Capítulo 8 - O Salvador

— Não ensinarei porra nenhuma! — esbravejou levantando, a palma esfregando o rosto. Ela tinha a mão pesada para alguém tão pequena.

— Desculpe-me... — Tomada pelo desespero, Hinata ergueu-se e o agarrou pelo braço. — Por favor, Sasuke! Não queria... É que...

— Inferno! Estou farto de lágrimas — exasperou-se, segurando-a pelos ombros. — Você não cansa de bancar a vítima? Quem levou o tapa fui eu, droga!

— Juro que não queria... — desculpou-se choramingando.

— Entendi. Agora pare de chorar — ordenou.

— Vai me ensinar...?

— Sem chance! — respondeu, afastando-se com uma carranca.

A raiva e o desgosto de Sasuke eram palpáveis, mas nada disso apavorou Hinata, ao contrario, aumentou seu desespero e a vontade de fazê-lo mudar de ideia. Precisava convencê-lo a ajuda-la.

— Foi o nervosismo... Quando fico nervosa faço coisas sem pensar...

— Você sempre fica nervosa comigo — retrucou, completando categórico: — Desista.

O toque do interfone interrompeu a nova leva de súplicas. Apertou o botão de viva-voz, obrigando Hinata a ficar em silêncio.

— Senhor Sasuke, dona Mikoto na linha 2 — Sakura anunciou.

Sasuke massageou a têmpora. Era só o que faltava.

— Atenderei.

— Sim, senhor.

Um bip e a voz preocupada da matriarca Uchiha tomou a sala.

Filho, fui ao seu apartamento e não encontrei a Hinata.

— Dei o dia de folga para ela — respondeu. Movendo os lábios perguntou para Hinata se queria falar. Ela negou.

Você soube?

— Sobre?

Naruto cancelou o casamento. — Mesmo com a atenção no telefonema, Sasuke percebeu a tensão tomar Hinata. — Encontrei Kushina na minha caminhada diária, perguntei sobre o casamento e ela me contou — continuou Mikoto para agonia de Hinata. O término do seu noivado dos sonhos já não era segredo. — Pobre menina! Deve estar desolada. Ela idolatrava o chão que aquele rapaz pisava. Por isso fui a sua casa — Sasuke bufou. Sua mãe vistoriava seu apartamento todo dia, com ou sem motivo. — A procurei em todo canto e nada. Liguei, enviei mensagens e até agora não obtive resposta. Estou muito preocupada.

Hinata pegou o celular na bolsa. Havia diversas chamadas não atendidas, a maioria de Mikoto. Dez mensagens da Uchiha, uma de Tenten pedindo desculpas, outra da lavanderia, esquecera-se de buscar a roupa de cama no horário combinado, e uma de Naruto. Abriu a mensagem com o coração acelerado e esperançoso, recebendo um banho de água fria ao ler:

"Espero que sejamos amigos. Ligue-me quando tiver vontade. Abraços, Naruto".

— Ela está com uma amiga — Sasuke informou Mikoto para tranquiliza-la, incomodado por observar Hinata de cabeça baixa, enfiar o celular na bolsa e remover com as mãos mais lágrimas. — A deixei lá hoje cedo.

Quanta insensibilidade deixa-la com desconhecidos.

Sasuke revirou os olhos, cansado de ser julgado e condenado.

— Não é uma desconhecida, é a namorada do Neji. — Balançou a mão com pouco caso quando Hinata, saindo de sua depressão, o encarou irritada e murmurou: É só amiga.

A moça do bebê?

— Exato. — Levantou uma sobrancelha e sorriu de canto para Hinata, transmitindo que não era o único a ver Tenten como algo mais de Neji. Ao que ela cruzou os braços e virou o rosto.

Mesmo assim. Ela precisa saber que nos importamos, que pode contar com nosso apoio e amor.

— Como disse, Hinata rastejava pelo Naruto. — Ignorou Hinata gesticulando que Mikoto não dissera isso. — Ela não aceitou o fim.

É mais um motivo para...

