Flávia

— Gente, vamos bater uma foto? — Eloá pergunta e nós, garotas, deixamos de olhar para os garotos, para olhar em sua direção. — Porque eu quero me lembrar tanto desse passeio, quanto de vocês — se justifica.

— Mas, e os meninos, eles foram nadar? Não vai aparecer eles dois na foto — Jade responde.

— A gente pode bater mais outra antes de irmos embora... — Heloísa completa.

E foi exatamente isso que ficamos fazendo nos minutos seguintes, começamos a tirar várias fotos. O que era para ter sido apenas uma, acabou sendo várias, e olha que ainda faltavam os garotos.

Depois de várias fotos tiradas, ficamos conversando por um bom tempo, até que vimos os meninos saindo do mar e caminhando em nossa direção. Brevemente batemos mais algumas fotos com eles, dos quais não poderiam faltar. Fala da Eloá, não minha.

Já percebendo que a noite chegava, pego em meu celular para ver que horas são e me assusto com o que vejo. — Como o tempo havia passado tão rápido? — O relógio do meu celular marcava seis e vinte da noite, e eu e as meninas tínhamos que ir embora pelo menos umas seis e meia, para não chegarmos tão atrasadas em casa já na hora delas irem embora com os seus pais. Então era só o tempo de eu dar um último mergulho bem rápido, pegar nossas coisas, se despedir de todos e voltar para casa.

Perfeito.

Então com tudo já esquematizado na minha mente, me levanto da areia indo em direção ao mar, sem perder mais nem um minuto sequer.

Já chegava perto das ondas do mar quando sinto uma pessoa vindo atrás de mim. Olho para trás e vejo que era o Miguel. Aleluia, ele resolveu tomar um banho.

— Não acredito que só agora você veio tomar um banho, já perto da gente ir embora — dou uma risada ao parar de andar e esperar ele chegar mais perto de mim, para ficarmos lado a lado.

— Na verdade eu não queria vim sozinho, só estava à espera de alguém se manifestar — dar de ombros.

— E a única pessoa que se manifestou depois dos meninos, foi eu — confirmo as suas palavras, com um sorriso no rosto.

— Isso mesmo! — Ele ri ao piscar um olho na minha direção e com isso entramos no mar.

Enquanto eu nadava o Miguel sempre arrumava um jeito, uma maneira de me atrapalhar, quando não era me assustando debaixo d'água, era puxando o meu pé para que eu não conseguisse mais nadar. Ele ficou fazendo isso várias e várias vezes, como se não se enjoasse do que fazia.

Eu já estava me preparando, para ver se agora, diferente das outras vezes, conseguia dar ao menos um mergulho por menor que fosse. Mas igual as outras vezes anteriores, ele não deixava eu fazer tal coisa. Não estou com raiva dele por conta disso, muito pelo contrário, estava até sendo bem divertido. Porém, dessa vez foi diferente, ele não me atrapalhou de jeito nenhum. Só fez se aproximar de mim, vagarosamente, e sussurrou o meu nome de maneira melodiosa em seus lábios.

— Flávia... — assim que ele chega mais perto de mim, começa a acariciar o meu rosto com a ponta de seus dedos. Me derreto toda ao seu toque, estamos tão próximos um do outro...

Será que é isso mesmo que eu estou pensando? O Miguel vai me beijar, aqui e agora? Depois de tantas investidas fracassadas, iríamos finalmente nos beijar?

— Miguel... — sussurro instintivamente, querendo liberar o seu nome de dentro da minha boca. Imediatamente suas mãos param atrás da minha nuca e ele toca os meus lábios, me pegando totalmente desprevenida. O nosso beijo de imediato foi estranho até porque nós só somos amigos, quer dizer, era isso o que eu achava até segundos atrás, mas o que ele achava?

Então eu tive a resposta que tanto procurava a partir do momento em que nossos lábios se tocaram por completo, quando ele sugou o meu lábio inferior com vontade, fazendo com que eu sentisse várias sensações dentro do meu corpo, coisas que eu nunca mais havia sentido depois do Bernardo.

Ah, se o Miguel soubesse o quanto mexe comigo... ele não faz nem ideia.

Suas mãos seguravam o meu rosto enquanto as minhas estavam na sua cintura, debaixo d'água. Parecíamos que queríamos isso a muito tempo, pois o beijo a cada segundo que se passava se intensificava cada vez mais, como se a distância entre nós não existisse. Já que nos puxávamos sempre para mais perto um do outro. Ambos já sem fôlego, por causa do beijo inesperado que acabamos de compartilhar, aos poucos fomos nos afastando e na hora em que os nossos lábios, enfim se separam, eu me lembro que eu ainda tenho que voltar para casa.

