Capítulo 20 - Duas Chances

SEGUNDA. 01 DE AGOSTO DE 2016

Mikoto

Chamada de voz perdida às 08:15

Neji

Conversei com um amigo corretor. Ele elaborou uma lista de ponto comercial para montar sua empresa. Telefone para marcar as visitas 09:02

Tenten

Claro que te acompanharei. 10:27

Mikoto

Chamada de voz perdida às 19:15

~*S2*~

Após várias visitas, horas andando de um lado a outro da região, Hinata retornou a casa dos amigos com uma ideia bem clara do tipo de lugar que atenderia suas necessidades e dois possíveis locais. Ambos serviriam perfeitamente como empresa e moradia.

No entanto, o corretor a aconselhara a visitar outros imóveis antes de decidir. Hinata aceitara o conselho por causa dos valores. Ao contrário do incentivo de Tenten, percebeu que gastaria praticamente todas as suas economias só na compra do ponto. Isso a preocupava de tal maneira que perto do fim das visitas sua cabeça latejava.

Percebendo seu cansaço, Kiba e Shino agiram como um par de anjos protetores, recebendo-a com carinho e preocupação. O Aburame preparando um perfumado e delicioso chá e o Inuzuka oferecendo uma massagem nos ombros para amenizar a tensão. Até Akamaru parecia sentir seu estresse, esfregando o corpo peludo e macio contra ela em uma espécie de carinho. Hinata se sentia mimada e sem graça por abusar da hospitalidade. Para alguém acostumada a cuidar, ser cuidada era estranho e desconfortável.

Receber carinho também era algo novo em sua vida. Foi impossível não pensar que só tivera tratamento parecido com Sasuke. Logo se obrigando a recordar com ressentimento que o Uchiha tinha a tratado assim somente para se aproveitar dela, iludindo-a com gestos e palavras enquanto ria de sua ingenuidade.

Foi arrancada de seus pensamentos pela vibração de seu celular, o retirou do bolso da calça e deslizou os olhos pela lista de chamadas perdidas e mensagens, a irritação borbulhando ao ler os recados de amigos e parentes pedindo que conversasse com o Uchiha. Ele não enviara nada. Garantiu a si mesma que era a pressão feita pelos outros que a incomodava, não o fato de Sasuke não ter entrado em contato desde a tarde de domingo.

As mensagens também faziam que pensasse na conversa com Gaara. Conforme remoía os fatos, começava a achar que ele tinha uma ponta de razão. Lembrando o encontro no parque, percebia que o fato de Kiba ter dito que Sasuke era seu noivo e sentia ciúmes motivara Toneri e Hidan a caçar uma fragilidade no relacionamento para prejudicar o Uchiha.

Isso a fazia querer procurar Sasuke e ter a bendita conversa que todos achavam ser necessária. O motivo certamente não era a saudade que a abatia toda vez que acordava sozinha. Jamais!

Mordeu o interior do lábio ao perceber que Mikoto telefonara e enviara mensagens diversas vezes pedindo para conversarem. Suas mensagens de texto não bastavam para a Uchiha.

Suspirou pesadamente, tinha medo dessa conversa. Mikoto se enchera de esperança com ideias de casamento e netos – culpa de Sasuke –, ser portadora da infelicidade dela, que sempre a tratou bem - praticamente como filha -, era assustador. Porém, não podia mais fugir da pessoa que sempre se importou com ela.

Sentou na cama e discou o número pessoal da Uchiha.

— Boa noite, dona Mikoto!

Filha! É tão bom escutar sua voz.

— Digo o mesmo.

O que aconteceu? Onde está?

Hinata suspirou. Sabia que as perguntas viriam, mesmo assim não estava preparada para respondê-la.

— Estou na casa de amigos — disse simplesmente.

O silêncio se estendeu do outro lado da linha. Hinata imaginava que Mikoto controlava a vontade de insistir no questionamento. Felizmente, ela mudou de assunto, embora o tema fosse mais complicado que o anterior.

Hina, Sasuke quer se explicar, pelo menos o ouça — Mikoto pediu, desejando a segunda coisa que Hinata não estava preparada para fazer. — Vocês precisam conversar.

Ela não achava. E Sasuke parecia pensar o mesmo ao demostrar que desistira dela ao não telefonar, não deixar mensagens e insistir que voltasse. Essa atitude não a preocupava ou angustiava. Óbvio que não! Somente mostrava que Sasuke perdera o interesse como o esperado. Só doía por causa das fantasias que criara nos últimos dias. Coisa passageira. Tinha que ser!

— Eu... — respirou fundo. Odiava decepcionar, mas cansara de atender os anseios dos outros. — Preciso de um tempo para pensar no que é melhor para mim.

Compreendo — Hinata duvidou da afirmação, que mais se assemelhava a um lamento, por isso não foi surpresa a Uchiha apelar para o sentimentalismo. — Embora aprendi que tempo sem conversa, sem presença, não é suficiente — Mikoto soltou com desanimo — Quando eram pequenos, você e Sasuke não desgrudavam um do outro, até que um dia você sofreu um acidente e desmaiou. Sua mãe a repreendeu duramente, por considerar que uma menina não deveria participar das brincadeiras de meninos. Creio que até te proibiu de ficar perto do Sasuke — Mikoto deduziu fazendo a Hyuuga recordar os muitos avisos de sua falecida mãe. Sora tratava Sasuke e Itachi como filhos, mas sempre impôs que suas filhas evitassem ficar sozinhas com eles. — Tentei junta-los novamente, esperei que o tempo ajudasse. Não aconteceu. Desde aquele dia você manteve distância dele e vi meu menino sofrer, engolir a rejeição. Temo que ele faça o mesmo agora, sofrendo e afundando na própria dor.

Hinata duvidou. Não das recordações da Uchiha. Embora não se lembrasse de ser amiga de Sasuke na infância, sua mãe criticava a amizade entre homens e mulheres, faria sentido ela proibir até mesmo as brincadeiras de crianças. Duvidava do sofrimento de Sasuke. Se ele sofria era um mestre em mascarar sua suposta dor e rejeição.

Irredutível, insistiu que precisava de tempo antes de procurar Sasuke. Sua determinação por fim, e por hora, convenceu a matriarca Uchiha. Se o sentimento de vitória não apareceu foi somente por macular as esperanças de Mikoto, não por no fundo querer atender ao pedido dela.

