*Imagem acima do Miguel

Flávia

— Miguel essa é a minha mais nova amiga, Flávia, ela faz o mesmo curso que eu — Jade fala com o seu irmão, nos apresentando.

— Miguel, prazer. — Ele estica a sua mão para me cumprimentar.

Ele está bem aqui... na minha frente.

Mas como isso é possível, o mesmo garoto que eu esbarrei hoje de manhã estava bem aqui na minha frente? O mundo dar muitas voltas, eu sempre acreditei nesse ditado, só nunca achei que poderia acontecer um tipo de coisa dessas comigo. É meio surreal.

Bem aqui... — Ainda não consigo acreditar. Tomara que a primeira impressão que eu tive dele mude.

— Flávia. — Afastando os meus pensamentos, falo com ele enquanto pego em sua mão e fito o seu rosto. Cabelo castanho-claro despojado, olhos também da mesma cor dos cabelos. Sua mão grande aperta a minha e um meio sorriso irônico se forma em seus lábios. Ele é um rapaz muito bonito para não se deixar notar, seria até admirável, se não fosse tão arrogante e pelo que eu pude perceber agora, ainda era convencido.

Ele retira a sua mão da minha e continuamos a andar, até a saída da universidade, e depois entramos no carro deles. Eles me levaram até em casa. Quando a minha casa aparece, saio do carro e me despeço dos dois, agradecida por terem me dado uma carona.

Fecho a porta atrás de mim e quando passo pela cozinha, vejo minha mãe se sentando para começar a comer. Me sento ao seu lado para almoçarmos juntas. Ela me fez várias perguntas sobre como havia sido o meu dia de hoje. Depois que eu acabei, a ajudei a arrumar a cozinha e segui para o meu quarto; tomando logo um banho para me refrescar, o dia hoje estava muito quente. Ao sair do banheiro, me jogo na cama e começo a fazer os deveres que o curso havia passado. Quando finalmente termino, deito minha cabeça no travesseiro e relaxo, acabo dormindo sem nem ao menos perceber.

Assim que me acordo fico com uma vontade imensa de andar de skate e é isso que eu faço. Troco minha roupa que estou por uma mais leve. Aviso minha mãe que vou sair, mas que não era para se preocupar, pois eu voltava logo.

Saio de casa e mais que depressa subo em cima do meu skate, deslizando pelas as ruas que por enquanto ainda são desconhecidas para mim. Ando por cerca de uma hora — só queria poder sentir de alguma maneira o vento batendo no meu rosto e lembrar a sensação de quando passeio com as minhas amigas ou até mesmo com o meu irmão de skate — quando decido que já é a hora de voltar para a casa.

Ao entrar no meu quarto, coloco meu skate perto do guarda-roupa e já separava uma roupa para mim vestir, pois essa que estava no meu corpo se encontrava completamente suada, vejo meu celular tocando em cima da cama. Pego nele e vejo que é a Jade me ligando. Havíamos trocado nossos números assim que conversamos por menos de quinze minutos na sala de aula. A nossa sintonia bateu bem rápido.

— Oi, Jade — digo ao atender a ligação.

— Flávia — há emoção em sua voz ao pronunciar o meu nome. — Quero te fazer um convite — para falar a verdade ela se encontra bem alegre. O que será que houve nesse período de tempo?

— Creio que esse seu convite para mim tem a ver com a sua felicidade, já que dar para mim sentir ela daqui de casa — dou uma risada. — Qual é o convite?

— Vamos para uma balada? — Pergunta, e eu não consigo mais ouvi-la, me perco em meu mundo ao tentar lhe dar uma resposta, sem ser grosseira com ela, de como eu não gosto desse tipo de lugar. Porém, segundos depois percebendo que eu não havia mais falado nada, ela começa a falar novamente, chamando a minha atenção: — é aqui perto de casa.

Falo a primeira coisa que aparece na minha mente:

— Balada, não curto muito essas coisas, deu para você perceber, não? — Pergunto.

Eu me considero uma garota caseira; gosto de ficar em casa assistindo filmes e séries ou lendo um bom livro de romance policial. Prefiro mil vezes isso do que ir a uma balada. Eu já fui em uma antes, mas só fui porque o meu irmão insistiu muito e eu queria poder aproveitar ao máximo a suas férias, comigo, mesmo que no final da noite o nosso divertimento tenha sido ir a um lugar como esse. Eu simplesmente não havia gostado muito da atmosfera: as luzes piscavam sem parar, músicas extremamente altas, várias pessoas dançando e se pegando, e principalmente muita, mais muita bebida envolvida.

— Vamos lá, Flávia, por favor — Jade insiste.

Já vi que vai ser o jeito eu ceder... mas por um lado vai ser bom, possivelmente verei rostos novos.

— Ok. Que horas é para mim ir? — Não concordo muito com a minha resposta, mas se eu não dissesse isso a ela, ficaríamos horas e horas no celular até que eu finalmente dissesse que topava, então eu só quis encurtar o tempo. Uma característica da Jade: Ela sempre consegue o que quer.

