✥-- Capítulo Dois --✥

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— Levantem-se — Youssef, um dos soldados, ordenou. 

Com as pernas bambas, Esther forçou se a permanecer firme e manter as costas retas, todas as outras reuniões ela temia aquilo, e finalmente aconteceu.

Uma tristeza cercou seu coração ao imaginar que seus pais nunca saberiam o que aconteceu qual ela, que morreu por não negar a Cristo.

Ao menos ela esperava que isso acontecesse, orava para ser forte.

Youssef caminhou pela sala olhando nos olhos de cada cristão, ele via o medo estampado, o temor da morte. Uma risada com escárnio escapou de seus lábios quando uma mulher deu um passo para trás quando ele chegou perto dela, e ao puxar o lenço de seu rosto descobriu o motivo, era a esposa de um dos chefes da cidade, e ela estava ali, em um culto, toda a sua família seria condenada à morte.

Quando passou para a próxima mulher, o homem se surpreendeu quando ela não hesitou.

Esther ergueu seu queixo encarando os olhos do perseguidor, e sentiu nojo quando ele passou os dedos pelo seu queixo a avaliando lentamente.

— Ora, ora, encontramos uma corajosa aqui! — ele sibilou esperando qualquer traço de medo.

Mas não, ao invés de se esconder, ela sorriu para ele. Aquela cristã ousara sorrir para um soldado. Sentindo-se mexido por aquilo, Youssef apenas largou-a, admirado com aquela atitude ainda.

Khalil, o outro perseguidor, deu um passo à frente chamando a atenção de todos.

— Vou perguntar apenas uma única vez, e não aceito mentirinhas, o que estava acontecendo aqui?

O ambiente ficou tão silencioso que era possível ouvir cada uma das respirações ali, e até um carro passando na rua acima. Ao ver que não seria respondido, ele decidiu testar as pessoas ali e caminhou até um garoto.

— Qual seu nome?

— Said — murmurou.

— Prazer, Said, o que vocês estavam fazendo? — questionou encarando o menino de quinze anos nos olhos. — Anda, não temos a noite toda.

— Nó… Nós estávamos tendo uma aula.

— Uma aula, do que?

Com seus olhos azuis e frios, Khalil sabia como seu olhar era capaz de colocar medo em qualquer um. Então dobrou levemente os joelhos olhando firmemente nos do rapaz.

— Ingl.. Inglês.

— Sério? E por que você estavam tendo uma aula de inglês aqui em baixo?

Said não lhe respondeu, e ele passara para a próxima vítima, uma menina recém chegada a fase adulta.

— Você confirma a versão do seu amigo, estavam aprendendo inglês mesmo?

De seu lugar, Esther se desesperava ao ver que eles negariam a Cristo, que estavam mentindo quando deveriam proclamar o evangelho e seu testemunho entre os povos.

Com uma única troca de olhares, Youssef compreendeu o pedido de Khalil. Ainda mexido com a cristã de olhos negros, o homem a puxou repentinamente encaixando-a a frente de seu corpo e posicionando uma adaga firmemente no seu pescoço.

Um grito morreu na garganta de Esther, e seus olhos marejaram por medo pelo o que estava por vir. Ao sentir a lâmina gelada, ela quase cedeu ao desespero, quase começou a implorar por sua vida.

Mas não fez isso.

Revestida pela lembrança de Josué 1:9, a garota ergueu seu olhar suplicando silenciosamente para os dois também serem fortes e corajosos.

— Respondam ou a amiguinha de vocês vai pagar! 

— A moça estava ensinando a língua para nós — ela insistiu.

Com o coração pesado pela negação, Khalil empurrou a garota sentindo nojo dela.

— Não sabia que cristãos podiam mentir, interessante. Lá em Provérbios fala “O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade.” Apocalipse diz que os mentirosos ficarão de fora e Efésios manda abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo. Interessante.

Esther só conseguiu pensar como o Diabo também sabia do evangelho e o usava para desarmar a fé dos cristãos.

Cansado daquela besteira toda, Youssef declarou em alta voz:

— Caso voces estejam com medo, podem sair por essa porta! Se ficarem, precisarão arcar com as consequências da nossa diversãozinha juntos, não é moça?

O bile subiu pela garganta de Esther quando ele passou seus dedos pelo seu rosto e pescoço, mas, graças a Deus não desceram para as outras parte do corpo. Ela estava aterrorizada, a vontade de sua carne era abandonar, mas orando para ter forças, trocou o peso da perna procurando não cair.

Seu coração se partiu quando as pessoas começaram a sair, inclusive os dois jovens que choravam em prantos. Ela queria dizer para se arrependerem, para perseverarem e para não terem medo. Mas, ela própria teve, e nada escapou de sua garganta.

Um suspiro escapou de Youssef quando ele viu a esposa do oficial se afastar lentamente.

— Desculpem, eu tenho filhos para criar, não posso morrer dessa forma — ela falou em direção a Amil, mas sem coragem para encará-lo. 

Segurando na barra de sua túnica, ela correu para cima pelas escadas torcendo para conseguir voltar escondida até em casa.

Empurrando Esther, Youssef ficou feliz por conseguir se livrar do corpo dela tão perto do seu. Ele encarou novamente aqueles poucos cristãos restantes.

— Neguem a Deus e sobrevivam!

— Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor — Amil citou feliz por aquela última oportunidade de proclamar o evangelho.

— Esse é corajoso! — Khalil zombou-o. — Última vez, se vocês saírem por essa porta, nada vai acontecer. Mas se ficarem, precisam aguentar.

E mais uma vez, ninguém se mexeu, a única ação foi erguer o queixo desafiando seus perseguidores.

Assentindo, Youssef fechou a porta metálica com força, causando um som estrondoso no abrigo, um som que fez cada osso do corpo de Esther tremer com medo. Quando se virou novamente, o homem retirou o lenço do cabelo e sentou-se no chão.

— Ótimo, agora podemos adorar a Deus sem riscos! — declarou sorrindo.

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