Capítulo 1 - Quem eu sou?

Até a quatro dias atrás, eu era uma pessoa normal. Tudo começou a dar errado quando fui expulsa da minha quinta escola e dessa vez eu iria para um internato.

Meu nome é Roxanne Capejo, tenho cabelos ruivos e olhos verdes, uso óculos redondos para conseguir enxergar e moro com uma tia, chamada Margareth.

Não existe ninguém melhor que essa mulher, sempre posso contar com ela para tudo.

Amo patinar e nadar. Sempre fui meio louquinha da cabeça e geralmente coisas estranhas acontecem comigo.

Como uma vez na minha segunda escola em que eu estava em uma excursão com meus colegas. Tinhamos ido para um zoológico. Estávamos na área dos golfinhos e tinha um canhão lá.
Dentro dele tinha fogos de artifício relaxem. Para meu azar, estava perto dele, mas acabou ligando sozinho e assustando várias pessoas, inclusive os golfinhos, que deixaram todos molhados. Eu nem havia tocado naquela coisa! Mas...fui expulsa sem conseguir ter o direito de me explicar.

Hoje acordei super cansada, mais cedo do que esperava, mas mesmo assim fui me arrumar.

Nas minhas outras escolas era permitido usar qualquer roupa. Mas nessa não, o que de certa forma facilitava.

Meu uniforme era uma blusa branca com listras pretas, uma saia xadrez azul e por fim, meias que iam até o joelho. Por sorte, podíamos usar qualquer tênis, que optei por um rosa.

De qualquer forma estava animada, pois iria ver a minha melhor amiga, Juliane, que se transferiu para Brekford, a minha nova escola.

Ela tinha seus cabelos rosas com pontas loiras e olhos roxos, eu a achava muito bonita. Ela tinha uma tatuagem de asas nas costas ( igual a minha) e um colar de estrela, que ela nunca deixava ninguém tocar.

- Querida, venha tomar o café da manhã!

- Estou indo tia. - Respondi, pegando minha mochila e descendo as escadas, apressada.

Sentei-me na cadeira e comi um pão com ovo e presunto e um suco de laranja.

- Quer que eu lhe leve para lá? - Perguntou-me, vendo que eu já estava indo para a porta.

- Não, não precisa, deixa que eu vou a pé, eu tenho o caminho no GPS. - Tranquilizei-a.

Decorei o caminho e guardei meu celular, andando para a escola a pé mesmo. Era meio que um costume meu.

Depois de algum tempo cheguei na escola. Ia entrando quando...

- Roxy! - Alguém falou e me virei, abraçando a pessoa logo em seguida.

- Oi Jully! - Sorri e entramos juntas na escola, conversando e rindo.

Fomos até a sala da diretora ( que ficava bem perto da porta de entrada, aleluia) e pedimos nossos horários e o número da sala de aula.

Passamos por diversos corredores, até que achamos a sala 413-2b, que ficava no terceiro andar.

A aula já havia começado e Juliane bateu na porta. Minutos depois alguém abriu e me deparei com Josh, nosso professor de filosofia da antiga escola. Coincidência ele estar na mesma que nós. Ele sempre tinha aquele olhar de já ter visto de tudo, mesmo sendo da casa dos cinquenta anos.

O abraçamos e entramos na sala, vendo diversos alunos nos encarando, alguns maliciosos e outros com curiosidade.

Engoli em seco, tentando pensar positivo e olhei para o lado, vendo minha amiga totalmente vermelha.

- Pessoal, temos duas alunas novas, por favor as tratem bem e sem piadinhas de mau gosto! - Advertiu aos garotos do fundão, que eram uns tarados. - Meninas, se apresentem.

- Oi...meu nome é Roxanne e essa é Juliane - acenamos para os outros e nos sentamos uma ao lado da outra, na primeira fileira, que estava um tanto vazia.

Peguei meu caderno e comecei a copiar o que o professor escrevia na lousa. Depois de alguns minutos ele parou e começou a falar:

- Ah, a filosofia...para entenderem esse mundo tão complexo, precisam entender o significado dessa palavra. - Começou, olhando para cada um de nós. - Ela vem do Grego e significa amor pela sabedoria.

Ele começou explicando sobre os antigos filósofos e como eles fizeram muitas descobertas para a humanidade. Perdi-me em pensamentos.

