Perigoso quente / O começo

Um ano antes
Ferguslie Park, em Paisley (Renfrewshire).

"Você tem até amanhã para pagar pelo aparelho." Ignoro o aviso e saio da sala.

Minha mente está um caos. Não sei como vou conseguir pagar. Minha vida já está uma bagunça e, agora, mais essa dívida. Parece que o universo está conspirando contra mim. Na verdade, eu sei o motivo, mas não quero admitir. Não precisava ser assim, já estou ferrado o suficiente para aguentar mais problemas.

Saio do hospital, dou uma última olhada para trás e coço os olhos, sentindo o peso do dia.

À minha frente, o lugar que chamo de lar se ergue como uma ironia do destino. Um refúgio temporário que mais parece uma prisão. Odeio cada canto dessa cidade, mas sei que não posso sair. Fugir de novo não é uma opção. Não agora.

Caminho até minha rua, desviando dos olhares curiosos. As pessoas aqui têm um jeito irritante de tentar se aproximar. Sempre um aceno, um sorriso forçado, como se quisessem me fazer sentir parte de algo. Mas eu não sou parte de nada. Sou só um intruso, um fantasma que passou a ocupar espaço entre eles.

Já faz um ano. Um ano desde que cheguei aqui. E, mesmo assim, ninguém sabe quem eu sou. Ou melhor, ninguém precisa saber. É melhor assim.

Entro no apartamento e vou direto para a cozinha. Pego uma cerveja na geladeira e encaro o líquido âmbar enquanto bebo um longo gole. A garrafa fria na minha mão é a única coisa que me ajuda no momento.

"Como foi a consulta?" A voz do meu colega de quarto ecoa pela sala.

Ele surge na porta, casual como sempre. Não que eu tenha escolhido tê-lo aqui. Foi mais uma necessidade do que uma vontade. Quando cheguei, precisei de um acordo que afastasse perguntas e garantisse discrição. Ele aceitou sem hesitar. Um cara gentil demais para o meu gosto, mas que, de alguma forma, funciona. Claro, eu sou o único que consegue aguentar ele.

"Tenho até amanhã pra pagar," respondo, sem emoção.

Ele franze as sobrancelhas, preocupado.

"É caro? Se for, eu te ajudo. A gente pode dividir o aluguel desse mês. Ainda estou com aquele bico, dá pra segurar tranquilo."

Ele pega uma cerveja para si e vai até o sofá, ligando a TV. Seu sorriso surge quando as imagens de um evento local começam a passar.

"Olha isso, cara. Que mulher linda."

Olho de relance. Estão transmitindo um evento em Newton Mearns. A câmera passeia entre as pessoas, mostrando convidados sorridentes em roupas caras. Então, foca em uma garota. Ela está sozinha, em pé em uma mesa, com um copo na mão. Algo na expressão dela chama minha atenção. Talvez a melancolia. Talvez o vazio.

"Se você der uma piscada, ela cai nos seus braços" eu digo esboçando um riso.

"Quem me dera."

Volto minha atenção para a TV. A garota some da vista pois o canal foi dá uma volta ao local, mostrando outros convidados.

"Essas pessoas devem ter tudo de felicidade." murmura.

"Ser rico não significa exatamente isso" eu respondo, despreocupado, como se soubesse de alguma grande verdade que ele não entenda.

"Você tá errado. Ser rico resolve tudo. Pensa só cara... festas, carros, mulheres. Nunca mais ter que se preocupar com nada, além, ir para o puteiro na área VIP."

"Mas você pode ir, só que invés de ser legal, ia ser ilegal"

"Queria que fosse legal, eu acordando todo dia com uma mulher na minha cama, pense" rir "eu nunca me levantaria da cama cara, você nunca ia me ver" gargalha.

"Você pensa muito em mulher, sabia?" Ele ri, tomando um gole.

"E o que mais importa além disso?"

"Dinheiro" eu respondo, com um sorriso, ele pensa e repete a minha palavra.

Dessa vez, não rio. Minha mente começa a trabalhar em algo. Uma ideia. Não a melhor ideia, mas a única que eu tenho agora. Eu me levando e caminho até a varanda, olhando além de mim e da minha ideia.