~*S2*~

TERÇA. 02 DE AGOSTO DE 2016

Naruto

Pode me encontrar hoje? 8:02

Sakura

Pensei muito antes de enviar essa mensagem, mas é preciso. 10:44

Peço desculpas por ter estragado seu noivado, jamais em minha vida me imaginei nessa situação. 10:46

Pelo que ocorreu na festa você ainda ama o Naruto, não é? 10:48

Desculpe-me. 10:57

Mikoto

Filha, sei que Sasuke cometeu um erro, mas ele merece uma chance para se explicar. Insisto: Conversem. 11:19

~*S2*~

Shino não tinha o costume de se intrometer na vida alheia. Ao receber Hinata em sua casa jurou a si mesmo ser imparcial, deixa-la pensar sossegada e tomar a melhor decisão sozinha. Até mesmo convencera Kiba - que pensara em forçar um encontro do casal - a fazer o mesmo.

Entretanto, vendo ambos - Sasuke e Hinata - se afogando em um orgulho tolo, resolveu deixar a imparcialidade de lado e passar o horário de almoço em casa.

Encontrou Hinata na sala, sentada em frente o televisor com Akamaru esparramado em seu colo. Felizmente evitando ter de busca-la no quarto de hóspedes.

Incerto de como abordar o tema, cumprimentou a jovem e deixou o silêncio envolvendo-os por algum tempo enquanto as imagens se desenrolavam na tela.

Hinata não assistia nada de fato, sequer prestava atenção no que passava e logo percebeu que sua companhia tampouco, lançando a ele um olhar indagador.

— Vi o Sasuke hoje — Shino comentou por fim.

— Que bom que nada altera a rotina dele — a Hyuuga soltou mordaz, a dor se alastrando ao pensar nele cercado pelas pretendentes afoitas da academia, todas ansiosas em aquecer a cama dele.

— Fui ao apartamento. Ele não foi à academia desde ontem e decidi ver como estava — ele explicou ajeitando os óculos antes de comentar: — Sasuke está desanimado e depressivo. Ficou óbvio que sente sua falta

Hinata cruzou os braços, inconscientemente protegendo-se de qualquer defesa do amigo para Sasuke, enquanto batalhava interiormente contra a satisfação de Sasuke sentir sua falta. Embora, provavelmente, fosse só uma suposição do Aburame.

— Sente falta de uma trouxa para enganar — resmungou ferina para convencer a si mesma e impedir o aumento da vontade de procurar o Uchiha.

Shino a observou pensativo.

— Creio que está culpando a pessoa errada — Aguardou Hinata encara-lo confusa antes de prosseguir: — Por quê? Porque está com medo. Fiz isso no passado, reconheço os sintomas.

— Ele convenceu o Naruto a me trair — argumentou à morena, a dor da traição de Sasuke retornando.

— Ninguém convence outra pessoa a fazer algo que não se quer. Não sem usar força — ele frisou.

— Ele convenceu Naruto a me trair — repetiu sentindo o peito se apertar e as lágrimas ameaçarem cair. — E depois me convenceu que eu tinha culpa, para me seduzir e... — conteve as palavras e o choro presente em sua voz, respirando fundo para se controlar antes de continuar: — Não posso conviver com uma pessoa que mente, engana por dias e me faz sentir mal, culpada, quando sabe que a culpa é dele.

Shino inclinou a cabeça ainda observando-a.

— Compreendo sua raiva e a mágoa que essa descoberta causou, mas, porque não sentiu o mesmo pelo seu ex-noivo? Por que a raiva e a mágoa nunca vieram à tona contra ele, que foi quem te traiu de fato? — Hinata ficou em silêncio, incerta de como responder. Foi Shino que verbalizou o que seu coração sussurrava com receio de ser castigado: — Porque agora você está apaixonada e sente medo do que pode acontecer ao se entregar a esse sentimento.

— Sasuke me enganou... — murmurou.

— Naruto te enganou — insistiu Shino.

— É diferente... — retrucou com voz embargada.

— Sim. Você nunca amou o Naruto — ele ressaltou com ternura. — Perdoamos com muita facilidade quando nossos sentimentos não estão envolvidos — complementou fazendo Hinata desmoronar frente a essa verdade.

Há muito percebera que sua relação com Naruto foi baseada em comodismo e não amor. Tinha sido indiferente aos erros dele porque não se importava em ser a esposa decorativa. Agora compreendia que não o queria por perto, só desejava a estabilidade de um casamento em que cada um sabia o que esperar do outro. Ele sendo o marido focado no trabalho, alheio as necessidades dela. Ela sendo a esposa zelosa ao lar, aceitando em silêncio suas ausências.

Com Sasuke ela tivera mais que um relacionamento conveniente. Eles tinham compartilhado seus dias, noites, aflições, tristezas, alegrias, cada momento. Doía a falta desses momentos, do carinho, de ouvir a voz dele, ler algo que ele lhe escreveu. Somente o orgulho e a certeza de não ser correspondida, que ele não se importava com ela, a mantinha firme em sua decisão de evita-lo.

— Passei por algo parecido quando me apaixonei pelo Kiba — Shino confessou entrelaçando suas mãos sobre o colo, a mente em um tempo em que tinha travado uma luta constante contra seus sentimentos, procurando justificativas tolas para se afastar, como percebia Hinata fazer agora. — Não sei os motivos de Sasuke para a tal sugestão - embora tenha minha teoria de qual seja -, porém, tenho certeza absoluta que ele te ama.

— Quem ama não mente... — Hinata refutou esfregando as mãos no rosto, esperando afastar as lágrimas, que caiam apesar de seus esforços, e a vontade de acreditar na certeza de Shino.

— Todos mentem, principalmente quando querem algo que consideram além do alcance — Shino retrucou se levantando. — Não insistirei, mas peço que pense bem sobre o que conversamos. — Ele deu alguns passos e depois retrocedeu como se lembrasse de algo. — Antes de nos apresentar, Sasuke pediu que eu e Kiba a ensinássemos a se defender, ser confiante em sua própria força. Creio que conseguimos — finalizou antes de deixa-la sozinha.

Incomodada, cansada e querendo evitar pensar na conversa que acabara de ter, ou recordar as que tivera com Gaara e Mikoto, pegou o celular e respondeu uma das varias mensagens recebidas naquele dia.

~*S2*~

Empurrou os fios pretos azulados para trás da orelha, mas logo a mecha lisa caiu para frente quando se inclinou para beber a vitamina que pedira.

Estava em parte arrependida do impulso e em parte anestesiada. O que era um corte de cabelo perto da bagunça que sua vida virara de um dia para o outro? O arrependimento sentou em seu colo quando a pessoa que esperava atravessou as portas da lanchonete e a encarou em choque.

Hinata tinha noção que seu cabelo só não estava ruim por causa da habilidade de Tamaki. Mas, a cada pessoa que a encarava com espanto, percebia que o corte pouco abaixo do queixo era uma diferença gritante dos longos até a cintura.

