51 - Conclusões Parte 3
Mikael e Neil lutavam com ferocidade. Eles estavam no terraço de um dos galpões e ambos tinham as respectivas auras em torno de seus corpos. O arcanjo, com seu espírito violeta, mantinha as asas recolhidas e se defendia enquanto Neil, empolgado com seu novo poder e envolto com as densas e negras chamas do espírito demoníaco de Belial, atacava sem parar com golpes pesados e rápidos. Ambos lutavam apenas com as mãos como lutadores de M.M.A e o choque dos golpes do soldado com a defesa de Mikael, gerava ondas de poder que destruía tudo que estivesse em um determinado raio em torno deles e sons semelhantes à trovões.
— Você está realmente muito mais forte, Neil! — Mikael disse, também parecendo se divertir. Sentia-se mais poderoso que nunca e os golpes que recebia eram igualmente poderosos, mas só lhe causavam pequenas pressões enquanto os bloqueava. — Mas eu ainda não quero lutar contra você. Eu não tinha a intenção de matá-los, mas desconhecia esse poder devastador e quando vi que iam matar o meu pai agi por impulso, sem ao menos ver o que fazia.
— Talvez tenha sido Mick. — Neil respondeu sem cessar os ataques. — Mas agora eu não sou mais Neil, filho de Ian e irmão de Scott. Agora eu sou Neil Belial, um soldado demoníaco e poderoso e você é um dos Arcanjos. Acho que isso deixou de ser uma vingança e passou a ser uma luta do bem contra o mal.
— Eu não acredito que você seja mal. — Mikael disse, após contra-atacar com um golpe potente, fazendo o demônio se defender e se afastar alguns metros. — Seus soldados o seguiam com respeito e admiração. Eles não fariam isso se fosse fosse um cara ruim.
— Foda-se o que você acredita, Mikael! — Neil gritou, irritado. — Meus soldados estão mortos por me seguirem e os que não morreram foram possuídos por demônios que tomaram completamente a consciência deles. Se você tivesse me matado ao invés de ter tido pena de mim, talvez eles tivessem seguido seus próprios caminhos e ainda estivessem vivos!
— Você pode fazer algo para se redimir, cara. — Mikael tentou argumentar. — Como eu estou tentando fazer. Eu carrego a culpa de ter matado Ian e Scott e não posso voltar atrás nisso, mas posso usar meu poder para proteger as pessoas e ajudar a reconstruir o mundo.
— Use seu poder para me matar agora Mick, porque eu vou usar o meu para matá-lo! — Neil disse enquanto as chamas negras cobriam todo seu corpo e faziam com que ele sofresse uma transformação. Uma espécie de couraça cobriu o seu corpo como uma armadura e grandes asas negras brotaram de suas costas antes que partisse novamente para o ataque sem aviso prévio e com uma velocidade absurda, que pegou Mikael de surpresa.
Mesmo bloqueando o ataque, Mikael foi arremessado para longe com tamanha força, que não pode interromper ou mudar a trajetória em que foi lançado, indo parar á centenas de metros dos galpões após se chocar contra o solo gramado em um campo arborizado, que reconheceu como sendo o Park central da cidade e antes que pudesse se recuperar do golpe e sair da grande vala que sua queda abriu no solo, foi atingido novamente por um golpe de Neil, agora com os pés, que o fizeram se enterrar ainda mais no solo ficando com as mãos imobilizadas pela terra.
— Vamos ver até quando você consegue manter a sua invulnerabilidade, Mick! — Neil gritou enquanto o atacava com uma sequência de potentes golpes com os punhos envoltos em suas chamas negras.
Neil atacava Mikael impiedosamente, mas não conseguiu quebrar sua invulnerabilidade mesmo usando o poder de Belial em seus punhos. O jovem arcanjo não conseguia revidar ou bloquear os ataques, que já o teriam matado se seu corpo não estivesse protegido por suas chamas violetas.
