47
Miguel
Portanto beijo a Flávia para ela perceber que agora eu estou em outra e estou sendo muito mais feliz com a Flávia, do que jamais fora um dia com ela. Quero que ela perceba isso, quero que ela perceba o quanto me magoou e me perdeu, me trocando por outro. Penso isso mais para mim mesmo do que para ela, não quero nem pensar em um dia cair nos seus encantos novamente.
Pois se isso por acaso um dia acontecer, será o meu fim.
Quando paro de beijar a Flávia olho em direção a ela de novo, mas noto que a mesma não estava mais lá "nos olhando", então decido curtir a dança novamente, com a minha namorada. Até que pôr fim, minutos depois, a música acaba e eu falo no ouvido da Flávia:
— Baby, eu vou no banheiro, já eu volto.
— Tá bom, eu vou ficar aqui te esperando — diz e eu só concordo com a cabeça. Em seguida deixo ela aqui e vou em direção aos banheiros.
Já saia do corredor, de onde era reservado só para os banheiros, quando uma pessoa pega no meu ombro — e eu reconhecia aquele toque — fazendo me virar instintivamente para ver quem era.
Mas eu já sabia muito bem quem era.
— Você quer parar de esfregar na minha cara que está namorando? — Ester tinha uma mão na sua cintura e me olhava com raiva. Não sei o porquê disso. Quem perdeu foi ela, quando fez a sua escolha.
— Eu não tenho que esfregar nada para você, não estamos mais juntos — digo o óbvio, com toda a calma que o mundo me permite dar a ela. Ela já devia ter superado isso, assim como eu fiz. Demorei anos para superar mais finalmente a tirei do meu coração, do qual já não aguentava mais de tanto sofrer. E a Flávia foi o meu remédio para isso.
— Você sabe que eu e você fomos feitos um para o outro — aponta para mim e para ela. O que é completamente insano e sem sentido. Como assim fomos feitos um para o outro? Se fôssemos mesmo como ela tanto diz, ela não teria feito a burrada que fez. E agora quer vim para cima de mim, como se fosse a coisa mais fácil de esquecer?
Não, Ester, não é fácil!
— Pensasse nisso antes de fazer o que fez comigo! — Ela se espanta com o que eu acabei de falar, dando um passo para trás, como se as minhas palavras dirigidas a ela a ferissem de alguma forma. É, eu sei, foram duras, mas essa é a verdade. Ela tem que botar na cabeça de uma vez por todas que a culpa é toda dela e não minha. Nunca foi minha.
— Miguel, fica comigo? Dá uma chance para mim? Dá uma chance para nós? — Ela dar um passo em minha direção chegando mais perto de mim, como se sofresse com essa pouca distância que tínhamos, até um certo tempo atrás, um do outro, se encontrando agora a poucos centímetros do meu corpo e principalmente do meu rosto. E eu sei exatamente como ela joga. Mas eu já estou esperto o suficiente para não cair mais nele.
Se eu quisesse poderia beijá-la agora mesmo. Mas não vou fazer isso. Aliás, eu nem quero fazer isso. Ela me magoou muito e mesmo que às vezes que pegue pensando nela, nos momentos que tivemos juntos, ela não é mulher para mim, nunca foi e nunca será.
— Não, Ester! Me esquece, porque eu já te esqueci! — Pego em seus ombros, fortemente, e a afasto para o lado, para bem longe de mim. Ela me infecta de alguma forma, e mesmo já sabendo me controlar é sempre bom ter cuidado. Respiro fundo e sigo para a festa, sem olhar para trás, mas com os ouvidos atentos para se caso a Ester quiser me seguir e eu barra-la a tempo de acontecer uma catástrofe.
Não quero que a Flávia saiba quem é ela, ainda...
— Oi, amor — digo assim que chego perto da Flávia, a agarrando por trás. Repouso minha cabeça entre o seu pescoço e ombro e logo inalo o seu cheiro, para assim poder me acalmar, tirar da minha mente o episódio que acabou de acontecer comigo, mas que por algum motivo não quer sair da minha memória.
— Oi, vamos beber alguma coisa? — Levanta o meu rosto com as mãos para poder me ver. — Estava só te esperando — sorrir para mim. — Você demorou demais, sabia disso? — Faz uma pergunta retórica enquanto arqueia uma sobrancelha. Dou um meio sorriso por conta disso.
Não foi porque eu quis...
— Tenho uma ideia melhor, por que não vamos para a minha casa? — Pergunto isso, pois quero sair daqui o mais rápido possível. E de preferência, agora!
— Mas e os nossos amigos? E o meu irmão? — Ela busca respostas para essas perguntas que nem ao menos eu sei dar.
