01 - Destino Manifesto
"Morte era o sobrenome dele... o meu caçador de recompensas, o meu cowboy de fivela gelada, o meu criminoso favorito."
🏜
O sol poente seguia a sua trilha alaranjada pelo solo seco e rachado do Oeste, não tão seco como o sangue que manchava a terra.
Sangue, pólvora e poeira.
Seu colete de couro, adornado com distintivos de xerife, exibe uma história de serviço e responsabilidade. O coração batia forte sob a estrela dourada e o olhar astuto escaneia cada sombra daquele beco escondido entre muitas casas de madeiras da pequena cidade de Sapphire.
No cinturão de couro do xerife repousava uma relíquia do Velho Oeste. Era um revólver confiável, conhecido como Colt Peacemaker, um companheiro fiel nas batalhas diárias da lei contra o crime.
A arma, com um tambor rotativo carregado com seis cartuchos do calibre 45, era uma extensão da autoridade e da presença marcante do xerife. Os detalhes dourados e seu nome gravado sobre a base firme do Colt eram herança de família que carregava com todo orgulho.
Kim Taehyung, o xerife, usou de suas mãos firmes para segurar o gatilho, o silêncio logo fora quebrado pelo farfalhar do vento e o rangido distante de uma porta velha, Kim estava ansioso para capturar o tal criminoso.
Com um chapéu Gambler de aba larga sombreando seu rosto, seus passos firmes ecoam na rua principal da cidade, cada movimento marcado por uma aura de autoridade e propósito. As calças de corte reto, reforçadas para resistir ao árduo trabalho diário, encontram-se com botas de couro, testemunhas silenciosas de suas jornadas pela fronteira e pelos desafios das ruas poeirentas. Detalhes discretos, como o lenço no colete e a corrente do relógio de bolso, são mais do que adornos; são pequenos fragmentos de uma vida marcada por cicatrizes de batalhas passadas e memórias de um passado entre sangue e pólvora.
De repente, um som agudo ecoou, e um vulto saiu das sombras. Com um olhar mortal e gélido, o ladrão foragido sacou sua pistola e atirou.
A bala assobiou pelo ar, passando centímetros e milésimos da face desafiadora do Xerife, que nem ousou se mover. Kim se sentiu incrédulo pela audácia alheia.
Taehyung era um homem de estatura imponente e postura firme, com cabelos loiros naturais que reluziam sob a luz matinal, com seus 1,80 cm e olhos penetrantes que expressavam determinação, herdada dos dias em que servira como fuzileiro na Primeira Guerra Mundial.
Com a economia a todo o vapor e sem os países europeus para fazer concorrência, uma das consequências da Primeira Guerra Mundial foi a ascensão dos Estados Unidos como uma potência econômica e política global.
O Destino Manifesto foi uma ideologia chave que impulsionou a movimentação de colonos em direção ao oeste, influenciou conflitos com nativos americanos e contribuiu para a consolidação territorial dos Estados Unidos como uma nação que se estendia "de mar a mar".
Terras baratas, oportunidades de trabalho, liberdade religiosa, fugas... essas são apenas alguns dos motivos para as pessoas terem corrido para o Velho Oeste. A expansão oferecia novas oportunidades, aventura e esperança, mesmo com os desafios do clima extremo e falta de infraestrutura.
A palavra "Texas" tem origem em línguas indígenas, derivado da palavra "teysha" ou "tejas", que significa "amigos" ou "aliados" em Caddo.
A Lei e a Ordem eram essenciais para manter a paz em uma região frequentemente marcada por conflitos e tensões. O que pensam de amizade, na verdade é a pura violência compreendida pela própria civilização.
Os estadunidenses foram os grandes vencedores do conflito, e Kim Taehyung estava em sua linha de frente como o melhor atirador. Levando a honra, ganhando um distintivo e governando a pequena cidade do Texas chamada de Sapphire.
Sobre a sua eloquente fúria, os olhos afiados por baixo do chapéu e o sorriso vitorioso em seus lábios era sinal de derrota para o fora da lei.
Quem em sã consciência atiraria no melhor pistoleiro do Oeste? Kim era excepcional, de boa mira, nunca errou uma bala.
E estava incitado para matar.
Kim visou a escuridão, mirando em seu alvo. A impiedade era visível apenas pela forma que ele andava — Taehyung era onipotente, um verdadeiro homem de guerra, o melhor xerife que Sapphire poderia ter.
Um gato preto saltou de um telhado próximo, e no reflexo a mira astuta do xerife brilhou e o gatilho foi apertado. O som do disparo ecoou como o som de um trovão em milésimos de segundos.