"Já sei como vou resolver isso."

Ele me olha de canto, como se tentasse ler meus pensamentos.

"Não faz merda," ele avisa, batendo em minha costa e jogando um cigarro na minha direção. Acendo e trago, soltando a fumaça para o ar.

"Vou sair hoje à noite," digo, desviando o olhar para o horizonte.

"Bom. Tenho uma convidada chegando mais tarde, então melhor mesmo você dar uma volta."

"Mesma forma" falo seco.

"Babaca" responde.

Assinto, mas minha mente já está longe. Eu não vou simplesmente 'dar uma volta.' Vou resolver as coisas. De um jeito ou de outro, hoje é o dia.

Porque eu sei que meu tempo está acabando. Não posso me dar ao luxo de falhar. Não agora. Não enquanto tento me manter escondido, fora de vista.

Meu colega de quarto não sabe disso, ou acho que não sabe, mas o que ele vê de mim é só a superfície. Eu sou um homem qualquer, não sobre algo em específico, mas de um passado que insiste em tentar me encontrar.

E, se me encontrarem, acabou.

Então, eu preciso sair. E, dessa vez, não posso errar.

×××

No evento - Newton Mearns, em East Renfrewshire.

Olho para trás, ainda vendo a garota me seguindo. Só pode ser o universo conspirando contra mim, jogando uma praga por eu ter sequer pensado nesse plano.

Reviro os olhos, tentando bolar uma forma de me livrar dela. Nem me preocupei em olhar direito quem era ou o que queria. Só sei que está ali, me seguindo, perguntando se quero outra bebida... Era apenas uma distração. Apenas isso.

Continuo andando pelas ruas escuras, tentando ignorar sua presença. Dobro uma esquina, esperando que ela desista, mas a vejo virar logo em seguida. Paro, cruzo os braços e observo sua figura no escuro. A iluminação é quase inexistente, mas mesmo assim consigo perceber sua silhueta.

"Pare de me seguir, garota" digo, seco e direto. Começo a caminhar novamente, mas então ouço sua voz.

É uma voz doce, suave. Do tipo que parece envolver você, como se quisesse te prender ali, ouvindo cada palavra. Só que isso só me irrita mais.

"A rua acaba aqui" ela diz, soltando uma risada breve, mas logo a reprime quando percebe meu olhar duro. "Você não é daqui, né?"

Ignoro, passando direto por ela. Minha paciência já tinha acabado.

Mas então percebo, estou perdido. Entre tentar me livrar dela e manter o foco, perdi a direção. Droga. Isso é culpa dela.

Olho ao redor, tentando me situar, mas não reconheço nada. Volto o olhar para trás, esperando encontrá-la ainda me seguindo. Porém, para minha surpresa, não há sinal dela. Franzo a testa, atento aos sons ao meu redor. Logo vejo a garota mais à frente, atravessando a rua. Um carro para ao lado dela, alguém fala algo, e ela responde sem hesitar, levantando o dedo do meio para o motorista antes de continuar andando.

Por um momento, me pergunto por que ela está andando sozinha. Esse lugar não parece seguro. Não sei como funciona o caos por aqui, mas sei o suficiente para entender que é perigoso. Mesmo assim, algo me prende.

A garota entra em um bar clube. Fico parado por um instante, analisando. Olho ao redor, tentando decidir se devo seguir ou não. Mas minha curiosidade, ou talvez algo mais, me empurra para dentro.

Ao entrar, sou engolido pelo ambiente. Luzes piscando, música alta, e o cheiro misturado de álcool, suor e fumaça. Totalmente diferente das ruas desertas de antes. Tento localizá-la na multidão, mas é quase impossível com tanta gente. Ainda assim, um vislumbre de cabelos loiros capta minha atenção. Sei que é ela, mesmo na penumbra.

Ela é loira. Uma loira linda.

Vejo-a atravessar o local e sair por uma porta nos fundos. Eu a sigo, como se fosse um reflexo automático, sem realmente pensar no que estou fazendo.

O fundo do bar clube é tão movimentado quanto o interior, mas de um jeito diferente. Algumas pessoas estão fumando, outras bebendo, outras... fazendo coisas que prefiro não prestar muita atenção. Ela para em um canto iluminado por uma lâmpada solitária e começa a conversar com um pequeno grupo.