— Te busco as 21:00 horas, com o meu irmão — suas palavras ainda se encontravam mais alegres do que antes.

É sério que ela ficou feliz só porque eu aceitei?

E é sério que o seu irmão também tem que ir?

— Tá bom, as 21:00 horas estarei pronta. — Desligo a ligação e logo deixo uma mensagem para as minhas outras amigas. Acabei de me lembrar que não havia falado com elas hoje.

— Heloísa e Eloá, amei o meu primeiro dia de aula. Acabei fazendo amizade logo de cara com uma menina que faz o mesmo curso que eu, o nome dela é Jade, mas vocês não precisam sentir ciúmes dela. Bom, ela tem um irmão muito imbecil, pois pelo que eu pude perceber ele é popular e por isso se acha demais. E agora ela acabou de me chamar para ir a uma balada perto de sua casa e eu aceitei, mas só porque ela insistiu muito. Depois conto o que aconteceu por lá. Beijos.

.........

Já estava terminando de me arrumar, — vestia um vestido cor de creme, com as mangas caídas nos ombros e que amarrava na cintura — quando ouço uma buzina na frente da minha casa. Olho pela janela e vejo que são eles. Desço as escadas. Me despeço da minha mãe lhe dando um beijo no rosto e falo para ela não se preocupar, pois se eu não voltar cedo é porque eu vou dormir na casa da Jade e assim saio de casa.

— Olha, que gatinha encontramos aqui. Entra aí — faço o que ela me pede. — Agora vamos! — Diz toda autoritária ao seu irmão.

Fico envergonhada com o seu comentário dirigido a mim, então viro o meu olhar para a janela e presto bastante atenção ao caminho que estamos seguindo.

...........

Chegando na tal festa o Miguel deixa nós duas logo na porta de entrada e vai andando em direção há alguns garotos, que se encontravam no open bar, com certeza deve ser os amigos dele.

As horas se passam, e eu e a Jade já nos encontrávamos dançando em meio à multidão, eu não sei o que deu em mim, só sei que quando bebi a primeira dose de whisky e vi a Jade vindo para a pista, quis acompanha-la. Grande burrada essa minha. Meu corpo se mexia sozinho, eu não conseguia controla-lo, nem mesmo se quisesse, era como se ele tivesse vida própria. Talvez seja por conta de tanto álcool que tem dentro do meu organismo. Entre uma música e outra, parávamos para descansar nossas pernas e aproveitávamos para beber um pouco mais. Eu não deveria estar bebendo desse jeito...

Miguel

— Essa nova amiga da sua irmã, é bonita. Como é o nome dela? — Cauã me pergunta, depois de tanto olhar para essa garota.

— Você acha? — Pergunto, olhando tanto para ele, como para ela. — Se eu não estou enganado, ela se chama Flávia. Eu me esbarrei com ela hoje de manhã, na hora em que estava indo para a aula.

Eu odiava me atrasar, ainda mais quando se é o primeiro dia de aula. Estava andando tão apressado que nem a vi, só consegui sentir o corpo dela se chocando com o meu e como eu não queria perder mais o meu tempo, acabei nem olhando para ela direito, mas pelo menos consegui olhar para os seus cabelos platinados, que tanto me chamaram a atenção. 

— Ela é nova na faculdade e não quis ficar com você ainda? — Raul me pergunta, e pelo o que eu vejo em seu rosto, diria que ele está achando isso bem estranho, assim como eu. — As garotas se derretem por você logo no primeiro dia de aula e você mais que depressa fica com elas.

Eu não me orgulhava sobre isso, mas como sempre o meu ego falava mais alto.

— Isso é verdade. E realmente ela não falou nada, não fez nada que desse a entender que estava interessada em mim. — Viro meu rosto e olho para uma Flávia bem dançante. — Mas também ela não faz o meu tipo.

— O seu problema Miguel é que você só quer ficar com gente que se pareça com a sua ex-namorada, e pelo o que pude perceber essa Flávia não se parece em nada com a Ester. — Ao ouvir esse nome, logo olho para a pessoa que o pronuncia: Cauã. — Mas bem que ela é gatinha viu, por que você não dá em cima dela para tentar esquecer um pouco a Ester? Fica com ela hoje. Agora. Aqui na festa? — Me faz a proposta. — Se você não quiser nada com ela, eu quero! — Vejo ele olhar para ela enquanto bebe mais um pouco de seu drink.

— Eu já pedi para vocês pararem de falar da Ester! — Esse nome sempre me dar um arrepio na espinha. — Mas não sei não... — olho para a Flávia que bebia sem parar juntamente com a minha irmã. Mesmo estando nesse estado, ela até que é bem... — ela é mesmo bem bonita — sussurro e volto a olhar o Cauã. — Vou ver o que consigo fazer.