Ajeitou o corpo na cadeira. O tamanho do cabelo não era importante, principalmente porque o de sua convidada era apenas alguns centímetros maior.

— Boa tarde, Hinata! — Sakura a cumprimentou antes de sentar e, após receber saudação semelhante, pegou o menu. — Você vem muito aqui? A comida e a bebida são boas?

— Sim. Adoro a vitamina de abacate — disse apontando para seu copo.

— Seguirei seu exemplo. — Sakura deu um sorriso rápido sem olha-la nos olhos e chamou a garçonete para fazer seu pedido. — Vitamina de abacate e um sanduiche de atum, sem cebola, e batata frita grande, por favor.

A garçonete se afastou e o silêncio reinou na mesa. Hinata respirou fundo e tomou a frente, afinal, ela pedira o encontro.

— Te chamei para desfazer um mal entendido.

A Haruno a olhou com receio e Hinata se perguntou se somente o corte de cabelo que mudara, talvez sua expressão carregasse toda onda de sentimentos conflitantes causada pelo que descobrira na sexta a noite.

— Eu te culpei e odiei por muito tempo quando Naruto rompeu nosso noivado — começou, mas antes que prosseguisse Sakura a interrompeu com os olhos marejando.

— Desculpe-me, se soubesse que Naruto tinha alguém jamais me aproximaria dele, juro — disse acrescentando angustiada: — Eu me odeio pelo que aconteceu. Devia ter percebido que Naruto era muito bom para ser verdade.

— Não! Pare de se culpar — Hinata exigiu pousando sua mão sobre a Haruno na mesa. — Durante esses meses, algumas pessoas me fizeram ver que você, assim como eu, foi a mais atingida nesse caso — Hinata queria pensar só em Tenten e Shino, mas a imagem de Sasuke foi incluída contra sua vontade. — A culpa foi do Naruto, ele me devia fidelidade, deveria ter se controlado e ignorado o Sasuke — acrescentou com amargor, colocando o Uchiha exatamente no papel que lhe era de direito. Não o amigo que a aconselhara, o homem que lhe mostrara como era amar, mas como o carrasco destilando seu veneno nos ouvidos dos outros e destruindo vidas no processo. — Você não tem que me pedir desculpas. Quem tem que pedir desculpas, para nós duas, é o Naruto e o Sasuke — concluiu.

A garçonete se aproximou e Hinata aguardou que colocasse o pedido da Haruno na mesa e saísse antes de continuar.

— Marquei esse encontro para deixar claro que não estou apaixonada pelo Naruto e não o quero de volta — afirmou para surpresa de Sakura. — E também para dizer que ele te ama como nunca chegou perto de me amar.

Sakura sacudiu a cabeça em uma negativa, mas Hinata ignorou.

— No nosso último encontro Naruto me disse que te ama, que quer ajeitar as coisas entre vocês.

— No evento ele não parecia tão certo disso.

— Com certeza estava apenas indignado por ter sido enganado pelo Sasuke — retrucou sentindo a raiva voltar, mas respirou fundo para não descontar sua frustação na rósea. — Naruto nunca me quis como quer você. Ele será bom para você e o bebê.

Sakura ainda tinha dúvida sobre a declaração, mas assentiu não querendo discutir a sua relação com o ex-noivo da Hyuuga. Deram um passo importante e não queria regredir dizendo que desconfiava das boas intenções do Uzumaki. Mas havia algo que queria falar que talvez fizesse a Hyuuga ficar com raiva.

— Hinata, não quero me meter no seu relacionamento com Sasuke, mas preciso te falar uma coisa — viu a Hyuuga se empertigar na cadeira, mas decidiu prosseguir. — Todos na empresa perceberam que Sasuke mudou nos últimos meses. Não sai com nenhuma das modelos e parece animado. Vendo-o no evento, ao seu lado, como ele estava antes de toda a confusão, percebi que o motivo era você.

Hinata queria que fosse verdade, que ela estivesse equivocada sobre os motivos de Sasuke e as outras pessoas certas, mas temia o que aconteceria se encontrasse o Uchiha e ele desprezasse seu amor.

— Não desperdicemos nosso tempo falando daqueles dois — Hinata pediu por fim, determinada a evitar falar ou escutar o nome do Uchiha. — Vamos falar de coisas mais agradáveis e produtivas.

Com um sorriso tenso Sakura assentiu e a conversa seguiu para um campo seguro para ambas.

~*S2*~

QUARTA. 03 DE AGOSTO DE 2016

Hanabi

Vamos almoçar as 13hrs. O Não será ignorado e lotará sua caixa de mensagens. 08:21

Hinata

Tenho um compromisso. 08:23

Hanabi

Qual parte do será IGNORADO você não entendeu? 08:24

~*S2*~

Quando o táxi virou a esquina e entrou em uma rua praticamente deserta, Hanabi temeu pela sanidade da irmã. E o horror aumentou quando o carro parou em frente a uma casa caindo aos pedaços.

Pagou o motorista e desceu, torcendo os lábios para o local que combinara encontrar a irmã. Hinata se escondera em um muquifo. E foi exatamente essa frase que usou quando foi ao encontro da mais velha e Tenten, paradas em frente ao portão enferrujado.

— É bom revê-la também — Hinata murmurou contrariada.

Só concordara em encontrar Hanabi pelo amor a mais nova, mas o arrependimento viera rápido.

— Me dê logo um abraço — a mais nova exigiu cercando o corpo de Hinata com seus braços. — Agora, vamos embora, direto para nossa casa — ela pediu puxando a mais velha.

— Hanabi...!

— Não pode preferir esse lugar — Hanabi reclamou, estremecendo ao ver as paredes acinzentadas descascadas e repletas de pichações. — Não acredito que abandonou o apartamento do Sasuke para morar aqui.

— Não estou morando aqui — Hinata explicou. — Esse é o meu compromisso: Avaliar o imóvel.

A surpresa da caçula era esperada por Hinata. Tinha feito de propósito. Hanabi pedira para encontra-la na casa em que estava, mas sabia que a intenção era dizer a Mikoto depois. Sua ingenuidade diminuíra ao conviver com Sasuke.

— Podemos começar a visita? — o corretor, um senhor de cerca de setenta anos, pele clara, cabelo grisalho curto e estatura média, perguntou. — Daqui uma hora, temos mais um local para avaliar, não muito longe daqui — alertou lançando um olhar rápido das irmãs para os documentos com dados dos imóveis em suas mãos.

— Vamos! — Hinata chamou, escoltando a relutante irmã pelo estacionamento para dois carros, que são necessitava de reparos como a fachada.

