UM

Mais um dia no matadouro.

Levantei da cama mesmo sem querer levantar. Sabia que tinha que ir à escola. Eu havia ido dormir bem tarde na noite anterior conversando com duas garotas bem bonitas por sinal. A loira dos olhos verdes. A minha favorita, se chamava Jessica, e a morena, chamava-se Lorena, cuja a boca era bem carnuda. O fato é que eu tinha uma queda por loiras, mas aquela boca carnuda da Lorena me instigava. Imaginava morder aquela boca na hora do nosso beijo, nossa, já ficava louco. Daria um jeito de ficar com as duas, porque sou bem malandro, se não ficar com as duas ao mesmo tempo. O melhor seria realizar uma fantasia minha que há muito tempo eu queria experimentar.

Me chamo Victor Chaves. Nome completo, Victor Chaves da Cunha, mas preferia esquecer esse da Cunha, que me denegria a um palhaço e não o pegador que eu sou. Sou moreno com um sorriso perfeito, tenho um 1,87 de altura e por volta de 28 cm de espessura, se é que você me entende. Tenho um corpo realmente impecável. Eu me namoraria se eu pudesse. Sorte mesmo são das meninas que me pegam, porque eu sou uma delícia.

Namorar sério era uma das coisas que eu mais abominava na vida. Depois de um período conturbado da minha vida, resolvi que não iria nunca na minha vida namorar sério com alguém. O fato de eu ser um cara extremamente desejável e atraente, nunca me deixaria desacompanhado. Agora com o artifício da Internet, não era mais tão difícil assim conseguir sexo fácil com alguém, portanto, já podia me ver em um futuro de bebidas, festas e sexo.

Como o meu pai sempre dizia: "Mulher é igual ao Wifi, a gente reclama quando tem, mas não consegue viver sem". Era uma verdade que podíamos considerar. Papai era um cara esperto e manjava de muitas artimanhas na vida. Tinha quarenta e nove anos de pura astúcia. Mamãe era como a luz da vida dele. Eles brigavam como todo casal, mas se amavam e o mais bonito neles, era que a pesar de todos os anos, ainda conseguiam sentir amor um pelo outro. Diferenças todo mundo tinha, mas amor de verdade, era para poucos. Era aquilo que eu admirava nos dois.

Eu vinha de uma família bem simples, porém bem unida. Minha mãe tinha mais oito irmãos e o meu pai mais seis. Era uma família bem grande que quando se juntavam faziam aquela bagunça. Eu tinha apenas mais um irmão mais velho. O nome dele era Vinicius, mas todos na família o chamavam carinhosamente de Vini. Era até mais fácil de pegar. Era um apelido que já se gravava automaticamente na sua cabeça, portanto difícil de se esquecer. Ele já tinha dezenove e estava cursando engenharia química na faculdade. Era o verdadeiro orgulho da minha família. Eu era inteligente e interessado nos estudos assim como o meu irmão, e pretendia seguir os passos dele mais para à frente.

Mamãe era uma ex professora e papai era um agente de saúde ativo. Mamãe desistiu de trabalhar quando engravidou de Vini. Ela teve uma depressão pós parto dele e teve que se submeter à tratamentos para melhorar. Meu pai só percebeu quando a viu querendo se matar tomando veneno de rato. Por sorte ele a impediu de consumar o ato, arrancando o veneno de sua mão rapidamente. Em seguida a levou para tratamentos e ela conseguiu se recuperar.

Não demorou muito para que eu viesse, desta vez mamãe não foi acometida por nenhuma doença à mais, porém mais uma vez ela desistiu do trabalho para cuidar de mim. Depois que vim ao mundo, mamãe já não via motivos para trabalhar. Não queria me deixar pequeno aos cuidados de meu irmão mais velho, para ela, aquilo era deixar uma responsabilidade muito grande sobre os ombros de uma criança, que ainda era na época. Papai começou a dar conta sozinho das contas, pois já não queria mais que mamãe trabalhasse para dar conta somente da casa, de mim e do meu irmão, que eram as prioridades no momento. Mesmo quando crescemos um pouco mais, mamãe não voltou mais a exercer a profissão, ficando como uma dona de casa, que cuidava de seu marido e de seus dois filhos.