Passei a ouvir o que Josh falava quando explicou sobre um certo assunto que me interessava.

- Como sabem, naquela época, existia diversas lendas ou mitos como eram chamados. Uma das mais conhecidas é de uma pessoa conhecia como Cífilis. - Começou, explicando.

Todos conheciam essa história, ela era passada oralmente para todas as gerações existentes.

- Só que essa garota era especial, tinha poderes. - Explicou, andando pela sala. - Sempre foi muito subestimada pelos familiares e amigos. Até que uma guerra aconteceu. - A sala ficou tensa e eu gelei. - Eram monstros horrorosos que destruíam tudo que viam pela frente. Houveram muitas mortes.

Senti meus olhos marejarem. Passei os olhos pelo resto da sala e vi que todos estavam assim. Sabíamos o destino da coitada.

- Ela foi a única pessoa que conseguiu vencê-los. Ao contrário do que ela esperava, todas as pessoas a chamavam de aberração e se afastavam dela, inclusive seus familiares. Infelizmente, ela acabou sendo morta no fogo sessenta anos depois. - Deu um olhar vazio, como se estivesse estado no funeral dela.

Olhei para Juliene, que estava chorando. Abracei-a de lado, confortando-a.

- Diz a lenda, que quem tem um símbolo de uma fênix no pulso, é a herdeira ou herdeiro dela. Cífilis foi a primeira criatura mágica existente e ela deu origem aos anjos e demônios. - Explicou.

- Uau, essa história é incrível! - Exclamei.

- É péssima. - Uma garota me corrigiu. Tinha um olhar esnobe e superior. Ih, já vi que é uma patricinha mimada. - Não sei como você gosta dessas baboseiras. Aliás, para que usaríamos isso?

- Boa pergunta senhorita Ferraz. - Josh falou, virando-se para mim. - Para que, senhorita Capejo, usaríamos esse tipo de conteúdo em entrevista de emprego, por exemplo?

Algumas pessoas riram do meu sobrenome, mas não liguei, ele ela incomum mesmo, já estava acostumada.

- E-eu...- Balbuciei, tentando pensar em algo. - não sei professor, sinto muito.

Olhei para ele, que fez uma cara de muito decepcionado. Para meu alívio, o sinal tocou e saímos daquela sala.

Acabei esbarrando na mesma garota que falou na sala.

- Olha por onde anda, sua nerd idiota! - Exclamou, olhando-me de cima a baixo, com cara de nojo e desprezo.

- Olhe por onde anda você, sua patricinha mimada e horrorosa. - Olhei-a do mesmo modo, fazendo-a ficar com raiva e jogar seu suco em mim.

Bom...quase. Desviei a tempo e o líquido acabou indo parar na pessoa atrás de mim, que no caso era o diretor.

- Senhorita Ferraz, para minha sala agora! - Exclamou, sério.

- Mas pai...- Choramingou e eu revirei os olhos.

- Venha agora Ashley! - Puxou-a para sua sala. Mas ainda assim, consegui ver a cara de ódio que ela fez para mim.

Bem, acabei de achar uma inimiga. Pelo menos o dia não poderia piorar.

Gente, como eu estava errada,viu?

Entrei na sala de física ( depois de tanto rodar pela escola. Quase cheguei atrasada, mas tá valendo, né?!) e me sentei ao lado de Juliane, que já me esperava, ansiosa e com certo...medo?

- Onde estava? - Perguntei.

- N-no b-banheiro. - Respondeu. Uma das coisas que eu sabia muito bem sobre ela, é que mente muito mal mesmo. Sempre cora e gagueja, desviando o olhar, como muitos fazem.

Decidi não perguntar nada e só fiquei pensando na vida.

De repente, uma mulher entrou com tudo, assustando-nos. Seu olhar parou em nós duas, em mim na realidade. Encarei-a de volta, sem medo e pude jurar que seus olhos estavam soltando faíscas.

- Bem-Vindas ao internato garotas. - Seu tom era um pouco falso. Ela simplesmente poderia não gostar de crianças, não havia nada demais nisso.

Agradecemos e ela começou a dar a matéria.

- Está errado. - Falei, assim que vi ela colocar o número quatro ao invés do número oito.

- Como, querida? - Perguntou-me, com puro ódio.

