Jake respirou fundo após alguns segundos observando o lugar vago de Heeseung em sua sala de aula. Desde o dia na casa de Sunghoon, o loiro não aparecia na escola, não mandava mensagens e nem dava sinal de vida.

Niki e Sunoo também pareciam distantes, o único que ainda falava consigo normalmente era Sunghoon, mas este também acabou esfriando um pouco, e agora ele mal falava com Sunoo também.

──── Procurando Heeseung de novo? ── o Park questionou, puxando Jake pelos ombros. ──── Não vale a pena hyung.

──── Você não acha que eu exagerei? ── questionou apreensivo.

Sunghoon o encarou com tédio. Era a terceira vez que ele perguntava aquilo, então preferiu nem responder. Já haviam se passado dois dias, mas para o australiano aquilo era equivalente a uma eternidade. Respirou fundo novamente e passou a caminhar pelo corredores ao lado do único amigo que ainda lhe restará. Enquanto caminhavam, Sunghoon teve a infelicidade de esbarrar em Sunoo, o loiro sorriu de maneira simpática e fez de tudo para puxar assunto, mas o Park não pareceu muito a fim. Jake se sentiu desconfortável pelo Kim naquele momento.

──── Não acha que está sendo muito rude? Vocês não tinham entrado num acordo silencioso ou sei lá o que? ── questionou realmente curioso. Há três dias atrás Sunghoon parecia apaixonado e agora tudo estava simplesmente no lixo?

──── E você não era hétero?

──── Porra, poderia ter dormido sem essa. ── riu sem humor e Sunghoon, ao se sentir minimamente culpado, abraçou o menor pelos ombros e o guiou até a sala de aula que compartilhavam.

──── Você vai na festa sexta? ── o mais velho perguntou assim que sentou-se em sua classe.

Sunghoon o olhou como se a resposta fosse óbvia, mas talvez aquela fosse a única maneira de Jake para encontrar Heeseung e esclarecer as coisas. Apesar de tudo, sentia muita falta de seu melhor amigo.

──── Será que eu devo mesmo responder a essa pergunta?

──── Vamos comigo, por favor! Talvez Heeseung esteja lá e eu quero conversar com ele.. ── disse baixinho, estava sentindo vergonha. Sabia a opinião de Sunghoon sobre tudo aquilo.

O mais novo respirou fundo e revirou os olhos. Jake era insistente, e naquela situação ele sabia que o amigo conseguiria o que desejava, então escolheu não ficar rodeando naquele assunto e concordou em ir naquela festa boba com ele. Não estava contente com aquela ideia, mas talvez com um pouco de bebida no corpo, passasse a enxergar seus amigos com os mesmos olhos de antes outra vez.

⏳

   Assim que a última aula do dia se encerrou, Sunghoon se despediu do amigo e saiu da sala depressa. Jake guardou suas coisas com calma e fez o mesmo, e só depois de realizar tal ato que sua ficha caiu. Depois daquele maldito dia na casa de Sunghoon tudo teria mudado, e agora Heeseung não estava mais o esperando no batente da porta para irem embora juntos como fazia com frequência até dias atrás. Sentia-se culpado por toda aquela confusão, talvez se não fosse uma pessoa tão complicada nada disso teria acontecido.

Enquanto caminhava de volta para sua casa, travava uma batalha interna entre manter-se firme ou desabar em lágrimas na frente de quem quisesse ver. Num ato de impulso, retirou o celular do bolso e procurou aflito o contato de Heeseung, colocando o celular na orelha em seguida, esperando ansiosamente a ligação ser atendida.

──── Oi, quem fala é o Heeseung! No momento eu não posso atender, deixe um recado ou me procure de novo depois. ── seu coração bateu mais forte ao ouvir sua voz, mesmo que fosse uma simples gravação de alguém que não podia ou não quis atender o telefone.

Mordeu seu lábio inferior aflito, pensando em realmente deixar um recado na esperança de que Heeseung fosse ouvi-lo, e com sorte, retornasse a ligação.

──── Oi hyung... aqui é o Jake. ── começou a falar. Sua voz quase não saia e sua mão tremia como jamais antes. Sem nem perceber, estava parado no meio da rua segurando o choro. ──── Bem, eu nem sei se você vai ouvir isso, mas eu só queria dizer que sinto muito por aquele dia na casa do Hoon.. Eu ainda me sinto muito confuso em relação aos meus sentimentos, espero que não esteja com raiva de mim, eu.. eu.. ── mordeu o lábio novamente, fechou os olhos com força, sentindo a primeira lágrima escorrer por seu rosto assim que o abriu novamente. ──── Eu sinto sua falta. Me liga assim que puder, por favor.

Assim que a chamada foi encerrada, Jaeyun tratou de andar o mais rápido possível até sua casa. Não sabia se aguentaria se controlar mentalmente para não desabar ali mesmo, então estava praticamente correndo. Ao chegar, não conseguiu nem mesmo responder sua mãe e correu para seu quarto, trancando a porta e se jogando na cama, desmanchando-se em lágrimas no mesmo segundo.

Achou que seria forte mas não conseguia negar para si mesmo que seus dias estavam sendo vazios desde que Heeseung resolveu não fazer mais parte deles.