Passo por ela, tentando parecer indiferente, mas sinto seu olhar em mim. Ela sabe. Ela sabe que estou seguindo.

Paro perto de um pequeno muro, em uma área menos iluminada, mas ainda cheia de gente. O céu está encoberto por estruturas de metal e luzes dispersas, dando ao lugar um ar abafado e opressor.

Pego a caixa de cigarros no bolso do casaco, tiro um e o coloco entre os lábios. Acendo com o isqueiro, guardo tudo de volta e solto a primeira fumaça no ar.

Meu olhar volta para ela. Não consigo desviar. Há algo hipnotizante na forma como ela se movimenta, como se tivesse plena consciência de sua própria presença. Minha mente começa a vagar por caminhos que eu prefiro não explorar. Um desejo latente, quase palpável, toma conta de mim.

É um olhar escuro, carregado. E mesmo assim, não consigo desviar.

O olhar dela se prende ao meu de uma forma que eu não consigo explicar, mas não consigo desviar. Não sei onde estou, se estou em uma área privada ou não, nem por que ainda estou aqui, mas tem algo nela que me atrai, algo que me puxa para perto. Algo nela, em seus gestos e no seu olhar, que não me permite ir embora. Ela fala com as outras pessoas, mas sua atenção sempre volta para mim, e eu me vejo preso na sua presença, como se não houvesse mais nada ao redor.

Ela solta uma risada e, com um movimento sutil, sai do seu grupo. Volto a colocar o cigarro entre os lábios e, sem querer, acendo e apago o isqueiro repetidamente, como se o simples movimento pudesse me ajudar a entender o que está acontecendo. Ela para na minha frente, com um sorriso tímido, e eu me vejo perdido, olhando para ela sem saber o que dizer ou fazer.

"Não é perigoso?" Ela pergunta, com uma leve dúvida, observando o isqueiro em minha mão.

"Para mim não" respondo, com o olhar fixo nela, "para você pode ser, depende do que você está se referindo" digo seco. Ela ri, desvia o olhar e depois volta a me encarar.

O silêncio pesa entre nós, mas eu não consigo me mover. O cigarro ainda entre meus dedos, eu solto a fumaça para trás, a vejo por um momento e então, com um gesto de desinteresse, dou de ombros. Ela quer falar, mas algo a impede. Eu percebo isso e, sem mais rodeio

"Fale."

"Você me seguiu," ela diz, a voz vacilante, como se fosse uma acusação, mas ao mesmo tempo uma dúvida.

"Ficou me observando?" Eu desafio, com um sorriso que não alcança os olhos. Ela sorri de lado, como se pensasse que estava brincando.

"Você não é daqui," ela diz, como se já fosse óbvio.

"Estava me olhando?" Eu insisto, sem desviar o olhar. Ela coça os olhos, aqueles olhos azuis, intensos, como se estivessem guardando algum segredo que eu não poderia acessar.

"Tá, fique aqui," respiro fundo, soltando a fumaça do cigarro. Eu vejo ela se virar para ir embora, mas algo me impede de deixá-la partir. É a oportunidade perfeita para terminar essa conversa, deixar ela ir embora, mas eu não faço isso. Estou perdido.

"Você sabe que não sou daqui" Eu falo, tentando parecer casual, mas na verdade estou tentando puxar algo mais dela, entender o que está acontecendo. Era para eu ter deixado ela ir, porém ela ficou ao invés de correr e proteger a sua vida.

Ela me olha por cima do ombro, a expressão confusa. "Como eu saberia?" Ela responde, se virando para mim. "Eu não moro aqui, estou de visita só, menino."

"Menino..." eu repito em silêncio, esse tom me desconcertando. Algo nela me incomoda e, ao mesmo tempo, me atrai. "Vive onde?" Eu pergunto, sem realmente me importar com a resposta, mas só para continuar a conversa, para manter essa estranha conexão que ainda paira no ar.

"Não é da sua conta," ela responde com um sorriso irônico. "Agora preciso ir. Se quiser algo, eu não sou a pessoa certa. Tentei ser gentil, mas a minha paciência já passou."

