O Segredo do Tráfico

dois meses antes de Madeline Stuart morrer

C

larisse caiu na cama, um sorriso malicioso nos lábios, enquanto se recuperava do orgasmo. Toledo, ou Derek, estava deitado ao seu lado, acendendo um cigarro. O seu telefone tocou, a tirando do seu torpor de prazer, e a fazendo revirar os olhos. Uma festa de halloween estava sendo organizada na universidade, Madeline e a outra organizadora, Mandy, a infernizam o dia todo para ajudar com a decoração.

— Que cara é essa? — perguntou Toledo, amassando o cigarro no cinzeiro.

— A maldita festa de halloween — murmurou Clary, desligando o celular e começando a se vestir. — Estou ajudando a organizar.

— Por que? Você nem gosta dessas coisas.

— Blaire também está organizando, então... Sei lá, pareceu legal.

Toledo fitou a garota, então se levantou, vestindo uma cueca e indo para o banheiro. De lá, ele indagou:

— Eu devo me preocupar com sua paixonite pela Blaire?

— Não — Clarisse sentou-se, calçando o coturno. Suas costelas doem com o movimento súbito, havia uma grande mancha arroxeada ali, um lembrete de Toledo para que não o desafiasse novamente. — Ela está com meu irmão... E a com a namorada do meu irmão.

Toledo colocou a cabeça para fora do banheiro, com um vinco entre as sobrancelhas.

— Como é?

— Eles estão se pegando. Os três.

— Uau. Devíamos ter chamado ela antes.

Clarisse não respondeu, apenas jogou um sapato qualquer na direção dele. No fundo, um pensamento veio: É, realmente devíamos.

🔪🔪🔪

Está atrasada — disse Anastásia, com as mãos na cintura, no momento em que Clary entrou no ginásio.

— Desculpe, abelha rainha.

Ha ha. Blaire está com você?

Oh não.

— Não. Ela ainda não chegou?

— Eu não estaria perguntando se ela tivesse chegado, estaria?

Mandy, com seus cabelos platinados e nariz empinado, deu uma risadinha. Ela segurava uma quantidade absurda de papel machê preto.

— Então, somos só nós.

— Talvez ela chegue, logo — retrucou Clarisse. E acho bom ela vir ou a mato. — E aí, o que eu tenho que fazer?

— Ainda estamos decidindo a decoração — respondeu Mandy, mastigando um chiclete. — Eu quero pisca piscas e bastante sangue falso. Estilo Stranger Things. O que você tem em mente?

Hmmm... Que tal decoração de halloween?

Madeline revirou os olhos. 

— Sim. Mas qual seria sua ideia de decoração de halloween? Fantasmas? Assassinos?

— Eu sei lá! — Clarisse deu de ombros. — Sangue, teias de aranha... Essas coisas.

— Isso é tão vago — retrucou Mandy, rolando os olhos. — Que tal você ir buscar água para gente? Nós cuidamos do resto.

Clarisse pensou em xingar a garota, mas qualquer outro lugar era melhor do que ficar ali, discutindo sobre algo tão banal. Portanto, deu um sorriso e se levantou, indo até a máquina de refrigerante. Mal tinha apertado os botões e sentiu alguém esbarrando em si, erguendo o rosto deparou-se com um agitado Aspen.

— Que isso, garoto?! Não me viu?

— Desculpe, Clary. Eu estou com pressa.

A garota o observou, Aspen estava suado, os olhos não paravam quietos e a camiseta estava amarrotada.

— Você está bem?

— Ahn? Sim. Sim. Madeline está aqui?

— Lá dentro — Clarisse franziu a testa. — O que você...

— Obrigado.

Sem deixar a White terminar de falar, o rapaz saiu correndo, entrando no ginásio.

— Garoto esquisito — murmurou pra si mesma, voltando sua atenção a máquina de refrigerante.

🔪🔪🔪

A

lgo tinha acontecido entre Madeline e Aspen, Clarisse percebeu. A loira não prestava atenção na discussão sobre decoração, e só concordava com a cabeça sem realmente dizer algo. O que era estranho, considerando como ela vinha dando importância àquela festa. Por fim, Mandy e Clary entraram num consenso, e a decoração seria de filmes de terror dos anos 90. A White não queria admitir, mas ficou bem animada enquanto decidia sobre o que deveriam comprar. Já até mesmo imaginava qual seria sua fantasia.

Na hora de ir embora, estava perto do carro quando Madeline gritou seu nome.

— Quer uma carona? — perguntou Clarisse, franzindo as sobrancelhas.

— Não, não. Eu... — a loira passou a língua pelo lábio inferior. — Eu preciso de uma coisinha para relaxar. Pode arranjar para mim?

— Como é? Eu não vendo drogas, Madeline.

— Olha — a Stuart fez uma careta — eu sei que tá rolando uma coisa estranha entre você e o Toledo. E ele não está me atendendo. 

— Isso tem cara de problema seu.

— Qual é, Clarisse! Só me leve até ele, por favor?

A White ponderou em silêncio, seja lá o que Aspen tenha dito a Madeline, tinha realmente a afetado. Suspirando, anuiu e permitiu que a Stuart entrasse no carro. Iria levá-la até o apartamento de Toledo. Checou o celular antes de começar a dirigir, avisando ao namorado que estava levando uma cliente até ele, mas não recebeu nenhuma resposta. Quando estacionou o carro, e Madeline encarou o apartamento com desdém, percebeu que, talvez, não tenha sido a melhor ideia levá-la até ali.