— Para deixar que pense sozinha a respeito disso — completou antes de Mikoto. — Mãe, sei que está preocupada e, assim que falar com a Hinata, pedirei que te ligue. — Lançou para a Hyuuga um olhar significativo. — No momento não tenho tempo para qualquer assunto além do trabalho, mais tarde conversamos.

Entendendo a indireta, Hinata assentiu, ajeitou a bolsa no ombro e saiu do escritório de Sasuke.

~*S2*~

Passava das 20hrs, horário que Sasuke voltava do trabalho. Torcendo as mãos uma na outra, Hinata andava de um lado para o outro da sala, olhando obsessivamente para a porta.

Telefonou para Sasuke, a fim de saber quando chegaria, mas ele não atendeu. Não ligou para o escritório por medo de ouvir a voz de Sakura. Mesmo que Sakura fosse de algum modo inocente, a amargura de ter sido trocada a fazia, pela primeira vez em sua vida, odiar.

Nervosa, sentou no sofá, ainda com os olhos fixos na porta. Aguardaria quanto tempo fosse. Sasuke tinha de ajuda-la.

Ligou o televisor, embora não tivesse concentração para nenhuma programação, e pegou o celular que deixara na mesinha de centro a procura de novas mensagens. Não havia nenhuma, nem mesmo de Mikoto, o que era um alívio.

Antes de voltar para o apartamento passara na lavanderia, pedira mil desculpas pelo atraso e partira tão rápido quanto chegara. Depois passara horas trocando mensagens com a Uchiha, sendo consolada na verdade. Por algum milagre Mikoto não aparecera no apartamento. Presumia que Sasuke a convencera a lhe dar um tempo.

Não respondera a mensagem de Tenten. Não sabia o que dizer na verdade. Estivera fora de si e descontara em quem não devia. Temia o que ouviria ao pedir desculpas e contar que Tenten, em parte, estivera certa a respeito da relação de Sakura com Naruto.

Também não respondera a mensagem de Naruto. Não tinha confiança no que escrever e se devia escrever algo agora. Por isso precisava tanto de Sasuke, para conduzi-la de volta para a vida e ao coração de Naruto. Para apagar a "irmã" da mente de Naruto e mostrar que era a mulher perfeita para ele.

Suspirou quando o termo "irmã" veio a sua mente.

Não entendia o que havia em Sakura de diferente dela ao ponto de Naruto perder o juízo, taxa-la de "irmã" e sucumbir ao desejo. Era difícil imagina-lo perdendo o controle. Com ela sempre fora controlado, mantendo os limites. Tudo bem que fora para tranquiliza-la e respeitar os limites que ela delineara nos primeiros meses de namoro.

Pegou na mesinha o bloco de notas que deixara ao lado do celular e de um lápis. A angustiante espera tinha rendido uma lista de possíveis coisas que precisava mudar. Puxara na memoria tudo que sabia sobre a Haruno, buscando o que motivara Naruto a trai-la. Pessoalmente, contando com aquele dia, só a vira três vezes. Focou nessas ocasiões uma vez que as conversas por telefone não revelaram muito.

O primeiro ponto era a personalidade. Sakura era expansiva, sempre tinha um sorriso caloroso nos lábios perfeitamente maquilados. Torceu a boca ao relaciona-lo com o calor que lhe faltava.

Depois focou na aparência. Tinha noção que, embora fosse baixinha e acima do peso ideal, era bonita. Naruto nunca mostrara desagrado com o modo que se arrumava, ou reclamara de suas roupas. No entanto, confrontando seus terninhos, calças, vestidos e saias longas com as roupas de Sakura, a rósea saia na vantagem.

Em todas as vezes que vira Sakura, ela usava blazer que se ajustava ao corpo delgado, camisas de tecidos leves e claros, saia e saltos altos. As saias não eram curtas, terminavam pouco acima do joelho, mas com certeza atraiam olhares para suas pernas esquias. Olhou paras as próprias pernas, totalmente cobertas pelo tecido grosso da saia azul e teve certeza que ficaria ridícula com roupas semelhantes.