Empurrando o carrinho de bebê logo atrás das irmãs, Tenten as observava com divertimento.

Eram totalmente diferentes, tanto visualmente quanto na personalidade.

Hanabi ostentava um visual moderno e descolado que realçava seu corpo, sempre com acessórios que deixavam evidente sua personalidade criativa e brincalhona, enquanto Hinata gostava de peças românticas e leves. Embora o cabelo de Hanabi fosse castanho escuro e o da irmã azulado de tão preto, até a mais velha cortar os seus, ambas os usavam abaixo da cintura, mas, enquanto Hinata mantinha uma franja e penteado que quase escondiam seu rosto, a caçula o usava preso em um rabo de cavalo abaixo dos ombros, dividido no meio e uma longa mecha charmosa solta e jogada de lado.

E mesmo tão diferentes, elas se amavam e apoiavam, constatou quanto Hanabi comentou tocando uma mecha do cabelo da mais velha:

— Aliais, amei o chanel assimétrico, combinou com seu rosto.

— Obrigada!

— Nos últimos meses você tem mudado muito, e para melhor — Hanabi ressaltou, arrancando um sorriso de Hinata. — Mas se pensa em comprar esse lugar para morar, como sua irmã favorita...

— Você é minha única irmã — Hinata comentou com desgosto, prevendo a crítica que se seguiria.

—... devo alertar que é loucura — Hanabi completou.

— Hinata vai abrir uma empresa — Tenten contou em defesa da amiga.

— Uau! Até nisso o Sasuke fez bem a você — a caçula comentou arrancando um resmungo de Hinata. — Sério. Em vez de ficar deprimida com o término, você repaginou o visual, quer comprar uma casa e ser uma mulher de negócios. Gosto dessa nova Hinata — comentou.

A irmã não pensaria assim se a tivesse visto logo após cortar as madeixas, Hinata pensou aborrecida.

— Até o papai criou jeito depois da briga com Sasuke — Hanabi contou. — Ontem até mostrou interesse nos meus croquis e elogiou meu talento. Se o Uchiha não fosse apaixonado por você, o roubaria pra mim.

Felizmente, o corretor chamou a atenção de Hinata para as informações do imóvel e Hanabi silenciou, prestando atenção na conversa a fim de conseguir mais justificativas para a mais velha voltar com Sasuke, ou pelo voltar com ela para a mansão Uchiha. Mas logo percebeu que não conseguiria.

Embora a entrada estivesse deteriorada, por dentro o sobrado comercial fez os olhos de Hinata brilharem e sua mente criar cada ambiente conforme passavam pelas salas amplas do térreo, pelos dois banheiros e o quintal dos fundos. No segundo piso a empolgação da Hyuuga era visível conforme contava o que faria para transformar aquela parte em uma casa e escritório funcionais.

— Posso fazer a sala de reunião aqui e usar o espaço no térreo para a recepção, salas de treinamento e espaço em comum para os funcionários — disse para Tenten, caminhando encantada para a janela que dava para uma praça arborizada. — A vista é linda daqui.

Havia alguns problemas, como goteiras em uma das salas e a pintura necessitaria ser renovada, mas nada que Hinata não estivesse preparada para lidar.

— O imóvel tem duas vagas na garagem e localização privilegiada — Sarutobi informou lendo a descrição dos arredores. — Estamos a poucos minutos de um hospital e de duas estações de metrô.

— A aparência do lado de fora dá arrepios — comentou Hanabi parada ao lado da irmã na janela. — Mas dentro é promissor, principalmente depois de ouvir tudo o que deseja fazer e ver essa praça.

— E você, Tenten, o que acha?

Ajeitando a inquieta Lean em seu colo, Tenten se aproximou para verificar a vista que enchera os olhos das irmãs Hyuuga.

Conseguia ver o que agradara Hinata: o espaço ao ar livre, com bancos e mesas de madeira; e o que enchera os olhos de Hanabi: o espaço era ideal para a prática de exercícios física com aparelhos de ginástica ao ar livre.

— Eu poderia passear com Lean quando viesse te visitar — disse apreciando a praça tanto quanto as amigas.

— Só visitar? — Hinata encarou a amiga. — Se quiser, adoraria que trabalhasse comigo. — Diante do choque e mudez de Tenten, continuou fazendo mais planos, dessa vez incluindo a morena: — Me ajudou tanto a listar tudo o que preciso para a empresa que seria maravilhoso trabalharmos juntas. Não teria como pagar muito no início, mas poderia trazer a Lean.

— Jura? — Tenten questionou em um fio de voz. Queria muito trabalhar e, mas de uma vez, dissera a Hinata que se preocupava em ficar distante de Lean, sendo ela tão nova.

— Poderíamos até fazer um ambiente para ela brincar enquanto trabalhamos — Hinata propôs para convencê-la.

— Adoraria fazer parte do seu projeto. — A bebê balbuciou, soltando uma bolha de saliva que fez a mãe rir. — Lean também aceita.

— Vai ser maravilhoso! — Hinata comemorou envolvendo mãe e filha em um abraço.

— Se meu lado artístico não gritasse, ajudaria também — Hanabi comentou com certa inveja do companheirismo da irmã com a namorada do primo.

Percebendo o incomodo da mais nova em ser colocada de lado, Hinata a puxou para junto delas.

— Você pode desenhar os uniformes — propôs fazendo Hanabi se encher de planos.

Ao fim da visita, Hinata estava satisfeita por ter concordado em encontrar a irmã e já tinha escolhido o local de sua empresa. Ainda tinha mais um local para visitar, mas a Hyuuga sentia no coração que ali era o lugar ideal.

~*S2*~

QUARTA. 03 DE AGOSTO DE 2016

Neji

Peça a avaliação do imóvel antes de fechar a compra. 19:08

~*S2*~

QUINTA. 04 DE AGOSTO DE 2016

Neji

Os arquivos acima são com os valores das despesas iniciais para a abertura da empresa. 12:49

Sarutobi ~ Corretor

O vendedor não aceitou a proposta. Apontei as reformas que serão necessárias e abaixaram o valor inicial em 5 mil.

~*S2*~

Hinata desceu do táxi, os olhos percorrendo a fachada de ferro e vidro. Queria nunca mais voltar ao apartamento de Sasuke, porém não tinha escolha.

Fizera muitas contas desde o dia anterior, quando Neji e o corretor de imóveis lhe enviaram planilhas e listas dos valores que teria de desembolsar para começar sua empresa. E era primordial pensar nas despesas futuras. Separar uma quantia para divulgação quando tudo estivesse pronto, pagar internet, telefone, os funcionários.

Os números, por alto, lhe deram uma forte dor de cabeça e tensão nos ombros. Suas economias não bastariam. Precisava de uma reserva para possíveis problemas, por isso estava ali.

