O Segredo de Jackson

na noite em que Madeline Stuart morreu


— Como assim, não vem? — berrou Jackson no celular. 

Do outro lado da linha, Anastásia suspirou:

— Estou me arrumando para a festa de halloween. Vou ficar em casa o dia todo.

— Está de sacanagem? Faz dias que não te vejo.

Jackson jogou-se na cama, abraçando os travesseiros.

— Eu sei, amor — respondeu Anastásia, e em seguida deu uma risadinha.

Jackson franziu a testa.

— Tem alguém com você?

— Claro que não! Já disse que estou sozinha.

Os dois ficaram em silêncio, e por um longo momento, os dois apenas ouviram a respiração um do outro. Anastásia pareceu exasperar do outro lado da linha.

— Eu tenho que ir. Te vejo na festa, certo?

Jackson não respondeu, apenas desligou.

Levantando-se da cama, ele se encarou no espelho. Estava cansado. Se havia um sentimento para descrever o que vinha sentindo seria exaustão. Estava cansado das mentiras de Anastásia, de guardar seus segredos, de fingir que não sabia sobre a traição do pai, e, principalmente, do assassinato. Toda a sua vida havia virado de cabeça para baixo durante alguns meses, e o rapaz começava a sentir-se derrotado. Lembrou-se de quando se olhava no reflexo do espelho e sorria, satisfeito com a própria imagem, e agora, não sentia nada. Estava vazio.

— Merda.

Tirando as roupas e as jogando num canto, entrou debaixo do chuveiro. A água gelada despertou seus músculos doloridos — o treino de futebol ficava cada dia mais intenso — e Jackson mordeu os lábios para segurar um gemido de dor. Após vários minutos, ouviu o despertador tocar, indicando que era hora de se arrumar para a festa de halloween. Merda de festa, xingou internamente, enquanto se enrolava em uma toalha. Não estava empolgado, no entanto, decidiu que iria beber o suficiente para esquecer todos os seus problemas. Jackson segurou o celular, encarando o papel de parede, uma foto dele e de Anastásia. Trincando o maxilar, jogou o aparelho longe e voltou a se arrumar. 

🔪🔪🔪

— Você estava incrível no último jogo — Mandy, com seu usual chiclete de tutti frutti, despejava elogios em Jackson. — Tipo, incrível demais!

— Você acha?

O rapaz não estava prestando atenção. Encarava a porta do ginásio, esperando que Anastásia entrasse.

— Totalmente! Você é incrível.

— Hã — ele franziu a testa, pensando em algo para responder. — Você também.

— Nós faríamos um casal lindo! — Mandy deu pequenos pulinhos e soltou um suspiro. — Não me entenda mal, mas Anastásia é tão... Blé.

Em certo ponto, Jackson simplesmente parou de ouvi-la, já que, naquele momento, Anastásia adentrou o ginásio. Usava uma fantasia de rainha, com máscara e luvas de época, e correu em direção a algumas amigas líderes de torcida. Ele a fitou de cima a baixo, não deixando de notar o sorriso gigante no rosto da Stanford, e o jeito como movia-se de acordo com a música. Ela parecia... Feliz, mas como isso era possível? Eles tinham passado pelas mesmas situações, como ela estava bem e ele em pedaços?

— ... Ela nem vai aos treinos mais...

— O que disse? — Jackson virou-se abruptamente para Mandy.

— Anastásia não vai aos treinos há semanas — respondeu ela, devagar.

Ele deslizou os olhos até a namorada, e então de volta a Mandy. 

— Eu não sabia disso.

— Ah, pobrezinho — soltou Mandy, jogando os braços em volta do rapaz. — Ela anda mentindo para você?

— Eu...

Jackson fitou Anastásia no exato momento em que ela o olhou. Ela observou a maneira que Mandy o abraçava, e em vez de gritar, xingar, ou até mesmo bater em um dos dois, como faria há alguns meses atrás, deu um sorriso e voltou a dançar. Ela não sentia ciúmes, não se importava que ele estava com outra garota. Respirando de forma ofegante, Jackson segurou a mão de Mandy e a levou para longe da multidão, até encontrar um banheiro, e a levar para dentro de uma das cabines.

— O que está fazendo? — a garota sorriu, o beijando.