— Você não irá lutar, Mick? — disse Neil, levantando-se e pisando sobre o corpo do arcanjo.
— Digamos que você consiga ultrapassar as minhas chamas e me mate, Neil — perguntou Mikael, sem ser afetado mesmo com o adversário pisando em seu corpo, já que suas chamas lhe conferiam invulnerabilidade — O que fará depois? Irá se juntar aos demônios e escravizar a humanidade?
— Prefiro esperar para decidir depois. — respondeu Neil se preparando para atacar novamente. — Estou pensando em como vou te matar primeiro.
— Solta ele seu demônio maldito! — uma voz infantil ecoou ao mesmo tempo em que uma pedra pequena acertou a cabeça de Neil, fazendo-o olhar para o lado e ver que algumas crianças estavam paradas a alguns metros deles.
As crianças começaram a jogar pedras contra ele e mesmo não sendo capazes de o ferir, fizeram com que ele ficasse sem reação por um instante. Um garoto que o lembrou de Scott estava entre as crianças e o chamava de demônio incessantemente, fazendo-o sentir o espírito demoníaco fluir dentro de si, como se estivesse tomando o controle.
— Saiam daqui seus moleques! — gritou Neil com uma voz gutural e uma explosão de suas chamas negras avançou contra as crianças arremessando-as violentamente para longe, o que o fez perder o foco da batalha e ficar imóvel como se estivesse arrependido de tê-las atacado.
Aproveitando a hesitação do inimigo, Mikael soltou os braços que estavam presos na terra e golpeou, arremessando Neil para fora da cratera e erguendo-se com suas chamas, preparou um novo ataque que foi interrompido ao ver que o sargento estava sem as chamas negras ao redor do corpo, ajoelhado e com as mãos na cabeça.
— O que está esperando Mikael? — gritou Neil, levantando a cabeça e olhando para o Arcanjo que pairava à sua frente com as asas abertas, mas para seu espanto não houve ataque. Ao invés de atacar o jovem pousou suavemente no chão, recolheu suas asas e extinguiu suas chamas. — Eu sou um demônio, seu idiota e matei aquelas crianças inocentes. Você tem que me matar!
— Elas não estão mortas, Neil — disse Mikael se aproximando lentamente —, eu ouço os corações batendo daqui e sei que você se controlou para não matá-las.
— E quando eu não puder mais controlar? — perguntou Neil, ainda ajoelhado. — E se Belial tomar o controle?
—Aí eu matarei ele — respondeu Mikael, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar —, mas eu não vou matar você e preciso da sua ajuda para levar essas crianças e os outros para o hospital.
Dando um tapa na mão de Mikael recusando a ajuda, Neil se levantou e olhando para uma construção na extremidade do parque, viu que várias pessoas os observavam com medo e viu também as crianças que ele tinha atacado se levantando. Olhando para o Arcanjo, ele assentiu e juntos foram na direção das crianças.
— Que fique claro que não somos amigos, Mick — disse Neil enquanto caminhavam, sem olhar em sua direção —, mas que sua promessa seja válida e se algum dia esse demônio tomar o controle você e seus amigos acabarão conosco!
— Eu juro pra você, Neil — Mikael respondeu parando de andar e estendendo a mão para Neil, que apenas o olhou — Eu mesmo acabo com você se Belial tomar o controle!
Sem expressão, o sargento apenas apertou a mão que lhe foi estendida, em um sinal de que a promessa do jovem Arcanjo estava selada. Ajudando as crianças e acompanhando-as até a construção, viram que tinham pelo menos cinquenta pessoas ali e que algumas estavam feridas, então começaram a se organizar para levá-las até o hospital.
Enquanto as lâminas se aproximavam de Uriel que ainda subia no impulso de seu salto, o escudo que ele lançou ganhou velocidade na queda e se chocou contra as correntes tensionadas da arma do demônio com tamanha violência, que elas se partiram, fazendo com que as foices caíssem inertes no chão longe de Zagam.