Mamãe surgiu na porta do meu quarto para conferir se eu já tinha levantado da cama. Meu irmão dormia na cama ao lado da minha, num sono profundo. Ele tinha que descansar para estar disposto para estudar mais tarde. Vida de universitário não era fácil. Mamãe já havia ido me chamar anteriormente, porém eu ainda continuei relutante na cama, porém agora eu já estava de pé. Num sussurro ela mandou que eu cuidasse ou poderia me atrasar. Estava sentado na cama, então levantei e me dirigi ao banheiro fora do meu quarto para tomar um banho, tanto para despertar, quanto para ficar limpo para mais um dia inteiro na escola.

Eu estudava na escola do bairro. Não ficava muito longe da minha casa, mas eu ainda sim andava alguns quilômetros, isto por pelo menos uns quinze minutos contínuos. Não era algo de tipo que eu diria: " Nossa é logo ali na esquina da minha casa", mas também não diria que seria algo tão absurdamente distante de tal forma à ponto de me cansar. Às vezes enquanto eu ia caminhando distraidamente pela rua, chegava sem nem ao menos perceber.

Mesmo sentindo que ainda não havia matado meu sono, caminhei pesadamente até o banheiro, onde demorei alguns minutos com total desânimo para me despir e sentir aquela água gelada vir de encontro ao meu corpo dormente. Minha cabeça estava pesarosa. Sentia uma força invisível puxar meus olhos para baixo. Tive de me sentar sobre a tampa do sanitário fechada para tirar com pesar meu calção e minha cueca. Depois de desnudo, parei em baixo do chuveiro desligado e o liguei, deixando a água vir sobre mim no seu mais gélido momento. Encolhi os ombros e fiz um carreta assim que meu corpo detectou a frieza daquele líquido contra a minha pele.

Depois do banho, saí apenas de toalha novamente para o meu quarto. Peguei minha calça jeans e cuecas novas e vesti no primeiro momento. Após, peguei a minha camisa da farda da escola e a pus. Calcei minhas meias e em seguida meus sapatos, indo logo em seguida até a cozinha para tomar o café da manhã que só a mamãe sabia preparar.

A mesa estava repleta naquele dia. Haviam alguns pães sobre a mesa e algumas fatias de queijo em um prato. A garrafa de café estava cheia no centro da mesa como provavelmente em todas as manhãs. Havia um bolo e já tinha a certeza de que era o meu preferido, bolo de cenoura. Tinha uma caixa de leite também que estava na mão de mamãe. Ela estava pondo no café e assim que me viu ali, observando, abriu um sorriso para mim.

― Venha comer meu filho, não vá se atrasar para a escola hoje!

Sentei-me à mesa juntamente com eles. Papai bagunçou meu cabelo num gesto afetuoso e eu dei um meio sorriso. Comecei a montar meu prato para comer. Peguei uma faça, abri o pão e passei margarina. Em seguida coloquei um pedaço de queijo dentro do pão e dei uma mordida sedenta. O gosto daquela mistura era deliciosa em minha boca. Cortei também um pedaço de bolo generoso e comi com gosto. Era um dos meus bolos preferidos.

Assim que terminei de comer, escovei meus dentes e em seguida saí para a escola, caminhando calmamente por entre as ruas do meu bairro, sentindo o sol se fazer presente aos poucos à medida que as horas iam se avançando. Eu estava com um moletom e minhas mãos estavam postas dentro do bolso. Caminhava aquele percurso todos os dias por isso andava distraído sem me preocupar por já conhecer de cor.

Não demorou para eu chegar na escola. Chegando lá, vi Mário, um dos meus amigos. Ele era negro, tinha a cabeça raspada e usava aparelho azul, sempre na mesma tonalidade. Ele era um pouco mais baixo que eu, mas nada muito absurdo, apenas uns quatro centímetros a menos, quando estávamos andando lado a lado, as pessoas nem sequer percebiam. Ao lado dele estava o meu outro amigo Henrique. Ele era pardo e tinha os cabelos pintados de laranja com as pontas pintadas de loiro. Seus olhos eram cor de mel e ele esbanjava um sorriso astuto no rosto.