O inimigo cambaleou para trás, atingindo em cheio com os olhos arregalados de surpresa enquanto engasgava com o próprio sangue e desfalecia no chão. A fraqueza atinge seus músculos, fazendo-o soltar o saco de dólares roubados.
Ladrão de heranças, como sempre.
O suspiro foi inevitável, Kim sorriu para a poça sangrenta que o furo no meio da testa do adversário foi feito. Olhou atentamente para o corpo e então seus capangas o pegaram, levando-o para a vala.
Ao chegar, Taehyung entrou silenciosamente, fechando a porta atrás de si. Ele caminhou até sua mesa, onde o brilho valioso de uma garrafa de whisky irlandês estava à espera. Com mãos habilidosas, deslizou a garrafa aberta, servindo-se um gole generoso em um copo de vidro transparente.
Um suave acorde de Jazz ecoava da vitrola próxima a mesa, despertando uma faísca de nostalgia em seu coração. Taehyung apreciava o Jazz, junto ao aroma de whisky irlandês que pairou no ar.
Kim tinha um gosto refinado para a bebida, saboreando o amargor e a queima reconfortante que vinham de um bom whisky, um deleite reservado para suas noites solitárias.
Com a bebida em mãos, o xerife se recostou na cadeira giratória, um momento de pausa após o confronto tenso. Seu olhar focou na arma que acabara de salvar sua vida, o Colt Single, uma extensão de seu próprio braço. Com movimentos precisos e familiaridade inata, ele começou a desmontar e limpar a arma com meticulosidade, como um ritual matinal.
O tilintar do metal contra a madeira da mesa ecoava na sala enquanto Taehyung trabalhava, cada peça sendo inspecionada e polida, um cuidado quase reverente pela ferramenta que o mantinha seguro e protegido.
Uma vez terminada a limpeza, o cheiro de pólvora e sangue não fazia mais presença, e o Colt brilhava. Ele recolocou cada peça no devido lugar, o revólver reluzindo à luz do lampião sobre a mesa. Em seguida, acendeu um charuto, observando a fumaça se elevar em espirais preguiçosas, uma dança sutil contra o ar envelhecido da delegacia.
Por fim, ele se recostou na cadeira de balanço na parte estreita da varanda que tinha por fora da delegacia, o ranger suave da madeira preenchendo seus ouvidos. O xerife ergueu o copo de whisky à luz do entardecer, um brinde silencioso para a cidade calma à sua frente.
Seu olhar percorreu as ruas e casas, observando as luzes cintilantes ganhando vida à medida que a noite se aproximava, mantendo sempre sua vigilância.
Aos 32 anos, Taehyung carregava consigo não apenas as marcas da guerra, mas também um segredo cuidadosamente guardado: sua homossexualidade.
Os cidadãos de Sapphire apreciavam sua coragem — as moças virgens, loiras e francesas de pele macia choravam por ele em suas janelas, desejando casar-se com Kim.
Mas nenhuma moça era capaz de satisfazer o loiro, nenhuma chamava sua atenção, nenhuma seria sua.
O xerife gostava de ouvir gemidos roucos no pé do ouvido, dedilhar um peito firme e másculo, segurar as mãos com veias ressaltadas, ser agarrado firmemente pela cintura e sentir o perfume barato de cowboy.
Sentia as calças apertadas quando pensava em algum homem.
Kim poderia explodir sempre que desafiava algum criminoso olho por olho. Sua mente fantasiava ao imaginar alguma pistola fria em sua testa, lábios brutos tomando os seus e mãos ásperas apertando a carne de sua cintura enquanto é sufocado contra a parede.
Sentia as pernas bambas só dos olhares ameaçadores que recebia dos criminosos.
Mas infelizmente, numa época e lugar onde tal revelação poderia significar o fim de sua carreira e negação na sociedade, Taehyung mantinha esse aspecto de sua vida profundamente oculto, confiando apenas em si e sua avó.
No entanto, o murmúrio dos cidadãos sobre a chegada de um estranho mascarado logo atingiu os seus ouvidos e o tirou de seus pensamentos. Kim levantou rapidamente e deixou o whisky de lado junto ao seu descanso.
Com um último sopro de fumaça do charuto, ele apagou o restante e caminhou lentamente até onde o sol dormia, encontrando a tal figura misteriosa. Os olhares se encontraram, uma faísca momentânea de desconfiança entre os dois homens, cada um avaliando o outro com cautela.
Porra.
O homem de vestimentas escuras chegou montado em um cavalo, com a espora da bota brilhando ao sol ardente que esvaziava no crepúsculo. O estranho tirou o chapéu e olhou para o xerife, saudando com ousadia.
— Xerife Kim?
:)
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