Epílogo
10 anos depois
Ver The Bathdoors em apresentações como Grammy e Brit Awards havia se tornado normal nos últimos anos, mas naquela ocasião, no Grammy, eu estava mais nervoso do que nunca.
Aqueles garotos haviam se tornado como filhos para mim. Desde seu primeiro sucesso com Cry Out, eles me apadrinharam e sempre me chamavam para produzir seus álbuns com eles. Meu estúdio se tornou um dos mais conceituados de New York e, consequentemente, dos Estados Unidos. Eu era grato a eles e eles a mim.
Eles se tornaram uma das bandas mais famosas do mundo, mesmo sendo chamados de "Portas de banheiro" e passaram por deveras turbulências também, contudo lá estava eu dando apoio para eles, sempre com Gabriela em meu encalço.
Foi questão de tempo até que ela se interessa-se por música também e sempre que podia estava no estúdio me observando trabalhar. Para mim não foi nenhuma surpresa quando perguntaram a ela o que queria ser quando crescer e minha princesa respondeu: quero ser "música"!
Ela se tornou minha acompanhante nas premiações, mesmo que tenha sido complicado convencer Jéssica a liberá-la para ir comigo a outro país.
Tudo mudou quando Jake, o vocalista da banda, o qual sempre se destacava principalmente por ter escrito Cry Out, decidiu sair da banda para fazer carreira solo. Foi o maior tumulto entre os fãs, a mídia e principalmente: a banda.
Eles conversaram comigo e se mostravam desanimados em continuar. Mesmo sendo uma saída amigável, eles se viam perdidos depois de 10 anos fazendo o que gostavam com Jake. Esses garotos já tinham quase 30 anos e aposentadoria da banda foi cogitada, até que eu dei o concelho: por que não encontrar outro vocalista para eles? Mudar é sempre necessário e sim, se mexe em time que está ganhando.
Mas, o que me assustou foi quando o novo vocalista, ou melhor, a nova vocalista era nada mais, nada menos, do quê minha filha, Gabriela, de apenas 15 anos. E ela era muito talentosa! Sua voz era um contralto médio que aguentava notas altas que até Mariah Carey sentiria inveja.
Obviamente, eu, como uma pai coruja, devo está exagerando, mas que ela tem talento, ela tem. Descobri mais tarde que Gabriela fazia aulas de canto escondido de mim e sua mãe por dois anos, por isso ela carregava tanta técnica em sua voz.
Foi primeira vez durante anos que eu e Jéssica concordamos em algo. Gabriela era nova demais para sair em turnês e se dedicar a uma banda daquele jeito - ela não tinha nem saído do ensino médio! Todavia, quando vimos que aquele era seu sonho, decidimos apoiá-la, mesmo que com um pé atrás com aquela situação.
Abracei minha filha para dá-lhe apoio nos bastidores e fitei os olhos da banda inteira. Estavam temerosos como na sua primeira apresentação em uma premiação como aquela.
De repente, uma mulher loira de aparentemente 19 anos com o crachá de impressa, correu em nossa direção. Seus olhos eram familiares demais e me segurei para não parecer assustado ao perceber sua semelhança com Liv.
- Digam-me, por favor, que vocês conhecem Olívia Everful. - Ela disse exasperada.
Minha filha e eu trocamos olhares rapidamente e Gabriela respondeu de forma ressentida.
- Conhecíamos. - Foi cuidadosa. - Infelizmente, ela faleceu há dez anos atrás.
Parecia que alguém havia jogado um balde de água fria nela depois de escutar aquela frase. Ela enfiou os dedos no cabelos os puxando para trás.
- Estou à procura dela há cinco anos. - Explicou. - Aliás, sou Diana, filha dela.
- Filha? - Minha testa franziu em confusão e Gabriela seguiu meu gesto. - Mas...
- Biológica, quero dizer. - Ela explicou. - Ela doou óvulos para minha mãe. Espera... - Ela se mostrou confusa. - Mais ou menos isso.
- Você tem...? - Perguntei cauteloso.