Ajeitou a alça da bolsa e caminhou decidida em direção ao prédio.

~*S2*~

Sasuke trabalhava com o dobro do empenho nos últimos três dias, passando horas em sua sala analisando projetos e contratos até tarde da noite, sendo o último a sair. Precisava esquecer o inferno que se abatera em sua vida e o golpeava sempre que chegava em seu apartamento e não encontrava Hinata para recebe-lo calorosamente.

Nessas ocasiões segurava a vontade de ligar ou enviar mensagens para Hinata. Obrigando-se a trabalhar até o sono exigir seu tempo. Estava no limite, seu humor péssimo, em um nível que todos na Yoshiaki, incluindo seu sócio, evitavam cruzar seu caminho.

Naquele dia não só o cansaço cobrava seu preço como sua cabeça doía, fazendo-o quase rosnar quando Sakura ligou para sua sala – provavelmente temendo sua reação se aparecesse em pessoa – a fim de passar a ligação de Mikoto.

— É sobre a Hinata — a secretária informou fazendo-o imediatamente aceitar a ligação.

~*S2*~

Estava no mesmo lugar em que o deixara semanas antes, dentro da caixa da belíssima versão simples do vestido de noiva de sua mãe, protegido pelo lenço em que o envolvera. A pedra era tão brilhante quanto se lembrava e, esperava, tão valiosa quanto imaginava.

A aliança, que a levará do céu ao inferno em poucos meses, agora renovava as esperanças de Hinata em transformar seu novo sonho em realidade e ainda sobrar algo para gastos extras.

Girou a aliança entre os polegares e indicadores, apreciando o brilhante por alguns segundos antes de levantar o anelar da mão direita onde o anel que Sasuke lhe dera permanecia.

Mesmo em meio à raiva, em nenhum momento quis retirar a marca de um compromisso inexistente, nem mesmo pensou na possibilidade de vendê-la. Não por imaginar que valesse menos, simplesmente não queria. Era um anel lindo, além de combinar com ela, essas eram as razões, repetiu mentalmente para se convencer, embora soubesse que o motivo era outro.

Embrulhou a aliança novamente, guardou em sua bolsa e pegou a tampa da caixa para fecha-la e devolver o vestido ao guarda roupa, relanceando um último olhar de adoração para o corpete trabalhado. Foi inevitável recordar que há poucos meses estava tranquila, noiva de Naruto, só cuidando de Sasuke que suspirava pelo amor de uma mulher comprometida.

Sua mente decidiu ir um pouco mais fundo nas lembranças, no dia em que ganhara o vestido, como estivera radiante ao testa-lo e o espanto com a chegada repentina de Sasuke. A forma estranha com que ele a olhara naquele dia, que só recentemente compreendeu o significado.

"— Isso me lembra de quando a vi exatamente em frente a esse espelho vestida de noiva — ele disse deslizando os dedos devagar pela pele nua. Hinata suspirou, o coração palpitando e o calor se expandindo a partir da mão masculina. Era bom sentir o toque dele novamente. — Nunca desejei uma mulher tanto quanto naquele dia. Eu queria toca-la, beija-la até que suplicasse para fazê-la minha. — Ele beijou a junção do ombro com o pescoço e Hinata soltou um pequeno gemido de deleite. — Esse desejo nunca me abandona."

Franziu o cenho. Quando Sasuke dissera como se sentira ao vê-la com o vestido de casamento estava tão enfeitiçada pelo toque dele que não percebera... Quando experimentara o vestido e quando ouvira a confissão do amor dele por uma mulher comprometida ela estava comprometida.

Afastou o pensamento insano, causado pelo excesso de pessoas declarando que Sasuke sentia sua falta e a queria não por luxúria, mas por amor.

Se ele a amasse teria dito...

"— Amo tudo em você."

Ele dissera isso somente sobre o corpo dela... E se não fosse? E se, enquanto temia que Sasuke a abandonasse, a preocupação dele era que ela o abandonasse?

Desacreditara da veracidade dessas palavras, por medo, desconfiança e insegurança, assim como desconsiderou cada palavra dele sobre um futuro juntos.

"— Não tenho interesse em outras mulheres e não existe a menor possibilidade de dividi-la com ninguém. Se desistir do Naruto, creio que temos chances."

"— Faremos um bom casamento. Aceite, e prometo que farei o melhor para que tudo dê certo. Serei fiel e cuidarei de você."

Agora percebia que para Sasuke o único obstáculo entre eles era Naruto.

A voz de Gaara mais uma vez ecoou em sua mente:

"— Ele quer casar com você, isso diz muito mais que palavras."

Dizia?

Sua mente voltou mais no tempo, nas palavras que a assombrara ao longo dos anos.

"— Num relacionamento íntimo o amor não sobrevive sem desejo. A zona de conforto só funciona quando não há paixão, Hina. — Ele completou afastando o corpo. — Mas, porque estou perdendo tempo dizendo isso? Você nunca sentiu e nem sentirá isso enquanto continuar se escondendo atrás daquele imbecil. O encarou em choque pelo olhar furioso do Uchiha. De onde vinha tanto ódio contra ela?"

Aquele olhar... Sasuke o sustentara quando ela se ofereceu para ajuda-lo com a mulher que amava.

Sempre imaginara ser desprezo, por ela, mas agora, recordando todas as vezes que esteve presente, percebeu que muitas foram nos últimos meses, quando estava claro que ele não a odiava. Aquela expressão de desgosto estivera lá sempre que ela falava ou estava com Naruto, desde o dia que anunciaram o namoro.

~*S2*~

Esse seu namoro com o Naruto é uma bobagem.

A aparição de Sasuke em seu caminho fez o coração de Hinata pular de susto.

Com licença, senhor Sasuke!

Tentou contorna-lo, mas ele segurou seu braço.

Você o ama?

Apertando os lábios para segurar a vontade de dizer que não era da conta dele, se limitou a assentir com a cabeça.

Viu a expressão dele se transformar em desprezo. Era óbvio que não aprovava sua relação com o Uzumaki. Devia pensar tão pouco dela, a prova é que nem mesmo a felicitou ou ao amigo e agora a interrogava com a repulsa estampada em sua feição.

Aguardou que verbalizasse algum comentário ferino, mas ele a soltou e saiu sem falar mais nada.

~*S2*~

O ódio que imaginara que Sasuke sentia por ela e Naruto podia significar outra coisa?

"— Você tirou essas conclusões por causa de uma foto? Mesmo tendo mais de uma pessoa no retrato?".

