33 - CAPITULO VIII
Eu realmente não sei como começar contando pra você isso aqui. Pior que sei que já te choquei e posso ter te perdido para sempre.
Mas, me aproximar de você e não te contar tudo... me sentiria te enganando... escondendo boa parte da minha vida.
Há casualidades no destino que são estranhas até para as fiandeiras do destino... as Moiras.
Mesmo depois de ter matado Douglas e sua família, minha vida não ruiu. Não sentia nada. A vingança era minha meta... meu único objetivo é meu norte.
Dessa vez eu fui andando pelas ruas de Londres. Sentia meu pai me acompanhando, embora não o visse.
Meu coração morto fervia mais uma vez, porém, agora pela ira. Eu vi o que minha próxima vítima fez... vítima era uma palavra forte para ser usada contra aquele monstro.
Mas, um mostro atraiu outro monstro bem pior. Infelizmente fui isso para todos os seus amigos e parentes presentes naquela festa.
Isso mesmo que você leu, o cara estava dando uma festa.
Entrei naquela imensa casa, pela porta da frente, sem ser notado. Tinha umas trinta pessoas, contando homens, mulheres e crianças.
Havia uma imensa mesa de comida no meio da sala. Me perguntei como um funcionário do governo poderia ganhar tanto... mas, isso não era problema meu.
Passei pela mesa, peguei duas facas, e me dirigi para o algoz final da minha Sophie. Minhas mãos queimavam, mas, não estava nem aí.
Ele quando me viu, não entendeu nada. Sabe aquele olhar " O que ele está fazendo aqui?"
Num segundo piscar de olhos, já estava diante dele - A velocidade vampírica é uma benção -, olhos nos olhos.
— Juan Munhoz Melina, como você está se sentindo hoje?
A minha pergunta foi sarcástica. Meu sorriso era traiçoeiro e exalava o mal.
Seus olhos não soltavam os meus. Ele percebeu o que faria. O porquê de estar ali.
O Legista seria o último a morrer.
Isso mesmo, o legista que me reconhece o corpo da minha Sophie.
O legista que pegou uma barra de ferro, amassou o crânio da minha esposa e depois dela morta, abusou dela sexualmente.
Sim, foi o legista que mordeu o corpo da minha esposa enquanto ela agonizava e lhe arrancou pedaços.
O homem que me disse sem dor ou piedade que eu não seria mais pai, porque minha criança havia morrido com minha Sophie.
Juan Munhoz Melina, espanhol naturalizado britânico, foi crucificado na parede da sua casa, pregado pelas facas de prata que queimavam as minhas mãos.
O legista, quando percebeu já estava pendurado e sendo observado por uma plateia que não entendia nada.
Todos aqueles olhos estarrecidos, observavam o patrono da casa pendurado na parede com um ser sugando-lhe o sangue.
E eu vi nos olhos dele o prazer de todo mal que fizeram a Sophie, e aquilo me foi agonizante.
A ira achou mais uma vez morada em mim naquele dia.
Porém de uma forma desproporcional e desprezível.
Pelo sangue do Juan Munhoz Melina eu soube quem eram as pessoas mais importantes na sua vida e os deixei para matar por último.
Foi o que fiz... matei todos ali, deixando por último as seis pessoas mais importantes da vida dele, bem diante dos seus olhos.
Juan urrava e seus gritos me alimentavam.
Eu estava feliz em fazer aquilo... sei que é horrível dizer isso, mas, estava num êxtase melhor do que qualquer ópio que já havia usado.
Matei-os pela ordem do amor dele.
Não quiz saber o motivo do porquê dele amar mais o pai do que a mãe. Pouco me importava sua história.
Uma coisa tenha certeza, os cinco primeiros não sofreram a dor da morte.
A mãe, o pai, a esposa, o filho de 12 anos e o menino que tinha 4 anos, não viram o que aconteceu. Em segundos arranquei-lhes a cabeça e fiquei com a menina recém-nascida em meus braços.
Os mucos nasais jorravam em aflição e dor. Juan me viu matar seus filhos, pais e mulher, e agora estava com sua única filha em meus braços.
Andei calmamente na direção dele e disse:
— Vou arrancar o coração dela e fazer você comer.
— Por favor... poupe minha filha. Me perdoe.
Você acredita que ele me pediu perdão? Quase sem voz?
— Juan, o que você faria com uma pessoa que estuprasse sua filha, estourasse a cabeça dela com uma barra de ferro, e depois, se não bastasse o que já havia feito. a estuprasse de novo... e de novo... com sua filha já morta?
Eu acariciava os cabelos da criança que por alguma razão não chorava, mas, me olhava e tentava pegar os meus caninos.
— Olha Juan, como sua doce cria é tão singela. Você sabia que os sabores são diferentes? O sabor do sangue inculpado de um inocente é sempre mais doce.
Não era verdade o que disse. O sabor do sangue é único. Não há diferença, mas eu queria fazê-lo sofrer antes do golpe final.
Porém, o destino me pregou uma horrível peça de crueldade.
— Por favor... minha Eleonor não... minha Eleonor...
Juan, teve um ataque cardíaco fulminante morrendo bem diante dos meus olhos.
Morreu ali. Simplesmente morreu!
Fiquei atônito olhando para o homem crucificado, morto sem que eu o desossasse. Eu iria tirar unha por unha, dedos, olhos, assim que matasse a pequena Eleonor.
Naquele dia me amaldiçoei por não ter feito tudo que havia planejado.
Quando sair da casa, o Conde me esperava do lado de fora. Olhando para mim, perguntou-me se tinha certeza da minha decisão.
— Yvi, a criança...
— Meu pai, eu a criarei como uma filha. Não me negues isso. Será um filho por outro filho.
O Conde olhou pra mim e disse-me:
— Ela vai crescer, envelhecer e morrer. Entende isso?
— Sim, meu pai.
Eleonor, olhando para meus olhos escuros como a noite, acariciou minha face e dormiu.
A inocência sempre será um baluarte de um mundo podre.
Eu e o Conde a batizamos de Eleonor Sorrento.
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