- 25 anos. - Respondeu. - Minha mãe disse que ela era muito jovem quando decidiu ajudá-la a ter filhos e por causa disso pediu sigilo. Estava a procurando para... - Ela hesitou. - Agradecer. Ou algo assim. Sei que o que ela fez era um tanto perigoso para alguém tão jovem... Liguei a música de vocês com fotos antigas que... Hm... um amigo meu hacker achou e quis... - Ela mordeu o lábio inferior, nervosa.
Uma mulher da produção gritou para que a banda estivesse em seus lugares, mas Gabriela continuou no lugar que estava.
- Isso é maravilhoso! Ela sempre quis ser mãe e, mesmo que indiretamente, ela foi! - Deduziu minha filha virando-se para mim.
Nunca deixei minha princesa esquece-se de Liv, e mesmo que quisesse, nunca conseguiria. As perguntas sobre ela não faltavam dois anos depois de sua morte e sinto que nosso elo com Olívia foi algo que mais nos aproximou nos últimos anos.
- Vocês poderiam me levar até o túmulo dela? - Diana pediu. Concordei com a cabeça em resposta e Gabriela fez o mesmo.
- Gabriela! Vem já! - O baterista dos Bathdoors gritou e ela saiu correndo.
- Boa sorte! - Gritei para ela e junto com Diana, que descobrir mais tarde ser uma jornalista da The Sun, fomos até a plateia.
E lá estava eu, um pai orgulhoso e ansioso no meio da plateia do Grammy para a primeira apresentação ao vivo do novo sucesso dos Bathdoors. Todo mundo esperava muito daquele live de minha filha, já que uma adolescente como vocalista de uma banda de anos de sucesso era novidade para os tabloides.
Quando as primeiras notas do piano foram tocadas e Gabriela apareceu, incrivelmente linda com um vestido bege até o joelho e quase uma cópia fiel de mim, meu estômago revirou.
Percebi que tudo que Liv desejou estava se realizando: os meninos do Bathdoors eram como meus filhos, ela teve (indiretamente) uma filha e eu estava feliz, mesmo que tenha decidido não casar de novo. Me senti completo e realizado, principalmente porque Gabriela estava cantando divinamente a música que eu havia escrito para a mulher da minha vida.
Durante a segunda estrofe, meu braço se arrepiou ao escutar a frase "eu escuto sua voz cantando uma melodia quando fecho meus olhos, uma melodia que nunca lembro." Minha filha não economizou seu talento e fez questão de atingir a maior nota que ela conseguia.
No momento que ela olhou para mim no meio de tantas pessoas seus olhos brilhavam com as lágrimas. Nas últimas palavras da música eu já chorava também e junto com minha filha sussurrei.
- E se eu pudesse sonhar com você e começar tudo de novo?
FIM
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Nota da autora:
Se Arrependimento Matasse foi um spin-off de uma fanfic que escrevi para as minhas amigas em um caderno e não tinha objetivo de ter mais que 1 capítulo, porém as coisas foram acontecendo e chegamos a essa shortfic.
Estou admirada com esse final, porque não esperava que terminaria assim. Imaginei finais diferentes e histórias diferentes, porém foi esse o resultado. Essa fanfic não é uma das minhas favoritas, mas tem um significado grandioso para mim. Espero que vocês tenham se divertido, chorado, amado e apreciado SAM como eu, ou talvez, mais do que eu. Caso você não tenha a acompanhado desde o início, quero saber o que você achou! Sua opinião é muito importante.
E para meus leitores que acompanharam com afinco essa história espero que tenham gostado desse final.
Fiz uma playlist de músicas que me lembra muito todos os personagens dessa história no Spotify, caso queiram ouvir (Stay do Lewis Watson é simplesmente DEMAIS): https://open.spotify.com/user/12162053544/playlist/5NpFKFyxABh5pi9Q7CFlNx
Se quiserem falar comigo tem o ask: http://ask.fm/TodoFanDa1D e meu twitter: @letterseverdeen
Obrigada, obrigada e obrigada!
Até a próxima.
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