Sakura era magra e devia ter por volta de 1,70 de altura. Com seus míseros 1,56 e curvas generosas, para não dizer exageradas, Hinata temia ressaltar suas imperfeições em vez de ficar atraente.

Para assombra-la ainda mais a cerca do corpo perfeito aos olhos de Naruto, na tela passou o comercial feito para o novo perfume da Namikaze. A mulher escolhida era alta e magra, os cabelos ruivos caiam brilhantes até as costas, os olhos verdes seduziam e chamavam o telespectador. Engoliu em seco. Ela tinha sido escolhida por Naruto, ele mesmo lhe dissera. E era muito parecida com Sakura.

Pegou uma mecha do próprio cabelo. Só recorria ao cabelereiro em ocasiões especiais, e mesmo nelas só aparava as pontas, mantendo o mesmo penteado desde os quinze anos. Sakura tinha o cabelo na altura dos ombros e, suspeitava, pintado. Perguntaria para Sasuke se fazer o mesmo a deixaria mais atraente.

Um regime e exercícios ajudariam a emagrecer. Pediria para ele cadastra-la na academia do prédio e passaria cada segundo de sua folga lá, afinal não tinha nenhum outro lugar para ir agora que rompera o noivado e a amizade com Tenten. A mansão não lhe atraia. Seu pai nunca aprovou seu namoro e com certeza zombaria do término. E realmente não queria a pena dos Uchiha e da irmã.

Chegou ao último ponto. Sakura, obviamente, não era casta e lhe roubara o noivo. Essa era a grande diferença entre as duas.

Largou o bloco na mesinha, se encolheu no sofá e esfregou as mãos nos braços. Sua mãe sempre lhe dissera que moças comportadas, que conservavam a virgindade até o casamento eram valorizadas e conseguiam bons casamentos. No entanto, essa afirmação era falha.

Naruto desejava uma mulher calorosa, não uma celibatária. Seria essa mulher, mesmo que isso significasse aceitar os avanços de outra pessoa.

Levou os dedos trêmulos aos lábios. Os beijos de Naruto não enviavam uma corrente elétrica por seu corpo, nem reviravam seu estomago ou faziam seu coração disparar loucamente. Tinha que controlar-se para seguir em frente.

~*S2*~

Costumava ser o último a sair do trabalho, mas era a primeira vez que saia quase a meia noite. Adiantara o serviço do dia seguinte antes de se dar por vencido e desligar o computador. Dirigiu devagar até o prédio em que morava, a tensão em cada músculo do seu corpo. Quando chegou em frente a porta do apartamento se censurou por hesitar em voltar para a própria casa. Entrou e encontrou a luz da sala acessa, a televisão ligada e nenhum sinal de Hinata por perto. Caminhou até o televisor e o desligou, foi quando ouviu um bocejo e viu a governanta deitada no sofá.

Ela piscou sonolenta, esticou o corpo e sentou, aos poucos recobrando a lucidez. Estava com as roupas desalinhadas e o cabelo bagunçado, mas não aparentava ter chorado até cair no sono como no dia anterior.

— Boa noite! — ela murmurou com voz rouca, ao que ele assentiu observando-a ajeitar a roupa e levantar. — Como foi o seu dia? — questionou como o habitual.

— Bom — respondeu monossilábico como sempre.

— Vou esquentar sua comida...

— Não precisa — retrucou, mentindo para evitar uma discussão. — Comi antes de voltar para casa. Vou direto para a cama.

Ela o observou desconfiada, mas, como esperado, não insistiu. De repente desviou o olhar para os próprios pés.

— Sasuke... Quero pedir desculpas novamente pelo... — envergonhada apontou a própria bochecha.

— Não se preocupe, já esqueci.

— Mesmo? — Hinata sorriu quando ele confirmou. — Quando começamos as aulas para me tornar uma nova mulher.

Imediatamente a expressão de Sasuke se fechou.

— Nunca.

— Mas...