Os dois estavam conversando e focaram em mim assim que eu cheguei. Aqueles sorrisos e olhares foram todos lançados para mim e disso eu tinha a plena certeza. Senti os seus olhares vindo de encontro diretamente à mim, como se a minha pele pudesse captar a frequência dos olhares certos para mim. Cheguei mais perto dele e os cumprimentei com os nossos toques especiais, coisa nossa, bolamos um tipo de toque descolado e boçal para fazermos toda a vez que nos víssemos no dia. Eu gostava daquele cumprimento, era bem legal. Fazia a gente parecer mais descolados de fato.

― Cadê o resto da rapaziada? ― perguntei assim que já tinha feito o cumprimento duas vezes.

― O Roger já deve estar vindo, falei com ele essa manhã! ― contou Mário com aquela voz grave e trepidante que fazia estrondar as estruturas toda vez que manifestada.

― Agora do Lucas nós ainda não temos notícias por enquanto... ― Henrique parou e focou num ponto além de mim. Vi que seu olhar ficava em algo mais adiante de mim, então virei-me para ver o que ele olhava. Foquei no garoto que vinha em nossa direção. Era o Lucas, que tínhamos acabado de falar o seu nome. Aquele garoto parecia um vidente.

Lucas era o mais baixo da nossa trupe, porém não ficava atrás, sendo o mais robusto entre nós. Era até uma cena um tanto engraçada, o cara mais baixinho, o mais fortinho. Dava a sensação de que ele era até mais baixinho do que o normal. Ele tinha os cabelos castanhos e uma pele branca. Seus olhos também eram castanhos médio e ele uma usava barba bem aparada. Ele dizia que a barba era a maquiagem do homem. De certo modo ele tinha razão, se você tivesse algo feio em seu rosto, a barba poderia te ajudar a ficar mais bonito ou até menos feio. O caso de Lucas era a segunda opção.

Quando ele se achegou mais de nós três, já perpetrou o nosso cumprimento exclusivo, usando com nós três que estávamos ali. Ele parecia um pouco animado pelo jeito como não parava de sorrir e dava pulinhos espontâneos sem ao menos perceber, parecendo estar contendo uma alegria que o excedia, sendo quase que incontável dentro de si.

― Onde você estava cara? ― perguntou Mário à ele. ― Falamos contigo essa manhã e você não viu pô!

― Eu não tive tempo de olhar o celular acordei tarde e minha avó fez eu vir correndo!

― Mas você chegou na hora cara! ― falei sem entender muito bem ele.

― Porque minha avó me fez sair correndo de casa dizendo que eu estava completamente atrasado!

― Mas na real, ainda são sete horas cara! ― diz Mário conferindo seu relógio digital no pulso.

― É cara, mas minha avó é piradona!

Continuamos ali conversando por mais algum tempo até que finalmente chega Roger, com seus cabelos ruivos e olhos castanho-escuro, caminhando à passos largos para chegar mais rápido até nós. Ele era o mais alto de nós quatro, apenas alguns centímetros, mas assim como Mário, quase não dava para se perceber quando estávamos em movimento. Ele tinha pintas por todo o lado no nariz até a bochecha, o que o deixava com um ar um pouco mais infantil, mas entre nós ele era o mais ardiloso e que de infantilidade não tinha nada.

― Abram malas que a estrela do grupo chegou! ― diz ele ao se aproximar de nós quatro com um sorriso capcioso agregado à sua expressão. Ele cumprimentou todos nós também com o nosso toque especial. ― E aí suas bichinhas, o que vocês estão fazendo aí?

― Esperando a nossa diva do grupo chegar! ― disse Lucas debochando dele e levando os outros, inclusive eu, a rir daquela piada.

― Ah, vão tomar no cu seus cuzões!

Ainda continuávamos rindo.