Eu tenho que dar a ela algum motivo para faze-la ir a minha casa. Ficar aqui dentro, no mesmo espaço que a Ester, está começando a me sufocar.
— Ei — boto um dedo entre os seus lábios. — Se lembra da vez passada que você disse que ia dormir na nossa casa, só que você acabou não dormindo, que tal dormir hoje por lá? — Olho fixamente em seus olhos, para fazer com que ela entenda que eu não quero mais ficar aqui. Eu só espero que ela aceite isso, pois já não estou conseguindo pensar em mais nada, todos os meus pensamentos estão se esvaindo da minha mente.
— E-eu... — ela quebra o nosso contato, olhando para todos os cantos possíveis, menos para mim.
E lá vai a minha última cartada. Tudo ou nada.
— Olha, quando a Jade chegar em casa você pode ir para o quarto dela e o Ben pode dormir no quarto de hóspedes ou vocês dois podem ir dormir no quarto de hóspedes... — tento explicar para ela, pois talvez ela estivesse com medo de ir dormir lá pensando que é bem porque eu quero dormir com ela, o que não seria uma má ideia. Já começava até a pensar sobre isso, quando meus pensamentos são interrompidos ao escutar a sua voz.
— Vamos! — Seu rosto se aproxima do meu e ela me dar um selinho. — Só que temos que avisar aos nossos irmãos — comunica ao juntar a sua mão na minha. Entrelaço nossos dedos uns nos outros.
— Ok, então vamos logo — puxo ela para o open bar, que era onde todos os nossos amigos estavam, bebendo e conversando.
— Calma, Miguel, eu não vou a lugar nenhum sem você — comenta de repente, rindo atrás de mim, e eu dou um sorriso ao escutar isso saindo de sua boca.
Você não imagina o quanto eu amei ter escutado isso, Flávia.
— Oi, gente. Só para avisar a vocês que nós já vamos embora — digo a todos, de maneira rápida. A minha vontade de sair daqui, mais os pensamentos sacanas em que eu tiro a roupa da Flávia, juntamente com ela me dizendo que não vai a lugar nenhum sem mim, acabaram mexendo com a minha mente de alguma maneira.
— Mas já? Está cedo ainda — Jade franze as sobrancelhas, mas eu não chego a responder nada a ela e a mesma acaba percebendo o que eu estava fazendo de tudo para que entendesse.
— Eu tenho que ligar para a nossa mãe, avisando alguma coisa? — Ben pergunta à Flávia, arqueando uma sobrancelha em direção a ela, ao mesmo tempo em que a sua mão já está indo de encontro ao seu bolso para retirar de dentro o seu celular.
— Da minha parte, sim — ela responde. — Você também vai querer dormir na casa do Miguel? — Pergunta.
— Eu vou dormir aonde você for dormir, Flávia — diz simplesmente, mas depois seus olhos me encaram. — Claro, se não for nenhum incômodo para você, Miguel.
— Que isso cara, sempre que quiser você pode ir dormir lá em casa. Sem problema algum — digo para ele e depois volto a falar com a minha irmã. Quer dizer eu queria ter a sua atenção de volta para mim, mas ela não parava de olhar para o Ben. Seus olhos estavam grudados em cima dele, qualquer movimento que ele fazia, ela acompanhava e o Raul também já começava a perceber isso, ele não queria que eu visse, mas de vez em quando eu o pegava olhando de relance em direção aos dois, como se suspeitasse de algo, ficando assim, com uma cara estranha. Chamo novamente a minha irmã e dessa vez ela me atende. — Cuidado, viu? Não é para você chegar muito tarde em casa, lembre-se que os nossos pais estão aqui — aconselho. — E depois iremos ter uma conversinha — ela revira os olhos já imaginando muito bem qual o tipo de conversinha que eu quero ter com ela, mais tarde.
— Certo, mas agora vai aproveitar o resto da sua noite — começa a me empurrar, com seus braços finos, para que eu saia daqui. Balanço minha cabeça para os lados, rindo, devido a esse seu ato, logo em seguida ela pisca para mim e um sorriso malicioso se forma em seus lábios.
Ela entendeu exatamente o que eu queria que entendesse e é justamente isso que eu espero fazer essa noite. Com a Flávia.
— Ah, Raul, eu estava pensando como vamos só nós dois embora — aponto para mim e para a Flávia — a gente podia ir na sua moto e vocês quatro voltavam juntos no meu carro e como sempre você deixa a Jade em casa, você fazia a troca dos automóveis lá mesmo. Pode ser assim? — Pergunto, esperando que ele aceite.
— Pode sim, é até melhor para todos nós — concorda com a cabeça ao me responder.
— Bom, então nós já estamos indo. Tchau para vocês — aceno para cada um deles.
— Tchau, gente — Flávia se despede de todos. Em seguida saímos desse local.
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