Revelações
- você é Edna? - perguntei ao mesmo tempo na defensiva.
- Edna Templesmith. Fui você quem me trouxe de volta? - ela falou dessa vez suavemente.
- Não - menti. Mas era óbvio que foi eu.
Decidi começar a falar sobre o feitiço mas quando pisquei ela havia sumido. Dei soco nas paredes por causa do vácuo.
Fui para a casa de cima, finalmente descansar em meu quarto. Peguei meu Grimório e escrevi que o feitiço teve sucesso.
Newt entrou escandalosamente no meu quarto e gritou comigo
- o que você fez?!
Agora todo mundo quer gritar comigo...
- trouxe ela de volta - respondi revirando os olhos.
- trouxe ela de volta? A minha mãe de volta?! - ele rodeou o quarto enfurecido - por acaso você não leu o meu livro?!
Eu tinha me esquecido disso.
- puta que pariu...- deixei escapar falsamente - me desculpe. Mas isso não é pior do que me matar!
- você já sabe porque eu fiz isso! - ele choramingou e sentou ao meu lado.
- estamos kit - falei.
- tá, e agora? O que pretende?
- pretende sair daqui, com certeza...- Edna entrou no meu quarto de repente, Newt tomou um susto ao vê-la - Oi meu bebê - sua expressão de felicidade era tão falsa que eu quase ri. Ela me olhou novamente e eu arregalei meus olhos nervosa - mentirosinha, fique sabendo que eu não lembro o tal feitiço de libertação.
- nem mesmo um exorcismo na casa funcionaria?! - perguntei. Newt ficou calado, tentando não olhar pra sua mãe.
- não, essa droga de casa foi amaldiçoada - ela contou olhando em volta do meu quarto - precisa de algo mais forte - ao ouvir isso percebi que ela lembrava sim do feitiço, mas não contaria a não ser que confiasse.
Seria idiota da parte dela dar o feitiço assim, ou nos levar junto. Ela só queria dar o fora daquele inferno. Tive um plano.
- o principal motivo não era sair da casa - falei me levantando - eu queria conhecê-la.
Vi Newt implorando com os olhos pra que eu não contasse meu nome.
- me conhecer? - ela colocou a mão na cintura e esperou que eu terminasse.
- Sim - continuei, cruzando os braços e procurando mentiras no meu cérebro - quero que seja minha sacerdotisa.
Um imenso sorriso se abriu em seu rosto, seus olhos brilharam com a minha frase. Sem nem ao menos respirar ela me puxou pelos braços e me levou pro porão.
- precisamos vender a casa! - ela exclamou ansiosa.
Me contou sobre umas coisas que fazia na sua juventude, tentou me convencer que o Deus Pai era uma boa pessoa - depois que vi seu filho, prefiro nem imaginar como é a cara de Urano. Era muito papo furado, o tempo todo fingi estar interessada.
Agora nem no meu quarto eu tinha paz; quando não era Newt, era Edna me ensinando sobre ervas e orações.
Na madrugada tirei minha calça e me joguei na cama, eu não sentia sono, só queria descansar os olhos. Não fez nenhum minuto e Newt apareceu na beira na cama.
- ah...- choraminguei - o que é...? - perguntei olhando pro teto de madeira.
- nada.
Nada? Então vai embora seu filho da puta, quero ficar sozinha.
- Hm...- fechei meus olhos de novo, a cama começou a balançar. Newt estava subindo nela e se pondo em cima de mim, entre minhas pernas. Revirei os olhos e bufei - nada mesmo?
- nada - ele repetiu sem nenhum expressão certa - é, acho que vou dormir aqui.
- em cima de mim?
- é confortável - ele sorriu.
- sabe que quero ficar sozinha.
- não vou deixar e pronto - avisou sério - quer treinar um pouco?
- treinar o que? - ergui as sobrancelhas e entendi - ah...Não.
Ele fingiu não ouvir e começou a esfregar 'volume' na minha calcinha. Quando percebi eu já estava dando leves gemidos então o empurrei e fechei minhas pernas. Ele ficou sem reação e eu estava incomodada.
Ele sabia que gostei, mas não entendeu porque eu quis parar. Talvez seja porque eu gosto dele e tenho raiva disso.
- desculpa - suspirei.
- virgem?
- não interessa.
- pera, você...morreu virgem? - ele começou a rir da minha cara - Nossa...- a gargalhada era irritante então saí do meu quarto, só de calcinha mesmo e fui para o quintal escuro. Tentar senti o vento bater - pelo menos isso eu sentia.
Os galhos das árvores balançando de um lado para o outro, devia estar um frio, mas eu não sentia.
Newt apareceu atrás de mim lentamente e sussurrou no meu ouvido.
- Ei...- por um minuto imaginei sua respiração quente, o que não era real - me desculpa... te ofender...
- você pede muitas desculpas - falei seca ainda olhando das árvores em formas de montanha.
Senti as mãos de Newt em volta de mim, mãos geladas que me arrepiaram. Eu me levantei e o empurrei. Newt caiu no chão, surpreso.
Eu estava com raiva, com raiva de não ter aproveitado fora dessa porra de casa, e era tudo culpa dele, ele me matou!
- eu tenho nojo de você - falei ainda seca e pela primeira vez eu vi Newt com outra expressão, dava pra perceber bem.
Era uma mistura de humilhação e tristeza.
- tudo bem...- suspirou e pausou.
Seus olhos fitaram o resto do quintal e depois encontraram os meus. Uma gota de lágrima caiu de seu olho direito o que me fez recuar.
- Eu te amo - ele disse.
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