— Sejamos práticos — ele interrompeu. — Você tem aversão ao meu toque. Não existe a menor possibilidade que eu arrisque o meu rosto para que você reconquiste a mula do seu ex-noivo.

— Por favor! — choramingou.

— Não! E não me olhe assim. Não vai me comover — assegurou, seguindo em direção ao seu quarto.

— Sasuke! Espere! Por favor! — Hinata suplicou seguindo-o.

Sasuke parou abruptamente antes de sair da sala, o que fez Hinata colidir com suas costas. Virou-se e colocou as mãos nos ombros da Hyuuga, irritando-se com o rosto pálido, de olhos marejados e lábios trêmulos.

Ela era miúda, o que passava a ideia de ser frágil e vulnerável, e ingênua demais para a própria segurança. Sozinha havia uma grande chance de cair nas garras de outro imbecil, ou um tipo pior de homem. Algumas lições sobre a mente masculina e de como se livrar de investidas indesejadas não fariam mal algum para ela. No entanto, Hinata tinha um lado passional, agressivo e de mão pesada.

Sem chance.

— Sem chance!

— Não tem nada que o convença a mudar de ideia?

A súplica, longe de despertar a piedade de Sasuke, o fez pensar em um modo de fazê-la desistir.

— Só existi uma forma.

— Qual?

— Beije-me da forma que beijava seu ex-noivo.

— Da forma que beijava o Naruto? Por quê?

Ele deu de ombros.

— É um experimento.

Insegura e desconfortável, Hinata vacilou, desviando os olhos para os pés e recuando instintivamente para trás.

Os olhos de Sasuke se estreitaram com um brilho desconfiado.

— É tão apavorante me beijar? — questionou cruzando os braços em frente do peito. As reações de Hinata eram ultrajantes.

— É que... Nunca beijei o Naruto.

— Mesmo que raros lembro-me de alguns.

— Não é isso... Sempre era Naruto a tomar a iniciativa — explicou fixando o olhar na parede atrás dele

— E você nunca bateu nele por tamanha ousadia?

O tom cáustico abalou Hinata.

— Já pedi desculpa, o que mais posso fazer?

— Me beijar seria um começo.

— Beijarei... — balbuciou corando. Se era o único jeito de convencê-lo, era o que faria, decidiu. Sem encara-lo se aproximou e levantou as mãos para apoia-las nos ombros dele. Quando ergueu o olhar encontrou os olhos negros fixos nela. — Você pode... pode fechar os olhos. — Sasuke arqueou uma sobrancelha. — Por favor! Só dessa vez.

Para seu alivio, Sasuke atendeu seu pedido sem contestar.

Tremendo da cabeça aos pés, Hinata mordeu o lábio inferior por dentro ao avaliar que, mesmo na ponta dos pés, a diferença de altura a obrigaria a chegar mais perto e temia cair sobre ele. Pela postura rígida e de braços cruzados de Sasuke era bem capaz de deixa-la desabar no chão.

— Pode... abaixar um pouco...

— Não prefere um banquinho?

O nervosismo era tamanho que ignorou o gracejo.

— Não... Só se abaixe um pouquinho...

Sasuke escorou o corpo na parede e deslizou as pernas.

— Assim está bom — Hinata disse quando seus rostos ficaram na mesma altura.

Constrangida e insegura, Hinata se inclinou e pressionou os lábios nos dele, se afastando rapidamente.

— Pronto! Agora me ajudará?

Sasuke abriu os olhos com descrença.

— Você chama isso de beijo?

— Avisei que não sei tomar a iniciativa.

— Tente de novo. Com maior intensidade e um pouco de língua.

— Não... odeio beijo de língua.

Sasuke riu.

— O beijo do Naruto deve ser péssimo, se a fez odiar.

— Naruto nunca me beijou assim... Ele entendia...

— Entendia o que?

— Que sinto nojo...

— Como pode ter nojo de algo que não provou?

Hinata desviou o olhar, a mão direita alisando com aflição o braço.

— Já provei... E não gosto...

Sasuke franziu o cenho.

