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Ainda estava bem escuro quando o caminhão estacionou atrás da Padaria Sol Nascente. Também era uma confeitaria, vendia doses diversos, bolos, pães e guloseimas salgadas, bebidas e cafés. Uma ótima opção de alimentação durante seu horário de funcionamento, que encerrava um pouco depois do sol poente. Seria uma ótima opção para alimentação se o preço de tudo isto fosse acessível.
Agora, ainda era madrugada, poucas horas antes do horário de abertura. Geni observava dois homens descarregando os produtos do caminhão. Um deles permaneceu no baú, colocando os sacos de trigo nos ombros do outro, que levava os produtos para dentro da padaria. Além dos dois, havia apenas o motorista no veículo.
Geni não sabia quantos funcionários já estavam trabalhando ou haviam chegado. Isso dificultava — ela até pensou em entrar no caminhão de algum modo e pegar algo. Não, pensou, é mais fácil continuar com o plano. Continuou observando da esquina escura, de onde ninguém que passasse nem a polícia podia vê-la. Já bastava a violência que sofria todos os dias...
Assim que homem fechou a porta do baú do caminhão e, juntamente com o outro, entrou no veículo e foi embora, Geni já se caminhou em direção ao estabelecimento. Não tinham fechado a porta ainda e isso foi o bastante para ela entrar furtiva como uma gata. Várias partes ainda permaneciam escuras lá dentro, os corredores eram feitos por grandes prateleiras vazadas, como um grande mercado, e isso facilitava a locomoção. Se ela permanecesse silenciosa e tomasse cuidado, sairia tão facilmente sair quanto tinha entrado.
Já havia assumido uma posição estratégica, de modo que, qualquer funcionário que passasse, não a veria. Um homem alto passou pelo corredor principal, fechou a porta de entrada nos fundos e voltou — isso dificultava todo o plano, sua mente logo tratou de planejar outro modo de fuga. Ela observou de onde estava, contando o número de funcionários trabalhando. Ainda era muito cedo, apenas dois homens e uma mulher, anotando a quantidade de suprimentos. Conversavam sobre algo que Geni não conseguia ouvir e não se interessava.
Se aproximou mais, seguindo pelo corredor escuro, agachada, aproveitando as caixas empilhadas nas prateleiras vazadas. Cada vez mais podia ouvir sobre o que diziam, a mulher ria de vez em quando e exclamava algumas palavras mais alto. No fim desse corredor de prateleiras, havia um corredor feito de concreto para a direita. Geni seguiu até ele, sempre reparando no trio com olhadelas para trás.
Constatou que o fim desse corredor era onde o depósito terminava e começava a cozinha — os dois ambientes dividiam-se por uma porta com um círculo de vidro para possibilitar a vista antes de realmente entrar na cozinha ou depósito. Geni ergueu-se, com todo cuidado, para olhar a cozinha. Não havia ninguém lá. Rapidamente se abaixou e voltou para trás das caixas a fim de observar o trio.
Já estava determinando que aqueles três eram perda de tempo, mas mudou de ideia quando a mulher disse:
— Certo, tirei dois sacos de trigo. Levem logo esses dois para os fundos e coloquem no meu carro. Vou resolver ainda de onde vou subir os preços, assim ninguém suspeita de nada.
Os dois homens pegaram os sacos de trigo e levaram para os fundos. É hora. Enquanto a mulher acompanhava os dois até os fundos, Geni foi até a cozinha. Todos os alimentos que ficavam nas vitrines durante o dia todo agora estavam lá, dentro de caixas de papelão. Certamente iriam para o lixo ou algo assim. Ela não perdeu tempo, rapidamente pegou duas sacolas grandes de papel e começou a estocar pães, pedaços de bolos e alguns salgados e doces menores. Enrolou a boca de uma sacola e encheu a outra.
Logo depois de fechar a porta da cozinha foi quando o trio entrou no depósito.
— Podem até ser só esses dois — dizia a mulher —, mas já valem um bom dinheiro.
— Sim — concordou um deles. — Ainda mais com tudo aumentando todos os dias. Mais um mercado quase faliu na semana passada, souberam?
— Provavelmente o dono não quis repassar o valor para os clientes — completou o último. — Burro, tinha mais que falir!
Atravessaram a porta para a cozinha. Geni recuperou o fôlego e andou agachada. Rezou mais uma vez para não terem trancado a porta dos fundos. Porém suas preces não foram atendidas, constatou. Olhou ao redor, procurando por algo que pudesse abri-la. Então a luz do depósito se apagou.
— Inferno — xingou baixinho. Tateou para encontrar algo, mas bateu com força em uma caixa na prateleira. O som ecoou pelo depósito, alto o bastante para Geni ter certeza que tinham ouvido da cozinha. A luz que vazava pelo vidro redondo da porta entregou as sombras dos três voltando para o depósito.
Não havia como se esconder novamente, já que agora acenderiam todas as luzes para descobrir de onde viera o barulho. Em desespero, ela fechou os olhos e desejou com todas suas forças que a porta abrisse. Houve um clarão, mas ela não sabia se tinham acendido as luzes.
Porém, ao abrir os olhos, a porta havia sido arrancada e estava despedaçada no chão da rua. Geni correu com as sacolas assim que as luzes do depósito foram acesas.
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