Quanto tempo havia se passado desde que nós entramos aqui? Espero que não tantos.

— É... — Deus, o que eu falo agora? Definitivamente estou sem palavras. — A-acho melhor a gente voltar... já deve estar na hora de irmos embora — falo a primeira coisa que aparece a minha mente, uma desculpa qualquer, mas que não deixa de ser uma verdade.

— Vamos voltar então — diz meio contrariado, mas mesmo assim ele sai na frente e eu caminho logo atrás dele, indo em direção ao pessoal.

Noto que na medida em que vamos chegando perto deles, os mesmos alternavam os seus olhares para mim e para o Miguel. Abaixo minha cabeça ao pensar que, com toda a certeza eles viram a gente se beijando, então finjo que nada tinha acontecido ao passar por eles. Pego minha toalha. Me enxugo. Visto meu vestido. E chego perto da Heloísa e da Eloá, para lhes falar que temos que ir. Agora.

— Realmente temos que ir, mas não acredito que você está tão apressada assim só por causa de que podemos nós atrasar para ir pra casa, mas sim porque rolou beijo e você está com vergonha — Eloá sorrir maliciosamente para mim e o que eu mais quero agora, nesse exato minuto, é mim esconder. Como eu fui capaz de deixar isso acontecer na frente de todos? Mas eu sei porque isso aconteceu, o momento pedia por isso e eu não me arrependo de nada. Minha amiga me chama a atenção novamente, me fazendo sair do meu devaneio. — E aliás, só para você saber, já passou da hora de irmos embora — dar uma gargalhada.

— O Miguel não para de olhar pra cá, amiga — Heloísa murmura, ao meu lado, no meu ouvido.

— A gente só pode ir embora, por favor — suplico para elas, que concordam com a cabeça. Elas conseguiram entender o meu lado.

— Gente nós já vamos embora, mas foi um prazer conhecer cada um de vocês — Eloá começa a abraçar cada um que estava ali.

— Talvez a gente volte algum dia, de novo — vejo a Heloísa indo abraçar a todos também.

— Tchau meninas, também foi um prazer conhecer vocês — os meus outros amigos disseram para elas. Me despeço, vergonhosamente deles, e eu mais as meninas fomos para casa.

Assim que chegamos, as meninas foram logo para o quarto tomar um banho para esperar os seus pais. Também sigo para o meu quarto. Tomo um banho bem rápido, pois já estava perto dos pais delas chegarem e eu ainda queria me despedir delas. Foram maravilhosos esses dias aqui com elas, mas não foram o suficiente, pelo menos não para mim e espero que para elas também não. Seria pedir demais ter sempre elas ao meu lado?

— Garotas, seus pais chegaram — papai grita para que ouvíssemos.

Ao ouvir isso o meu coração se parte, ficando em pedaços, iria me separar novamente das minhas amigas. Por quanto tempo ficaríamos sem nos ver de novo?

Saio do quarto às pressas e lá estava, as minhas duas amigas, abraçando os seus pais. Desço as escadas já chorando e vou de encontro a elas, abraçando cada uma de uma vez.

— Nos conte todas as novidades entre você e o Miguel, viu? Não nos esconda nada — Eloá diz ainda abraçada a mim.

— Mas como foi que vocês viram? — Olho para as duas.

— Todo mundo estava conversando e quando eu olhei as horas no relógio, vi que já estava na hora de irmos embora. Ia te chamar, porém me impedi de fazer tal coisa quando vi vocês dois se beijando. Talvez, em algum momento, as pessoas que estavam lá viram como eu fiquei e seguiram o meu olhar, chegando a ver a mesma coisa que eu — Heloísa me explica ao me abraçar.

— Sentirei tanta saudade de vocês e contarei sim, tudo que acontecer entre nós daqui em diante. Eu prometo — dou uma risada.

— Obrigada por terem cuidado das nossas filhas por esse tempo — Érica diz para os meus pais.

— Que isso, sempre que quiserem podem vim nós visitar — mamãe diz para a sua amiga.

— Temos que ir agora... tchau para vocês — Alexandre diz ao sair de casa.

— Tchau — dissemos eu e os meus pais juntos e com isso elas foram embora, até porque acabou o feriado e amanhã já é segunda-feira. Amanhã já é segunda? Como eu irei reagir sabendo que amanhã vou ver o Miguel novamente.