Aproveitando-se que o demônio estava surpreso com a situação, o Arcanjo avançou em um vôo decidido com o intuito de atacá-lo antes que ele pudesse forjar outra arma de suas chamas. Uriel solidificou sua chamas no formato de uma estaca e a arremessou com precisão, atravessando o peito de Zagam que se preparava para retirar uma nova arma da estrutura óssea em suas costas.
Sem conseguir se mexer, o rei demônio ainda viu o momento em que o grande Uriel, o arcanjo das chamas vermelhas, forjou de suas chamas uma espada e em um movimento rápido deu o golpe fatal, decepando-lhe a cabeça.
Sem perder tempo, Uriel voou por cima da grade de poder que eles fizeram ali no início do confronto e pousou a alguns metros de Abigor e Gabriel, que não estavam mais sentados e conversavam mais rispidamente.
— Aquela desgraçada da Lilith agora deve estar no hospital matando todos para pegar a placa! — gritou Abigor bastante exaltado. — Ela se aproveitou de todos os conflitos para agir!
— A Lilith me atacou quando eu vinha pra cá — Uriel disse, assim que pousou. — Eu e Balthazard a enfrentamos juntos e ela fugiu. Ela mandou o Beleth atrás da gente.
— Você não sabe de nada, Uriel! — zombou Abigor, parecendo se divertir de algo na fala do jovem. — Assim como eu, você sempre foi uma peça no tabuleiro dos Cavaleiros da Nova terra, mas a Lilith não.
— Você acha então que ela está agindo por conta própria? — perguntou Gabriel. — E tem outros planos para a Placa?
— Sim! — respondeu Abigor, sentando-se novamente como se fosse contar uma história longa. — Ela foi a primeira mulher que Deus fez para Adão, mas enquanto o primeiro homem tinha o poder de ser empático com plantas e animais e podia conversar com O Senhor, à ela foi dado o dom de controlar as estações. Ela dominava chuva, vento, calor e frio. Ela foi a primeira a comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, após usar seus dons para fazê-la frutificar. Depois disso ela repetiu o processo com a árvore da vida, então foi banida do jardim do Éden como um ser profano e desposada por Lúcifer, que dominava a terra.
"Quando Adão e Eva foram expulsos do Éden, Deus decidiu dar a terra à eles e todos os demônios juntamente com Lilith e Lúcifer, foram banidos para o inferno, mas faziam incursões no mundo humano quando invocados, ou quando a maldade humana deixava brechas para eles."
"Por fim, após a vinda do filho de Deus e sua morte e ressurreição, Lúcifer foi aprisionado e seus demônios impedidos de agir na terra que agora tinha sido banhada pelo sangue do Cordeiro. A volta de Jesus era a chave para a libertação de Lúcifer, que aguardava para tentar vencer a última batalha e ficar com o trono da terra, mas como vocês sabem, os planos mudaram e como o Cristo não voltou, Lúcifer permaneceu preso, mesmo com as portas do inferno se abrindo após o Espírito santo de Deus deixar a terra."
— Você acha então que ela quer abrir a prisão de Lúcifer — constatou Uriel, pensativo. —, mas será que a placa tem esse poder?
— Eu senti o poder da placa e seria consumido por ele se não fugisse. — o demônio respondeu. — Eu não sei se ela irá conseguir, mas com certeza irá tentar.
— Eu só não entendo por que está nos contando isso, Abigor. —disse Uriel desconfiado. — O que você ganha com isso?
— Eu cansei de ser um fantoche nas mãos dos Cavaleiros da Nova Terra e com Lúcifer não seria diferente! — Abigor respondeu. — Além do mais a Lilith me traiu agindo por conta própria!
