Il Capo Racconta Una Storia


Aldo

O clima estava diferente, Jullius parecia diferente. Parecia cansado, não parecia apenas o velho sábio, que nos fazia confessar nossos pecados só de olhar para nós.

Jullius parecia triste, ele perdeu alguém. Nós perdemos alguém importante para as famílias. Meus pensamentos foi de um em um. Desde os anciãos até os homens feitos que serviam a minha família. Todos eram importantes para mim.
Meus pensamentos foram até o Fabrizio Sorrentino e sua irmã Giulia, os irmãos Enzo, Serena e Valeire Grazzo, meus amigos Jimmy e Riccardo e nela é claro.

Não conseguia não pensar em como estaria. Como eu podia ainda amá-la depois de ter destruído meu coração? Mas eu ainda a amava, ainda que não fosse capaz de perdoa-la. Essa era a minha punição por querer tanto alguém que não merecia.

Já era quase madrugada quando cruzamos a propriedade Venni. A residência oficial do capo, a segurança por todos os lados mostrava a imponência do morador.
Fui levado em silêncio até o porão, este era o local de acerto de contas, quem era levado até aquele buraco, adentrava portas do inferno e dificilmente sairia dali com vida. Se o capo queria respostas ele as teria satisfatoriamente, ou que Deus me ajudasse.

Jullius estava mais do que satisfeito em me punir por todos os meus delitos. O farabutto sabia fazer doer sem quebrar nenhum só osso. Eu merecia cada porrada, abandonei minha família em meio a uma guerra, traí o meu melhor amigo tomando o que não era meu para tomar.

Portanto, eu estava tendo a justa paga das mãos de Jullius, mas Ricco era o juiz o júri e o executor, dele viria a minha sentença. E eu não poderia contar com a misericórdia do amigo, pois o traí, não poderia pedir clemência ao capo, pois eu fui covarde e fugi. Essa era uma regra desde o início das eras, ninguém foge da máfia, a única forma de deixar a família é estando morto.
E eu estava indo cumprir minha sentença.

Ao que parecia ser pelo menos duas horas depois da minha chegada, eu ouvi a voz do meu amigo Ricco Venni. Jullius que até então tinha se mantido em silêncio, cumprimentou o chefe com um aceno, Ricco sentou-se em uma poltrona com um copo de vinho e um charuto, uma lembrança cruzou minha mente, Ricco estava brincando de capo, como fazíamos quando crianças.

— Verdade ou consequência, mio vecchio amico, não é este um jogo em seu novo país? – sua voz grossa retumbou no aposento silencioso, fazendo eco.

— Ricco, bom te ver também – respondi com sarcásmo a frieza dirigida a mim. Jullius respondeu minha indiscrição com um soco certeiro em meu rosto que fez meu nariz sangrar.

— Eu não sei dizer do que tenho mais asco, se do rato que trai o próprio sangue ou se do covarde que não o defende. – continuou.

— Pelo que estou vendo vou descobrir logo – não devia, mas foi mais forte do que eu e Jullius sorriu ao fazer as honras mais uma vez.

— Se não se importa, Jullius lhe dará as devidas boas vindas hoje.

— O bastardo continua em boa forma, creio que fará o seu ponto. – gemi limpando o sangue que pingava da minha boca.

— Coloquem-no de pé! – Ricco sentou-se mais relaxado na poltrona, seu braço pendia de leve a mão que segurava a taça de vinho, confesso que desejei o frescor da bebida, estava sem comer há horas e Jullius me dava o mínimo de líquidos.

— Eu vou contar uma história Aldo, e você vai termina-la para mim, e no final dela ou você vive ou você morre capisce?

A resposta foi engolida novamente ao resfolegar para aliviar a pressão nas costelas quando o joelho de Jullius a atingiu.

— Eu não pude ouvir a sua resposta Aldo, você entendeu o que eu disse? – o bastardo estava sendo cruel.

Mais uma vez não consegui responder, desta vez o punho de Julius atingiu em cheio meu maxilar, senti o lábio rasgar com a força do impacto. Ergui minhas mãos para Julius, eu precisava de um tempo.

— Bom, melhor assim. A minha historia é sobre um garoto que sempre teve tudo que podia querer, lindas garotas, um bom nome, uma herança e um legado. O único herdeiro de uma família muito importante. Esse garoto era o melhor lutador que eu conheci, punhos de aço, era como o chamávamos. O problema é que o personagem dessa história não era o que se esperava dele, ele era fraco covarde, temeroso quanto ao seu futuro. Ele tinha medo daquilo que o destino já tinha reservado para ele. – Ricco fez uma pausa e saboreou seu vinho e depois me encarou novamente como se tivesse lasers cortantes em seus olhos.

A sua história estava só no início, mas eu tinha a impressão de que se eu não morresse por causa do meu delito, seria morto por arrancar a cabeça do capo antes do fim dela.