― Para começar eu falei estrela e não diva! ― justificou-se Roger parecendo um tanto incomodado com a piada.

― Dá na mesma merda! ― disse Mário colocando a mão fechada ao redor da boca em seguida com se fosse tossir.

― E então, princesa, por quê a senhora está tão ofendida? ― falei complementando a brincadeira.

Roger me socou o braço.

― Você bate como uma mulherzinha! ― disse voltando a rir. Realmente o soco dele não doeu e também não fora dado para doer afinal de contas.

Já estava na hora de irmos para a aula, então fomos cada qual até nossos armários para pegar nossos livros e depois seguimos juntos para não nos atrasarmos. Prestei bem atenção nas aulas aquele primeiro tempo, era aula de português, o professor meu novo professor se chamava Aldair, era baixinho e gordinho. Sua cabeça era raspada, ele tinha a pele meio amarelada e usava óculos de grau silhouette. Conforme explicava tudo eu anotava para não esquecer-me de nada do que ele falava.

As aulas seguiram até finalmente a hora do almoço, uma das minhas horas favoritas, quando sentávamos no refeitório e comíamos. A comida daquele dia era arroz com frango que por sinal estava muito bom. Elevava cada colherada à minha boca. Comi até que finalmente terminei. Meus amigos ainda comiam.

― Cara, estou conversando com duas meninas lindíssimas pelo aplicativo, e olha, vou te contar, elas são quentes rapazes! ― comecei a contar enquanto eles me fitavam mastigando a comida dentro de suas bocas. ― Uma é loira, e vocês sabem que eu tenho queda por loiras e outra é uma morena com um lábio bem carnudos cara, mas que vontade eu fiquei de dar uma mordiscada naquele lábio!

Uma garota passa perto da mesa onde eu e meus amigos. Ela tem cabelos cacheados e cheios dados luzes. Ela era parda e sorria para mim com um batom vermelho pintando os lábios. Seus olhos castanhos estavam diretamente em mim. Eu já tinha esbarrado com ela uma vez no corredor, mas não sabia o nome dela. Ela então a acenou para mim e me cumprimentou, chamando pelo meu nome mesmo sem a ter dito no dia em que nos esbarramos. Eu correspondi o seu gesto com um sorriso envergonhado e em seguida ela se foi parecendo feliz.

― Cara, como você consegue isso hein? ― diz Lucas depois de ter assistido àquela cena parecendo um tanto indignado. ― Daqui a pouco não vão sobrar mais nenhuma menina para nós com você à solta!

― O que eu posso fazer se eu sou irresistível? ― digo rindo sem realmente dar atenção ao que Lucas falou.

― Você é mesmo um cuzão! ― diz Roger empurrando o prato de comida que já estava sem comida.

― O que será que as meninas veem em você hein cara? ― pergunta Roger um tanto perplexo atirando a colher em seu prato que ainda continha um pouco de comida.

― Ah, elas sabem apreciar o que é bom! ― falo com um sorriso maroto se fazendo presente na minha expressão.

― Você nem é essas coisas todas cara! ― completa ele parecendo um tanto exasperado.

― O fato é que nenhuma menina resiste ao meu charme! ― digo totalmente convencido de mim e logo solto um sorriso esnobe.

― Você se acha hein cara! ― exprimiu Roger com um tom crítico em suas palavras.

― Se acha nadinha você! ― diz Lucas com um ar de riso e logo os outros riem caçoando de mim.

― Ah, o que eu posso fazer se eu sou extremamente irresistível?! ― já não falei mais aquilo num tom de piada. Já começava a me irritar com os garotos. Eles estavam agindo como crianças briguentas.

― Eu duvido que você seja tão irresistível assim! ― diz Roger parecendo me desafiar. Seu tom era seguro e direto, como uma flecha bem lançada pelo seu arqueiro atingindo precisamente o seu alvo, que naquele caso, era eu.

― O que você quer dizer com "eu duvido"? ― confronto-o olhando firme e um seus olhos e ele fez o mesmo, não desviando por nenhum segundo seus olhos dos meus.

