13
Miguel
Chego em casa e como estava muito cansado, me despeço da minha irmã e logo vou para o meu quarto. Tomo um banho bem rápido. Visto só uma bermuda e me deito na cama. Como o sono não vem, penso em várias coisas aleatórias.
De repente pego-me pensando na Flávia — acho isso muito estranho na hora. Eu nunca havia pensando nela antes de dormir —, mas nem por um segundo sequer, afasto esses pensamentos da minha mente. Eu não consigo mais esconder o que sinto por essa garota. Desde aquele dia que ela passou o dia todo aqui em casa que eu penso nela, sonho com ela e hoje mais que tudo queria ter tocado aqueles seus lindos lábios. Oh, sim, como eu queria ter os beijados. Para falar a verdade eu simplesmente não sei o que deu em mim na hora, só que fiquei com uma vontade imensa de beijá-la, isso eu não posso negar. Mas como sempre a minha irmã para me atrapalhar e já é a segunda vez que ela faz isso.
Eu fico louco da vida quando vejo a Flávia conversando com algum dos meus amigos, principalmente quando vejo ela conversar com o Cauã. Sinto que ele quer alguma coisa com ela de verdade — diferente de mim. Talvez eu só esteja carente e essa nossa boa amizade que estamos construindo, me faz ver coisas aonde não existem —, porém não deixo de ficar com ciúmes dela.
Por que isso está acontecendo de novo comigo? Eu prometi a mim mesmo nunca mais gostar de ninguém, nunca mais me relacionar com alguém. Ou será que chegou a hora de eu simplesmente dar uma outra chance ao amor e ver o que o destino reservou para mim?
Talvez eu deva tentar alguma coisa com ela, se ela quiser, é claro. Depois que ela apareceu na minha vida, eu nunca mais havia ficado com ninguém. Não quero mais ser o garoto que fica com todas, quero tentar ser aquele garoto de antigamente, aquele de uma garota só. A Flávia é muito especial para mim. Ela de um jeito ou de outro sempre consegue fazer eu me sentir bem consigo mesmo. Gosto quando estou ao lado dela, do jeito que ela rir de tudo, do quão a risada dela é bonita sem ela ao menos perceber. Essas pequenas coisas que fazem com que eu goste dela ou da companhia dela... não sei ao certo, pelo menos ainda não.
Me acordo com o barulho do despertador tocando ao meu lado. Vou ao banheiro. Tomo um banho. Visto uma bermuda branca e uma blusa jeans. Saio do meu quarto e bato na porta do quarto da minha irmã — como sempre faço, todas as vezes pela manhã — e escuto ela dizer um: "já estou descendo", então eu faço o mesmo. Desço as escadas e espero pela minha irmã, na cozinha.
Segundos depois ela aparece com um vestido rosa e um cinto fino preso em sua cintura de cor marrom. Estava simples, mas linda.
— Bom dia, maninho. Dormiu bem? — Pergunta ao se sentar à mesa, comigo.
— Bom dia. Dormi sim — digo com um sorriso nos lábios ao me recordar que passei a noite toda sonhando com a Flávia. — E você, dormiu bem? — Pergunto ao passar a jarra de suco para ela.
— Sim — em seguida dar uma mordida em seu bolo de chocolate.
Minutos depois saímos de casa e fomos para a universidade. Ao chegar lá nos separamos, cada um foi para as suas respectivas aulas.
As minhas aulas passaram num instante que quando fui ver, já era a hora de ir embora. Saio do edifício e fico esperando debaixo de uma árvore, a minha irmã aparecer junto com a Flávia. Como voltávamos para casa todos juntos e as vezes ou eu ou elas, por alguma razão demorávamos na sala, era aqui onde sempre nos encontrávamos, para esperar um ao outro. E é exatamente isso que eu estou fazendo nesse momento.
Espero um bom tempo e nenhuma das duas aparece. Abaixo minha cabeça e fecho meus olhos, ao perceber que o sol já estava fazendo com que os meus olhos ardessem, devido a sua luminosidade e à sombra da árvore já não me cobria mais tanto assim. Depois de alguns minutos, sinto uma pessoa me cutucando e olho para ver quem é, e na mesma hora não pude deixar de dar um sorriso. Ela estava linda. O sol estava bem em cima dos seus cabelos fazendo-os ficarem bem mais claros e por causa do brilho do mesmo ela acabou fechando um pouco os seus olhos, eles estavam abertos só o suficiente para poderem olhar para mim. Essa vai ser uma cena da qual eu nunca vou me esquecer. Estava gravando essa cena na minha memória, quando ela começa a me chamar.
