La Morte Bussa Alla Porta


Aldo

Meu pai foi morto em seu escritório na fábrica, e minha mãe foi levada para lá já sem vida. Não houve luta, e pela forma em que seu corpo foi encontrado o crime só poderia ter sido cometido por alguém de sua confiança.

Meus pais passaram anos brigando um com o outro, o ciúme de minha mãe poderia ou não ter razão de ser, mas se tinha, meu pai nunca me deixou saber. E eu também não ficava perto tempo suficiente para ver o desfecho da discussão, eu sempre fugia para a casa da árvore ou para quaisquer outros esconderijos possíveis.

A comissão e os líderes das famílias atribuíram o crime ao mesmo assassino que nos ataca há anos, mas eu não penso assim, foi um crime motivado pelo ódio, quem matou os dois tinham contas a acertar, mas quais eram esses motivos? O que meu pai teria feito? Se não era um crime típico da máfia, com motivos ligados à máfia, a quem meu pai tinha nas mãos e por quê?

Impedido pelas famílias de continuar com a minha linha de raciocínio, eu tive que recuar por enquanto, mas eu ainda não estava desistindo.

Estava na casa da árvore, eu havia decidido demoli-la, mas eu não conseguia começar.

— Desista amico. Estamos todos presos a ela de alguma forma. — disse a voz grave de Jimmy atrás de mim.

Eu sabia o que ele queria dizer, eu tinha muitas lembranças dela também, acho que a maioria de nós havia perdido a virgindade nessa casa.

Pelo visto Jimmy tinha esse tipo de recordação também.

— O que faz aqui? Acreditei que já estaria em um avião.

— Queria que fosse simples assim. — respondi amargo.

Meu amigo vivia em conflito entre o coração e o sangue. Seus pais o prenderam em uma promessa feita a família Sorrentino, Jimmy deveria se casar em poucos meses com Giulia Sorrentino, "uma patricinha sem coração" como dizia Irina, uma porca puttana sem escrúpulos que usava seu corpo e sua beleza para manter os homens a seu serviço, não importando a quem destruía no caminho.

Sua atitude era mais que suficiente para o rompimento do acordo, mas Amato Sorrentino era tão manipulador quanto a filha.

Enquanto Amato Sorrentino mantinha o pai preso pelas bolas, Giulia tinha o filho.

Valeire Grazzo possui o seu coração, mas seu pai o tem entre os dedos, e se me lembro bem, isso não tende a ter um final feliz.

— Porque não desiste dessa porra Jimmy, nem você e nem a Valeire merece isso. Se você não lutar por ela e por um fim nessa merda, ela vai acabar nas mãos do porco que Domenico escolheu para ela?

— Eu gostaria de fugir de tudo isso com a Valeire, eu faria se pudesse. Mas meu pai arrancará os meus olhos antes que eu seja capaz de quebrar com a sua palavra.

— Se fugir causaria uma guerra, e Domenico Grazzo matará você antes que possa cruzar a fronteira.

E mataria mesmo, esse cara é um bastardo sem coração. Ele sim não tem escrúpulos ou senso de lealdade. Eu sentia muito por meu amigo e por seu futuro.

— Você falou de mim bastardo, mas e você? Vai deixar o Ricco colocar o anel no dedo dela?

— Eu a deixei duas vezes Jimmy, ela jamais me perdoaria novamente.

— Você não tem como saber Aldo, Serena disse que ela parecia infeliz quando foi embora, ela nem fala mais com ninguém de Vennidit, nem mesmo com as amigas. — disse Jimmy com tristeza.

Eu sabia que ela estava infeliz tanto quanto eu, e que a culpa era minha, mas precisava mantê-la segura. Queria muito poder mudar isso, mas não sabia como.

— Vá até ela amigo, fale com Irina se abra com ela e com Ricco, nós dois somos dois babacas, mas talvez haja esperança para você ainda.

Jimmy foi embora me deixando com meus pensamentos, eu deveria tentar? Sim, eu iria, e se ela me aceitar estou pronto para ir até o Ricco Venni, e se ele não a deixar ir eu a tomarei dele.

Liguei para o meu amigo e disse que estava voltando ao Brasil, estava indo para me desculpar com a mulher da minha vida, estava pronto me arrastar aos seus pés. Deixei de fora as razões da minha visita, Ricco não tinha conhecimento desse fato, pelo menos não ainda.

Me instalei no hotel e pela manhã após ligar para Ricco e prometer almoçar com ele no clube, eu liguei para Irina, não sabia se ela iria querer falar comigo, mas estava disposto a tentar até a última gota do meu sangue.

Mesmo parecendo muito indiferente ela aceitou encontrar-me para um café no restaurante do hotel.

Confesso que esperava gritos e palavrões ou talvez até choro, mas ela chegou firme de cabeça erguida silenciosa como uma leoa pronta para o ataque. O momento era crucial ao meu futuro, mas eu estava tão excitado que seria capaz de pôr tudo a perder só para tê-la em meus braços novamente.

— Ciao, bella mia, sei bellissima come sempre. Felice di rivederti, non mi sono reso conto che non respiravo finché i miei occhi non ti hanno visto di nuovo.

— Não sou sua bella Aldo, você não me quis, lembra? Você me mandou de volta para ele, então o que faz aqui? — perguntou com voz fria.