Como se molas a impulsionasse quase correu para o escritório de Sasuke, pegando ansiosa o único porta-retratos no lugar, analisando-o atentamente.

Não, não havia só uma pessoa na foto. Havia três casais em pé sorrindo, mas foi um detalhe que despertou mais lembranças em Hinata: Os dedos masculinos em sua cintura e o como foram parar ali.

~*S2*~

No salão de festas passara as primeiras horas sentada na mesa reservada aos padrinhos, bebericando nervosamente o suco que pegou. Não, foi Sasuke que chamou um dos garçons, aquele que Hinata não parava de seguir com os olhos ansiando que finalmente chegasse à mesa deles com a bebida que ela desejava.

Ironicamente era a presença de Sasuke ao seu lado que a deixava com os nervos a flor da pele, esperando algum comentário ácido que sabia que ele segurava na ponta da língua para quando ela cometesse algum deslize. Eles tinham diminuído nos últimos anos, mas Hinata sabia que apareceriam quando menos esperasse.

Mikoto se aproximou da mesa com um enorme sorriso segurando o braço do fotógrafo.

Preciso de uma dos padrinhos e madrinhas com os noivos.

Tiramos várias — Sasuke resmungou olhando atravessado para o fotógrafo, que imediatamente ficou tão tenso quanto ela.

Ótimo! Mais uma não será problema.

Mikoto praticamente os forçou a se levantarem e seguirem para o local em que os noivos aguardavam trocando beijos e carinhos que deixaram as bochechas de Hinata coradas.

Demonstrações de amor são novidades na sua vida, Hyuuga? — Sasuke soltou mordaz inclinado sobre ela e falando em um tom baixo, de forma que só Hinata ouvisse.

A Hyuuga torceu os lábios contento a resposta mal educada que pipocou em sua mente. Sasuke sorriu de canto, o olhar agudo sobre ela, como um gato vendo sua presa acuada.

O fotógrafo indicou seus lugares, pedindo que ficassem bem próximos de seus pares, o que deixou Hinata desconfortável, porém não tanto quanto o profissional pediu:

Abracem suas mulheres.

Sem coragem de corrigi-lo, Hinata aguardou que Sasuke o fizesse, mas, em vez disso, ele deslizou a mão por sua cintura, seu toque fazendo-a se arrepiar e o encarar alarmada.

Como se não fosse nada de mais, Sasuke fitava o fotógrafo, a expressão impassível. Então ela se conformou e forçou um sorriso para a câmera.

~*S2*~

Não conseguia tirar os olhos da fotografia, os dedos segurando a moldura com força, o coração batendo acelerado ao lembrar que quando se separaram Sasuke foi falar com o fotógrafo, enquanto ela voltava trêmula para seu lugar. Era loucura, mas cogitou que talvez ele pedira uma cópia.

Sentou-se na poltrona do Uchiha, as pernas trêmulas, a mente rodando, remexendo o passado e até o presente em um vórtice: O ódio anormal por Naruto; Como sempre fez questão de questiona-la sobre a falta de sentimentos do relacionamento dela com Naruto; Ele não ter saído com ninguém desde que começara a ensina-la a seduzir...

Não. Impossível. Estava fantasiando por desejar...

— Hinata!

Ergueu o olhar encontrando Sasuke no vão da porta, o peito subindo e descendo apressado, os cabelos desalinhados, olheiras profundas e o suor impregnado nos fios escuros e no rosto afogueado. Ele estava com a aparência péssima. Ela se levantou e deu alguns passos, instintivamente querendo cuidar dele, mas logo parou ao lado da escrivaninha.

— Como vai, Sasuke?

— Mal, péssimo, desde que você partiu — ele confessou recuperando aos poucos o fôlego.

Ela jogou o peso sobre uma perna, mordendo a parte interior do lábio, sem saber o que fazer com essa declaração. Também estava péssima desde que partira. Levou uma mão ao cabelo e, novamente, seus dedos estranharam o percurso diminuto. Olhou insegura para ele, a espera da mesma expressão de surpresa mesclada com horror que dominara a face de todos quando viam seu novo corte, mas Sasuke permanecia olhando-a fixamente, sem mostrar qualquer reação negativa.

Ele viu no desconforto dela e no fato de que ela ainda não o insultara ou fora embora, uma chance. Ajudava também que notou que ainda usava a aliança que lhe dera.

Aumentou o aperto no batente da porta, que segurava com força para conter sua vontade de ir até Hinata. Nem mesmo a necessidade de ar após a subida pelas escadas era maior que sua vontade de abraça-la com força contra si para que jamais fosse embora.

As pupilas dilatadas se prenderam em cada detalhe da mulher a sua frente, passeando por suas curvas, desejando-a; por sua face abatida - torcendo para ser um sinal que a separação também não fizera bem a ela -; chegando ao cabelo. Ela estava diferente e absurdamente linda. Hinata continuava com franja, mas os fios, outrora longos, agora ostentavam um corte moderno com fios curtos na parte de trás e mechas maiores na frente, destacando o pescoço alvo que Sasuke sonhava atacar com beijos e mordidas.

— E você ficou ainda mais linda de cabelo curto — murmurou rouco, o desejo de abraça-la percorrendo-o como brasa. Precisava tê-la novamente.

— Obrigada...! — Satisfeita com o comentário, Hinata sentiu as bochechas esquentarem e conteve o sorriso bobo que ameaçava adornar seus lábios, focando na presença do Uchiha no apartamento quando devia estar no trabalho. — O que faz em casa tão cedo?

— Minha mãe me avisou que você estava aqui. — Adivinhando o motivo da expressão intrigada da Hyuuga, acrescentou: — Desconfio que alguém do prédio a mantém informada. — Hinata acenou em concordância. O fato dela continuar no cômodo, escutando-o, acendeu a esperança do Uchiha. — Hinata, sobre o que o Hidan falou....

— Você não incentivou Naruto me trair? — Hinata o interrompeu querendo que a resposta fosse não, mas, pela forma que Sasuke contorceu as feições, soube o que ouviria a seguir.

— Eu disse para ele dormir com a Sakura...

Hinata se moveu para a porta livre, mas Sasuke se apressou em bloquear sua passagem e segura-la pelos ombros.

— Só me ouça. Por favor, deixe-me explicar como tudo aconteceu — suplicou, acrescentando para surpresa da Hyuuga: — Se depois nunca mais quiser trocar uma palavra comigo ou olhar para mim, juro que atenderei seu pedido.