— Mas o Naruto não a beijava assim. — Hinata balançou a cabeça confirmando. Os fios da nuca de Sasuke se arrepiaram com uma suspeita. Hinata só tivera um namorado, Naruto. Se ele não a beijara assim e ela estava tensa só em pensar nesse beijo... — Alguém te beijou a força? — perguntou soturno. Ela assentiu. — Quem? — questionou entredentes.

— Não tem importância...

— Quem, Hinata? — insistiu com firmeza, segurando-a pelos ombros trêmulos.

— Hidan... — murmurou de cabeça baixa.

Sasuke estreitou os olhos com desconfiança.

— Hidan? O ex-marido da Temari? — Em silêncio ela assentiu novamente. — Não faz sentido. — Hinata e Hidan se conheceram após o casamento dele com Temari. — Quando isso aconteceu?

— Na festa de bodas de prata dos seus pais... — Só de olha-lo rapidamente, soube que Sasuke a condenava por se envolver com um homem casado. — Eu não queria... Juro que não...

Sasuke soltou um palavrão quando Hinata começou a chorar.

— Calma! — Levou as mãos ao rosto dela, recebendo um tapa tão forte quanto o que recebera horas antes.

Hinata arregalou os olhos, chocada por bater nele de novo.

— Desculpe-me...

— Venha comigo. — Sasuke segurou sua mão e a conduziu até o sofá. — Sente-se e conte como exatamente aconteceu.

— Por quê? — Hinata questionou ao sentarem lado a lado.

A pergunta pegou Sasuke desprevenido. Estava se envolvendo demais naquela história quando o que planejara era retirar sua proposta absurda. Porém, era óbvio que Hidan apavorara Hinata de alguma forma, e, conhecendo o histórico do casamento dele com Temari, sua imaginação criava cenários nada agradáveis.

— Porque falar de um problema é meio passo para resolvê-lo — respondeu por fim.

Hinata secou o rosto e respirou fundo.

— Mikoto chamou minha mãe, Hanabi e eu para a festa como convidadas. Até nos presenteou com os vestidos. Meu pai não queria que fôssemos, mas mamãe o convenceu. — Engoliu a seco, sentindo a garganta doer. — Tentei passar despercebida, não perturbar e nem me intrometer como o papai mandou...

Inconscientemente apertou a mão de Sasuke ao relembrar a noite que tinha tudo para ser maravilhosa e terminara um pesadelo.

— Fale — incentivou Sasuke.

— Fiquei irritada com algo que você falou e fui para o jardim dos fundos. Queria ficar sozinha. Só percebi o Hidan quando segurou o meu braço. Ele cheirava a álcool e sorria de um jeito estranho... Quando ele acariciou o meu cabelo e disse que era desperdício me deixarem sozinha tentei me afastar... — contou com voz quebrada. — Falei que precisava voltar para a festa, mas ele não deixou... Ele me abraçou e beijou... Eu não queria... Tentei me livrar dele, mas ele era mais forte, ficava me tocando... Foi horrível... Só conseguia rezar por um milagre...

— Ele te violentou? — perguntou entredentes.

— Não! — respondeu rápido, surpreendendo Sasuke ao inclinar os lábios em um sorriso vacilante. — Naruto o afastou de mim. Ele me protegeu.

Sasuke compreendeu que fora assim que Naruto conquistara o coração da Hyuuga, sendo o salvador dela.

— Porque não o denunciou?

— Naruto ameaçou o Hidan, e ele disse que eu o atrai para o jardim e agarrei, que eu era uma empregadinha oferecida. Fiquei com medo que acreditassem nele e pedi para o Naruto não contar a ninguém.

— Ele tinha que ignorar esse pedido absurdo.

— Naruto ignorou. Ele falou para os meus pais. — Hinata desviou o olhar. — Meu pai ficou tão irado que brigou com a mamãe. Disse que nossa insistência fora à culpada. Que, embora Mikoto dissesse o contrario, sempre seriamos simples empregados. Fiquei de castigo por um mês — revelou envergonhada.