— Vem — chamou Clarisse.

As duas subiram até o sexto andar, em silêncio, e Clarisse começou a tamborilar os dedos na perna. Nervosa. E seu nervosismo aumentou ao perceber que a porta do apartamento já estava aberta. Seus dedos pararam a centímetros da maçaneta, um vinco se formando entre suas sobrancelhas. O porteiro não havia informado sobre nenhuma visita.

— Derek? — chamou.

— Por que está parada? — indagou Madeline, batendo o pé atrás dela.

— Fique calada.

Clarisse entrou, abrindo de vez a porta, e olhando em volta. O apartamento de Toledo era razoavelmente grande — levando em conta que ele tinha que manter a imagem de um professor classe média — com uma cozinha, sala, banheiro e três quartos. Conseguia ouvir um barulho abafado vindo de um dos quartos. Fuja, fuja, fuja, seus instintos mandavam. Madeline também parecia entender que algo estava errado, pois tinha parado de resmungar e estava apertando o braço de Clary com nervosismo.

— Quem está aí?

Elas andaram até o quarto principal, e Clarisse arregalou os olhos ao ver um homem revistando o closet. Ele era baixo, mas musculoso, usava uma blusa de frio preta com capuz, e revirava todo o quarto à procura de algo. Drogas? Com certeza. O homem se virou, percebendo a presença das duas universitárias.

— Quem são vocês? O que fazem aqui?

— O que nós fazemos aqui? O que você faz aqui?

Madeline soltou um gemido de sofrimento e apertou o braço de Clarisse.

— Não responda!

Seus olhos se moveram, e Clary os seguiu. Havia um volume na cintura do homem, provavelmente uma arma. A garota ergueu as mãos.

— Eu moro aqui...

— Mentira! Ele mora aqui — o homem estava muito alterado. — Aquele maldito! Maldito! Onde está o desgraçado?

— Eu não sei — Clarisse mantém as mãos à mostra. — Você... Você quer falar com ele?

— Falar? — ele riu. E para ela, aquele era o pior som que já ouviu. — Eu quero matar o desgraçado!

Madeline soltou algo entre um gemido e uma lamentação, ela tremia com medo. O homem pareceu perceber, finalmente, que estava na frente de duas jovens. Jovens que, supostamente, não deveriam estar ali. Ele tirou a arma da calça, fazendo com que ambas gritassem e andassem para trás.

— Vocês são o que? As putinhas dele?

— Abaixe isso — pediu Clarisse, engolindo em seco. — Por favor, nós não sabemos onde Toledo está...

— Não. Mas já que o bastardo não está aqui... Vocês vão no lugar dele.

O homem apontou a arma na direção de Clarisse.

— Eu sei onde está o dinheiro! — ela gritou. — Eu sei onde está! Muito dinheiro. 

— Dinheiro? — a voz dele tremeu com interesse. 

— Muito. E pense só, como Tole... Como o desgraçado se sentiria sabendo que foi roubado na própria casa?

Madeline concordou com a cabeça, os olhos estavam tão arregalados que quase saltavam do rosto.

— Onde está? Vamos, mostre-me — o homem gritou, mexendo a arma. — Mexa-se!

— Está no fundo falso do closet — Clarisse aproximou-se, respirando devagar. — Eu só vou... Mostrar a você.

Devagar, ele se afastou do closet, dando espaço para que Clarisse mostrasse o cofre. Ela não era boba, sabia que mesmo se desse o dinheiro a ele, acabaria morta com uma bala na cabeça. A White retirou a madeira branca e observou o cofre, o qual ela não fazia ideia de qual era a senha, e de soslaio, encarou o frasco de desodorante de Toledo. 

— Aqui está — murmurou, sem se mover. — O cofre. Quer vê-lo?

O homem franziu a testa, mas seus olhos brilhavam. Lentamente, ele se aproximou, e a mão de Clarisse deslizou para o desodorante. Só preciso acertar... Mal concluiu o seu pensamento e um jarro azul foi arremessado na cabeça do homem ao seu lado. Ele caiu no chão, a cabeça sangrando, e desmaiou. Clarisse virou-se assustada para Madeline, que havia, provavelmente, acabado de salvar a vida das duas.

— Pensou rápido — ela se ajoelhou, pegando a arma das mãos do, agora, homem desmaiado. — Você está bem?

Madeline não respondeu, continuou encarando o corpo no chão, sangrando. Clarisse sentiu a boca secar, percebendo o que a Stuart tinha acabado de testemunhar. Nervosamente, agarrou o pulso da loira, a fazendo se virar.

— Você não pode contar o que aconteceu aqui para ninguém — nenhuma resposta. Clarisse apertou o pulso dela com mais força. — Está me ouvindo, Madeline? Não pode contar para ninguém!

Madeline, cautelosamente, desceu os olhos para a arma na mão de Clarisse. Em seguida, disse com a voz fraca:

— Claro. Eu não vou contar a ninguém.

🔪🔪🔪

Notas da autora:

4 capítulos para descobrimos o assassino!!


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top