Eu dou uma risada seca. "Algo te irritou hoje, Bella luna?" Eu a vejo travar, o sorriso sumindo por um instante. Ela fica ao meu lado, encostada no muro, e por um momento, a tensão é palpável.

"Bem," ela responde, a voz baixa. "Me irritou, mas deixa quieto."

Eu respiro fundo, sentindo o desconforto crescer dentro de mim. Não sou bom com palavras, especialmente quando não quero conversar com alguém, mas algo em mim quer continuar. Algo em mim quer saber o que ela está escondendo, o que ela realmente está pensando. Mas não posso deixar isso acontecer, não posso deixar ela se aproximar mais.

"Fique assim não, amore. Se quiser se divertir, posso te ajudar," eu digo, e as palavras saem da minha boca sem pensar. Ela me olha, e eu posso ver que há algo mais em seus olhos, algo mais do que apenas curiosidade.

"Você nem conhece aqui," ela ri, negando com a cabeça. "Irá se perder no caminho"

Eu olho para ela com um sorriso torto. "Sou perdido aqui, mas vivo fora daqui."

"Se for me matar, avisa logo," ela diz, de repente, com um tom de brincadeira que não consigo entender completamente. Eu franzi a testa, confuso, quase como se tivesse perdido alguma parte dessa conversa. Ela solta uma piada, mas eu não tenho certeza se é isso o que ela realmente quis dizer.

"Repita" eu mando, com a voz séria.

"Nada" ela responde, mas sei que ela mentiu. Eu percebo o subtexto, percebo a ironia nas palavras dela, e fico desconfortável, sentindo que estou perdendo o controle de algo que mal comecei a entender.

O silêncio volta a nos envolver. Eu respiro fundo, soltando mais fumaça enquanto olho para ela, que parece perdida em seus próprios pensamentos. Ela olha para o céu, como se estivesse esperando algo, e eu fico ali, com a sensação de que tudo entre nós ainda está prestes a mudar. Ela olha para as estrelas, mas algo em mim sabe que não estamos falando apenas do céu.

"Me siga," eu falo de repente, sem pensar muito. Começo a caminhar para fora do local, em direção à rua. Ela me segue, hesitante, mas eu posso sentir que não há mais volta agora.

"Você não sabe onde está, menino. Onde está me levando?" Ela pergunta por trás, e eu paro, virando para encará-la. O corpo dela está tenso, como se estivesse pronta para fugir a qualquer momento.

"Me siga, calada, amore" eu digo, e ela parece não entender de imediato, mas um segundo depois, ela concorda com um gesto de cabeça.

A caminhada é silenciosa, e a sensação de que estamos indo para um lugar desconhecido nos envolve ainda mais. Descemos por uma escada que leva perto do mar. Eu olho para ela, que está tentando manter a calma, mas sei que ela está pensando o pior de mim.

"Não se preocupe," eu falo, tentando quebrar o silêncio. "Não vou te matar." Ela me olha de soslaio, como se não acreditasse nas minhas palavras, e eu me pergunto o que ela realmente acha de mim.

A vista ao longe é linda, mas eu não estou ali para admirar a paisagem. Me sento em um banco perto do mar, e ela caminha devagar até onde estou, ainda com aquela expressão cautelosa.

"Não estou pensando nisso..." ela murmura, olhando para o horizonte. Eu deixo uma risada escapar, achando a situação surreal.

"Me conte uma curiosidade sua," eu digo, quebrando o silêncio, tentando forçar uma conversa. Ela nega com a cabeça.

"Não te conheço."

"Por isso mesmo. Depois disso, não vamos nos ver mais, e o segredo não será revelado."

Ela olha para mim, pensativa. "Me conte você primeiro."

"Gosto de pensar enquanto fumo," digo, e ela solta uma risadinha baixa.

"Isso é uma besteira," ela responde. "Eu também penso enquanto fumo." Solta uma risada "Não que eu já tenha fumado muito, mas quando eu fumei"

Ficamos em silêncio por um tempo, enquanto o som do mar e a brisa suave envolvem a cena. Eu sei que ela está se protegendo, mas algo nela me chama, algo que eu não posso explicar.

"Eu quero fugir da minha família" ela diz, e eu a vejo desabafar, sem esconder nada. "Quero sumir."