— Tira a calcinha — ele ordenou, desabotoando a calça.

Por um momento, Mandy hesitou, em choque. E então, tão rapidamente quanto hesitou, sorriu maliciosamente e abaixou a roupa íntima. 

— Se vira.

— Mandão — ela zombou, encostando a cabeça na porta gelada da cabine e espalmando as mãos na parede.

Jackson não respondeu. Não queria ouvir a voz de Mandy, nem ao menos queria olhar para o seu rosto. Só precisava fazer algo que tirasse a tensão de seus ombros e ferisse Anastásia ao mesmo tempo. Enquanto subia o vestido da garota, e entrava dentro dela, deixou que os problemas fossem embora.

🔪🔪🔪

— Sua calcinha.

Mandy agachou-se, se vestindo, em seguida arrumou o cabelo, enquanto se olhava no espelho. Jackson ajeitou a gravata com desleixo, sentindo o celular vibrar várias vezes no bolso.

— Qual é a sua fantasia, afinal? — ela perguntou, fitando o terno do rapaz.

— Bond — respondeu, como se fosse óbvio. — James Bond.

— Sexy — Mandy deu uma risadinha. — Eu tenho que ir — ela lhe deu um selinho. — Me liga.

Balançando a cabeça em descrença, Jackson pegou o celular, a observando ir embora antes de encarar a tela. Havia várias mensagens da mãe, mas as duas últimas fizeram seu coração parar por um segundo. 

Querido, seu pai está saindo de casa. Ele pediu o divórcio. 

                                                    00:30 am

Estou apenas avisando para que não haja nenhuma surpresa. Não se preocupe, está tudo bem. Conversamos quando chegar em casa.

                                                    00:31 am

Não, não, não! — Jackson discou o número da mãe, mas ela não atendeu. — Merda! 

Tentou mais uma vez. Sem resposta. 

— Desgraçado!

Socando a porta do banheiro, o rapaz lembrou-se da conversa que ouviu entre o pai e a mãe de Madeline. Filho da puta, pensou com ódio. Ele havia largado sua mãe para ficar com Liana, e Jackson podia apostar que Madeline já sabia. Havia a encontrado na segunda para uma aula de teatro, e ela agiu como se não soubesse de nada! Abrindo a porta do banheiro com força, começou a vasculhar o ginásio. Madeline tinha que estar em algum lugar. Ela o obrigou a fazer aulas de teatro, prometendo não contar sobre o caso dos pais, quando, no fim das contas, já sabia que Wesley largaria Angelina de qualquer maneira. Para piorar o seu humor, Anastásia apareceu em seu campo de visão com uma garrafa de cerveja na mão.

— Jack, você está bem?

— Não com tempo, Ana.

A empurrando do caminho, seguiu para o corredor, bufando enquanto andava.

— Jackson! Espera! — Anastásia o seguiu, cambaleando como uma bêbada. — Precisamos conversar.

— Agora não! — ele gritou em resposta.

— O que está acontecendo?

A ignorando, Jackson ouviu vozes vindas do gramado, vozes alteradas, e seguiu até lá. Quando entrou, deu de cara com Lola gritando com Madeline, as duas estavam vermelhas e pareciam exaltadas.

— Ah, ótimo — murmurou a loira o vendo entrar. — Mais um para a briga.

— Você sabia, não sabia?

— O que?

Jackson a segurou pelo braço com força, a fazendo soltar um grito de dor.

— Jackson! — gritou Anastásia em surpresa. — Você está a machucando.

— Eu estou pouco me fodendo — ele aproximou o rosto, fitando os olhos assustados de Madeline. — Meu pai está se divorciando da minha mãe. Você sabia?

— Pode resolver seus problemas familiares depois? — protestou Lola. — Eu estava no meio de uma discussão.

— Cala a boca — berrou Jackson, apertando mais o braço de Madeline. — Todo mundo cala a porra da boca!

As garotas se calaram, como se estivessem entendendo a gravidade da situação. A Stuart fitava os olhos avermelhados de Jackson com medo.

— Eu quero a verdade — sibilou o rapaz, cuspindo cada palavra com ódio. — Diga a verdade, Madeline. Ou isso não vai acabar bem.


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