22 - SUCESSÃO
— Você teve alguma coisa a ver com isso, meu filho?
Adriano, olha para o pai surpreso com a pergunta. É lógico que ele havia pensado em matar o próprio filho, mas, seria numa ação mais discreta.
— Meu pai... que raio de pai seria eu, se tentasse matar meu próprio filho? Seu neto?
— Você é mesmo um filho da puta. E sei que ainda não me matou, porque Victor é a sucessão do meu testamento. Porém, devo admitir que nunca imaginei, que meu filho daria cabo do meu neto... não desta forma.
— Obrigado pelo excelente juízo que o senhor faz de mim. Porém, quantas vezes mentir para o senhor?
— Nenhuma.
— Pois é, e essa não será minha primeira vez. Uma coisa tenha certeza, não apertarei a polícia para nada. Não farei pressão alguma. Sem corpo, sem sucessão... me mantenho indiretamente no poder.
Austregésilo, sorrir cinicamente para Adriano, que diz:
— Como somos canalhas... o pobre do meu filho morreu e estamos falando em sucessão.
Adriano e Austregésilo gargalham.
— Nunca iria dar mole para você. Acredite quando digo isso. Mas, caso o corpo não seja achado e eu morra, por qualquer eventualidade da vida, a sucessão vai para a neta de seu tio... ou devo dizer neto?
Adriano, sabia disso. Seu pai, o Austregésilo criou uma trinca de sucessão que daria muitas dores de cabeça, se fosse assassinar todos das listas.
Mas, o que ele mais odiava, era saber que o sangue do tio dele, que nunca fez nada, poderia herdar tudo aquilo... principalmente a Eleonor.
— É, eu sei. O senhor é um tremendo filho de uma puta. Se tudo der errado, aquele veadinho fica com tudo.
Sem causar nenhum ruga a mais na sua face, que já é tão enrugada, Austregésilo gargalha.
— Não diga isso! Você está falando da sua mãe. Meu filho, toda a riqueza da nossa família foi criada em meio a tantas coisas imagináveis, que meu finado pai, me ensinou essa lição em seu leito de morte.
Austregésilo Nabuco, se levanta e vai até a mesa de madeira para pegar uma dose de uísque. Seu andar é espaçado e cansado por causa da idade.
Adriano, seu filho, observa seu pai sorvendo o uísque e pensando como seria fácil esgana-lo nesse exato momento e depois dizer que morreu a noite, asfixiado por uma saliva que entrou no goto. Laudo, não seria problema.
— Quando matei seu avô, pensei que um dia poderia acontecer comigo... e olhando hoje, vi como estava certo em criar essa linha de sucessão tão vasta, que tornou-se no final minha apólice de seguro. Não acha?
— O senhor é minha fonte de inspiração.
— Menos seu canalha... menos. Apenas, estou lhe mostrando que a vida não é como pensamos que ela fosse. Temos sempre que pensar dez anos à frente.
— Eu sei disso. O senhor é minha fonte de inspiração.
Pai e filho novamente gargalham.
— Mas, deixando de lado a linha sucessória, e se Victor foi morto por um dos nossos inimigos.
— Não descarto essa possibilidade.
— Seu irmão sabe da sucessão?
— Seu tio, duvido muito. E mesmo que soubesse, ele abriria mão do fardo.
— O senhor tem certeza disso?
— De noventa e nove por cento, mas, não coloco minha no fogo.
— O delegado do caso, não recordo dele na folha de pagamento.
— Nem precisa, os poderosos que temos já nos bastam.
— Não sei...
— Mas, mesmo que esse delegado seja um pé no saco e possa dar dor de cabeça, nada que sete palmos não resolvam.
— A morte de um delegado, pode ser um estopim até mesmo para uma cidade como Recife.
— Acidentes acontecem todos os dias.
O telefone celular de Adriano toca.
— Fala Juarez. Quem? O delegado? Peça para leva-lo até nossa sala de reunião.
— Pois é, falando no diabo...
— Vamos ver o que ele quer.
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