— Seu pai é louco — zangou-se. — Hidan tem o dobro da sua idade e você era pouco mais que uma criança

— Tinha quinze anos... já sabia que era errado deixar um homem casado me beijar — argumentou.

— Hinata, a culpa não foi sua — disse, acrescentando enojado. — Hidan é um crápula. Nada justifica o que ele fez.

— Naruto disse o mesmo... E brigou com o meu pai quando soube do meu castigo.

— Às vezes Naruto faz algo que presta, essa foi uma dessas. — Deslizou o torso da mão no rosto dela. — É por isso que o ama?

— Ele foi o único a ficar do meu lado quando precisei. Ele me compreendeu e cuidou de mim — respondeu, voltando a implorar: — Preciso da sua ajuda para reconquista-lo. Por favor, Sasuke! Juro que farei tudo que mandar e nunca mais... baterei em você. Amarro as minhas mãos se for preciso — prometeu.

Sasuke respirou fundo e deu-se por vencido. Assim que se moveu para mais perto de Hinata, ela o encarou em suspense.

— Se quer mesmo que te ensine algo, teremos que começar pelo beijo. Compreende?

Mesmo insegura, Hinata concordou e fechou os olhos com força. Mentalmente exigiu que mantivesse a calma.

Suas mãos foram envolvidas pelas de Sasuke, os dedos entrelaçados nos dele, e pousadas no peito dele. Deduziu que Sasuke temia outro tapa. Pela palma conseguia sentir o pulsar de seu coração.

— Relaxe!

Hinata fungou. Era fácil falar, mas só em toca-lo seus braços arrepiavam e um frio girava em sua barriga.

— Faça o que eu disser, ok? — Assentiu e ele comandou — Inspire fundo.

Fez como ele falou. Prendeu a respiração quando sentiu algo roçar sua orelha e o lóbulo ser mordiscado.

— Expire devagar.

Obedeceu, vacilando ao sentir a ponta do nariz dele se mover por seu pescoço e depositar um beijo breve no local. Os arrepios subiram até sua nuca. A respiração dele chegou aos seus lábios. O coração de Hinata palpitava nos ouvidos quando recebeu um beijo próximo a boca.

— Copie meus movimentos — sussurrou contra seus lábios.

A ansiedade a tinha à flor da pele quando ele capturou seus lábios nos dele, movendo-os devagar sobre os seus, provocando, seduzindo, parando por alguns segundos para que ela repetisse cada movimento. Hesitante e com lábios trêmulos fazia exatamente o que ele fazia. A tensão se dissolvendo com o calor dos beijos dele, sendo substituída pela expectativa do que viria a seguir. Quando ele por fim deslizou a língua pelos seus lábios, o medo foi absorvido pelo prazer, e ela correspondeu sem inibição, entregue ao estímulo sensual do Uchiha.

— Continua a não gostar? — ele perguntou entre beijos.

— Posso... me acostumar...

Sasuke soltou suas mãos e a segurou pela nuca. Os lábios dominando os seus em um beijo passional, a língua movendo-se pela sua. Não era desagradável como fora seu primeiro beijo, era cálido, envolvente e visceral.

O cheiro de Sasuke, as mãos másculas que se moviam por sua nuca, os lábios apaixonados nos seus, o calor dele, despertaram algo que Hinata não sabia existir, algo que não conseguia nominar e nem controlar. Com o coração disparado, ergueu os braços e o enlaçou pelo pescoço, ansiando por mais contato, correspondendo aos avanços dele com a mesma intensidade. Quando Sasuke encerrou o beijo o encarou aérea. Os olhos dele estavam fixos nos seus, quentes como seus beijos. Por um segundo imaginou que ele a beijaria novamente, desejava que beijasse. Então, para sua surpresa, ele se afastou.

— Você tem muito a aprender. E o primeiro passo é confiar em mim — declarou levantando. Ajeitando nervosamente a roupa e os cabelos, Hinata obrigou-se a fazer o mesmo, assustando-se quando ele sentenciou: — O que significa que dormiremos juntos.

~*S2*~

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