25 ▹ À LUZ DA LUA
Querida, me abrace com seus braços amorosos, beije-me sob a luz de mil estrelas e coloque sua cabeça em meu coração que bate. Talvez tenhamos achado o amor bem aqui, onde estamos. — Ed Sheeran (Thinking Out Loud).
— Você o quê? — A surpresa fez com que meus olhos se arregalassem e minha boca se entreabrisse, como se eu precisasse de um tempo para processar o significado daquelas palavras. À medida que me compactuava com o valor delas, minha expressão suavizava.
Era como se elas me despertassem gradativamente de um estado entorpecido.
Então simplesmente sorri, expondo uma parcela da minha alegria.
— Eu também te amo, Edu. — Acariciei seus lábios com os meus, gentil. — Te amo! Te amo! Posso gritar para todos ouvirem? — indaguei, fazendo-o gargalhar.
A realidade retornou com força quando Alicia se aproximou e reparou nas mãos dele em mim. Sua reação foi surpreendente, pois franziu a testa e enrugou o nariz, desgostando de nossa aproximação. Tudo o que fizemos foi rir, e para sua própria sobrevivência, Edu se afastou de mim.
Alicia poderia ser cruel enciumada.
Eu e Lili decidimos retornar aos seus pais para provarmos que estávamos bem e vivas. Após esse feito, revelei que encontrei um amigo antigo e que iria aproveitar o resto do dia com ele.
— Você tem certeza, Antônia? — Charlie arqueou a sobrancelha, desconfiado.
— Largue de ser chato, homem — George resmungou para o marido e piscou para mim com certa malícia. — Deixe a menina curtir a juventude!
— Tenho certeza, tio.
— Certo. — Charlie suspirou, notando minha ansiedade. — Só não nos deixe sem notícias, ok?
Apenas os abracei e me despedi, indo para o encontro de Edu, que havia buzinado para mim de longe. Ele estava sobre uma moto preta e bem estilosa, que me recordava dos filmes antigos de motoqueiros que eu assistia com meu pai. O rapaz de olhos verdes me estendeu um dos capacetes pretos que estavam em nas mãos.
— Se meu pai descobre que vou subir numa moto, ele enfarta! — disse enquanto afivelava o capacete. Então sorri e provoquei: — Como estou? Pareço bem aventureira?
— A mais linda aventureira que já conheci! — retrucou com certa malícia, agarrando-me em seguida e beijando o meu ombro nu, causando certo formigamento na região.
— Besta! — brinquei com um pouco de vergonha. — Para onde vamos?
— É surpresa — destacou com certo mistério, após me ajudar a subir em sua garupa. Agarrei-o pela cintura, e antes que eu pudesse respondê-lo, já havia arrancado com a moto.
As sensações de sentir o vento gelado no rosto, observar a paisagem com suas construções antigas e belíssimas e estar colada ao corpo másculo de Eduardo eram incríveis. Havia capelas, palácios históricos, arranha-céus, e a riqueza cultural só me encantava ainda mais. A velocidade que ele pilotava deveria me assustar, porém confiava nele. Edu me apontava os locais e me contava curiosidades numa tentativa de ser um apresentável guia turístico.
Nós visitamos primeiro o Borough Market, que era basicamente um dos mercados mais antigos do lugar, com diversas barracas para todos os tipos de gostos, desde os mais sofisticados com comida gourmet, até cervejas artesanais e confeitarias. Muita gente andava entre nós, desfrutando aventuras épicas culinárias.
Lanchamos comida escocesa, e Edu teve a audácia de roubar um pedaço da minha sobremesa. Porém, mesmo que eu devesse ficar indignada, não consegui, pois como a boba que era, fingi brigar com ele em um tom que não convenceria ninguém. Fiz o mesmo, e descobri que sua escolha de sobremesa foi muito melhor.
— Eles colocam um pouco de uísque nesse doce que escolhi, por isso ficou tão bom! — Edu confidenciou após eu engolir o doce batizado, assustando-me com a revelação.
— E só agora você me diz isso? Se eu ficar bêbada e te dar trabalho a culpa é toda sua! — Dei um empurrão em seu braço, o que só o fez dar de ombros e rir de mim. — Agora eu entendo porque você transformou Londres em seu refúgio. Aqui é tudo muito mágico e... lindo!
— Lindo e mágico... — Ele apertou a minha mão sobre a mesa, fazendo-me erguer o rosto para fitá-lo. — Agora é porque você está aqui.