— Miguel... Miguel — ela faz alguns gestos com as mãos, para ver se eu conseguia enxerga-la.
Mas eu a estava vendo perfeitamente bem.
— O-oi — coloco minha mão acima dos olhos, para formar um tipo de sombra, para só assim eu consegui enxerga-la totalmente. — Cadê a Jade? — Pergunto.
— Ela falou que já vinha. Estava só ajeitando algumas coisas e por isso mandou eu vim na frente, para te avisar — se senta ao meu lado. — Porque do jeito que eu te conheço, é bem capaz de você ficar com raiva de tanto esperar pela gente e ir embora.
— Eu não sou assim... — faço uma careta e ela arqueia a sobrancelha. — Só as vezes — confesso, e então caímos na gargalhada. E nem percebemos quando alguém chegou perto de nós, estávamos tão envolvidos um no outro, na nossa conversa, na nossa risada.
— Miguel, nós podemos ir agora — levanto o meu olhar e vejo que era a minha irmã. — Do que vocês estão rindo? — Pergunta, ao olhar de mim para a Flávia, da qual ainda continuava a rir.
— De nada não — dissemos juntos, eu e ela, e fomos em direção ao carro.
Já dentro do carro e indo para a casa da Flávia, elas me contaram que demoraram devido a um trabalho de pesquisa, que faziam para entregar antes de o professor deixar o campus. Assim que chegamos, a Flávia deixa o carro e eu dou o retorno para ir a minha casa.
Assim que abro a porta, vou direto para a cozinha comer alguma coisa e a Jade logo vem atrás de mim. — O que já é em si muito estranho, ela não é disso, ela não faz esse percurso quando chega em casa, eu sim. Ela sempre sobe para o seu quarto, por que hoje há de ser diferente? — Aposto que ela quer bem saber de alguma coisa.
— O que você quer saber? — Pergunto de uma vez, já suspeitando o porquê dela está vindo atrás de mim.
— O que está acontecendo entre vocês dois? — Ela para em frente à mesa e me encara.
— Vocês dois quem? — Faço-me de desentendido, mas bem no fundo eu já sabia muito bem o que ela queria me perguntar.
— Você e a Flávia — cruza os braços. — E não adianta me enganar, eu percebo o jeito como vocês se olham — arqueia a sobrancelha.
— E qual é o jeito que a gente se olha? — Ela poderia achar que eu estou enrolando, porém não estou fazendo isso de propósito, eu realmente quero saber como a gente se olha, pois, afinal é de um jeito normal, não?
— Miguel, para de me enrolar e me diz logo de uma vez — ela se encontrava impaciente.
— Não está acontecendo nada entre a gente — ando até onde ela está e paro bem na sua frente.
— Por que será que eu não consigo acreditar em nenhuma palavra que você diz? — E ainda estava lá, a sua sobrancelha arqueada para mim.
— Porque você só acredita naquilo que quer ouvir e eu vou repetir de novo — eu já estava começando a ficar com raiva disso. — Não. Está. Acontecendo. Nada. Entre. A. Gente
Por que ela quer tanto saber dessas coisas? Eu já falei que não está acontecendo nada, mas mesmo assim ela insiste. Ela deveria acreditar em mim. Se eu digo que não está acontecendo nada, é porque infelizmente não está acontecendo nada.
— Ok, já entendi — levanta suas mãos para cima.
— E você, como está indo seu "relacionamento" com o Raul? — Faço aspas com as mãos.
— Estamos numa fase meio complicada — vai a caminho da geladeira e tira uma jarra de suco. — Ele me pediu em namoro ontem, antes de irmos para o parque, mas eu disse não — coloca o suco em dois copos de vidro e me entrega um. — Acho que ainda não estou preparada para tal coisa ou apenas seja eu mesma que não queira namorar ele. Eu não sei ao certo — enquanto ela bebe o seu suco eu processo o que ela acabou de me dizer.
— Sério, ele não me disse nada a respeito — coloco minha mão no queixo como se estivesse tentando me lembrar se ele não havia me dito alguma coisa relacionada a isso, porém nada vem a minha mente, então concluo que realmente ele não me disse nada. Ele me deixou de fora dessa. — Mas você não precisa ter pressa para essas coisas — dou a volta na mesa para ficar ao seu lado — elas simplesmente acontecem quando você menos espera — pouso minha mão em seu ombro.
— Eu sei, igual como vai acontecer com você e a Flávia — sorrir descaradamente para mim. Deixa o copo em cima da mesa e sai da cozinha, me deixando ali, sozinho.
Essa minha irmã não tem jeito mesmo.
Mas será que ela está certa?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top