Sentindo a garganta arder e os olhos lagrimejarem, Hinata passou as costas dos dedos nos olhos e assentiu, sentindo-se incapaz de falar. No fundo desejava esquecer tudo aquilo e voltar para Sasuke, mas o que aconteceria após essa quebra de confiança? E se continuasse a divagar sobre um amor inexistente como fizera com Naruto? Estivera fazendo isso minutos antes. Procurando uma justificativa para ficar com Sasuke. Afinal, também achara provas do amor de Sasuke por Konan e logo descobrira ser tudo invenção de sua mente. Agora o fazia para benefício próprio.

— Não foi intencional — Sasuke justificou. Seus dedos subiram pelos ombros femininos, deliciando-se com a pele macia. — Estava bêbado quando fiz a sugestão.

— E isso o inocenta do que aconteceu depois? — Hinata questionou, obrigando-se a não se entregar as carícias leves em seu pescoço. — De me levar a crer que eu era a culpada da traição dele?

— Deixe-me terminar — pediu aproximando-se um pouco mais, aspirando o perfume feminino. — Naquele mesmo dia eu vi o Naruto beijando a Sakura — contou, fazendo questão de evidenciar que Naruto a traiu antes do ocorrido. — Gaara exigiu que não contasse para você e insistiu para nós três sairmos para beber e conversar. Quando ouvi Naruto reclamando de não poder ficar com ela por estar noivo de você, senti tanta raiva e inveja que falei para ele transar com a Sakura — explicou deslizando as mãos de volta para os ombros da Hyuuga, o tom de voz e seu aperto não ocultando que a indignação persistia.

— Raiva e inveja? Do que?

— Dele — respondeu subindo novamente, aproveitando que ela não afastou seu toque para acariciar a face feminina. — Ainda estava com a sua imagem experimentando o vestido de noiva gravada em minha mente e, enquanto ele se lamentava, só conseguia pensar no quanto desejava ser o homem que a aguardaria no altar, que a carregaria até a cama, tiraria sua roupa e faria amor com você pelo resto da vida.

— Você... queria passar o resto da vida comigo? — O coração de Hinata ecoava em seus ouvidos diante da declaração.

— Eu quero — ele corrigiu suave. — Sempre quis.

Inclinou-se para beija-la, mas Hinata afastou os lábios. Queria beija-lo, muito, mas ainda precisava de mais explicações.

— Foi por isso que aceitou me ensinar a seduzir?

Sasuke suspirou fundo. Estava cansado de falar, mas se era isso que ela queria para voltar para sua vida, então abriria seu coração e a deixaria decidir o que fazer com ele.

— No princípio queria lhe mostrar o quanto seu relacionamento com Naruto era vazio. Mas quando nos beijamos, quando a senti nos meus braços... — murmurou deslizando o polegar pelo lábio polpudo. — Eu desejei que se apaixonasse por mim — confessou observando com atenção a reação dela. Hinata o encarava com olhos arregalados, e Sasuke temeu que não acreditasse nele. Precisava que acreditasse. —Com o tempo comecei a fazer de tudo para que isso ocorresse. Não nego que manipulei situações a meu favor, mas isso foi depois de nos envolvermos.

— Manipulou que situações?

Sasuke desviou o olhar desconfortável, seu peito doía, uma dor insuportável diante da ameaça de perder Hinata. Podia viver sem o amor dela, conseguira isso durante anos, mas após aquele tempo juntos, não aguentava a ideia de perder a presença dela. Queria salvar pelo menos a amizade, a confiança e companheirismo. Não era perfeito, era um recomeço. A decisão o fez encara-la com firmeza. Teria que apostar tudo para vencer.

— Não foi por acaso que Neji e a minha mãe descobriram sobre nós. Vi Neji nos observando quando estacionei por isso te chamei de volta para beija-la. E minha mãe estava no corredor quando sai do seu quarto. Retornei sabendo que ela entraria em seguida. Queria tornar nosso noivado real, sair das sombras, poder mostrar ao mundo que eu finalmente estava com você. — contou, observando a reação da Hyuuga. Hinata ficou em silêncio, não parecia zangada, mesmo assim Sasuke temeu o que ela faria quando terminasse sua confisão. — Por isso não posso e nem quero pedir desculpas. Porque, mesmo que tenha sido errado, não me arrependo, e, se pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo, exatamente da mesma forma.

Recordando o quanto ela se sentira mal e reclamara em ambas as situações, aguardou a revolta, talvez um tapa ou simplesmente a Hyuuga ir embora exigindo que a esquece-se. Mas ela continuava a encara-lo em silencio. Estava incerto se era ou não um bom sinal.

O coração de Hinata já não se aguentava de tanta emoção, mas ela precisava de resposta para mais uma questão.

— Sasuke, a mulher comprometida que você ama... Quem é ela?

— Quando você perguntou isso da outra vez pensei que soubesse, por isso fiquei irritado quando se ofereceu para me ajudar a conquista-la. — ele disse acariciando seu rosto. — Porque ficou evidente que falhava em fazer você, Hinata Hyuuga, a única mulher que - não importa o que aconteça - sempre amarei, se apaixonar por mim.

Hinata agiu movida pela emoção ao lançar os braços em volta do pescoço de Sasuke e juntar seus lábios aos dele.

Um som profundo de prazer vibrou da boca de Sasuke para a dela. Uma mão forte a puxou pela cintura e outra segurou seu queixo, inclinando a cabeça para aprofundar ainda mais o beijo incandescente.

Ambos não queriam colocar fim no beijo, mas a necessidade de ar obrigou Sasuke a se afastar, a língua deslizando pelos próprios lábios, sentindo o gosto dela, enquanto seus olhos se fixavam na boca rosada, úmida e inchada que tanto desejava.

— Porque não me disse? — Hinata questionou após recobrar o fôlego.

— Por medo de forçar uma situação que acabaria te afastando de mim — confessou apertando-a em seus braços, distribuindo beijos pela pele perfumada.

— Por isso implicava com meu relacionamento com Naruto?

Ele assentiu depositando um beijo rápido nos lábios carnudos.

— Tinha tanta raiva quando defendia Naruto. Não de você ou dele, de mim, por ser incapaz de conquistar o seu amor, por perdê-la para alguém que sequer lhe dava o devido valor.

— Você disfarçava bem que me odiava.

— Por isso peço perdão. Na nossa adolescência percebi que agia de forma errada com você, quis reparar meu erro, mas era tarde, você começou a namorar o imbecil do Naruto... — respirou fundo e moderou o tom. — Naquela época percebi que te queria com loucura e doía como uma facada cada sorriso que dedicava a ele, cada toque, por mais ínfimo que fosse, me dava raiva, um ódio cego porque ele tinha o que eu mais amava: Você. — sussurrou contra o ouvido dela.

— Somos dois tolos. Esse tempo todo nos amando e não querendo falar por medo.

Sasuke afastou o rosto e segurou o dela com ambas às mãos.