— Vim implorar por seu perdão, eu não devia ter deixado você vir. Eu amo você! — confessei abrindo minha alma para Irina — a morte de meus pais me deixou perdido.

— Não se atreva a jogar a culpa na morte deles, chega de desculpas Aldo. E você não me deixou vir, você me mandou para ele, arrancou meu coração após tê-lo feito bater novamente. — vociferou, sua voz tremida mostrava o tamanho da sua dor contida, eu me senti rasgado pela culpa.

— Sinto muito, eu queria ter uma razão mais forte do que os meus medos para te apresentar agora, mas eu só tenho o meu amor, e ele é tão forte quanto era naquela noite na praia.

— Seu amor é vazio Aldo, seu amor dói. — desabafou com os olhos nublados, e eu desejei arrancar o meu coração por fazê-la sofrer.

— Por favor, eu sei que fui covarde, mas quando meus pais morreram tive medo por você, eu só pensei que se o mesmo acontecesse a você meu mundo acabaria. Me perdoa, eu tive medo, medo de não poder te proteger e você estava mais segura com ele naquele momento juro que foi a decisão mais difícil e errônea que já tomei na vida.

— Não faz isso comigo Aldo! Não comece algo que você não é capaz de terminar, é da minha vida que estamos falando, Ricco matará a mim e a você por isso.

— Se você me quiser isso acaba hoje, eu estou indo por um fim nessa história. Bella mia, mas eu não vou fazê-lo se você não me quiser, não vou estragar a sua vida, se disser não volto para o aeroporto e nunca mais vai ouvir falar de mim, eu prometo.

— Aldo, eu...

— Espera, deixa eu concluir, eu te disse que estava pronto a te levar para onde você quisesse, eu te prometi ser o seu herói. Irina me dá mais uma chance de sê-lo, por favor baby!

— Aldo, Ricco desconfia de nós, ele vai matar você e a mim. Eu vi a fúria em seus olhos, mas ainda assim, ele está tentando por nós, porque eu jogaria isso fora? Eu sempre amei você Aldo, e de que me valeu esse amor? Você nunca esteve lá por mim.

— Sei, eu não mereço você, mas te amo demais para te deixar ir sem tentar mais uma vez. Me perdoa amore mio, me dá mais uma chance e eu prometo que vou até o inferno para cumprir a minha palavra e darei até a última gota do meu sangue para fazer valer a pena para você.

— Eu não posso fazer isso com o Ricco, ele não merece.

— Sei, e isso dói em mim também, mas não é justo conosco também Irina.

— Não sei o que dizer, eu não posso. — ela disse erguendo-se de sua cadeira, mas eu a impedi.

— Baby, me dá mais uma chance! — implorei como um desesperado que eu era — vou provar que sou digno de você, falarei com o Ricco, vou agir certo com ele e com a gente.

— Você vai contar a ele sobre nós? Sobre a praia? — perguntou assustada.

— Não baby, eu amo aquele cara. Mas amo muito mais a você e não faria isso com você jamais, a responsabilidade é minha e eu vou te provar que sou digno do seu amor, se você me disser que sim.

Seus olhos se encheram de lágrimas, eu não queria que ela fosse vista nesse estado, eu a levantei pela mão guiando-a até a minha suíte. Pareciam anos de lágrimas acumuladas, ela chorou por um longo tempo em meu colo, sentado no sofá eu a aconcheguei a mim, prendendo Irina no meu abraço que é o lugar a que ela pertence.

— Eu te amo baby, eu te amei desde que te vi na minha cozinha. Fui covarde e não lutei por você, mas se me der uma chance vou viver cada maldito segundo para me redimir com você, bella mia.

— Eu também amo você, mas não faça meu coração bater de novo se você não for levá-lo junto com o seu, não me deixa mais Aldo, eu não suportaria.

— Prometo meu amor, eu arrancaria meu próprio coração antes de permitir que o seu sofra novamente.

Eu a beijei de volta quando seus lábios se chocaram famintos contra os meus, arrancando suas roupas tão rápido quanto possível.

Eu estava sedento, faminto desesperado e ela era a minha panaceia, a cura para todos os meus males.

Irina se entregou para mim mais uma vez, se contorcendo e gemendo meu nome, se desfazendo sob meu toque ansioso e desesperado. Fiz amor pela primeira vez na minha vida, e nunca mais queria de outra forma.

— Eu preciso ir, Ricco vai dar uma festa para você nesta noite, se ele não te contou ainda ele vai chamá-lo logo. Aldo vou com você, mas fale com Ricco vamos fazer a coisa certa desta vez, por favor!

— Falarei com ele antes da festa, mas Irina eu não vou parar se ele disser não, ele terá que me matar antes de me fazer desistir de você.

— É tudo o que eu mais quero Aldo, que você não desista de mim, de nós.

Com um último beijo ela se foi me deixando com o maior sorriso já visto em meu rosto. Agora era encontrar um smoking ou quem sabe um cavalo e uma armadura ou até uma espada brilhante, caso meu amigo queira lutar pelo amor de Irina.

Conheço Ricco Venni, sei que ele seria fiel a sua promessa até seu último suspiro, mas ele não a ama, ele não quer esse casamento, mas não a deixaria desprotegida ainda que isso signifique passar por cima de seus sentimentos.

Com esperança de que ele, de bom grado, a dê para mim eu estava indo dizer a ele o que várias vezes ele me perguntou. 

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