22
Flávia
Sou acordada no outro dia pelas minhas amigas gritando no meu quarto.
— Acorda sua dorminhoca — Heloísa tira o lençol de cima de mim e eu protesto esse seu ato.
— Vamos, já é tarde, e ainda queremos andar de skate antes de irmos à praia — Eloá faz cosquinhas por todo o meu corpo para mim acordar.
— Tá bom... para... já acordei... — digo em meio a risadas. É horrível quando se é acordada por gritarias/cosquinhas, fazendo o nosso sono ser interrompido, dar uma sensação muito ruim na gente. — Que horas são para vocês atrapalharem assim o meu sono? — Olho para elas, séria, buscando uma boa justificativa para isso que elas acabaram de fizer comigo.
— São doze horas, mocinha — Heloísa arqueia uma sobrancelha ao mesmo tempo em que coloca suas mãos na cintura.
— Já é isso tudo? — Meu queixo cai devido a essa informação e eu me levanto da cama, meio atrapalhada.
— Sua mãe estava chamando a gente para irmos almoçar, por isso viemos acordar você — Eloá comunica.
— Vocês podem ir, só vou tomar um banho e já desço — elas concordam e saem do meu quarto.
Assim que saio do banheiro, paro em frente ao guarda-roupa e pego um short jeans azul, uma blusa cinza e coloco uma camisa xadrez por cima. Quando já estava prestes a sair do meu quarto, escuto meu celular apitando. Assim que o pego, vejo que é uma mensagem do Miguel.
— Está tudo certo para hoje à noite?
— Está sim, mas que horas iremos? Porque pelo que eu me lembro os pais das meninas vem umas sete horas busca-las, então a gente tem que ir para a praia bem antes disso.
— A gente pode ir umas cinco horas, e para não perdermos muito tempo nós podemos nos encontrar todo mundo na praia. O que você acha?
— Ótima ideia. Às cinco horas estaremos na praia — assim que deixo de falar com ele, desço as escadas para ir almoçar.
— Até que fim que você já terminou de se arrumar, demora um ano — Eloá estava sentada no sofá, assistindo a alguma programação qualquer que se passava na televisão, e ao que parece essa programação não era tão qualquer como eu imaginava, já que ela nem virou o seu rosto para falar comigo.
— Não sou eu a que demoro — lhe respondo, ao me referir da Heloísa que é sempre a última, de nós três, a terminar de se arrumar.
— Não a Heloísa demora sempre, eu até já me acostumei — complementa ao virar o seu rosto rapidamente para mim.
— O que tem eu aí, hein? — Ouço a voz da Heloísa vindo da cozinha.
— Nada — Eloá responde e depois se vira para mim. — E você? Vai logo almoçar — aponta para a cozinha como se eu não soubesse aonde ficava, reviro os olhos.
— Já estou indo — entro na cozinha e vejo que a Heloísa ajudava a minha mãe a guardar os pratos e talheres dentro do armário.
Parece que era só eu mesma que faltava almoçar.
..........
— E então, nós vamos andar de skate agora? — Pergunto olhando para as duas.
— São que horas? — Heloísa pergunta, mas logo continua a falar: — Porque vocês sabem que a gente tem que se encontrar com todo mundo na praia as cinco horas, né? — Nos lembra.
Eu tinha contado a elas, depois do almoço, que o Miguel me mandou uma mensagem avisando a hora melhor que a gente deveria ir se encontrar, para o nosso passeio.
— São duas horas, dar tempo! — Eloá olha para o relógio de parede e rapidamente se levanta, nos também fazemos o mesmo e logo saímos de casa.
Como hoje era o último dia delas aqui em Recife, queríamos aproveitar ao máximo juntas. Só nós três.
Ficamos andando por horas. Nós adorávamos andar de skate, foi assim que a nossa amizade começou.
Em um dia qualquer o meu irmão estava me ensinando a andar de skate, perto de casa, mas eu não queria ficar só naquele lugar, queria explorar mais e quando ele entrou para dentro de casa, eu aproveitei e comecei a caminhar sozinha, claro não tão longe de casa, eu poderia me perder, só tinha oito anos de idade e foi quando eu vi, no mesmo lugar em que eu estava duas garotas, possivelmente da mesma idade que eu. A de cabelos loiros andava maravilhosamente bem para a sua idade e a de cabelos castanhos tentava acompanhar os seus passos. Eu também tentei fazer a mesma coisa, mas por ainda ser inexperiente, acabei caindo e foi quando a garota de cabelos loiros chegou perto de mim para me ajudar. Segundos depois lá se vinha o meu irmão para onde eu estava. Foi nesse dia, dessa maneira, que eu conheci as melhores amigas que alguém poderia ter. E quem diria que sete anos depois, a mesma garota que me ajudou namoraria o meu irmão, porém não por muito tempo.
Quando chegamos em casa já marcava quatro horas, era só o tempo de tomarmos um banho para relaxar. Subo direto para o meu quarto. Deixo meu skate perto da cômoda e vou em direção ao banheiro. Ao sair visto meu biquíni preto e por cima coloco um vestido meio transparente e sigo para o quarto das meninas, para esperar por elas.
— Vamos? — Pergunto encostada na porta.
— Vamos — disseram as duas na mesma hora.
Acho que acabou de acontecer um milagre aqui.
— Nossa, que milagre a Heloísa já ter terminado de se arrumar — digo de forma sarcástica.
A Heloísa usava uma blusa de crochê caída em um dos ombros e uma saia longa meio transparente e a Eloá usava um short cintura alta e uma blusa que na parte de cima era preta, mas já do meio para o final ficava transparente.
— Ah, não começa — Heloísa revira os olhos. — Eu sei ser rápida quando é preciso — diz enquanto fecha a porta do quarto.
Quando estávamos descendo as escadas, vejo minha mãe na sala e a aviso de nossa saída.
— Mãe, nós já vamos.
— Voltem cedo, não deixem os pais de vocês esperando — Minha mãe olha para a Heloísa e para a Eloá.
— Tá bom, tia — Eloá abre a porta de casa.
— Tchau... — dissemos nós três juntas para a minha mãe e assim saímos de casa.
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