— Ele então se apaixona por uma bela moça, ele toma o coração dela para si, mas o amor não o fez mais forte, ele ainda era o mesmo porco covarde. A menina que ele roubou o coração estava sofrendo as suas perdas, mas o seu amor de homem não era o seu herói, ela foi estuprada em seu quarto no dia de seu aniversário de quinze anos e ninguém a protegeu, não havia quem vingasse a sua honra.

— Que porra é essa? Irina não vale nada. – eu gritei encarando Ricco que desta vez não esperou por Julius, com o seu bastão que eu nem vi que estava ali. Ele acertou-me nos joelhos que se dobraram para frente e em seguida senti o peso dos seus joelhos nas minhas costas. E eu gemi.

— Se me interromper de novo corto a sua língua. Capisce?
Eu assenti com um aceno, não sairia voz mesmo se eu tentasse.

Jullius me ajudou a sentar na cadeira e deu-me um lenço para limpar o sangue – o Jullius que eu conheço estava ali em algum lugar, mas o capo torceu o nariz diante do ato.

— A garota que deu seu amor de adolescente, o seu primeiro amor a ele, estava sozinha, violada e coagida por um monstro que havia matado seus pais e agora ameaçava a sua jovem vida. Ele a marcou mesmo ela não sendo dele, por que ela não tinha a porra do seu herói.

Eu senti náuseas com as lembranças, mas não havia nada no estômago. Ricco não se importou com minha reação, sua raiva era latente e era dirigida toda para a minha pessoa.

— Quando ela entendeu que o seu amado aquele que levou seu coração não seria capaz de protegê-la, ela procura outro herói. A bela jovem não o amava, mas sabia que ele a protegeria com a sua vida e foi o que ele fez. Ele decidiu que mesmo não tendo um coração para dar a ela, ele iria cuidar do coração dela com tudo o que tinha.

O gosto acre da vergonha queimava minha garganta, eu queria me defender, queria dizer que ele estava errado e que eu poderia ter sido o herói que ela precisava e que o coração dela era meu assim como o meu era dela. No entanto, Ricco estava certo e eu o deixei terminar em silêncio.

— O herói perguntou muitas vezes ao bastardo covarde se ele a amava, mas dizia que não, dizia que era amor de irmão. Mas quando ela estava se sentindo bem e segura e feliz até, o filho da puta volta e sacode o seu coração embaixo do seu nariz, ele a toma traindo a casa de seu amigo, ele a tomou mesmo ela não sendo mais dele para tomar, ainda assim ele o fez.

Ricco agora estava de pé, ele andava ao meu redor, sua voz soava cada vez mais furiosa, eu esperei pelo pior.

— Em uma armadilha bem arquitetada por nosso inimigo, a garota foi vista com um canalha, ele havia ameaçado o seu amor, e mesmo ele não merecendo ela se entrega a morte para salva-lo. Mas em vez de defende-la ele foge deixando-a para morrer. Agora ela e o seu filho em seu ventre estão condenados.

O ar sumiu de meus pulmões, e não tinha nada a ver com a dor que Jullius havia causado, era puro ódio e rancor. Olhei suplicante para o rosto de Ricco, pedindo permissão para falar. Isto se pudesse encontra as palavras.

— Ela estava grávida? Ela vivia com você, Vitto a fodia quando queria, Vincent a estava comendo na porra do seu quarto. Não é comigo que você tem que falar sobre gravidez, Cazzo! Ricco, eu fui atrás dela para entender porque ela tinha mudado de ideia. Eu ia falar com você naquela noite, fui para o Brasil para te contar, para implorar que você me desse Irina, mas mesmo depois de tudo ela me disse por telefone que eu não podia dar o que ela precisava e me mandou ir embora. Mas eu precisava ouvir da boca dela, olhando em seus olhos. Eu devia tê-la ouvido, mas não o fiz, ao invés disso eu fui atrás da Irina na sua casa. A porta estava trancada então dei a volta pela sacada e vi os dois – sacudi a cabeça tentando afastar as imagens da minha mente – Ela estava transando com Vincent, ela me viu olhou para mim enquanto pedia para ele come-la mais forte, por isso se teve uma criança não deveria ser ele, você ou o Vitto a dar conta?

Um golpe nos meus joelhos me jogou de cara no chão, Ricco estava sobre mim novamente e eu sentia o aperto do seu bastão na minha nuca.

— Irina engravidou naquele noite na praia, seu imbecil. Você se lembra certo? Se lembra do dia em que os dois me trairam? Se lembra da noite que aquele que eu chamava de amigo fodeu a minha mulher na praia?

Ricco me deu um tempo para entender o que havia caído sobre a minha cabeça, por isso me deixou pensar. O que não foi fácil porque Jullius ainda tinha algumas coisinhas para me ensinar a respeito do porque não se deve fugir da família, e eu senti na pele cada uma das lições do caralho.








Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top