Philip Timothy Ramset abriu a porta e seis soldados fortemente armados entraram em sua humilde casa. Os canos longos de suas escopetas apontavam para seus móveis, para as fotos na parede de sua falecida esposa e para seu rosto.

Não suava. Na verdade, acha que nunca suou em todas as décadas que foi submetido àquele procedimento. Estava ali, parado no meio da sua sala de estar, com homens e armas mais jovens que ele.

Ele entregou o Visto com os dados oficiais ao militar que pediu primeiro. A luz da manhã refletia no selo dourado, mas o visor escuro do soldado não permitia com que continuasse sua trajetória. Ambos os homens semicerram os olhos, mas por diferentes motivações.

O homem segurou o documento em sua mão livre e leu rapidamente. Então usou o detector que guardava na bainha da calça de sua farda e esperou até a luz confirmar uma resposta. Leu as palavras impressas novamente enquanto esperava.

Luz verde.

Philip Timothy Ramset soltou o ar preso em seus pulmões. Se morresse a partir daquele momento, não foi por desatenção sua. Nem por traição ao seu Governo. Ele já esteve do outro lado daquela arma carregada. Sabia que, nem sempre, aquela luz verde impedia a conclusão de uma subtração.

O soldado devolveu o documento ao homem, abaixou o cano de sua arma e agradeceu. Os outros continuaram a mirar na cabeça do homem cansado, e procederam sua saída pela porta da frente, um seguido pelo outro. O último soldado o saúda com uma continência antes de fechar a porta e deixá-lo imerso no silêncio daquela casa.

Ele garantiu sua vida até a próxima Colheita.

Ele garantiu sua vida pelos próximos três meses.