— E muito bem alimentada! — festejei enquanto limpava minha boca com o guardanapo.
— Eu vou te alimentar para sempre! — Edu prometeu como se fosse a mais importante de sua vida, o que só me atiçou a tingir meu rosto com mais sorrisos, todos por sua causa.
— Isso para mim é melhor que um eu te amo — respondi.
Em seguida, nós terminamos a tarde visitando prédios históricos e conhecendo bairros que pareciam tirados de filmes românticos. Ele bateu diversas fotos nossas enquanto ríamos e nos aventurávamos por aquelas ruelas, bem como também pediu que estranhos fizessem o mesmo. A minha fotografia preferida foi uma que nos olhávamos, apaixonados, encostados em uma cabine telefônica vermelha. A dele, pelo que notei, foi uma em que estávamos sobre uma ponte, eu havia pulado de surpresa em suas costas, e ríamos naquele instante por alguma coisa idiota dita por ele.
Porém, infelizmente, entardeceu, e só notei isso após George me mandar uma foto de Lili dormindo e babando. As horas pareciam ter corrido mais rápido que o normal, e eu não queria ter que me despedir. Tudo soava como um delírio e que, a qualquer instante, eu acordaria para a realidade.
— Muito obrigada por esse dia — agradeci assim que desci de sua moto e retirei o capacete, já estávamos em frente à casa de Charlie. — Ainda é difícil te dizer adeus.
— Então não diga — retrucou, com as mãos dentro do bolso da bermuda.
Antes que pudéssemos prever, estávamos abraçados, numa bolha conhecida por nós, chamada de lar. Agarrei-o com mais força, pois tinha a impressão de que, se eu o soltasse, voltaria para o pesadelo de não o ter mais. Depois desse dia repleto de felicidade, eu não aguentaria mais a sensação do vazio.
— Que tal não finalizarmos ainda o nosso reencontro? A noite parece melhor com a sua presença e... — Ele deu uma pausa, levantando minha cabeça com uma leve pressão em meu queixo só para encará-lo. — E eu prometo me comportar.
Havia uma leve rouquidão em seu tom que contribuiu para que eu o respondesse:
— Claro.
Mandei uma mensagem para George explicando que estava bem e que precisava de mais tempo. Ele aproveitou para nos trazer casacos, escondido do marido. Mostrei-lhe algumas fotos da minha tarde com Edu, para expor o porquê não voltaria tão depressa. George disse que conversaria com Charlie e para que eu não me preocupasse. Ele era incrível.
Contando com o apoio dele, mais uma vez me agarrei à cintura de Eduardo em sua moto e, dessa vez, aproveitamos o ar noturno para nos aventurarmos. Havia diversos pubs abertos, de alguns estabelecimentos ouvíamos músicas ao vivo e ao ar livre, bem como víamos diversos grupos de amigos se divertindo bem agasalhados. A cidade se mantinha viva e agitada mesmo naquele horário.
— Tá escutando a música? Parece animado! — indaguei, empolgada.
Foi nesse momento que ele estacionou a moto e descemos algumas escadarias, no intuito de nos aproximarmos de um grupo de adolescentes que dançavam em frente a um chafariz, que jorrava água límpida a partir de uma pequena estátua no meio da fonte. Pessoas de diferentes idades assistiam a apresentação do grupo e batiam palmas, além de incentivarem com gritos e assovios. Não pude evitar de sorrir ao avistar crianças que se esforçavam, de forma corajosa, a imitarem os passos dos dançarinos.
— Vamos assistir um pouco? — pedi. Edu não se opôs, pelo contrário, simplesmente passou o braço pela minha cintura e me puxou para perto de si. Satisfeita, apenas pousei a cabeça em seu ombro e aproveitei a quentura de seu corpo.
Escutei Eduardo rir algumas vezes devido à dança desajustada das crianças, e não pude deixar de estranhar quando ele simplesmente ameaçou dançar também, até tentei impedi-lo. Mas, obviamente, fracassei. Quando dei por mim, lá estava eu rindo e o acompanhando com passos estranhos e ridículos.
Felizmente, nós não éramos os únicos adultos pagando mico naquela praça.
➹➷
— Parece que todos já foram dormir — Eduardo deduziu assim que adentramos sua casa.