— Ele está ganhando tempo, Uriel! — disse Gabriel, após refletir por um tempo. — Depois que destruímos o Ifrit ele não conseguiu se recuperar e se escondeu atrás dos reis demônios. Agora está nos enrolando para ver se eles retornam.
— Como ousa insinuar isso? — bradou Abigor, levantando-se de sobressalto. — Eu sou o Senhor dos Exércitos…
O demônio começou a falar, mas foi interrompido por Uriel, que em um movimento rápido o golpeou, lançando-o contra a parede.
— Poupe-nos dessa ladainha, Abigor! — O arcanjo das chamas vermelhas gritou enquanto o demônio tentava se levantar. — E vamos acabar com isso de uma vez!
— Eu não sinto mais o poder dos três demônios que estavam no centro da cidade. — disse Gabriel após se concentrar um pouco. — Só Neil parece estar vivo ainda, mas não está lutando. Se ainda sinto o poder de Mikael, quer dizer que ele não foi derrotado e se eles não estão lutando, Neil provavelmente fugiu.
— Parece que sua ajuda não virá, Abigor! — disse Uriel, começando a rir e sendo acompanhado de Gabriel.
Tomado pela ira, Abigor soltou um grito poderoso que ecoou pelo ambiente e uma armadura negra cobriu o seu corpo. Aparentemente ele estava usando o último estoque de espírito que lhe restava para uma tentativa desesperada de vencer. Os jovens sentiram a terra tremer sob seus pés, e parte das construções ao seu redor começaram a ruir com aquela explosão de fúria.
Vendo que os galpões e apartamentos não suportariam o terremoto que Abigor estava causando, os jovens partiram em um ataque combinado e após Gabriel atravessar o corpo do demônio arrancando o coração negro e pulsante dele, Uriel forjou uma lâmina de seu espírito, decepou-lhe a cabeça em um corte limpo e certeiro e depois perfurou o coração nas mãos do companheiro para acabar de vez com o demônio de elite.
— O que fazemos agora, Gabriel? — perguntou Uriel, vendo o corpo e a cabeça de Abigor se desintegrando lentamente.
— Voltamos ao hospital. — respondeu Gabriel. — Os demônios inferiores devem estar tentando quebrar a proteção e como já tem bastante tempo que a fizemos, ela não deve durar muito mais.
Raphael avistou o hospital à distância, e pôde ver também que muitos demônios inferiores atacavam a barreira de poder que parecia estar prestes a se romper. A medida em que se aproximava viu que eram pelo menos quarenta demônios e mesmo sendo mais fracos, ele não tinha muito treinamento e nem experiência em combate, então se atacassem todos de uma vez seria difícil ele vencer.
Descendo antes de entrar no estacionamento, ele se escondeu e viu que a barreira que fizeram no monumento à bandeira durante o treinamento já não existia mais e que a que fizeram em torno do hospital já não tinha as mesmas cores vibrantes de antes, o que pode significar que estava se enfraquecendo mais rápido por conta dos ataques.
Muitos demônios atacavam ao mesmo tempo, enquanto alguns pareciam descansar por já terem atacado demais. Fazendo uma conta mais exata, viu que eram trinta e cinco demônios no total, sendo que vinte atacavam e quinze descansavam espalhados pelo estacionamento.
Lembrando-se do que Enrico lhe contara sobre Ramon e que por desespero o amigo enfermeiro poderia fazer alguma loucura para pegar a placa, ou poderia ser pego passando informações para Abigor ou sabotando alguma câmera e ser atacado, Raphael se alarmou e decidiu não esperar mais.
Saindo das sombras, ele avançou decidido e o brilho azul índigo de suas chamas irrompeu pela escuridão do estacionamento. Com as mão envoltas em suas chamas, ele atacou ferozmente estraçalhando os inimigos um a um com velocidade e destreza que aprendeu nos treinamentos que tiveram nos últimos dias.