- Deveria ser oitenta e sete mais pi e não quarenta e sete. - Respondi, revirando os olhos. Juliane me olhou com um certo medo.

- Cof Cof Nerd Cof Cof - Um dos garotos falou.

- Sou mesmo e daí? - Perguntei, levantando-me.

Ele sorriu zombeteiro.

- Você é uma mulher, não tem força e é completamente fraca. - Riu. Juliane me puxou para voltar a me sentar, repreendendo-me.

- Na minha sala, depois da aula do dia. - Falou, olhando-me com desdém.

Revirei os olhos, sentindo uma ardência em meu pulso. Ignorei isso.

Tivemos bastante cálculo ( acertei a maioria).

E depois de tantas aulas, chegou a hora de ir embora.

Para minha infelicidade, ainda tinha que ver aquela vaca depois da aula. Quando eu pego ranço de alguém, é para sempre.

- Querida. - Ela me chamou, com seu típico tom falso.

- Professora! - Juliane exclamou, correndo até mim, quase me derrubando. - Me leve com você, eu pedi para que ela "revidasse".

A professora expulsou Juliane logo em seguida e me puxou ( pelo pulso) com muita força para sua sala. Jogou-me no chão.

- Você é maluca?! - Esbravejei, irritada.

Ela se aproximou de mim com fúria nos olhos.

- Você roubou, confesse!

- Eu não roubei nada sua vaca! - Senti algo ardendo em meu rosto e vi que ela tinha me dado um tapa.

Senti minha pele formigar em fúria e ódio.

Quando percebi, a professora não era mais a mesma.

Ela estava com a roupa toda preta, com uma cara assassina e verde e uma verruga. Na mão se encontrava uma varinha.

- Você está de brincadeira comigo, né?! - Resmunguei.

Uma bruxa, o dia não tem como piorar. Eu me azarei! - Pensei, repreendendo-me por tamanha burrice.

A bruxa tentou me atacar, mas acabei desviando, batendo na parede.

- Au. - Sussurrei.

- Morra meu bem! - Exclamou-me.

Corri muito pela sala, até que caí no chão e dei um grito pela dor em meu pulso.

Arrastei-me devagar para trás, enquanto a bruxa avançava.

- Roxy, pega! - Alguém falou e olhei para o lado, vendo Juliane parada, nos olhando assustada.

Peguei o que ela jogou para mim e vi que era um colar redondo ( um medalhão sem foto) com um símbolo de uma fênix no meio.

- O que eu vou fazer com isso? - Perguntei.

- Jogue-a para o alto, rápido!

Fiz o que minha amiga mandou e o acessório se transformou em uma espada super afiada e linda.

Juliane já havia ido embora. Então, fiz o que meu instinto mandava.

Comecei a golpeá-la com espadadas, até que consegui dar uma cambalhota, pulando em cima dela e enfiando a espada nela, que urrou de dor e desapareceu, virando um tipo de pó dourado, quase amarelo.

Quando vi, a espada se transformou novamente em colar. Coloquei-a no pescoço e saí de lá correndo, esbarrando com Ashley, que me olhou com ódio puro.

- Espero que a professora de geografia tenha lhe dado uns bons tabefes!

- Era de matemática!

- Agora além de novata, é burra! - Dito isso, saiu rebolando e desfilando, fazendo os meninos lhe lançarem olhares maliciosos.
Odeio essa vadia. - Pensei, com raiva.

Todos falavam que era a professora de geografia. Por sorte, Juliane não sabia mentir.

- Por que está mentindo para mim? - Perguntei, sem paciência alguma.

- Não estou mentindo Roxy. - Ela desviou o olhar, corada.

Ajeitei a mochila em minhas costas e fui andando de volta para casa.

Tem algo acontecendo e eu vou descobrir de qualquer jeito. - Pensei.
- Tia, cheguei. - Dei meu melhor sorriso e a abracei.

- Oi querida, venha, vamos comer. - Troquei-me e sentei-me na mesa, indo almoçar.

Depois, estudei a tarde inteira, atualizando minhas redes sociais.

Jantei no meu quarto mesmo e fiquei assistindo série. Quando de 00:00 fui dormir.

Não era nada de mais né?! Podem só estar mentindo para me fazerem de besta.

Mas eu estava com um pressentimento ruim, sabia que algo ia acontecer, só precisava saber o quê.



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