O local era enorme, diferente de sua casa no Brasil, que parecia um pouco mais com a minha, bem mais simples. A casa de Londres tinha paredes brancas que apenas evidenciavam o tom vermelho dos móveis, pois a decoração baseava-se na mistura de algo clássico com pitadas rústicas, trazendo um ar de impecabilidade absoluta.
— É linda! — elogiei enquanto tirava meu casaco e o estendia em meu braço. Em seguida, subimos as escadas correndo um atrás do outro como duas crianças sorrateiras que acabaram de aprontar e iam se esconder.
Assim que Edu fechou a porta de seu quarto, ele me analisou com curiosidade. Jogamos nossos casacos em uma poltrona e, em instantâneo, parei de observar a decoração para enfim encará-lo. Havia algo queimando em suas pupilas, e eu podia sentir, mesmo a certa distância.
Quando notou minha vulnerabilidade, Edu deu passos até mim com seu olhar arredio e desafiador, cada vez mais perto. Por instinto, caminhei para trás, à medida que arrepios me alcançavam. Antes que eu pudesse prever, minhas costas se chocaram contra a parede.
Notei, então, que eu estava sem saída, e não tinha para onde fugir, pois seus braços estavam a minha volta, como se impedisse qualquer movimento meu. Seu rosto se mantinha tão colado ao meu que pude analisá-lo mais minuciosamente, para além de seus traços, como se pudesse captá-lo e gravá-lo para relembrar futuramente. E eu obviamente relembraria por milhares de anos.
Minhas mãos, ágeis, seguiram deliberadamente o caminho de suas costelas, indo para suas costas, e mesmo ainda vestido, pude senti-lo reagir sob meu toque, deixando-me a par do efeito que possivelmente eu lhe causava. De modo egoísta, isso me deixou feliz. Irreversivelmente feliz.
A porta trancada, no entanto, só enfatizou o que poderia acontecer diante daquela química que já incomodava o meu íntimo. E isso só aumentou o fato da situação soar embaraçosa, o que era ridículo, mas a realidade era que, com ele, tudo era novidade. Edu, curioso, levantou minha cabeça, que estava cabisbaixa devido minha insegurança, e expressou um leve divertimento ao notar meu rosto ruborizado.
— Não tem graça — reclamei, possivelmente ainda mais vermelha.
— Não precisa ter vergonha de mim, ou qualquer coisa do tipo, tudo bem? Quero que esteja à vontade, Tônia. E tenha em mente que eu jamais irei fazer algo que não queira. Como já disse, estou em suas mãos, e você faz de mim o que quiser. — Sua fala soava meio abafada, como se controlasse toda a sua expectativa e suas vontades, e isso fosse difícil.
Diante de seus olhos verdes intensos e expressivos, proferi:
— Então, Edu, por favor, me faça sua. Inteiramente sua.
Não pude tomar ar, pois, em fração de segundos, ele me beijou com uma delicadeza imensurável. Apesar da expectativa, Edu tentava expor o quanto importante eu era, pois seus atos eram gentis, como se não quisessem, quem sabe, submeter força capaz de me danificar ou me ferir.
Estar em seus braços daquela forma fazia-me sentir como uma joia valiosa nas mãos de um grande apreciador. Sentia-me especial e desejada, porque era isso o que o loiro me proporcionava.
— Esses toques superficiais.... Quero mais... Quero você — implorei o puxando pela camisa. Nós andamos colados enquanto ainda nos beijávamos, e caímos sobre sua cama. Minha cabeça bateu contra o forro macio e seu corpo ficou por cima do meu. Suas mãos estavam escoradas no colchão, depositando nelas seu peso.
Era noite, a lâmpada estava apagada, porém, a janela estava aberta, o que permitiu que a luz da lua iluminasse algumas partes do quarto. Isso tornou possível que a visão de Edu ressurgisse ainda mais especial para mim, com seus olhos verdes bem destacados, bem como seu sorriso astuto. A iluminação parcial trazia uma aura atrativa e magnética, fortalecendo outros sentidos.
— Você é tão linda — ele murmurou assim que retirou minhas roupas com cuidado, enquanto espalhava trilhas de beijos e mordidas leves pela pele nua que ia sendo desvendada. Cada local que ele desvendava formigava, e eu estava a ponto de lhe implorar para que não me soltasse jamais.