"Então fuja," eu digo, com um tom direto. Ela apenas dá de ombros, e eu vejo que é mais complicado do que ela deixa transparecer. "Mas por que não consegue?"

"Eu mesma me impeço," ela responde, olhando para o mar com os olhos distantes. Ela parece desistir antes de tentar.

"Falta uma motivação," eu falo com frieza, e ela apenas concorda lentamente. O silêncio novamente se instala entre nós. Eu fumo mais um cigarro, e a sensação de que estamos no limiar de algo maior paira no ar.

"Fale," eu digo de repente, porque sei que ela quer falar algo. Seus olhos se arregalam por um momento, como se estivesse surpresa pela minha insistência.

"Com quantos anos você começou a fumar?" Ela pergunta, com a voz baixa, e eu respondo logo.

"14 anos," eu falo sem hesitar. Ela concorda.

"Faz muito tempo isso?"

"Sim," eu respondo, a lembrança da juventude me atingindo de forma repentina. "Faz tempo demais."

"Já pensou em parar?" Ela pergunta, olhando para mim com uma curiosidade genuína. Eu apenas concordo.

"Já parei," falo de forma direta. "Por dois anos. Às vezes, volto, mas só quando preciso." Ela assente, compreendendo, ou talvez apenas fingindo.

"Mas por que voltar?" Ela pergunta com um sorriso irônico, como se estivesse se divertindo com o fato de que eu fumava. "Eu ouvi que quando você para, bate a saudade."

"Você tem curiosidade?" Eu pergunto, e ela nega, rapidamente. "Eu volto porque me acalma. Me faz sentir tranquilo. Eu paro quando começo a perceber que estou me prejudicando." Não sei por que estou dizendo tudo isso, mas não importa agora. Não vou vê-la de novo.

"Entendi," ela diz, olhando para o céu, "eu gosto quando está escuro. Sempre olho pela janela do meu quarto, na varanda, e penso que é lindo. Quando está chovendo, é ainda melhor. O som me acalma."

"Você mora sozinha?" Pergunto, e ela concorda porém dá de ombro em seguida "aquela mulher com quem você estava?" Concorda sussurrando 'minha mãe.' Olha ao redor e volta com um riso triste. "Discutiram?" Pergunto, e ela assentiu. "Está mal por isso, e veio aqui, com um estranho?" Pergunto, curioso.

"Não," ela ri. "Estou aqui porque não posso voltar para casa."

"Então você está com um estranho?" Pergunto, com um sorriso malicioso.

"Estou com um estranho?" Ela sorri de lado.

Nos encaramos por um momento. Ela ainda com um sorriso tímido, deitada no banco, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado.

"Estou aqui porque estou aqui," ela dá de ombros. "Quero passar o tempo rápido. Não tenho onde dormir. Minha melhor amiga mora em outro pais. Só tenho ela como amiga, minha mãe me expulsou hoje da minha própria casa, e eu fui demitida do trabalho... de propósito. As pessoas me veem para sexo, mas eu não quero isso. Não quero dormir para isso. Quando voltar para casa, minha mãe vai jogar tudo na minha cara."

"Está sem dormir hoje?" Pergunto, e ela fica quieta, sem responder. "Eu não posso ficar aqui te fazendo companhia. Preciso voltar." Mas, mesmo assim, eu sei que o meu amigo está com alguém. Sei que ele a levou para algum lugar para finalizar a sua transa.

"Sem problemas, vou seguir por aí. Sempre faço isso," ela diz, se levantando.

"Para onde você vai?" Pergunto, vendo ela descer as escadas.

Ela dá de ombros, como se não se importasse muito.

Jogo o cigarro no chão, e vou atrás dela. "Venha dormir na minha casa."

"Não preciso disso."

"Mas você não decide. Venha." Fico de frente para ela, tocando seu cabelo loiro enrolado, e ela me olha com um olhar que me hipnotiza. A pior coisa que ela fez... não correr.

×××

Gente, não sei vocês mais eu amo um clima assim!

Aiai.

posso perguntar sobre as teorias? Ou nam.

Não sei, mas só o começo ainda, se aguentem hein.

Suas vadias!!!

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