a passar o pano no chão.
Iria passar por ela, se caso eu não tivesse ouvido alguém chamando o meu nome. Olho para as escadas, e lá no alto, o vejo. Suas mãos estavam na cintura e a sua expressão estava séria. Eu nunca havia o visto desse jeito, pelo menos não comigo.
O que foi que eu fiz?
— Você sabia que o Bernardo estava por aqui? — Meu irmão pergunta, arqueando sua sobrancelha de um jeito que ele sempre faz para intimidar as pessoas, fazendo com que elas não consigam mentir e falem somente a verdade. Nunca pensei que um dia ele fosse usar esse olhar em direção a mim.
Recobro a consciência ao escutar o nome dele. Eu nem me lembrava mais que eu o havia visto por aqui e claro que o Ben ficaria desse jeito quando soubesse que eu não lhe contei. Ele e o Bernardo são como unha e carne. Ainda bem que eles têm jeitos e manias diferentes, um do outro. Pelo menos isso.
— O Bernardo? — Coloco minha mão no queixo para ele pensar que eu estou pensando. Depois de alguns segundos passados e ele já não mais com a sua sobrancelha arqueada, eu respondo: — Eu sabia, sim. — Ele arregala os seus olhos devido a essa informação ter saído da minha boca e eu não ter comentado nada disso com ele antes. Mas não é que eu não queira falar é só que eu simplesmente me esqueci, além de que eu não sei aonde ele está hospedado, ele queria que eu fizesse o quê, rodasse Recife todinho atrás do Bernardo? Atrás dele? Ah, me faça mil favor, né? — Eu me esbarrei com ele um dia antes de você vim. Mas como você soube disso? Você viu ele por aqui? — Pergunto, já pensando na hipótese do Ben ter falado para ele aonde a gente mora. Mas não quero pensar sobre isso agora, não enquanto ele não responder a minha pergunta.
— Eu fui andar um pouco e acabei o encontrando. Nós ficamos conversando. Só que ele me disse que já ia embora. Ia voltar para João Pessoa. Mas ele também me disse que você sabia que ele estava por aqui — e lá está, a sua sobrancelha arqueada novamente. — Eu sei que aconteceu aquilo com vocês dois, mas ele é meu amigo, deveria ter me contado, Flávia — só que diferente de antes, ele não estava mais bravo, e sim decepcionado comigo.
— Ele é meu amigo também! — Falo da boca pra fora, para ver se ele muda essa sua cara que está fazendo em direção a mim. Pior do que ver o seu irmão bravo com você é ver que você o decepcionou, sem a mínima intenção.
— Pois não parece — diz com convicção e realmente ele estava certo. Como fugir do meu irmão, se ele me conhece tão bem? Naquele dia em que eu vi o Bernardo me traindo eu cortei todas as relações que tinha com ele e vai ser bem difícil ser amiga dele de novo, se caso algum dia isso acontecer.
— Desculpa por eu não ter te contado antes, mas eu tenho que falar com você uma outra coisa — é melhor eu mudar de assunto antes que eu acabe chorando bem aqui, a sua frente. — O Miguel convidou a gente para irmos passar esse final de semana na casa de praia dos pais dele. Você quer ir? — Pergunto e ele me olha por alguns segundos. Ele vai desistir, eu sei que vai. Ele é sempre instantâneo em suas respostas.
— Claro que sim — diz pôr fim ao dar um suspiro.
— Então vou avisar para ele — começo a subir as escadas para ir ao meu quarto, mas logo paro assim que uma ideia se forma a minha mente. E eu não posso deixar passar. Ele tem que voltar a ser o Ben de antes. O Ben que além de ser meu irmão é meu amigo. — Ah, amanhã se acorde cedo, pois nós vamos sair às dez horas. E se der me acorde também — olho nos seus olhos como se suplicasse, silenciosamente.
— Ok, maninha — um sorriso aparece em seu rosto e eu digo: "isso!", várias vezes, internamente. Depois continuo a subir o restante das escadas, para ir ao meu quarto.
Antes de ir ao banheiro tomar um banho, digito uma mensagem para o Miguel.
— Está tudo certo para amanhã, o Ben vai conosco.
Depois de uma discussão, a nossa primeira discussão, o meu irmão decidiu ir. Ainda bem que deu tudo certo no final.
Depois de me lembrar isso, sigo para o banheiro. Ao sair do mesmo, visto um vestido frouxo cinza e me deito na cama. Depois de alguns minutos escuto meu celular apitando e vejo que é uma mensagem do Miguel.
— Certo. Nos vemos amanhã.
— Sim, nos vemos amanhã — deixo meu celular de lado, olhando em seguida para o teto e acabo sorrindo.
Tomara que amanhã chegue logo.
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