Contornei minhas mãos pelos seus braços a fim de senti-lo, também aproveitando para despi-lo e descobri-lo em todas as suas nuances. Minha boca se abriu assim que ele puxou meu cabelo em um rabo de cavalo, entortou minha cabeça e a fez se desencostar do travesseiro. Meus olhos miraram os dele e ele colou sua testa na minha. Era intenso aquilo. Demais.
Nossas línguas se arremessaram em um beijo cuja sincronia era humanamente incompreensível, atiçando cada célula em um ato mais selvagem, mais ilícito, pois me peguei sendo, praticamente, devorada por sua boca. Não intervi, como poderia? Se não existia outro lugar em que eu deseja estar, senão ali, como se o mundo lá fora não pudesse interromper a conexão que nos mantinha à parte da realidade.
O mundo poderia estar em caos lá fora, mas eu não tiraria a droga de sorriso no rosto por nada.
Ele me puxou para si, sem parar de me beijar, fazendo com que minhas pernas abrissem no automático, deixando seu corpo entre elas. Foi possível ouvir o impacto de minhas costas contra a cabeceira da cama, porém não me importei, pois seu beijo era capaz de neutralizar qualquer vestígio de dor ou ardência. Quanto mais o sentia me tocar, mais nervosa e eufórica eu ficava.
Ele desceu sua boca por mim, e se desfez facilmente do sutiã, jogando a peça intrometida para algum canto perdido do quarto. Minhas mãos involuntariamente pararam sobre seus cabelos.
Minutos depois, seus lábios desceram, passando pelo meu corpo em direção a minha virilha e, no impulso, minha cabeça se arqueou e meus olhos se fecharam para sentir a excitação me invadir de forma extraordinária. Ameacei fechar minhas pernas pelo receio de minha reação, porém, quando notou isso, Eduardo as abriu ainda mais.
Em segundos, sua língua me explorava de maneira excepcional, proporcionando-me uma sensação de prazer imensa. Me segurar se tornou impossível, pois me agarrei nele, em seus cabelos, em seus ombros, na sua nuca, onde quer que tivesse disponível para que minhas unhas afundassem.
Quando terminou seu trabalho naquela área, já me tendo completamente entregue para si, puxei-o para mais um beijo intenso, pois eu me sentia incendiar em desejo. Então Eduardo simplesmente me segurou pelas pernas e me ergueu, fazendo-me sentar em seu colo. Suas mãos, ávidas, deslizavam pelas minhas coxas e as apertava e as acariciava, e eu torcia para que não houvesse mancha alguma no dia seguinte.
— Você tem certeza? — sua pergunta me parecia mais com um pedido de permissão. Apesar do receio, eu apenas concordei com a cabeça.
Numa agilidade impressionante, trocamos de posição, e Edu estava sobre mim mais uma vez. Agarrei-me em seu pescoço e entrelacei minhas pernas em sua cintura, enquanto finalmente me sentia sendo preenchida aos poucos e com cuidado. Acreditei que sua intenção ao começar dessa maneira era a de me olhar bem, como se qualquer medo que pudesse me atingir fosse se extinguir pela força de seu olhar magnético, como se quisesse se assegurar de que eu estava bem e que não estava me machucando.
E, sinceramente, o admirei ainda mais por isso.
Àquela altura minha vergonha não existia mais, e nem nada similar. Era como se, estar daquele jeito, fosse algo totalmente natural para a gente. E se dependesse de mim, seria. É claro que sim.
Não tinha mais como fugir, e eu não fugiria.
— Eu amo você — ele disse, de repente, enquanto encostava sua testa sutilmente na minha. Ambos já estávamos suados, e sua respiração ofegante se intrometia com a minha, enquanto suas investidas aconteciam e de minha garganta saía sons que, aos poucos, deixavam de ser de dor e se transformavam em prazer.
Era incrível a forma com que nosso corpo trabalhava, bem como nossas almas. Portanto, o resultado não poderia ser outro a não ser uma explosão de sentimentos. Totalmente entregues, éramos apenas um casal apaixonado expondo da melhor forma o calor e, principalmente, o desejo.
Eu estava, literalmente, rendida àquela noite.
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E aí, como estão? Espero que bem (: Desculpem a demora, tá uma loucura aq!! Mas trouxe o cap (:
Londres está pegando fogo, não? Espero que estejam gostando desses momentos incríveis entre Edu e Tônia!! Os proxs caps trarei algumas revelações sobre o passado de ambos ):
Até lá <3
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