A visita


Filipa chamou o táxi, assim que começou a beber café. Entretanto recebeu a conta, pagou, acabou de beber café e só saiu à rua assim que viu o táxi chegar, entrou e pediu ao motorista que a levasse a uma determinada morada. Se estaria a ser impulsiva, talvez, mas decerto que era aquilo que lhe fazia sentido naquele momento.

A viagem demorou aproximadamente 20 minutos. Filipa durante esse tempo foi escolhendo as palavras para se despedir... e se não conseguisse para tirar uma licença sem vencimento por tempo suficiente que ninguém se lembrasse dela tão depressa. Pagou a viagem e saiu do carro. O motorista como já a conhecia perguntou-lhe:

- A que horas queres que te venha buscar?

- Não sei, se for preciso vires-me buscar eu ligo de volta. Esta visita vai mudar o rumo da minha vida.

- Que mude e que seja para melhor. Até logo.

- Até logo

Filipa esperou que o táxi se afastasse para tocar a campainha. Esperou uns segundos e alguém falou no intercomunicador:

- Boa tarde

- Boa tarde, gostaria de falar com o Sr. Lemos.

- Quem deseja anunciar?

- Filipa Franco, por favor. – Os portões começaram-se a abrir e Filipa entrou. Pouco passo tinha dado dentro da propriedade quando uma cara conhecida a veio receber a meio do caminho.

- Menina Franco, que bela surpresa! Podia ter anunciado a sua vinda, que eu certificava-me que o Sr. Lemos podia recebê-la, ele gosta tanto da sua companhia!

- Nada disso Joaquim... aliás, venho tratar de um assunto bem grave com o Sr. Lemos.

- Menina... - disse Joaquim em tom preocupado.

- Calma Joaquim, eu sei que a saúde do Sr. Lemos é frágil.

- Só aqui para nós menina – disse no patamar ao cimo das escadas – O médico está preocupado. Esteve cá a semana passada e o Sr. Lemos tem uma infeção nos pulmões, e mandou retirar-lhe o tabaco; Mas a menina sabe como é o Sr. Lemos – Filipa e Joaquim disseram em uníssono:

- Teimoso... - Riram juntos, Filipa sabia que Joaquim precisava de uma ajudinha com o Sr. Lemos:

- Não te preocupes Joaquim... eu vou falar com ele.

- Obrigada, menina.

Joaquim fez sinal a Filipa para entrar e piscou-lhe o olho, declarando logo a seguir:

- Vou chamar o Sr. Lemos, vai ficar muito feliz com a sua visita.

Filipa aguardou pacientemente no sofá da sala de entrada. Passados alguns momentos, Joaquim chamou-a para ela ir até ao escritório do Sr. Lemos. Filipa entrou no escritório e dirigiu-se ao Sr. Lemos, beijando-o na face como habitualmente:

- Sr. Lemos.

- Minha querida Filipa, a minha mais presada comercial. Cada dia estás mais formosa. Se a tua avó te visse agora...

- Tenho saudades dela... Só mesmo o Sr. Lemos para conseguir arrancar-me um sorriso. – O Sr. Lemos fez sinal para Filipa se sentar no cadeirão á sua frente.

Filipa sentou-se e continuou:

- Ouvi dizer que o Sr. teve uma visita importante a semana passada...

- Nada que tenha de te preocupar, minha querida, nada que tenha de te preocupar... Sabes, já sou uma pessoa de uma certa idade, e quando se chega a esta idade, as coisas vão começando a aparecer.

- Até pode ser verdade – disse ela caminhando para poder encará-lo mais de perto – No entanto, não nos podemos descurar da nossa saúde!

- Aquele Joaquim é sempre a mesma coisa... não pode saber de nada! – disse enquanto olhava pela vidraça, Joaquim apareceu trazendo uma bandeja com o chá e o café, enquanto retorquia:

- Bem Sr. Lemos, o Sr. sabe perfeitamente que a parede tem ouvidos! Além disso, não há nada que não se saiba subornando a pessoa certa; mas como o Sr. pode dar graças a Deus, durante a vida soube-se rodear das pessoas certas. – da maneira que estava a falar até parecia que Joaquim estava indignado

- Pois bem – retorquiu o Sr. Lemos – isso é verdade – Filipa aproveitou a deixa e interrompeu-os

- Pois então, Sr. Lemos, faça favor de fazer o que o médico lhe disse como deve de ser, ou teremos que pensar em contratar uma enfermeira para vir cuidar de si. – Ele olhou para ela escandalizado, retorquindo-lhe:

- Jamais!! – sentia-se indignado com tamanha suposição – Era só o que faltava! Até parece que estou um velho caquético que já não é capaz de tomar conta de si! – Filipa começou a rir-se e respondeu-lhe:

- Ser até é, contudo, ... - Filipa deixou a dúvida no ar, levanto todos à risada com a suposição pois eles sabiam que Lemos era demasiado senhor de si para aceitar ordens.

- É verdade sim – Lemos foi obrigado a concordar – Mas conta-me filha, o que te traz por cá?

- Bem, avô, é que eu quero tirar uma licença sem vencimento.

- Mas o que se passa? – pergunta-lhe ele preocupado – conheço-te melhor que às palmas da minha mão, e tem de ser grave. Vem, senta-te aqui e conta-me tudo. – Filipa assentiu

- Bom, é que, ando com muito trabalho e estou a descansar mal... - ele interrompeu-a.

- Como se isso fosse desculpa para ti; Queres-me contar a verdade?

- Estou envolvida com Marco.

- E?

- E que a política da empresa não o permite, ele não consegue ser cordial numa relação e anda sempre a discutir e a pedir desculpa, e eu não quero isso para mim!

Filipa e o avô ficaram algum tempo a falar; e há medida que Filipa falava, o seu avô escutava-a com paciência e com calma, tentando não demonstrar que há medida que Filipa ia falando, ele ficava mais perplexo com as atitudes de Marco... Tinha-o escolhido para o cargo, exatamente pelas suas atitudes, mas agora estava a desiludi-lo.

-Bem, minha querida, vou então tratar desse assunto; Fica descansada, vai para casa, a licença está aceite, remete os documentos, tira umas férias e quando voltares tudo estará diferente.

- Obrigada, avô. Um beijinho, volto antes de viajar.

- Cá te espero... Cá te espero...

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