— Repita isso.

— Que somos tolos? — ela questionou sabendo exatamente o que ele pedia.

— Hinata!

— Eu te amo! — Riu quando Sasuke a rodopiou em seus braços, a boca cobrindo a sua em um beijo que transmitia o que um sentia pelo outro.

— Repita, por favor — ele pediu ao pousa-la no chão, os olhos negros fixos nos dela.

— Eu te amo. Por isso fiquei zangada e fui embora. Não por sua sugestão ter me separado do Naruto, mas por pensar que, além de não me amar, tinha se divertido tirando proveito da situação — explicou.

Sasuke volta a abraça-la com força.

— Eu quero tirar bem mais que proveito. Quero casar, ter filhos e envelhecer ao seu lado.

— Gosto desse plano, podemos começar agora.

Sasuke sorriu e a agarrou pelo traseiro, erguendo-a do chão de forma a obriga-la a enlaçar as pernas em sua cintura. O gritinho o fez rir enquanto a levava para o quarto. Pousou-a no colchão e a beijou intensamente, o encontro sensual de línguas, lábios e dentes.

As mãos de Sasuke trabalharam nos botões e zíper das peças que Hinata usava, louco para se perder nela. Hinata também queria o mesmo, pois tinha o mesmo empenho em livra-lo das roupas incomodas.

— Senti tanta falta de toca-la — Sasuke disse deslizando as mãos pelas costas femininas, soltando o fecho de seu sutiã, enquanto seus lábios experimentavam a lateral de seu pescoço e sussurravam palavras que deixavam Hinata em chamas. — Sentiu minha falta também, amor — ele afirmou confiante, abocanhando um seio turgido.

— Muito... — sussurrou passeando os dedos pelas costas fortes, puxando-o e contorcendo-se contra ele.

— Aonde me quer? — ele questionou, acariciando o alto da coxa da Hyuuga. — Mostre-me.

Brasas percorriam Hinata de cima a baixo, concentrando-se no interior das coxas, no centro ainda coberto pela calcinha e a calça jeans, no lugar para o qual ela guiou a mão dele, respirando com dificuldade quando o calor duplicou.

Sasuke gemeu contra seu mamilo, o som deixando-a arrepiada e desejosa.

— É o lugar que quero estar — ele assegurou introduzindo os dedos embaixo dos tecidos para pressionar a carne pulsante, fazendo-a se remexer dominada pela luxúria. — Dentro e fundo.

Os pensamentos de Hinata explodiram em pequenas bolhas de sabão quando Sasuke mergulhou um dedo dentro dela e outro massageou seu clitóris devagar. Seus dedos se curvaram contra as costas fortes, as unhas afundando na pele dele, descontrolada pelas ondas de desejo que arrebentavam por seu corpo pela provocação do toque do Uchiha.

— Ah, céus!

Ardor expandia-se pelo corpo dela a partir do toque, fazendo-a se contorcer e se mover contra a mão dele, a cabeça afundando no colchão e a respiração arfante.

— Não aguento mais — ele murmurrou.

Hinata soltou uma leve reclamação quando Sasuke se afastou para se livrar das últimas peças que os cobriam, que logo foi substituído por um suspiro de deleite ao observar com olhos dilatados a excitação que se erguia clamando por ela.

Admirando-a, Sasuke percebeu que ela estava muito perto de atingir o clímax. Não estando em estado melhor, voltou a cobri-la com seu corpo, sua boca procurando a dela em beijos quentes, intensos e apaixonados.

— Quero-o, Sasuke — ela gemeu, esfregando os peitos contra o tórax masculino, a mão deslizando entre eles para pegar e guiar o pênis até sua humidade, exigindo: — Agora.

O movimento dos quadris femininos, as carícias ousadas, as pernas apertando-o e os pedidos exigindo mais, deixavam evidente que ela o queria e não conseguia mais aguardar. Nem ele.

— Meu amor — sussurrou com carinho de encontro à boca dela, introduzindo-se devagar, ouvindo com satisfação o gemido rouco conforme se movimentava.

Hinata arqueou os quadris e agarrou seu traseiro, apertando-o, enlouquecendo-o, incendiando-o tornando impossível o amor lento que planejava. Linda em seu desejo por ele.

— Te quero tanto... — murmurou observando-a conforme as estocadas firmes aumentavam de velocidade, seu coração batendo acelerado, não só por causa do que faziam, mas por ela, pelo amor que finalmente via refletido nos olhos claros. — Te amo tanto.

Hinata segurou seu rosto e o puxou para beija-lo suavemente.

— Te amo...

Emoção apertou-lhe o coração, cada milímetro vibrando de felicidade e conduzindo-os para mais perto do êxtase.

Quando o orgasmo alcançou Hinata, Sasuke abafou o grito de prazer com um beijo, sedento em capturar cada grama do prazer dela, acelerando o ritmo avançando em direção do próprio gozo. Empurrou profundamente uma última vez, se esvaindo dentro dela, o corpo desabando trêmula sobre ela.

— Foi... maravilhoso... — A boca de Sasuke se movia, quente sobre a pele suada. — E te quero novamente. — Se apoiou sobre um cotovelo, os dedos brincando com uma mecha azulada. — Não quero esperar até novembro para torna-la minha esposa — pronunciou. — Podemos ir para Las Vegas hoje mesmo.

Hinata riu, o corpo todo mole se aconchegando nele.

— Nossos pais odiariam e quero um casamento religioso — retrucou, decidida a fazer tudo conforme a vontade dela dessa vez.

— Podemos nos unir no cartório agora — negociou, os lábios trilhando a lateral do pescoço da Hyuuga até depositar um beijo em sua orelha, murmurando baixinho: — Isso diminuiria as reclamações do seu pai sobre morarmos juntos e sobre a filha engravidar antes do casamento.

— Não engravidarei antes do casamento — diante do olhar duvidoso de macho alfa, explicou, deslizando os dedos pelos braços dele. — Tomei uma injeção anticoncepcional com efeito de três meses a cerca de um mês. Era uma das exigências do... hum, você sabe.

— Nenhum contraceptivo é 100% eficiente e pode ter certeza que me empenharei na missão — prometeu arrancando uma risada da Hyuuga. — Além disso, enxergo as vantagens de casarmos agora no cartório e em novembro na igreja.

— Que vantagem?

— Terei duas chances de despir a noiva — respondeu com um sorriso malicioso, beijando-a em seguida.

Entregue as carícias e beijos de Sasuke, Hinata concluiu que os planos dele lhe agradavam e que desfrutaria com prazer das suas duas chances de despir o noivo.

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Gratidão!!!

Big beijos, Luciy Moon

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