Mesmo lutando bem e já tendo matado vários inimigos, eles pareciam vir de todos os lados e não paravam de chegar. Usando a vantagem de poder se regenerar, ele não cessava os ataques nem quando era atingido e suas chamas também reduziam a dor quase completamente.
Uma pancada forte o pegou de surpresa e o arremessou violentamente contra o monumento à bandeira, destruindo tudo com seu corpo. Ao tentar se levantar, o jovem viu que um pedaço de um dos mastros havia atravessado a sua barriga e uma de suas pernas havia quebrado em três lugares. O demônio que o atacou era muito maior que os demais e parecia um golem gigante das histórias de fantasia. Vindos de trás do hospital mais três golens como aquele surgiram.
— É claro que teriam mais demônios do outro lado do hospital, né Rapha! — disse ele para si mesmo, enquanto retirava o pedaço do mastro da barriga e começava a colocar o osso da perna no lugar, para que o mesmo não se reconstruísse de forma errada. — Confesso que as pancadas desses grandões doem bastante e não sei porque, mas tenho a impressão de que por poder me curar, eu sou o arcanjo que mais se fode por aqui.
Antes que conseguisse se levantar, o gigantesco golem demoníaco já estava próximo o suficiente para atacá-lo novamente e elevando as grandes mãos unidas se preparou para esmagá-lo, mas Raphael ouviu o barulho de um corte limpo de lâmina e viu o corpo do demônio que o atacava se partir no meio e revelar Uriel, que estava do outro lado com uma espada de chamas vermelhas na mão.
Mais à frente Gabriel também lutava e destruía os demônios com suas chamas azuis celestes. Terminando sua regeneração Raphael se juntou à batalha, mas um barulho os fez ver que o campo de força que protegia o hospital tinha se rompido, dois demônios conseguiram entrar.
— Rapha — chamou Uriel —, eu vou me posicionar entre eles e o hospital para não deixar mais nenhum deles entrar, enquanto isso você entra lá e acaba com os demônios que passaram.
— Ok. — Raphael concordou e enquanto Uriel parou entre os demônios e o hospital, ele seguiu apressadamente para dentro do edifício.
Já na entrada o arcanjo se deparou com um dos demônios e usando suas chamas, o destruiu com facilidade. Olhando para a rampa que levava para o subsolo, viu que o demônio seguia para lá farejando como um cão policial, talvez sentindo o cheiro dos humanos. Da distância que estava ele não o alcançaria antes que ferisse alguém, então posicionando as mãos espalmadas na direção do inimigo, Raphael concentrou seu poder na palma delas e o atirou contra ele, acertando-o e explodindo-lhe a cabeça.
Olhando para fora, ele viu que Uriel e Gabriel davam conta dos demônios, então seguiu pela rampa para falar com Ramon. O hospital estava silencioso e não havia sinal algum das pessoas. Por um instante ele temeu que algo pudesse ter acontecido com eles e então acelerou os passos.
— Raphael que bom que é você! — a voz do professor Vecchio ecoou pelo corredor vazio, assim que ele entrou na área do laboratório. — Pensei que os demônios tinham conseguido romper a barreira.
— Eles conseguiram professor — respondeu o jovem, agora mais calmo por ver o amigo bem. —, mas Uriel e Gabriel estão lá fora e não vão deixar que eles entrem. Onde estão os outros?
— Quando escutamos os demônios atacando a barreira, todos nos escondemos. — explicou o mais velho. — Se vocês estão aqui, quer dizer que venceram a batalha?
— Eu acho que sim — respondeu o jovem —, mas Mikael ainda não voltou e as meninas tem que trazer muitos reféns, então devem demorar. Onde está o Ramon, eu preciso falar com ele!
— Eu vou te levar até ele. — respondeu o professor. — Infelizmente tivemos um problema assim que vocês saíram e a sua chegada veio bem à calhar.
— O que aconteceu? — perguntou Raphael assustado. — Ramon está bem?