― Que tal um desafio? ― indaga ele semicerrando seus olhos e ainda sim me encarando firme. ― O perdedor vai ter que pagar em dinheiro!

― De quanto dinheiro estamos falando? ― inquiro no mesmo instante interessado.

― Bem, se você ganhar esse desafio, cada um de nós deve te pagar cinquenta reais!

― O quê? ― os outros três garotos vociferaram em uníssono.

― Relaxem caras! ― Roger pede esboçando um sorriso astuto em sua face crua. ― Caso você perca, vai ter que pagar cinquenta reais a cada um de nós!

Lucas, Mário e Henrique suavizaram suas fisionomias, voltando a esbanjarem olhares curiosos e ávidos para mim e Roger.

― Beleza, mas de que tipo de desafio estamos falando exatamente? ― questiono um tanto interessado no que ele poderia sugerir.

― Que tal provarmos se você é realmente o cara que diz ser?

― Como assim?

Roger não respondeu de imediato. Parecia pensar bem em sua resposta. Os outros garotos nos observavam atentos com olhos bastante curiosos. Nada poderia estar prendendo tanto a atenção deles. Era até como se estivessem vendo um filme de suas franquias preferidas. Logo Roger me lançou um sorrisinho maquiavélico, como se tivesse acabado de planejar algo de fato, diabólico, que poderia ferrar a minha vida. Por um momento recuei, mas logo voltei à minha pose inabalável.

― Agora eu quero ver mesmo se você é tão irresistível assim! ― articula Roger ainda com aquele ar de riso manhoso. ― Te desafio a levar uma garota daqui da escola!

― Ah, mas essa é fácil cara, consigo isso até hoje mesmo!

A verdade, era que para mim seria moleza uma tarefa como aquelas. Eu era acostumado a fazer algo como aquilo já há muitos. Praticamente ficava com garotas com mais frequência do que poderia contar. Além da minha beleza, que era um fator irrefutável, ainda havia minha lábia. Eu sabia convencer uma garota a ficar comigo. Não era como alguns de meus amigos que conseguiam ficar com meninas porque imploravam até elas sentirem pena deles ou insistirem de uma forma verdadeiramente chata que elas ficam com eles só para que eles larguem de seu pé. Comigo já era bem diferente, as meninas faziam fila para ficar comigo e algumas até disputavam entre si por mim.

Roger portou um sorriso malicioso no seu semblante e fez um gesto em negativa com o seu dedo indicador bem lentamente, advertindo que não era aquilo que eu estava pensando.

― Pera lá garanhão, mas essa não é uma garota qualquer!

― Então me diga logo quem é ela! ― digo não fazendo nenhum pouco de questão, externando toda a confiança que havia dentro de mim, crente de que seria apenas mais um desafio supérfluo para mim e que embolsaria aquela grana que eles propunham facilmente.

― Mikaela Menezes!

Um silêncio absurdo se fez presente entre nós. Mikaela era famosa naquela escola pelos belos foras que ela dava em todo mundo. Alguns diziam até que ela era lésbica, mas ela também dava fora nas meninas que tentavam ficar com ela. Basicamente ela era um ser assexual naquele ambiente. Não queria ninguém. O pior de tudo era os foras que ela dava em certos garotos que me faria chorar estando no lugar deles. Ela não tinha papas na língua. Falava o que realmente pensava em voz alta sem medo do que os outros iam pensar dela.

A verdade era que aquilo era mais que um desafio para mim. Era quase que totalmente a realização de um milagre. Precisaria de um santo das causas impossíveis para poder realizar aquela tarefa com total sucesso. Mikaela era a garota mais difícil de toda a escola e pelo que todos sabiam. Era perita em dar foras nos mais variados tipos de pessoas, sem nem realmente se deixar ser conquistada. Conseguir conquistar Mikaela seria como escalar o próprio monte Evereste, se eu não morresse tentando, certamente desistiria e caso conseguisse, o que eu tinha quase certeza de que não aconteceria, ganharia o maior troféu da história.

