twenty one

— Coutinho.

— Papai, anda longo! — Maria falou e eu ignorei virando para o outro lado. — Papai! — ela gritou o mais alto que conseguiu e eu levei um susto, caindo da cama.

— Cara... — Aine me fuzilou com ele o olhar. — Caramujos.

— O que? — Maria perguntou.

— Ali. — apontei para um ponto aleatório e a garotinha olhou.

Deixei ela ali e me levantei, indo até o banheiro do meu quarto, onde minha esposa arrumava os cabelos.

— Bom dia. — fui beija-lá mas ela colocou a mão na minha frente, me impedindo. Franzi o cenho e ela me entregou minha escova de dente.

Revirei os olhos.

— Quais são os planos para esse domingo? — perguntei enquanto colocava pasta na escova.

— Vamos almoçar em casa com a sua família, depois a Maria tem o aniversário de uma amiguinha para ir e nós temos que ir no mercado. — fiz cara de tédio. — Se você reclamar eu invento outra coisa. — ela sorriu para o espelho e se retirou do banheiro.

Terminei de escovar os dentes e joguei uma água no rosto. Tomei um banho rápido e troquei de roupa. Quando desci as escadas a família toda se encontrava na sala, conversando e rindo.

Dei um bom dia coletivo a todos e fui até a cozinha, onde Aine se encontrava. Ela preparou um sanduíche e pegou um copo de suco para mim.

Ficamos conversando sobre assuntos banais até que eu terminei de comer.

— A Nicoly está em Barcelona! Meu deus, que demais! — Ainê me mostrou a tela do celular, que mostrava uma foto de Nicoly.

Ela estava loira e continuava bonita.

— Tomara que ela fique por bastante tempo, seria legal se marcássemos algo. — assenti.

Logo agora que meu relacionamento com Ainê estava em um dos melhores momentos. Ela vai aparecer e estragar tudo, de novo.

Depois que voltei da Rússia, percebi o quanto havia sido idiota. Não só por ter traído Ainê e sim por outras coisas que eu andava fazendo.

Nós conversamos, explicamos a versão de cada um sobre a mesma história e por fim, graças a deus, nos resolvemos.

Não posso mentir e dizer que não penso na Nicoly, porque eu penso, mais do que eu deveria. Mas prefiro acreditar que ela é uma distração, eu amo a Ainê e assim será. Ou pelo menos, é assim que deve ser.

Não vi os meninos desde a copa, exceto os que jogam comigo no Barcelona. Ainda converso com Alisson, Gabriel e Neymar pelo grupo. Mas apenas eles.

Todos ficaram devastados depois da derrota mas continuamos sendo um time, independente de tudo. Nós somos uma família.

Fiquei na sala conversando com a minha família e depois almoçamos. Quando o almoço acabou subi para dar banho em Maria e ajudar a mesma a se arrumar.

— Papai. — chamou enquanto eu tentava colocar um lacinho em seu cabelo.

— Hm?

— Eu sinto saudades da tia Nicoly. — respirei fundo.

— Que pena, filha. — respondi.

— Indiota. — fiz cara de espanto. — Lindo, eu quis dizer lindo. — ela abraçou meu pescoço e eu ri.

Depois de quase vinte minutos tentando fazer Maria gostar dos vestidos que eu escolhia para ela, Ainê chegou e em dois minutos Maria ficou satisfeita.

— O papai não tem estilo. Ele queria misturar rosa chiclete com azul celeste. — a pequena sussurrou para a mãe.

— Ele é mesmo muito sem noção. — Ainê sussurrou de volta e eu as olhei incrédulo.

Fui até meu quarto e troquei de roupa novamente, para sair. Eu e Ainê deixamos Maria na casa de uma colega dela e Ainê desceu para falar com a mãe da menina. Fiquei catorze horas esperando no carro.

— Você demorou. — murmurei.

— Você é insuportável! Tem como parar de reclamar?

— Não.

— Por que eu sou casada com você?

— Porque eu sou lindo. — ela revirou os olhos.

— Tomate, alface, morango, abacaxi, suco. — Ainê leu em voz alta e riscou os itens da lista que já tínhamos.

— Você vai comprar o mercado todo? — perguntei assustado vendo o tanto de coisas que ainda faltavam.

— Vou. — ela sorriu e saiu de perto de mim, caminhando até outra prateleira.

Comecei a empurrar o carrinho em sua direção.

— Philippe. — escutei uma voz masculina chamar e virei para trás.

— Loris. — fui até ele e nós fizemos um toque. — Bom te ver, cara. O que faz por aqui?

— Minha namorada se mudou para cá, vim ajudá-la. Provavelmente nos veremos mais vezes.

— Ah, que legal! Vamos marcar algo.

— Com certeza! — ele sorriu.

— Amor. — duas vozes falaram.

Encarei Ainê e Loris encarou Nicoly. Espera, eles são namorados?

— Nicoly! — Ainê exclamou e foi até a loira. — Que saudade.

— Sim! Eu estava pensando em você ontem! — Nicoly abraçou Ainê.

Loris olhava tudo com uma cara estranha, já que não entendia muito bem o português. Minha esposa andou até Loris e o cumprimentou com um beijo no rosto. 

— Vocês estão namorando? — Loris assentiu. — Não vi nenhuma foto de vocês.

— Nós assumimos para a mídia a pouco tempo, ontem, para ser exata. — Nicoly explicou.

— O que vocês acham de jantar lá em casa hoje? — Ainê perguntou.

Merda.

— Acho ótimo! — Loris respondeu antes de Nicoly falar algo. — Que horas?

— Nos vemos as oito. Eu te mando o endereço por mensagem. — falou para Nicoly e a loira assentiu.

Era só o que faltava.

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