— É melhor ver com os próprios olhos. — respondeu Vecchio apressando o passo seguido e sendo seguido pelo jovem.
— O que aconteceu com o Ramon, professor? — perguntou novamente Raphael enquanto seguia o professor, após passar por uma das salas e ver que o interior da mesma estava destruído como se tivesse ocorrido uma luta lá dentro. — houve uma luta naquela sala!
— Ele está cuidando de Will, Rapha. — respondeu o professor, sem parar de caminhar. — Balthazard atacou Will para pegar a placa. Ele morrido se não fosse pelos esforços do Ramon.
A notícia da traição de Balthazard chocou o arcanjo. Devido ao contrato de familiaridade, Uriel confiava cegamente no demônio e esse tipo de traição não devia ser possível, mas parece que foi.
Chegando na sala, Raphael viu que o Pastor Ben estava em um leito ao lado do que Will estava e Thalia chorava em um canto enquanto Ramon checava o estado dos dois. Ben não estava ferido, mas ligados à punções em seu braços tinham tubos que faziam a transfusão do sangue até o braço do jovem soldado, que estava desacordado e respirando com a ajuda de aparelhos.
— Ai meu Deus, Rapha — gritou Thalia, sendo a primeira a primeira a vê-lo e correndo para lhe abraçar com lágrimas nos olhos. —, que bom que você está aqui! Salve o Will por favor.
— Eu fiz o que eu pude com o que eu sei, amigo! — disse Ramon, se virando para ele após a Jovem o libertar do abraço. — Uma costela quebrada perfurou o pulmão e eu precisei de uma incisão para drenar o sangue, iniciei a transfusão e orei para que ele não morresse antes de você chegar.
— Retire todas as punções e aparelhos. — disse o arcanjo enquanto elevava seu espírito e o brilho de suas chamas começava a preencher a sala.
Ramon fez o que ele pediu e em instantes as chamas azul índigo envolveram a todos e todo cansaço e até angústia se dissipou completamente. Por fim, concentrando as chamas apenas em Will, Raphael começou a cuidar de seus ferimentos. Todos na sala ficaram admirados ao presenciarem o milagre enquanto hematomas, escoriações e cortes se curavam e desapareciam.
— Ele está curado — disse Raphael quebrando o silêncio após recolher suas chamas. —, mas vai dormir por um tempo.
— E o Mikael, Rapha — perguntou Ben, certamente aflito para saber do filho. —, onde e como ele está?
— Não se preocupe senhor Ben —respondeu Gabriel, chegando à sala junto com Uriel. — Ele está bem e deve estar a caminho do hospital assim como as meninas. Todas as batalhas terminaram e sinto o espírito dos três se aproximando daqui.
— Ora rapaz, que alegria em vê-lo! — exclamou Ben, se apressando em abraçá-lo.
— O que aconteceu com Will? —perguntou Uriel, olhando o jovem desacordado. — E onde está Balthazard? Não o sinto em lugar algum.
— Will precisa descansar, acho melhor conversarem em outro lugar! — disse Raphael à todos, vendo que para Uriel seria duro saber sobre a traição de Balthazard e completou telepaticamente para Gabriel enquanto o líder saia com os demais, deixando apenas ele e Ramon na sala com o enfermo. — Gabe, Balthazard nos traiu! Uriel precisará de ajuda para absorver isso.
— Eu entendo seus motivos Ramon. — disse Raphael, pegando o outro jovem de surpresa. — Eu até acho que faria igual se fosse com o Mick, mas os outros podem não entender. Eu encontrei Enrico, ele está bem e deve estar vindo pra cá com as meninas. Vamos deixar a chantagem de Abigor só entre nós, já que não tivemos nenhuma consequências maior por conta dela. E não precisa se desculpar, o que você fez pelo Will já valeu de reparação.
Sem dizer nada e com lágrima nos olhos, Ramon apenas o abraçou forte sendo correspondido por Raphael.
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