Naquele minuto em passei num silêncio cerrado, pensei em não aceitar o desafio, mas meu orgulho sairia ferido daquela situação e para mim aquilo era algo inadmissível. Eu não precisava fazer aquilo para provar nada, mas meu ego gritava dizendo que eu tinha que fazê-los engolir as palavras e provar que eu era o que eu realmente alegava ser. Um conquistar charmoso e irresistível.

― O que foi Victor, está com medo de perder, é? ― debochou Roger com um sorriso debochado no rosto, chuchando com o cotovelo em Mário, que estava ao seu lado direito, que imediatamente o acompanhou naquela gargalhada e instigou os outros a fazer o mesmo.

Enchi o peito na mesma hora. Não me deixaria ser insultado por ninguém daquela forma. Meu ego ferido atacou voraz naquele momento. Enrijeci minha expressão com o peito ainda estufado, prestes a aceitar aquele desafio determinado.

― O que foi Victor, você não se garante nessa? ― diz Mário dando um risada e batendo a sua mão contra a mão de Roger, num "toque aqui" de vangloria.

Semicerrei meus olhos e respirei fundo, profundamente irritado.

― Não, pelo contrário! ― falei ainda com olhos semicerrados cravado neles. ― Me garanto totalmente nessa e ganhar o dinheiro de vocês vai ser um enorme prazer!

― Lembre-se que se você perder é você que vai pagar pra gente! ― frisou Roger com um sorriso proeminente de vitória certa esculpido na sua expressão facial. ― E pra deixar ainda mais interessante, o perdedor vai ter que usar uma camisa escrita perdedor por uma semana! 

― Vocês estão contando com isso não é mesmo!

Eles riram.

― Pois saibam que não vou descansar até estar nadando no dinheiro de vocês!

― Ah, então você aceita o nosso desafio! ― diz Roger com um ar sagaz no seu semblante.

― Aceito! ― digo seguramente, inspirando confiança total por fora, embora por dentro tudo o que eu sentisse fosse medo do desconhecido que estava por vir.

Roger estende a sua mão na minha direção para que eu a apertasse, selando assim o acordo entre nós. Desdobrei minha mão na direção da mão dele até que por fim a alcançasse, apertando logo em seguida. Eu o encarei com um olhar sério e ele a mim, com um ar mordaz estampado de frente nele.

Quando o sinal tocou para que nós voltássemos às aulas, todos nós levantamentos juntos da mesa e saímos rumo à sala de aula. Antes, passei no meu armário para pegar os livros daquele horário. A aula que assistiria agora, era de física e mais tarde seria a aula da minha oficina. Fazia parte da eletrônica e amava fazer aquele curso. Não poderia me sentir mais identificado.

Já estava fechando o armário para seguir para à sala quando a vi passar pelo corredor andando e conversando com uma outra garota, que provavelmente seria sua amiga ou colega de turma. Mikaela Menezes, minha futura vítima. Ela sorria enquanto falava algo com a garota morena do seu lado. Parecia bem empolgada com as palavras. A vendo toda à vontade ao lado da amiga, nem parecia que ela era uma fera como todos os outros garotos a viam. Ela parecia uma garota comum do século XXI.

Mikaela era loira e tinha o cabelo ondulado cortado na altura dos ombros. Sua pele era tão branca quanto o leite puro recém-tirado. Ela tinha olhos claros, verdes cor de esmeralda, e tinha uma boca bem desenhada, adornada pelo batom vermelho que dava um realce ainda maior para as suas silhuetas labiais em destaque.

Olhando para Mikaela, via que ela tinha tudo o que eu gostava. Eu tinha uma queda secreta por garotas loiras e também já havia já havia sublinhado que também uma atração fatal por lábios bem feitos. Mikaela era basicamente duas em uma. Ela tinha as duas coisas que mais me atraíam reunidas nela como a única pessoa que era. "Que a aposta comece", pensei. Agora iria jogar aquele jogo de Roger para ganhar. Eu teria a garota mais inacessível da escola ao meu dispor. Ganharia aquela aposta. Eu faria de tudo à partir dali para conquistar o coração Mikaela Menezes, meu mais novo desafio.

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